Vila Baunilha escrita por Metal_Will


Capítulo 180
Coração confuso




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No dia seguinte, Anne e sua irmã Briana estavam indo para o colégio normalmente. Ou quase normalmente. Embora Briana estivesse com o bom humor de sempre, Anne não parecia muito feliz.

—O que foi, Anne? - perguntou Briana, olhando para o rosto dela conforme se aproximavam do portão da escola.

—O que foi o quê? - retrucou a irmã.

—Você anda meio desanimada esses dias - reparou Briana - Tá certo que você sempre foi meio mau-humorada, mas você parece meio triste…

—Não é nada - Anne se apressou em dizer - Nada com que você precise se preocupar, baixinha.

—Se você tá dizendo… - foi o que Briana respondeu, mesmo sabendo por intuição que havia alguma coisa com a irmã. Coisas do coração seria a resposta.

Ao se aproximarem do portão, as duas encontram com Ema chegando de mãos dadas com seu mais novo namorado, soldado Caxias.

—Boa aula, senhorita Ema - disse ele.

—Ai, você não perde essa mania - disse ela, sorrindo - Pode me chamar só de Ema.

—Ah, vai demorar para eu me acostumar…

Os dois dão um selinho e se despedem. Anne e Briana ficaram admiradas.

—Para tudo - disse Briana - Você e o soldado Caxias estão…

—Namorando? Sim, estamos - respondeu Ema, se abaixando para falar na altura dos olhos de Briana - No fim, acabei descobrindo o amor. Nunca pensei que o soldado Caxias estivesse interessado em mim.

“Mas estava tão óbvio...ah, deixa pra lá”, pensou Anne.

—Parabéns - disse Briana.

—Parabéns também - falou Anne - Agora você finalmente pode focar um pouco mais em você mesma, né?

—Não pense que vai ficar livre de mim tão fácil! - retrucou Ema - Posso ter errado sobre o que acontece no meu coração, mas não costumo errar o que acontece no coração dos outros. Ainda vou juntar você e o Luciano.

Anne apenas sorriu levemente.

—Você não muda mesmo…

—Só isso? Não vai dizer “Cala a boca! Já falei que não quero nada com aquele idiota!” - disse Ema, tentando imitar a voz de Anne.

—Eu não falo assim - disse Anne - Vai, vamos entrar. A aula já vai começar.

Anne foi na frente, deixando Ema e Briana conversando atrás.

—Ei, Briana. Aconteceu alguma coisa a sua irmã? - perguntou Ema.

—Eu não sei - disse a irmã - Ela anda meio esquisita há um tempinho.

—É, tenho reparado nisso - falou Ema - Vou ficar de olho nela.

Mais uma vez, Anne tentou evitar Luciano o máximo possível e, ao final da aula, seguiu para o seu trabalho. No entanto, alguém também precisava falar com ela.

—Querida Anne - disse Ian, o filho do prefeito, parando bem na frente da garota e segurando a mão dela - Não consegui falar com você no intervalo. Não gostaria de jantar em casa mais uma vez?

Anne apenas suspirou.

—Ian - disse Anne, segurando inesperadamente as mãos de Ian - O que você...realmente sente?

—Estou feliz que tenha perguntado! - disse o rapaz, empolgado, segurando as mãos de Anne com mais força - Sinto amor e mais amor por você, minha musa de cabelos castanhos.

—Mas eu não posso retribuir - disse Anne - Eu...não amo você do mesmo jeito que você me ama.

—Que bobagem, Anne. Você só precisa de mais tempo para se acostumar com a ideia e...ei, alguma coisa está errada…

—Como assim? - indagou Anne.

—A essa altura, você já devia ter me batido - falou Ian.

—Não quero bater em ninguém hoje - disse a garota, nada animada.

—Você...não vai me bater? - perguntou Ian.

—Não, não vou - disse ela.

—M-mas isso já tinha virado uma tradição.

Anne apenas olhou para ele com uma cara de estranhamento.

—Ian, você tá bem?

—Não, é que...acho que me acostumei com situações perigosas de tanto ser perseguido e maltratado pela Tamires e…

—A resposta está aí - falou Anne - Você se acostumou com a Tamires.

—Eu? Eu e aquela maluca? Não pode ser, só porque ela corre atrás de mim praticamente todos os dias com um chicote, me amarra e às vezes até me algema, isso não significa que eu…será?

—Ian - disse Anne - Acho que a Tamires é a garota perfeita para você.

—A Tamires? Mas…

—Eu também acho! - disse a própria, saindo de trás de uma moita.

—De onde você saiu? Volta pro mar, oferenda! - rebateu Anne, até esquecendo seus problemas sentimentais diante da surpresa. É, Tamires estava “por acaso” passando por ali e ouviu tudo (claro que ela estava perseguindo o Ian de novo).

—Ianzinho - falou Tamires, abraçando ele - Eu sou a garota certa para você. Juntos vamos viver tantas emoções juntos.

—Mas eu sempre amei a Anne - disse ele.

—Sempre? Não faz nem um ano que eu me mudei pra cá! - retrucou Anne - Ian, admite logo. Você quer alguém mais forte, não quer?

—Bom, eu...eu admito que até já estou me adaptando a essa rotina com a Tamires e…

—Então vamos ficar juntos, logo - disse ela, lascando um beijo nele - Se você fugir, vou te amarrar e pendurar você em cima da piscina de tubarões.

—M-mas, não posso entristecer o coração da Anne - disse Ian.

—Não se preocupe comigo - falou ela - Eu supero.

—Anne… - disse Ian - Você vai ficar bem, não vai? Sei que não vai ser fácil…

—Ah, não, não mesmo, mas eu supero - disse Anne, com todo o sarcasmo que conseguia.

—Então, ótimo - falou Tamires - Vem, amor. Vamos agora contar para o papai.

—A-Até mais, Anne - disse Ian.

“Sejam felizes”, pensou a garota, acenando para Tamires e Ian entrando no carro dela. “Felizes bem longe de mim!”

Depois disso, a única pessoa que ela realmente precisava se preocupar agora era ela mesma e sua situação com Luciano. Depois de tudo que aconteceu, Anne precisava colocar seus sentimentos no lugar de algum jeito. Mais uma vez, ela ficou aérea por bastante tempo no serviço e, depois de muitas broncas de sua mãe/chefe Carla, finalmente acabou o expediente. Ainda assim, Anne não se sentia bem o bastante para entender a si mesma.

“Afinal, eu realmente gosto daquele idiota?”, ela se perguntava o tempo todo. Ao sair do serviço, Anne não foi direto para casa, mas ficou caminhando pela cidade para arejar um pouco a cabeça e o coração. Se tinha uma vantagem de morar em cidade pequena era a tranquilidade de andar à noite. O que ela mais queria era resolver aquela situação de uma vez por todas.

“Acho que eu preciso desabafar com alguém”, pensou ela. “A Ema está fora de questão. Claro que ela vai me empurrar para o Luciano. E a Kelly? Será que ela está em casa?”

Anne até cogitou mandar uma mensagem para ela, mas lembrou que a amiga precisava visitar uma tia na cidade vizinha naquela noite. É, o jeito era ir para casa ou tentar resolver seus problemas do coração sozinha mesmo.

Ou não? Enquanto caminhava, ela viu Renan pintando em plena noite no mesmo lugar onde o encontrou pela primeira vez. Será que…

—Belas cores - disse ela, se aproximando do garoto.

—A-Anne? - gaguejou ele.

—Oi - respondeu a garota, com um sorriso.

Seria uma boa ideia conversar justo com a pessoa que gostava dela até pouco tempo atrás? Bem, é o que precisamos descobrir...


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Notas finais do capítulo

...no próximo capítulo. Até lá! :)



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