Vila Baunilha escrita por Metal_Will


Capítulo 178
Revelação




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Apesar de todos os diálogos conturbados que tivemos nos capítulos anteriores, a vida continuava. Mas não é só de problemas de namoro que essa cidade vivia. Um pouco mais afastado do centro, na fazenda mais abastada da região, nossa amiga Ema Fontes também tinha seus próprios problemas.

—Bom dia, pai - disse ela ao seu pai Henrique, assim que ele deu as caras na sala de jantar - Desculpa não falar muito, já estou atrasada.

—Você...tomou suas vitaminas, não tomou, filha? - perguntou Henrique.

—Vitaminas? Ah, acho que precisamos comprar mais - disse ela.

—O quê? Você não providenciou isso? Como vai manter sua imunidade? - falou ele.

—Pai. O senhor é muito paranoico com saúde - reclamou ela - Eu tô bem. Nunca estive tão bem.

—Vocês jovens acham que nada acontece com vocês, mas as doenças estão aí. E se um dia acontecer uma pandemia? Você toda descuidada desse jeito?

Ainda bem que no universo da história isso estava bem longe de acontecer…

—Não se preocupe, pai - disse Ema - Eu sempre tomo todos os cuidados quando chego em casa.

—Sua mãe morreu por não ter cuidado bem da saúde, lembra? - disse Henrique - Eu não quero perder você também!

Henrique correu para abraçar Ema. Ela apenas suspira.

“Ai, ele ficou sentimental de novo. Já vi que vou chegar atrasada na aula”, pensou Ema.

—Por favor, não me abandona, filhinha. Você é tudo que eu tenho! - disse Henrique, cada vez mais sentimental.

—Pai, já falei. Não vou te abandonar - falou a garota, beijando o pai no rosto.

—Você fala isso agora, mas um dia vai começar a namorar e me deixar de lado! É o destino de toda filha! - reclamou Henrique.

—Essa conversa de novo? - retrucou ela - Eu já falei que não pretendo namorar e nem me casar, não disse?

—E como você pode garantir isso?

—Por que eu prometi, não prometi? Prometi ficar do seu lado enquanto for preciso - disse Ema, segurando na mão do pai.

—Você só diz isso porque ainda não se apaixonou! Mas eu sei que esse dia vai chegar e você vai voltar atrás nessa promessa. Posso sentir isso. Oh, por que, meu Deus? Por que as filhas precisam crescer? Ela não podia continuar sendo minha princesinha para sempre?

—Ai, pai, como você é dramático - disse ela - Agora, chega de papo. Preciso ir para a aula.

Ema subiu, escovou os dentes, pegou as coisas e entrou no carro de seu motorista particular. Em pouco tempo, lá estava ela no colégio, entrando pelo portão ao mesmo tempo que Luciano.

—Bom dia, Luciano - disse Ema - O que conta de novo?

—Ah, e aí? - falou ele, não muito empolgado - Nada de novo, para variar.

—Não está um lindo dia para chamar a Anne para sair? - provocou Ema - Tá, eu sei que ela trabalha o dia inteiro, mas vocês tem um tempinho depois da aula…

—Melhor não - foi tudo que Luciano disse, o que não escapou dos olhares atentos de Ema.

—Ei, como assim? Não vai dizer: “cala a boca! Não tenho nada a ver com aquela chata!”? - disse Ema, tentando imitar a voz grossa de Luciano.

—Ah, já cansei de falar isso. Você nunca aprende - disse ele - Agora dá licença. Ainda preciso copiar minha lição de alguém. Matemática é a primeira aula.

Ema ficou desconfiada.

—Esquisito. Tem alguma coisa errada - falou ela - Aliás, tem alguma coisa de diferente nessa escola. O Luís ficou quieto demais ontem e a Márcia também está meio para baixo. A Márcia...boa, é com ela que vou falar!

Mas Ema não conseguiu conversar com Márcia na hora do intervalo, já que uma garota de outra sala pediu conselhos para o seu namoro. O jeito foi tentar encontrar com ela na hora da saída. Enquanto Márcia saía pelo portão, Ema conseguiu alcançá-la.

—Oi, Márcia - disse Ema - Como é que vai?

—Oi, Ema - disse Márcia, um pouco séria - Você quer alguma coisa?

—Puxa, não posso nem conversar com a minha amiga em paz?

—Claro que pode - falou Márcia - Mas é que sempre que conversamos, você insiste em voltar naquele assunto.

—Que assunto? - Ema se fingiu de desentendida.

—Aquele assunto - Márcia apontou para o alegre soldado Caxias, se aproximando delas com sua bicicleta.

—Senhorita Ema, senhorita Márcia - disse alegremente o policial - Que prazer vê-las aqui.

—Fazendo sua ronda? - perguntou Ema.

—Pois é - disse ele - É meu dever manter a segurança da cidade.

Afinal, nunca se sabe quando um ladrão de galinha pode aparecer. Nota: desde sua fundação, nenhum crime sério aconteceu em Vila Baunilha.

—Ah, tive uma ótima ideia - disse Ema - Por que você não acompanha a Márcia até em casa? É o dever de um bom policial garantir a segurança de uma donzela.

—Não precisa - falou Márcia, ainda chateada com sua sofrência e não muito animada para as armações de Ema - Eu sempre vou muito bem sozinha para casa.

—Seria um prazer acompanhá-la, mas e você, senhorita Ema?

—Eu chamo meu motorista, não se preocupe - disse ela - Acho que vai ser bom para vocês dois colocarem a conversa em dia.

—B-bem, eu não me importo, mas…

—Deixa de ser tímido, soldado - falou Ema - Só falta um empurrãozinho para vocês dois se acertarem.

—O quê? Não, a senhorita está…

—Chega! - gritou Márcia - Chega, já tô cansada disso!

—O que foi, Márcia? - estranhou Ema - Que estresse é esse?

—V-você está bem, senhorita Márcia? - perguntou o soldado.

—Soldado Caxias - disse Márcia, olhando bem para os olhos dele - Ou você fala isso agora, ou eu vou falar!

—E-espera, a senhorita não está pensando em…

—É isso mesmo que você pensou - disse Márcia - Eu não quero mais ver ninguém iludido por aqui. É a sua chance. Fala agora.

—Eu não posso...eu…

—Ema - Márcia se voltou para Ema - Você nunca percebeu mesmo?

—Do que você está falando, Márcia? - Ema estava cada vez mais intrigada.

—Por favor, senhorita Márcia - continuou o soldado - Não diga. Eu imploro.

Márcia apenas ignorou.

—O soldado Caxias é completamente apaixonado por você - disse Márcia - Não é de mim que ele gosta, é de você. Só de você!

—O quê? - Ema ficou pasma.

—E-Espere, senhorita Ema. Não é bem…

—É sim! - interrompeu Márcia - Caxias, assuma. Assuma logo. Pelo amor de Deus, você é um policial! Você foi treinado para enfrentar tiroteios e tem medo de assumir o que sente por ela? Você pode até negar, mas se negar, eu é que não vou mais querer ser sua amiga!

—Isso é verdade, soldado Caxias? - perguntou Ema, em um tom extremamente sério - É isso mesmo?

Diante da pressão, Caxias, mesmo com as mãos trêmulas de timidez, acabou cedendo.

—Sim, é - ele finalmente admitiu - É verdade, senhorita Ema. Eu te amo. Sempre te amei. Desde a primeira vez que eu te vi.

O soldado conseguiu falar isso olhando bem nos olhos dela. No entanto, a reação de Ema foi bem inesperada.

—Eu....eu…eu não posso acreditar - Ema apenas saiu correndo, com lágrimas nos olhos.

—Senhorita Ema! - disse o soldado - Viu? É por isso que eu não queria dizer nada. E agora? O que eu faço?

—O que você faz? - repetiu Márcia - Que pergunta! A resposta é óbvia! Vai atrás dela!

—Mas ela…

—Com todo o respeito à sua farda, soldado - disse Márcia - Mas você é um banana!

—Senhorita Márcia? O que está dizendo?

—Por que você ainda está aqui? - falou Márcia - Vai! É da mulher da sua vida que estamos falando! Pode me odiar depois, mas agora vai atrás dela!

Houve uma pausa com uma fração de segundos com Márcia sorrindo e olhando bem dentro dos olhos dele. Era uma linguagem facial que, de algum modo, fez os dois se entenderem. O soldado apenas sorriu de volta e em vez de responder apenas seguiu atrás de Ema com sua bicicleta. Será que os dois vão conseguir se acertar?


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Notas finais do capítulo

Na real, eu também preciso de uma Márcia na minha vida para me dar uns chacoalhões. Kkkk

No próximo capítulo, veremos o que vai ser da Ema e do Caxias. Até! :)



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