Vila Baunilha escrita por Metal_Will


Capítulo 168
Separados e perdidos




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Resumindo a coisa toda: Tamires colocou um labirinto no meio da pista de corrida e apenas casais podem ativar o mecanismo para sair dele. Nossa turma (tirando Gustavo) entrou toda ali, mas o lugar, como era esperado, estava repleto de armadilhas e passagens escondidas. Não demorou muito para dois de nossos amigos, Renan e Márcia, caírem em uma delas e serem separados do grupo.

—É, acho melhor nós ficarmos todos juntos - sugeriu Ema, depois que Renan e Márcia foram parar em algum outro lugar do labirinto.

—Concordo - disse soldado Caxias - Sou o mais velho e mais experiente aqui. Deixem que eu vá na frente.

—Você tem alguma ideia de como sair desse lugar? - perguntou Luciano.

—Já li uma história sobre labirintos uma vez - falou Caxias - Era uma história da mitologia grega, onde o herói escapava do labirinto se guiando por um novelo de lã.

—Legal - falou Luciano - E você tem um novelo de lã aí?

—Não, não tenho. Por que eu levaria um novelo de lã comigo? - perguntou o soldado.

—Então porque falou dessa história? - reclamou Luciano.

—Só disse que lembrei dessa história. Não disse que eu tinha a solução para o problema! - retrucou o policial.

—Não se preocupem - falou Luís, interrompendo a conversa - Conforme andarmos, vou memorizando a geometria do labirinto com a minha mente avantajada. Sair daqui vai ser moleza.

“Como eu queria ter essa confiança!”, pensou Samara.

—O problema... - lembrou Anne - ...é que deve ter um monte de armadilhas por aí. Podemos acabar nos separando, como aconteceu com a Márcia e o Renan.

—Por isso é melhor andarmos bem devagar - disse o soldado - Muito cuidado onde pisam e tocam. Vamos em frente.

Todos seguiram calmamente o soldado. Ema estava logo atrás de Anne.

—Aliás, Anne - perguntou Ema - Por que você faz isso com você mesma?

—Do que está falando? - estranhou Anne.

—Por que você envolveu aquele menino do terceiro ano nisso - disse Ema - Poderia simplesmente aceitar correr com o Luciano. Quem sabe vocês não ganharia uma viagem dos sonhos.

—Até nessas horas você vem me falar isso? - reclamou Anne - Não tenho nada com o Renan. Só estou ajudando ele a ganhar uma oportunidade de viajar. Só isso. Mesmo ganhando, eu venderia ou daria minha passagem para outra pessoa.

—Ah, entendi - disse Ema - Então é o mesmo que estou fazendo com o soldado Caxias. A questão é: será que ele vê as coisas do mesmo jeito?

—Como assim? - perguntou Anne.

—Veja, se ele tomou a iniciativa de te convidar, talvez tenha algum interesse, não acha? - perguntou Ema.

—Não vou pensar nisso agora! - retrucou Anne.

—Tudo bem, tudo bem. Vamos nos concentrar em sair daqui - disse Ema.

“Como ela não consegue perceber que as palavras dela servem para ela mesma? Pobre soldado Caxias”, pensava Anne, enquanto o soldado caminhava na frente com todo o cuidado.

Enquanto isso, os primeiros a caírem em uma armadilha, Márcia e Renan, estavam em outro canto do labirinto, também perdidos.

—Como é que nós viemos parar aqui? - estranhou Márcia - Uma hora estávamos com o resto do pessoal e agora isso…

—Não temos muita escolha - falou Renan - Vamos ter que continuar andando até encontrar alguém.

—É, é o jeito - concordou Márcia.

Enquanto caminhavam, Márcia não resistiu em puxar conversa.

—Você e a Anne...têm alguma coisa? - perguntou ela.

—P-Por que está perguntando isso? - disse Renan, gaguejando.

—Tipo, ela aceitou seu convite para ser sua parceira nessa corrida. Se tratando da Anne, isso quer dizer muita coisa, do jeito que ela é arisca com os meninos - disse Márcia.

—Então eu tive sorte dela ser gentil comigo - falou ele.

—Mas você gosta dela? - perguntou Márcia - Pergunta sincera.

—É, acho que sim.

—Acha? - falou Márcia - Vocês meninos sempre fogem quando se fala de sentimentos. Pode admitir logo que gosta.

—O problema é que eu não sei se ela gosta de mim - confessou Renan - No fim, acho que só me vê como amigo.

—Acho que te entendo.

—Por quê? - perguntou Renan.

—Eu gosto do Luciano - falou Márcia - Só que...no fundo, acho que ele não gosta de mim.

—Por que você acha isso?

—Eu já disse que gosto dele - explicou a garota - Mas ele só me enrolou e disse que precisava de tempo para pensar. Acho que isso é praticamente um não.

—Não sei - disse Renan - Se uma menina dissesse que gosta de mim também ficaria meio assustado.

—Ai, vocês, meninos, só ficam enrolando. Quando resolvemos tomar a iniciativa, vocês fogem. Assim fica difícil.

—Mas se ele não gosta de você, então de quem ele gosta? - perguntou Renan.

—A resposta é óbvia - disse Márcia - Da Anne.

—O QUÊ?! - falou Renan - E-Espera. Desde quando aqueles dois têm alguma coisa? Do pouco que vi da relação entre eles, parecia que os dois só brigavam e…

—Odeio concordar com a Ema, mas acho que é a pessoa mais provável - continuou Márcia - Não é algo fácil de perceber, mas dá para ver que a briga entre eles é mais porque nenhum dos dois quer dar o braço a torcer. Só isso.

—Não sei se entendi bem…

—Anne e Luciano podem ter seus quinze anos, mas não passam de duas crianças - falou Márcia - Eles não possuem um pingo de maturidade emocional. Na verdade, acho que até crianças do primário entendem melhor de sentimentos do que aqueles dois.

—Então por que você aceitou ser parceira dele? - perguntou Renan.

—Porque a esperança é a última que morre - disse Márcia - Se nós dois ganhássemos uma viagem, acho que poderia fazer ele esquecer da Anne. Apesar de tudo, acho que os sentimentos podem ser mudados. Nunca acreditei nessa história de alma gêmea.

—Que droga - reclamou Renan, parando de andar de repente - Não imaginava que a Anne já estivesse com esse interesse em outro cara.

—Você ouviu o que eu falei? - perguntou Márcia - Sentimentos podem mudar. A Anne tem simpatia por você. Aos poucos, quem sabe ela não começa a gostar de você de outro jeito?

—Por que tem de ser tão difícil? - falou Renan - Justo quando achei alguém que parecia perfeito para mim?

—Ah, para de fazer drama - reclamou Márcia - O mundo é bem grande. Se não for com a Anne, vai ser com outra pessoa.

—Mas nenhuma é como a Anne - retrucou Renan.

—É, não tem dúvida. Você está apaixonado por ela mesmo - disse Márcia - Seja como for, não vamos poder fazer nada dentro desse labirinto. A primeira coisa é dar um jeito de sair daqui.

—Tem razão - falou Renan - Com certeza deve ter outras armadilhas por aqui.

Tamires, a mente por trás das armadilhas, não estava muito feliz. No fim, Ian acabou se separando dela por ativar uma passagem secreta que o separou dela. A garota estava olhando por todos os cantos à procura dele. Já Ian, por sua vez, acabou se perdendo e encontrando o grupo maior dos participantes no meio do caminho.

—Vocês - falou Ian, ao ver a turma toda.

—Ah, é o Ian - disse Luciano.

—Como é bom ver vocês! - disse Ian, correndo para abraçar Anne, mas sendo empurrado pela garota bem na cara.

—Por que eu tenho que ser a representante de todo mundo aqui, heim? - falou Anne.

—Peço perdão - disse ele - Tamires estava me forçando a andar com ela, quando acabei pisando em algum dispositivo que me jogou para outro lugar. Acabei me perdendo e achei vocês aqui.

—Em resumo, sua burrice te salvou - falou Luís.

—Prefiro o termo “distração” - retrucou Ian.

—Bem, mas se você se separou da Tamires, então ela deve estar feito louca te procurando - disse Ema.

—Isso mesmo! - falou a própria Tamires, finalmente encontrando o grupo - Então foram vocês que tiraram meu Ianzinho de mim!

—Tá louca, é? A gente acabou de encontrar com ele agora - disse Anne.

—Não importa - falou ela, puxando o Ian para perto - Agora que eu encontrei o Ian, posso finalmente sair daqui.

—Você é uma idiota - disse Luís - Agora que te encontramos, só precisamos te seguir para sair do labirinto.

—Tem certeza? - falou Tamires, apertando um botão e fazendo uma jaula cair do teto, prendendo a turma toda. As barras eram pesadas o bastante para não serem levantadas.

—Ora, sua trapaceira! - reclamou Luís.

—Não se preocupem - disse Tamires - Só precisam apertar o botão ali na parede para levantar a jaula.

Infelizmente, o botão estava totalmente fora do alcance de nossos amigos.

—Se não conseguirem, virei tirar vocês daí quando a corrida terminar - falou ela - Até lá, Ian eu já teremos vencido. Tchauzinho.

Ian até tentou apertar o botão, mas foi puxado com força por Tamires. Não tinha jeito. Eles ficariam ali por um tempo. Por quanto tempo?


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Notas finais do capítulo

No próximo capítulo, veremos como toda essa encrenca acaba.

Até lá! :)



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