—É, isso mesmo - disse Tamires, diante do olhar admirado de todos - Labirinto do amor. É a atração máxima da nossa corrida!

Anne só conseguiu fazer uma expressão de desconforto diante daquilo.

—Quanto mais eu rezo, mais assombração me aparece - comentou ela - O que diabos é isso?

Ao ouvir a voz de Anne, Ian, trazido ali à força após ter sido dopado por um capanga de Tamires, finalmente acordou.

—Essa voz….Ah, Anne, minha querida. Como é bom te ver! - disse ele, correndo para abraçá-la, mas Tamires o puxou pela camiseta.

—Ianzinho querido - disse ela - Finalmente acordou.

—T-Tamires? - estranhou ele - O que estou fazendo aqui? A última coisa que me lembro é estar acompanhando a corrida pelas câmeras, quando alguém colocou um lenço com clorofórmio na minha cara e eu capotei...e agora estou aqui? No meio da corrida?

—Sim - disse ela - Não queria que você se cansasse muito, mas agora finalmente vamos poder participar juntos, como sempre sonhamos.

—Eu não sonhei com nada disso, não - Ian tratou de responder logo.

—Tem como explicar o que é o tal labirinto, afinal? - perguntou Luís - Por que incluir um trambolho desses bem no meio de uma corrida de obstáculos?

—Ah, é muito simples - falou Tamires - Tudo que vocês precisam fazer é atravessar o labirinto e sair dele...com o seu parceiro. No final do labirinto tem uma porta que só abrirá se os dois ativarem o mecanismo ao mesmo tempo. Por isso é o labirinto do amor.

—Entendi, então não dá para terminar sozinho. Os casais precisam estar juntos - comentou Ema.

—Exato - confirmou Tamires - Apenas casais verdadeiramente unidos podem chegar ao final da corrida. Foi por isso que pensei nessa atração adicional.

—Sei - falou Anne - Falou a pessoa que participou sozinha da corrida o tempo todo.

—Não foi por acaso - corrigiu Tamires - Apenas me certifiquei que meu querido Ian estivesse em plenas condições de participar da corrida. E aqui está ele. Vocês não tem nenhuma chance!

“Eu não sei nem o que estou fazendo aqui”, pensou Ian.

—Isso não parece muito justo - comentou Renan.

—Não tente encontrar lógica nas ações dessa menina, cara - falou Luciano - É inútil.

—Bem, é isso. Boa sorte para vocês! - falou Tamires - Vamos, Ianzinho.

Tamires puxou Ian para o labirinto e saiu na frente.

—Alguém acha que vamos ter alguma chance de ganhar? - perguntou Márcia - Tá na cara que ela deve conhecer o labirinto e já está com vantagem.

—Concordo- falou Anne - Por que não deixamos ela ganhar logo e vamos embora, heim?

—Será que não temos nenhuma chance mesmo? - disse Renan - Eu...gostaria de pelo menos tentar até o fim.

—Fala sério - comentou Luís - Como você é ingênuo.

Anne sorriu com ternura.

—Bom, se é assim - disse Anne - Vamos pelo menos terminar a corrida.

—Então, você aceita ir comigo até o fim? - perguntou Renan.

—Eu prometi te ajudar até o fim, né? - falou Anne - Não gosto de quebrar minhas promessas.

Os dois acabaram entrando.

—Ah, quer saber?- falou Márcia - Por que a gente não tenta também? Já que estamos na chuva, vamos se molhar.

“Aquela garota...vai mesmo fingir que não aconteceu nada?”, pensava Luciano, sem ouvir Márcia.

—Luciano? - Márcia estalou os dedos na frente dele - Tá viajando, é?

—Ah, não - disse ele - Acho que devíamos ir até o fim também. Vamos lá, vai.

—Nós também vamos - falou Luís, puxando Samara.

—O-o-o quê?! - Samara estava mais vermelha do que um tomate.

—A Tamires deve ganhar de qualquer jeito - falou Luís - Mas não gosto da ideia da Anne sozinha com aquele imbecil do Renan nesse labirinto esquisito. Vamos dar um jeito de atrapalhar os dois!

—Ah, é isso - falou Samara, desanimando.

Bem, Luís, não é bem com o Renan que você deve se preocupar quando se trata da Anne ficando sozinha com alguém...

—É. Vamos entrar logo! - Luís entrou puxando Samara.

—E aí? O que pretende fazer? - perguntou Ema para o soldado Caxias - Vai deixar a Márcia lá dentro com o Luciano desse jeito?

—Bem, eu..

—Não diga mais nada - falou Ema, interrompendo o soldado na mesma hora - Vamos entrar também e ficar de olho neles. Você vem também, Gustavo?

Gustavo apenas suspirou.

—Eu fico aqui mesmo - falou ele.

—Vai ficar aí fora? - estranhou Caxias.

—Minha parceira é a Kelly e ela ainda não chegou até aqui - falou ele - Não faz sentido entrar sozinho. Prefiro ficar aqui e esperá-la.

—Que lindo! - disse Ema - Vocês são mesmo um casal perfeito. Eu sabia desde o início!

Assim, os cinco casais entraram no tal labirinto. Era um local pouco iluminado e, para evitar armadilhas, todos tomavam cuidado.

—Com todo mundo andando devagar assim nem parece uma corrida - falou Luís.

—Você sabe muito bem que a Tamires deve ter enchido esse lugar de armadilhas - disse Luciano - Cada passo tem que ser dado com cuidado.

—Você está bem, Anne? - perguntou Renan.

—Ah, estou, estou sim. Por que a pergunta? - estranhou a garota.

—Não sei - falou Renan - Parece que você está ansiosa ou preocupada com alguma coisa…

—Quem não estaria, né? Aquela Tamires é uma louca - falou Anne - Ela até já me sequestrou…

—Se ela é tão perigosa como aceitamos participar de uma corrida organizada por ela? - estranhou Renan.

—Não me faz pergunta difícil - respondeu Anne.

É, Renan, segue o roteiro. Enquanto Renan pensava nessas coisas, acabou encostando em um mecanismo na parede que ativou uma armadilha. A parede simplesmente abriu uma passagem secreta que empurrou Renan e Márcia para uma entrada oculta no meio do labirinto. A primeira armadilha teve efeito.

—Renan! - exclamou Anne.

—Márcia! - exclamou Luciano.

—Que bizarro - comentou Ema - A parede girou e levou os dois para o outro lado.

—Ah, parece que a sorte está do nosso lado - comentou Luís com Samara.

—Por quê? - perguntou Samara.

—Não é óbvio? - disse Luís - Se a Márcia e o Renan ficarem separados do Luciano e da Anne, eles não ganham. Esse era nosso objetivo desde o início.

—Ah, é… - balbuciou Samara.

Enquanto isso, Tamires passeava pelo labirinto puxando Ian com toda a tranquilidade.

—Que demais, Ianzinho. Nós vamos ganha. Logo estaremos voando para Paris juntinhos! _ falou ela, se esfregando no garoto.

—N-Não acho que meus pais vão me deixar viajar sozinho assim...acabei de começar o ensino médio e…

—Não se preocupe - disse Tamires - Salvamos a viagem para quando formos adultos. Vai ser demais. Ah, claro…

Tamires interrompeu a conversa para ativar uma tela que revelava o que estava acontecendo no labirinto. É, tinha câmeras por todos os lados que mostravam toda a ação.

—O que foi? - perguntou Ian.

—Vamos ver como os outros estão - disse ela - Ah, ali. Parece que eles resolveram entrar todos juntos. Como são idiotas. O labirinto está cheio de passagens escondidas para separar grupos. Aliás, parece que dois deles já se separaram. Ainda bem que você está comigo e não precisa se preocupar com essas coisas.

Infelizmente, enquanto Tamires falava, Ian pisou sem querer em algum mecanismo escondido que alterou as paredes do labirinto. Como resultado, Ian se separou de Tamires, apesar dela não ter percebido isso na hora.

—Sim, Ianzinho. Enquanto você me acompanhar não precisa se preocupar. Sei onde estão todas as armadilhas, aliás, cuidado para não pisar na parte mais clara do chão que... Ian?

Tamires olhou para trás e viu que uma parede tinha se levantado. Ian ativou a armadilha antes dela falar.

—Tá legal. Não esperava por isso. Droga!

Tamires subestimou a estupidez de seu amado. Parece que nem mesmo para ela será tão fácil assim sair do labirinto.