Vila Baunilha escrita por Metal_Will


Capítulo 165
Aconteceu de novo




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Anne e Luciano continuavam presos no buraco em que caíram. Alguns minutos sem ninguém por perto foram suficientes para tirar a paciência de Anne.

—Ah, chega! - gritou ela - Eu vou sair daqui!

Anne tentou escalar as paredes, mas não deu certo. Só serviu para escorregar e cair com o traseiro no chão. Luciano não resistiu em dar um risinho do jeito desengonçado da garota.

—Isso, vai rindo - reclamou ela - Quero ver você fazer melhor!

—Duvido muito que dê para sair daqui assim - falou Luciano - Melhor esperar alguém vir nos buscar mesmo.

—Como você é conformado - rebateu Anne - Quanto mais tempo eu ficar aqui, mais tempo vou ter que ficar olhando para a sua cara.

—Ei, também não precisa ofender! - reclamou Luciano - Afinal, por que você me odeia tanto, heim? O que foi que eu te fiz?

—Você é um grosso, babaca e vive me tratando mal! - rebateu Anne - Eu é que pergunto: o que eu te fiz?

—Sabe, acho que é questão de química. A gente se dá bem com algumas pessoas e outras não - falou Luciano.

—É, deve ser isso. Nosso santo nunca bateu.

—Mas você parece ter bastante química com aquele Renan… - balbuciou Luciano.

—Do que você tá falando? - indagou a garota.

—Fala você - rebateu Luciano - Por que aceitou tão fácil correr com ele? E se vocês ganharem? Vai viajar com o cara?

—Para o seu governo, eu apenas iria vender a passagem para outra pessoa - falou Anne - O Renan é um ótimo artista. Queria ajudar o garoto na formação dele. Você tem ideia de como ele iria crescer na carreira por ter visitado à França? Não, duvido. Como se você entendesse alguma coisa de arte!

—É, não entendo - disse ele - Meu negócio é música mesmo.

—Você canta mal pra caramba, Luciano - falou Anne.

—Você fala de mim, mas e você? - perguntou ele - Duvido que saiba cantar.

Anne teve que reconhecer.

—É, também sou péssima cantora - reconheceu ela - Mas ainda que eu cante mal, isso não muda o fato de que você canta mal.

—Tá falando isso só pra me colocar para baixo, né? Tudo bem, não vou cair na sua provocação.

Os dois ficam quietos por mais algum tempo.

—Vai ser muito mais chato se ficarmos aqui sem falar nada - comentou Luciano.

—Não tenho nada para falar com você, garoto - reclamou Anne - Não me enche.

—Já sei - falou Luciano - Vamos jogar alguma coisa!

—Jogar o quê? Não viaja! - disse Anne.

—É um jogo bem fácil. Eu falo uma palavra e você fala outra que começa com a última sílaba da palavra que eu falar. Pelo menos vai nos distrair.

—Só isso?

—Sim - disse Luciano - Eu começo. “Abacate”.

Anne virou os olhos, mas acabou entrando na brincadeira.

— “Tesoura” - disse ela.

— “Rato” - respondeu Luciano.

— “Tomate” - continuou Anne.

— “Tesoura” - respondeu Luciano.

—Eu já falei essa! - reclamou Anne.

—Nunca disse que não podia repetir, ué? - falou Luciano.

—Tá bom, “raposa”.

— “Sapo”

— “Porcelana”

—Porcelana? - perguntou Luciano - Começa com “por”, não com “po”.

Anne refletiu um pouco e acabou concordando.

—É, é verdade - disse ela, sorrindo.

—Então, eu ganhei.

Anne apenas riu levemente.

—Sabe…

—O que foi? - perguntou Anne.

—Você devia sorrir mais - disse Luciano.

—Mas eu sorrio, ué - disse Anne, olhando para o lado.

—Sério. Você...fica bonita sorrindo.

Anne não conseguiu esconder seu embaraço.

—Já vai me zoar de novo, é?

—Não, não estou zoando - falou Luciano - É sério mesmo. Apesar dos pesares, você é uma menina bonita mesmo. Fazer o quê?

—Apesar dos pesares. Ora, seu…

Anne deu um passo em falso para se aproximar de Luciano e acabou tropeçando, caindo nos braços dele.

—O que foi? - perguntou ele.

—Ah, devo ter tropeçado em algum galho aqui no meio dessa palha - reclamou Anne - Aquela doida da Tamires…

Mas Luciano não soltou Anne. Na verdade, isso só serviu para olhar mais fundo nos olhos de Anne. Ela, por sua vez, também não estava fazendo muito esforço para se soltar dos braços dele. No fim, os dois acabaram se olhando mais, chegando mais perto, mais perto até que...seus lábios se tocaram e se beijaram. De novo, mais um beijo daqueles. Após alguns segundos de beijo, os dois se entreolharam por alguns segundos e…

PAF!

Sim, foi o som do tapa que Anne deu em Luciano.

—Mas de novo?! - retrucou ele.

—Safado! - xingou Anne - Achei que nunca mais iríamos fazer isso!

—Eu também achei! - rebateu Luciano - Não acredito que caí nessa de novo. Sou mesmo um idiota! Idiota! Idiota! Idiota!

—Sim. Você é um idiota! - falou Anne - Onde já se viu? Sair me beijando desse jeito?

—Vai vir com essa de novo? - disse Luciano - Dessa vez, claramente você também quis. E dessa vez você não estava nervosa, nem nada disso. Não tem desculpa!

Anne estava mais vermelha do que um pimentão.

—Ah, mas que droga! Quero sair daqui!

A garota tentou escalar a parede de novo e dessa vez até conseguiu subir mais alto, só que acabou caindo de novo. Dessa vez, Luciano estava mais perto e Anne acabou caindo em cima dele.

—Acho que não tem como fugir dessa vez - provocou Luciano. Anne se levantou rapidamente toda envergonhada.

—Tudo bem. Ninguém viu isso. Podemos fingir que nada aconteceu de novo - falou Anne - É, é isso. Vamos fingir que nada aconteceu e pronto!

—E você vai conseguir? - perguntou Luciano - Uma vez até vai, mas duas vezes...é sinal de que alguma coisa tá errada.

—Você é a única coisa errada aqui, Luciano! - rebateu Anne.

—Anne, eu… - Luciano fez uma pausa, mas prosseguiu - Olha, eu te provoco bastante, mas, na real, eu não te odeio.

—Não me sinto nem um pouco melhor - respondeu a garota.

—E você também não - falou Luciano - Se odiasse, não teria me beijado de novo.

Anne apenas suspirou.

—O que você está sugerindo, Luciano? - falou Anne - Tá querendo namorar? Casar? É isso?

—Tem como sair da defensiva pelo menos por um segundo? - rebateu Luciano - Não estou falando nada disso. Só estou dizendo que...se isso aconteceu mais de uma vez é porque tem alguma entre a gente que não sei explicar direito.

—Se você não sabe, eu menos ainda - falou Anne - Vamos esquecer que isso aconteceu de novo, vai?

—Duvido que você tenha esquecido da primeira vez - resmungou Luciano.

—Tá se achando a última bolacha do pacote, heim, meu filho? - reclamou a garota - Tenho mais o que fazer do que lembrar de um beijinho daqueles.

—Como você sabe que tem outros melhores? Se eu me lembro bem, fui o primeiro que você beijou - lembrou Luciano.

—Ai, como você se acha! - reclamou Anne, desviando os olhos.

Luciano virou Anne para a frente dele e olhou nos olhos dela com mais firmeza.

—Então fala olhando no meu olho! - disse Luciano - Fala que você esqueceu daquele beijo, fala? Nega na minha cara!

Anne fez uma pausa, mas Luciano não desviava o olhar.

—Não - disse ela - Não esqueci. Nunca esqueci. Satisfeito?

—Viu só? Eu sabia!

—Mas duvido que você lembre - disse Anne - Acha que eu esqueci do beijo que você deu na Márcia no dia do festival? Por que você não vai ficar com ela, heim?

—Por que a Márcia não é você! - gritou Luciano, para Anne ficar ainda mais vermelha - A Márcia me beijou, sim, mas...não foi a mesma coisa. Não mesmo.

—Luciano, eu...

Os dois estavam quase se beijando de novo, quando ouviram um cachorro latindo próximo ao buraco. Anne aproveitou o barulho para quebrar o clima de vez.

—Já sei! - falou ela - Já sei, já sei. Deixa eu subir na suas costas.

—O quê?

—Sim. O buraco é fundo, mas se você me levantar eu consigo sair. Vamos tentar!

—É - concordou Luciano - Acho que dá para fazer isso…

Anne subiu nas costas de Luciano e, com um pouco de esforço, conseguiu sair do buraco.

—Legal. Deu certo - falou ela.

A garota se inclinou na borda do buraco e gritou:

—Vou procurar alguma coisa para te puxar daí - disse ela.

—Não precisa - falou Luciano - Eu espero alguém vir me buscar.

—Ah, deixa de ser orgulhoso - falou Anne, olhando para os lados. Ao ver um galho grande e forte, ela o pegou e o colocou no buraco para Luciano subir - Vai, sobe por aqui. Eu te puxo.

—Espero que você me puxe e não o contrário - falou ele. Anne se apoiou em um canto para não ser puxada e, enfim, conseguiu trazer o garoto para fora.

—Viu? Deu certo - disse ela, cansada.

—Valeu - falou Luciano - Mas...e agora?

—E agora o quê? - perguntou Anne.

—O que vai ser da gente? - disse ele - Não tem como ignorar o que aconteceu de novo, tem?

—Eu não sei. Vamos pensar nisso depois - falou ela - Agora, é melhor voltarmos para a corrida, né?

—Tá. É o jeito - concordou Luciano, deixando Anne ir na frente.

“Não dá”, pensou Luciano, ao ver Anne correndo cada vez mais longe. “Não dá mesmo para esquecer!”


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Notas finais do capítulo

Bem, vamos ver como fica a situação desses dois daqui para a frente.

E a corrida continua. Até o próximo capítulo! :)



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