Vila Baunilha escrita por Metal_Will


Capítulo 160
Preparativos




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O prefeito de Campo Encantado entrou em um acordo com nosso querido prefeito Venâncio para que Vila Baunilha fosse o palco de uma corrida de casais, visando uma integração maior entre as duas cidades. O prêmio seria uma viagem para Paris com tudo pago. Ao ouvir a notícia, Renan foi rápido em convidar Anne para ser seu par na corrida. Ela acabou aceitando, para desespero de Ian, cuja parceira acabaria sendo a filha do prefeito de Campo Encantado, Tamires. Renan, por outro lado, estava bem feliz.

—Então você aceita mesmo? - perguntou Renan novamente.

—Já falei que sim - disse Anne - Ou você acha que eu sou muito lerda para ganhar?

—Não, não. Claro que não - falou ele - Se é assim, então acho que vou me preparar um pouco mais. Começar a correr, essas coisas…

—Espero não te atrapalhar. Não vou ter muito tempo para treinar - disse Anne.

—Nunca. Você nunca atrapalha! - disse ele, prontamente. Os dois ficaram em silêncio por alguns segundos depois disso. Por fim, Renan decidiu sair.

—Bom, então já vou indo… - falou ele.

—Espera - disse Anne.

—O que houve?

—Acho melhor ficar mais um pouquinho - disse ela.

—Por quê?

—Vamos ver… - disse Anne, olhando para o relógio - Um, dois, três…

—Anne! - disse Luís, entrando no restaurante com um entusiasmo invejável - Anne, você precisa ver isso!

—Por acaso está falando da corrida de casais? - falou ela, mostrando o folheto para Luís.

—Isso mesmo! - disse ele - Precisamos competir nisso juntos!

Anne apenas suspirou.

—Desculpa - disse ela - Já combinei de correr com o Renan aqui.

—E aí? - falou Renan, acenando para Luís.

—Você…É aquele cara metido a artista do dia do festival - Luís mudou de seu ar sorridente para uma expressão furiosa - Não tem vergonha de convidar a namorada dos outros desse jeito?!

—Epa, desde quando sou sua namorada?

—Então...você tá namorando esse cara?! Você quer ganhar para sair de férias com ele na França, é isso?

—Deixa de falar bobagem! - reclamou Anne - O Renan é um pintor muito talentoso e uma viagem para França seria muito bom para a carreira dele.

—Mas você vai junto com ele, não vai? - insistia Luís.

—Olha de novo o folheto - falou a garota - É uma passagem para cada vencedor. Não quer dizer que eu vá viajar com ele. E mesmo que eu corresse com você, também não significa que eu iria viajar com você!

—Não? - perguntou Luís - E eu já estava com todo o roteiro na minha cabeça…

*Imaginação do Luís*

—Nem acredito que estou aqui, jantando em Paris, com a Torre Eiffel na minha frente - disse Anne, trajando um belo vestido preto e uma maquiagem.

—Oui - disse Luís, usando um boina, camisa listrada e, sabe-se lá porque, com um bigode fininho - Mademoiselle Anne, perrmita-me darr a você a noite mais romantique da sua vida.

Sim, ele tentava falar carregando nos erres com um sotaque francês bastante forçado.

—Oh, Luís. Assim eu não resisto.

—Não prrecisa rresistir, mademoiselle Anne. Essa é a cidade do amor.

Um garçom traz vinho e os dois se olham profundamente e…

*Fim da imaginação*

—Não sei o que você tá pensando, mas pode ir parando! - falou Anne - Minha resposta é não.

—Tudo bem - falou Luís - Não vou insistir. Eu nem gosto de correr mesmo. Só não espere que eu torça por vocês. Fui.

E Luís saiu de cena.

—Até que ele aceitou bem - comentou Renan.

—Aceitou bem? - repetiu Anne - Duvido.

De fato, assim que saiu dali, Luís foi correndo para a árvore mais próxima descarregar sua raiva.

—Que raiva! - exclamou ele - Aquele artistazinho de meia-tigela. Quem ele pensa que é para roubar a minha Anne! Droga!

Luís estava quase batendo a própria cabeça na pobre árvore quando Samara passou por ali, vendo a cena.

“Ele parece irritado”, pensou ela. “Tudo bem. Se eu passar sem chamar a atenção ele nem vai me ver aqui…”

E ela tentou fazer isso, mas Luís captou a presença da garota (excepcionalmente).

—Ei, Samara! - disse ele.

“Por que dessa vez ele me viu?”, reclamou Samara mentalmente.

—É isso. Você é a pessoa perfeita! - exclamou Luís, pegando nas mãos da pobre garota que, imediatamente, ficou vermelha.

—E-eu? - gaguejou ela - M-M-Mas…

—Você já sabe da última? A corrida de casais?

—Corrida..de casais? - Samara já estava virando um pimentão.

—Sim. Isso mesmo - confirmou Luís - É uma corrida em que os participantes ganham uma viagem para Paris.

“É isso mesmo?!”, pensou ela. “Ele está me convidando para ser par dele em uma corrida de casais para ganhar uma viagem para uma cidade romântica! Então...então…”

—Por favor. Faça par comigo.

—O QUÊ??!! - exclamou Samara, com o rosto realmente vermelho.

—Sim - disse ele - Se nós vencermos, eu te dou a minha passagem e você pode convidar quem você quiser, tipo o Luciano.

—Ah - a empolgação de Samara começou a diminuir - Então é isso…

—Sim - disse ele - É a sua chance de conquistar o Luciano de vez. É o que você quer, não é?

Na verdade, os sentimentos de Samara estavam meio bagunçados. Desde o festival, ela estava pensando menos em Luciano e prestando mais atenção em Luís. Os dois participaram de tantos planos juntos que um sentimento diferente começou a aflorar no coraçãozinho dela.

—Bom, na verdade…

—Que pergunta, é claro que quer - falou Luís - A única coisa que eu quero é impedir a Anne de vencer junto com o Renan. Ela falou que não, mas aposto que aquele pintor imbecil do terceiro ano vai convencê-la a ir com ele e só Deus sabe o que vai acontecer. Deus? Do que eu estou falando? Eu sou ateu! Ninguém sabe o que vai acontecer com aqueles dois em Paris. Ah, não consigo nem imaginar!

“A Anne de novo”, pensou Samara. “Por que todo mundo é apaixonado por ela? Tá certo que ela é linda, mas…”

—E então? Você aceita ou não? - perguntou Luís.

—T-Tá - gaguejou Samara - Eu aceito, mas se eu ganhar...se eu ganhar...vou chamar quem eu quiser para ir comigo!

—Que seja - falou ele - Desde que a Anne e o Renan percam, eu não me importo.

Não muito longe dali, Luciano aproveitava seu tempo de folga para ensaiar seu violão. Os passarinhos fugiam do local, mas uma pessoa tinha coragem (ou paixão) o bastante para se aproximar.

—Luciano? - disse Márcia.

—Ah, Márcia. E aí? Já ouviu minha nova música? Tenho ensaiado ela direto.

—Como se chama?

—Chapadão de amor.

—Chapadão de quê?

—Chapadão de amor - repetiu Luciano, empolgado.

—Chapadão de amor… - disse Márcia, não colocando muita fé.

—É. Chapadão de amor - falou ele - Canto assim: tô chapadão de amoor, de amor, de amor, de amooor…

—Tá, depois você me mostra - falou Márcia - Vim aqui perguntar outra coisa.

—O quê?

—Já viu esse folheto? - perguntou ela - Parece que vão fazer uma corrida aqui na cidade.

—Nossa. Nunca teve uma coisa dessas por aqui. É tipo São Silvestre? - perguntou Luciano.

—Não. É uma corrida de casais.

—Como assim?

—Casais correm e, se um do par vencer, os dois ganham o prêmio.

—Entendi - falou Luciano - E o que isso tem a ver comigo?

—Eu vim te convidar para correr comigo - falou Márcia, na lata.

—Eu?

—Você sabe que eu gosto de você. Já falei isso, né?

—Não sei. Ainda não tô pronto - falou ele.

—Então pensa no prêmio - disse ela - Os vencedores ganham uma viagem para Paris. Imagina você cantar em algum barzinho de Paris…

—Caraca - Luciano abriu um sorriso - Carreira internacional. Aí sim vi vantagem!

—E modéstia à parte, sou boa em educação física. Bora?

—Tá legal. Mas, por favor, não vai entender isso errado, heim?

—Tô super de boa, Luciano - falou Márcia.

—Então tá - disse ele, voltando para o seu violão.

“Não dá pra perder essa oportunidade”, pensou Márcia. “Se vencermos, o Luciano tá na minha”.

Mas outra pessoa tinha planos diferentes de Márcia.

—S-senhorita Ema - disse soldado Caxias, passeando em sua bicicleta, enquanto Ema fazia sua caminhada pela cidade.

—Soldado - disse ela - Muito boa tarde.

—Ficou sabendo da última? - disse ele, entregando um dos folhetos com os informes da corrida para ela - Parece que vão fazer uma corrida aqui em Vila Baunilha.

—Uma corrida? Que diferente.

—Mas...é uma corrida de casais - falou ele - Sabe, vai ser em um domingo em que eu não trabalho, eu estava pensando em…

—É perfeito! - interrompeu Ema - É a sua chance de convidar a Márcia! O vencedor ganha uma viagem para Paris. Que romântico!

—A senhorita Márcia? - lamentou o soldado - Não, na verdade, eu…

—Não? Ah, claro. A Márcia deve ter se adiantado e chamado o Luciano. Ela ainda não percebeu o óbvio.

—Não foi bem isso, mas…

—Já sei! - Ema interrompeu mais uma vez - Eu vou participar da corrida com você!

—Como?

—Sim - disse ela - Se vencermos, dou minha passagem para a Márcia. Ela não vai ter como recusar. É isso. Vou te ajudar, soldado!

“Não foi bem isso que eu pensei, mas pelo menos vamos correr juntos, né?”, pensou o pobre soldado.

Parece que os pares estão formados, mas e agora? O que podemos esperar dessa maratona?


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Notas finais do capítulo

O que podemos esperar? Altas confusões, já diria o narrador da Sessão da Tarde.

Continue acompanhando.

Até a próxima! :)



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