Vila Baunilha escrita por Metal_Will


Capítulo 159
Proposta inusitada




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/775280/chapter/159

—Uma corrida? - perguntou Venâncio, o prefeito de Vila Baunilha ao ouvir uma proposta inusitada de Bóris, prefeito de Campo Encantado, uma das cidades vizinhas.

—Sim - disse Bóris - Acho que será um bom evento para fortalecer os laços entre as nossas cidades e, quem sabe, unir as duas no futuro.

—De novo essa história? - reclamou Venâncio - Já disse que não quero unificar Vila Baunilha com cidade nenhuma.

—Como você é cabeça-dura! - retrucou Bóris - Pense nos benefícios para a economia se unir com Campo Encantado!

—Estamos bem como estamos - falou Venâncio - Mas você parece querer muito a referência em sorvetes que é a nossa cidade, não é?

—Não fale como se eu fosse interesseiro - respondeu Bóris.

—Não quero unir as cidades, mas…

—Mas? Mas o quê?

—Mas a ideia da corrida não é ruim - disse Venâncio - Ter um evento desse porte pode atrair mais pessoas para nossa cidade.

—Agora estamos começando a falar a mesma língua! - disse Bóris, com um sorriso no rosto.

—E como você disse que será essa corrida?

—Entre casais - disse o prefeito de Campo Encantado - O casal vencedor ganha uma viagem para Paris com tudo pago.

—Paris, heim? Bem romântico - disse Venâncio.

Não é preciso pensar muito para concluir que a autorização do prefeito de Vila Baunilha influenciaria certas pessoas que conhecemos muito bem, não é? Mas vamos devagar. Alguns dias depois, saindo do gabinete do prefeito Venâncio e indo para as casas de nossos queridos habitantes, vemos alguém se esforçando bastante para aprimorar seus talentos, mais precisamente, seus talentos de pintura e desenho.

—Terminei mais um - disse Renan, o único aluno do terceiro ano de ensino médio da escola, adicionando mais uma pintura na sua coleção - Mais uma pintura...dela.

Se olharmos para o quarto de Renan veremos muitos (muitos mesmo) desenhos e pinturas de Anne. Para alguém que pintava apenas quadros abstratos era uma grande mudança de estilo.

—Ela de novo! - falou Renan, com as mãos na cabeça, atormentado com sua própria obsessão - Por que não consigo desenhar outra coisa? Por que só ela me dá inspiração?

Por que você está apaixonado? Ah, desculpe, o narrador não se intromete nessas coisas. Seja como for, Renan deixou sua nova tela em um canto do quarto e decidiu dar uma volta. Quem sabe assim ele refresca um pouco as ideias?

“Ela está sempre na escola e no restaurante do centro”, pensava Renan em sua caminhada pelas ruas de Vila Baunilha. “Mas nunca consigo falar com ela…”

Enquanto andava, Renan viu um funcionário da prefeitura colando um cartaz nos muros. Ao se aproximar, ele vê a notícia da primeira maratona de casais, valendo uma viagem totalmente paga para Paris.

“Paris? França? Museu do Louvre? Espera, isso é o paraíso de qualquer artista!”, pensou ele. “E...casais? Será que?”

Essa era a oportunidade.

“Não, ela não tem cara de que aceitaria uma coisa dessas”, pensou Renan, deixando o cartaz de lado.

Oportunidade não é o tipo de coisa que podemos deixar passar. Renan pretendia ignorar, mas algo dentro dele foi mais forte.

—Ah, dane-se! Vou tentar!

E assim, Renan saiu correndo até o restaurante dos Montecarlo. No meio da tarde, o movimento não era tão grande e Anne estava apenas passando um pano nas mesas. Renan chegou ali ofegante de cansado, mas chegou.

—Boa tarde. Ah, é você - disse Anne, sorrindo.

—Anne! - falou ele - Nossa, ainda bem que te encontrei aqui!

—Aconteceu alguma coisa? Você nunca vem no restaurante, ainda mais assim colocando os bofes para fora - falou a garota em tom simpático.

—Anne, eu…

—Sim?

—Olha isso! - disse ele, só entregando os panfletos nas mãos de Anne.

—O que é isso? - perguntou a garota, olhando o papel e vendo as informações sobre a corrida - Uma...corrida? De casais?

Anne ficou vermelha, mas Renan estava bem mais.

—E-Espera...o que você está querendo dizer com…

—Você participa comigo? - perguntou Renan, apesar de não conseguir olhar para a garota.

—Eu?! - Anne estava parecendo um pimentão.

—C-Calma, por favor, não entenda errado! - disse Renan - É que...o meu sonho é ir para Paris.

—Sério? Ah, sim. Você é um artista, afinal.

—Então...se eu vencesse e ganhasse essa viagem seria incrível! Mas é uma corrida entre casais e eu não tenho ninguém para ir comigo e…

—E-espera...se vencermos, então nós…

—Calma! - Renan interrompeu imediatamente - Só diz que é uma corrida de casais, mas não diz que esses casais precisam ter algum compromisso. Não quero que você pense...ah, você sabe…

—Ah, claro, claro - concordou Anne - Ah, sim, se vencermos, talvez eu possa vender minha passagem.

—Vender? Ah, claro… - disse Renan, embora ele claramente quisesse Anne como companhia na viagem.

—Mas a gente tem que vencer primeiro, né? Você é bom em corrida?

—Nem um pouco - disse ele.

—E eu também não - falou ela - Mas se quiser tentar…

—Então você topa? - perguntou Renan, não conseguindo esconder sua satisfação.

—Topo - falou Anne, sorrindo - Podemos treinar um pouco aos sábados de manhã. Não estou trabalhando nesse horário.

—Combinado! - falou Renan sorrindo.

Os dois ficaram se olhando e sorrindo por alguns segundos, isso até Ian entrar pelas portas do restaurante de modo exagerado (como sempre).

—Anne, ó Anne, minha musa inspiradora, minha deusa dos cabelos castanhos! - disse ele, entrando, imediatamente se ajoelhando diante de Anne enquanto pegava a mão dela.

—Por que você sempre tem que ser tão Ian, Ian? - falou ela.

—Veja! É nossa chance! - disse ele, mostrando o mesmo panfleto da corrida - Meu pai nem tinha me avisado desse evento, mas teremos uma corrida de casais que concederá uma viagem à Paris, a cidade luz, ao casal vencedor. Paris, minha amada. A cidade dos apaixonados. Imagine, nós dois, do topo da torre Eiffel, enquanto comemos croissant juntos…

—Tô sabendo - disse Anne, mostrando o panfleto que tinha em mãos - Mas já tenho par. O Renan acabou de me convidar.

—O quê? - disse Ian, arrasado - Você prefere ir para Paris com esse pintorzinho mixuruca?

—Ei, vê lá como fala! Mas bem feito, ninguém mandou chegar tarde! - retrucou Renan.

—Ora, mas por que estou preocupado? - disse Ian, jogando seu cabelo para trás em ar de deboche - Claro que uma tartaruga como você nunca poderia vencer essa competição. É uma pena, amada Anne, mas prometo que eu mesmo a levo para Paris com meu dinheiro.

—Acho que você devia se preocupar com outra coisa - falou Anne, vendo quem acabava de entra no restaurante.

—Ian, querido! - disse Tamires, a filha do prefeito Bóris, entrando no restaurante e abraçando Ian por trás.

—Ah, é a menina que estava no festival - lembrou Renan.

—Chegou a maluca - comentou Anne.

—O quê? Tamires? - perguntou Ian, sem esconder seu desespero - O que está fazendo aqui?!

—Tenho meus informantes. Eles disseram que você estava aqui! É um restaurantezinho bem chinfrim, né?

—Eeei, mais respeito aí, minha filha! - disse Anne.

—Ah, relaxa - disse Tamires - Meu assunto aqui é com o Ian.

—Comigo? - falou Ian.

—Meu pai organizou uma corrida com casais aqui na cidade - falou ela - E é claro que vou participar com você.

—C-Comigo? - repetiu Ian.

—Não se preocupe - disse ela - Eu estou acompanhando toda a organização do evento. Temos muita chance de vencer!

—Ei, isso aí não é injusto? - reclamou Anne - Se você souber como será a corrida, então é claro que vai sair na frente!

—Se vira, querida - disse Tamires - Um bom atleta consegue vencer mesmo com esses pequenos obstáculos.

“Que menina insuportável”, pensou Anne.

—Bem, só vim aqui garantir nossa inscrição, Ian - disse Tamires - Vamos vencer essa. Ai, ai, Paris. A cidade dos apaixonados. Imagine, nós dois, do topo da torre Eiffel, enquanto comemos croissant juntos…

—Não quero imaginar isso! - reclamou Ian.

—Dois minutos atrás você estava me pedindo para imaginar justamente isso, safado! - lembrou Anne.

—Agora é diferente - falou Ian.

—Mal vejo a hora! Vamos vencer essa, com certeza! - falou Tamires, saindo do restaurante com uma gargalhada confiante. Isso só serviu para deixar Anne mais motivada.

—Tá, agora quero dar uma lição nessa metida - disse Anne - Vamos dar nosso melhor, Renan!

—C-Claro! - gaguejou Renan, não conseguindo esconder sua satisfação.

Outro evento nada convencional está prestes a começar...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E claro que o resto da turma também vai participar, mas vamos ver mais sobre isso no próximo capítulo.

Até lá! :)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Vila Baunilha" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.