Vila Baunilha escrita por Metal_Will


Capítulo 153
Plano maligno




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—Tá legal - disse Samanta - Vamos tentar nos dar bem...é o mais racional, não é?

—Que bom que entendeu - falou Márcia, a babá que ficaria com Samanta e Cíntia naquela noite, com um sorriso de satisfação. Samanta ainda estava incomodada por dentro.

—Agora que tudo está em paz - disse Cíntia - Vamos fazer aquela pipoca, vamos?

—Ainda está cedo para comer, não acham?

—Se a comida é gostosa nunca está cedo demais para comer - falou Cíntia.

—Podemos brincar de alguma coisa - falou Márcia - Gastar energia dá mais fome e quanto mais fome, mais gostosa a comida fica.

—Espera, “podemos”? - falou Samanta - Nós três vamos brincar?

—Isso mesmo - disse Márcia - Sua mãe foi bem clara em me dizer para ficar de olho em vocês duas.

—É uma pena - disse Samanta - Sabe, já somos pré-adolescentes. Não fazemos mais brincadeiras de criança. Não precisa se preocupar com a gente.

—Ah, é? E o que vocês fazem para passar o tempo? - indagou Márcia.

—Somos meninas do século 21, querida - respondeu Samanta - Cuidamos da nossa aparência.

—É isso que meninas do século 21 fazem?

—Sim - insistiu Samanta - No mundo atual, aparência é o que conta. É isso que dá seguidores.

—Não acha isso muito superficial? - perguntou Márcia.

—Acho - disse Samanta - Mas quem se importa? Eu sou rica, posso ser superficial.

Márcia apenas virou os olhos.

—Além disso, se você não fosse superficial, não seria uma vilã tão boa - disse Cíntia.

—É verdade - concordou Samanta - Tenho que manter meu papel de vilã. Não posso fazer nada. As regras são essas.

—Que regras, criatura? - perguntou Márcia.

—As regras dos filmes de romance - falou Samanta - Eu sou a menina rica. Preciso ser má com a menina nova. Por isso tenho que humilhar a Briana sempre que posso.

“Ela consegue ser mais fora da casinha do que o Beni. Impressionante”, pensou Márcia.

—Mas até vilãs descansam, não acha? - disse Márcia.

—Como assim? - estranhou Samanta.

—Não precisa agir como vilã o tempo todo - falou a babá - Vamos relaxar um pouco hoje e amanhã você volta para suas...coisas de vilã ou algo assim.

Samanta pensou por alguns instante.

—É, você tem razão - disse ela, sorrindo - Vamos jogar alguma coisa!

“Até que foi fácil”, pensou Márcia.

Assim, as três pegaram um baralho de Uno e começaram a jogar. No entanto, Samanta não estava com a melhor sorte naquele dia.

—Mais quatro, amiga - disse Cíntia - Compra mais quatro cartas.

—De novo? - reclamou Samanta - Eu já estou com mais de quinhentas cartas na mão!

—Deixa de ser exagerada - falou Márcia - O baralho não tem nem cem cartas.

—E por que você só tem duas cartas na mão, heim? - perguntou Samanta.

—Por que tive mais sorte, ué? - disse Márcia - Jogos são assim.

—Esse jogo depende só da sorte. Não tem graça! - reclamou Samanta.

—Não depende só de sorte - falou Márcia - Você também precisa saber jogar as cartas certas. Por exemplo, se você tiver uma carta que me faça comprar mais quatro eu compro mais.

—Será que tenho? - disse Samanta - Droga. Não tenho!

—Mesmo? Bom saber - disse Márcia, rindo.

—Assim não dá! - reclamou Samanta - Desse jeito eu vou perder.

—É um jogo, amiga - disse Cíntia - Alguém ganha e alguém perde.

—E por que você não perde, Cíntia? - perguntou Samanta.

—Bem - disse ela - Para eu perder, alguém precisa ficar sem cartas na mão primeiro, amiga.

—Como se fosse fácil… - a filha do prefeito continuava resmungando - Tá legal. Jogo essa carta de inversão. Agora a rodada volta para você, Cíntia.

—Tá bem - disse ela - Jogo essa outra de inversão. Volta para você, amiga.

—Vermelha, né? Tá, eu tenho vermelha, tenho vermelha. NÃO TENHO! Compro um monte de cartas e não tenho uma vermelha! Droga! Eu passo!

—Bom saber - disse Márcia, a próxima a jogar - Eu jogo essa. Uno!

Márcia jogou um 3 vermelho. Cíntia jogou um 2 vermelho na próxima. Agora, Samanta comemorou.

—Finalmente. Tenho um 2 azul! - disse ela, contente.

—Azul? - perguntou Márcia.

—Sim

—Ótimo. Tenho um 3 azul. Bati e venci! - disse ela.

—Ah, droga! - reclamou Samanta - Não dá pra jogar com você!

—Foi só sorte - disse Márcia.

—Você não disse que não é só um jogo de sorte? - retrucou Samanta.

—É, eu sei - falou Márcia - Mas foi só uma partida. Querem jogar outra?

—Não, obrigada - disse Samanta - Jogos não são minha praia. Vamos fazer outra coisa.

—Que tal se a gente assistisse um filme? - disse Cíntia - A Márcia aproveita e faz a pipoca.

—Tá, tudo bem. Vamos fazer isso - disse Márcia.

E assim as três escolheram algum filme tranquilo no catálogo enquanto comeram pipoca e mais algumas coisas de lanche que Márcia preparou. Por volta das dez da noite, o filme terminou e Márcia comunicou que era hora de dormir.

—Tá legal, meninas - disse Márcia - Hora de ir para a cama.

—Ah, vamos assistir mais um - disse Samanta - Amanhã não tem aula mesmo.

—Desculpem - disse Márcia - A mãe da Cíntia falou para mandar vocês para a cama às dez.

—Mas a mãe da Cíntia não tá aqui, né? - disse Samanta - Ela não precisa saber…

—Boa tentativa - disse Márcia - Mas não. Vão dormir. As duas.

—Tá bom - Samanta e Cíntia disseram juntas.

Depois de escovarem os dentes, Samanta parece ter tido um ideia.

—Cíntia - disse ela, com um olhar maldoso - Não precisamos dormir agora.

—Como assim? A Márcia acabou de mandar a gente para a cama e…

—Não precisamos dormir agora se a Márcia não estiver aqui - explicou Samanta.

—Não entendi, amiga - estranhou Cíntia.

—Só confia em mim - disse a filha do prefeito.

O quarto de Cíntia ficava no segundo andar da casa. Samanta foi até lá e jogou sua escova de cabelo no quintal pela janela do quarto da amiga.

—Por que você fez isso? - indagou Cíntia.

—Faz parte do plano - disse Samanta - Agora vem a melhor parte.

Samanta desceu as escadas para falar com Márcia.

—Ei, babá - disse Samanta.

—Pode me chamar de Márcia - falou a garota.

—Que seja - disse Samanta - Posso sair?

—Por que você quer sair? - retrucou Márcia - Não tem nada que te interesse lá fora nesse horário, mocinha.

—É que eu estava escovando o cabelo perto da janela e...minha escova caiu lá no quintal - disse Samanta - Quero ir lá pegar.

—Ah, por que não falou logo? - disse Márcia - Eu pego pra você.

—Mesmo? Ah, obrigada, serviçal, digo, Márcia - falou Samanta.

“Essa menina”, pensou Márcia, achando graça. Mas isso duraria pouco. Assim que Márcia saiu pela porta para procurar a escova no quintal, Samanta trancou a porta.

—Como eu planejei - disse Samanta, rindo maldosamente.

—Ei, o que é isso? - retrucou Márcia - O que está acontecendo? Abram a porta!

Márcia batia na porta, mas Samanta não estava disposta a abrir. A babá não podia nem mesmo comunicar os pais ou outra pessoa por ter deixado o celular dentro de casa.

“Não acredito que caí nesse truque de sessão da tarde!”, pensou Márcia, com mais raiva dela mesma do que da menina.

—Agora sim podemos curtir a noite - falou Samanta.

—Você é má, amiga - disse Cíntia.

—É, eu sei. Ai, como eu tô bandida! - falou Samanta, gargalhando logo em seguida.

Parece que a noite não seria tão tranquila assim...


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Notas finais do capítulo

No próximo capítulo veremos como isso acaba. Até lá! :)



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