Vila Baunilha escrita por Metal_Will


Capítulo 154
A volta das que não foram




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Resumindo, Samanta simplesmente trancou Márcia do lado de fora e agora tinha Cíntia e ela tinha toda a casa para as duas.

—Você vai deixar ela lá fora a noite toda? - perguntou Cíntia.

—Eu sou má, não sou? - disse Samanta.

—Então, amiga - balbuciou Cíntia - Você sabe que ela vai contar tudo para os meus pais quando eles chegarem, né?

—Tá bom - disse Samanta - A gente coloca ela para dentro quando formos dormir. Eu ofereço uma graninha para ela ficar de boca fechada.

Ironicamente, Samanta é filha de um dos políticos mais honestos do país que nem mesmo usa dinheiro público, mas essas influências são preocupantes.

—Será que vai dar certo? - perguntou Cíntia.

—Ah, você se preocupa demais, Cíntia - disse Samanta.

Enquanto isso, Márcia estava do lado de fora da casa nada feliz.

“Não adianta gritar para elas abrirem”, pensou ela. “Fazer um escândalo vai ser pior”

A garota deu a volta pelo quintal e percebeu que a janela da cozinha estava aberta. Era só entrar por ali. O problema foi mais fácil de resolver do que ela pensava. Sem muita dificuldade, Márcia pulou pela janela e entrou pela cozinha sem fazer barulho. As meninas não ouviram nada.

—Tá quieto lá fora - disse Cíntia.

—Ah, ótimo - disse Samanta - Ela deve ter desistido.

—Será? Ela só vai receber o dinheiro depois dos meus pais voltarem.

—Sou tão má que ela não aguentou - disse Samanta - Essas coisas acontecem.

—Isso tá estranho...a Márcia não parecia medrosa.

—Esquece isso - falou Samanta - Vem, vamos assistir outro filme e dormir bem tarde.

—Qual filme? - perguntou Cíntia.

—Que tal esse? - Samanta apontou para “As noivas zumbis” na tela.

—Parece horrível - disse Cíntia - Nunca ouvi falar.

—Mas parece assustador - falou Samanta - Meus pais não me deixam assistir esses filmes de terror. É a nossa chance!

—Tem certeza? Por que não assistimos o desenho dos pôneis?

—Ai, como você é medrosa, Cíntia! - reclamou Samanta - Você precisa aprender a correr riscos.

—Se você tá dizendo…

—Além disso, essas coisas de zumbis nem existem. Não sei porque as pessoas acham que ficamos com medo disso.

Márcia estava na cozinha ouvindo a conversa e sua presença não foi detectada pelas meninas. Em vez de se revelar, Márcia teve uma outra ideia.

“Ah, isso vai ser divertido”, pensou ela, com um sorriso maldoso no rosto.

Samanta e Cíntia começaram a ver o filme. Era uma história bastante ridícula de noivas que se transformavam em zumbis por causa de um bolo de casamento contaminado (por algum motivo, só atacava as noivas). Apesar do roteiro ridículo, Cíntia e Samanta ficaram meio impressionadas com algumas cenas de violência.

—Meio pesado, né, amiga? - disse Cíntia, abraçando Samanta.

—Deixa de ser medrosa - falou Samanta, também abraçando Cíntia - Isso aí é tudo bobagem.

—Ah, não é melhor a gente ver outra coisa? - falou Cíntia.

—É...é, né? Esse filme tá muito chato - disse Samanta, sem largar de Cíntia.

As duas param o filme e vão assistir alguma outra coisa, mas ouvem um barulho na cozinha.

—Você ouviu isso? - perguntou Cíntia.

—O quê?

—Esse barulho.

—Barulho? Que barulho?

Era Márcia agitando algumas coisas na cozinha para fazer barulho de propósito. As meninas se agarraram mais ainda.

—A casa é sua, amiga - disse Samanta - Vai lá ver o que é!

—E-E-Eu? - gaguejou Cíntia.

—Sou sua convidada. Você não quer que me mandar fazer as coisas, né?

—Ah, deve ser só uma panela que caiu - disse Cíntia - Não deve ser nada demais.

—É, né? - concordou Samanta - O que mais poderia ser?

Mas Márcia começou a arrastar as banquetas da cozinha, eliminando essa hipótese.

—E agora? - estranhou Cíntia.

—É, isso aí não foi panela, não - disse Samanta.

O barulho aumentava.

—Ai, amiga! É sério. Tem alguma coisa na cozinha! - disse Cíntia, apavorada.

Márcia só fazia mais barulho e agora ligou a torneira.

—Isso é água? - perguntou Cíntia.

—Parece - respondeu Samanta.

—Samantaaaa...Cíntiaaaa…. - chamou Márcia com uma voz fantasmagórica. As meninas gritaram apavoradas.

—O que é isso? - falou Cíntia.

—Meninaaaass - Márcia chamou em tom ainda mais assustador.

—Ah! O que está acontecendo? O que está acontecendo? - Cíntia gritava assustada.

—Eu não sei! Eu não sei! - gritava Samanta tão assustada quanto.

—Vocês não deviam ter me deixado lá fooora - falou Márcia.

—Márcia?! - as duas garotas falaram juntas.

—Eu morri no frio da noite - disse Márcia - Porque queria cumprir meu dever. Agora sou só um fantasmaaa…

As meninas gritaram. Márcia aproveitou que o interruptor da sala estava no corredor e começou a acender e apagar repetidamente.

—Perdão, perdão - disse Samanta - Eu não queria! Eu não sou má, só finjo ser para seguir o roteiro!

—Não importa! Agora eu quero vingança! - disse Márcia, se segurando para não rir.

—Não, por favor. Sou muito bonita para morrer - falou Samanta.

—Dona fantasma, não tem nada que a gente possa fazer pra compensar? - disse Cíntia.

—Que tal...vocês irem dormir? - falou Márcia.

As meninas estranharam.

—Dormir? - elas falaram juntas.

—É, dormir! - falou Márcia, finalmente se revelando e acendendo a luz de vez - Já passou da hora.

—Nossa, para quem morreu ela tá bem viva, né, amiga? - comentou Cíntia.

—É porque ela ESTÁ VIVA, idiota! - falou Samanta - Ela só enganou a gente.

—Sim - disse Márcia - Eu entrei pela janela da cozinha e vocês nem perceberam. Precisavam ver a cara de vocês!

—Ai, é verdade - disse Cíntia - Dá pra entrar pela janela da cozinha. Esqueci de falar, amiga.

—Que susto! - reclamou Samanta - Como você é imatura, garota. Pra quê assustar a gente desse jeito?

—Para ensinar a vocês que desobediência tem consequências - falou Márcia - Agora, chega de truques e vão logo para a cama, vão.

—Tá bom - disse Samanta - Só porque já estou com sono mesmo!

“Orgulhosa até o fim”, pensou Márcia, sorrindo.

Após finalmente irem para o quarto, as duas ainda ficaram conversando um pouco antes de pegarem no sono.

—Aquela Márcia...onde já se viu? Assustar a gente daquele jeito? - comentava Samanta.

—Mas, sabe, amiga. Eu aprendi uma coisa hoje - falou Cíntia.

—O quê? Que desobediência tem consequências?

—Isso também. Mas também aprendi que precisamos ver todas as possibilidades quando fazemos um plano.

—Que seja - falou Samanta - Só sei que se fosse na minha casa, isso não teria acontecido.

—Mas estamos na minha, né? - disse Cíntia, sorrindo - Boa noite, amiga.

—Boa noite - disse Samanta.

As duas estavam dormindo na mesma cama (já que Samanta se recusou a dormir em um colchão no chão, como Cíntia fazia quando ia para a casa dela) e logo Samanta percebeu o quanto seria difícil.

“Ela se mexe demais quando dorme”, pensou Samanta, levando cotoveladas e esbarrões de Cíntia o tempo todo. “Já vi que vou acordar com olheiras. Oh, como sofro!”

Já Márcia, dormia no sofá tranquilamente, sabendo que cumpriu bem sua missão.

“Foi divertido”, pensou ela. “Essas meninas são umas figuras”


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Notas finais do capítulo

E assim termina mais um serviço da nossa super babá.

No próximo capítulo, começamos um novo arco. Até lá! :)



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