Vila Baunilha escrita por Metal_Will


Capítulo 151
Mestra do sabor




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Kelly havia feito um novo mousse de morango com um creme especial e levou para seu namorado Gustavo, um dos funcionários do restaurante do pai de Anne, para experimentar. Esperando algo tenebroso, Gustavo foi surpreendido com um gosto bastante apreciável.

—E então? O que achou? - perguntou Kelly.

—Isso...está fora de série - disse Gustavo.

—Sabia que você ia gostar! - disse Kelly, animada.

“Fora de série”, pensou Anne, acompanhando silenciosamente a conversa do casal. “Boa saída”.

Na cabeça de Anne, Gustavo estava apenas fingindo gostar do doce feito por Kelly por receio de desagradá-la, mas dessa vez estava sendo sincero. Tanto que precisou compartilhar o doce com a colega.

—Anne - disse Gustavo - Experimenta isso.

—O que foi que eu te fiz para você me pedir isso, Gustavo? - respondeu a garota.

—É sério. Experimenta.

Anne ficou intrigada, mas como Kelly também estava interessada em ouvir a opinião da amiga, acabou cedendo e experimentando um pedacinho. Para sua surpresa, Anne também amou o que colocou na boca.

—Caraca. Isso tá uma delícia! - disse ela.

—Não é? - perguntou Gustavo.

—Kelly! Você melhorou muito! - disse Anne.

—Vocês acham mesmo? - perguntou Kelly - Nossa, não esperava que tinha ficado tão bom!

—Ei, ei. Vocês vão ficar de conversinha ou vão atender? - perguntou dona Cleide, uma das clientes que ainda estava no restaurante, acompanhada do professor Otávio.

—Ah, desculpa - disse Anne - A senhora já decidiu o que vai pedir?

—Agora fiquei curiosa - falou ela - Quero esse mousse que a mocinha fez.

—Sério? - disse Kelly, contente - Pelo jeito, vou ter que fazer mais. Podem pegar, é por conta da casa.

Dona Cleide e professor Otávio pegaram dois potinhos de doce e a reação deles também foi positiva.

—Esse sabor…- comentou Cleide - Traz recordações da minha infância, quando minha avozinha fazia mousse de morango.

—Já tinha mousse de morango naquela época? - perguntou Otávio.

—Que disse? - perguntou Cleide.

—Enfim - falou o professor, já mudando de assunto - O doce ficou bom mesmo. Parabéns. Para eu elogiar alguma coisa é porque realmente está bom.

—Nossa, nem acredito - disse Kelly, saltando de felicidade - Não tem como esse dia melhorar mais!

Na verdade, tinha. Naquele instante, um novo cliente, desconhecido da turma, acabava de entrar no restaurante. Era um homem de meia-idade com roupa social.

—Boa tarde - disse ele - Vocês ainda estão abertos?

—Sim - respondeu Anne - Ainda dá tempo de pedir alguma coisa.

—Ah, ótimo. Só queria umas balinhas, Halls preto de preferência. Minha garganta não tá muito boa - disse o homem - Só estou de passagem por aqui. Tenho uma reunião na cidade vizinha. Sou gerente de uma fábrica de doces, vim pegar umas informações aqui da fábrica de sorvetes de Vila Baunilha.

—Só um instante. Já vou pegar seu Halls - falou Anne.

—Por falar em doces. O que é isso? - perguntou o homem, curioso ao olhar para os potinhos de mousse que Kelly carregava.

—É um mousse de morango que fiz - disse Kelly - Pode pegar um se quiser.

—Ah, doces são minha paixão, sabia? Foi por isso que quis trabalhar em uma fábrica que..

Mas assim que colocou a colher na boca, o homem já mudou de assunto imediatamente.

—Garota. Foi você que fez isso?

—Sim - respondeu Kelly.

—Venha comigo - disse ele - Nossa fábrica precisa de você!

—O quê? Como assim? - estranhou Kelly.

—Vamos produzir esse creme em massa - disse o homem - Esse é o creme de morango mais espetacular que já experimentei na vida.

—Sério mesmo? - perguntou Kelly.

—Garota. O mundo precisa conhecer o seu creme!

E assim, Kelly foi contratada pela fábrica e, em poucos dias, o creme que ela preparava já estava sendo aplicado em vários produtos da fábrica vizinha. Evidentemente, ela ganhou uma boa comissão por isso.

—Você viu, Gustavo? - perguntou Anne para o garoto, alguns dias depois - A Kelly está cada vez mais famosa. Saiu até no jornal.

Gustavo pegou o jornal que Anne mostrou e quase chorou de emoção.

—Quem diria? Quem diria que aquela garota que mal sabia fritar um ovo conseguiu ficar rica com um creme de morango simples daqueles?

—É, acho que ela estava no lugar certo e na hora certa. Essas coisas acontecem - comentou Anne.

—Preciso dar os parabéns para ela! - disse Gustavo.

No entanto, embora tivesse ficado mais rica, Kelly também não estava muito acessível. Ao receber uma ligação de Gustavo, Kelly foi rápida em atender.

—Oi, amor.

—Kelly, meu amor - disse ele - Parabéns. Nunca imaginei que você fosse ficar tão famosa.

—Nem eu - disse ela - Pena que...agora não tenho tempo para nada. Preciso participar de reuniões e fazer a avaliação de produção dos cremes direto.

—Sério? Queria muito me encontrar com você e…

—Prometo que logo, logo arranjo um tempinho. Agora preciso desligar. Beijos - falou a garota, desligando o telefone.

Só que os dias foram passando e a situação só piorava. Um dia, finalmente, Gustavo resolveu visitar Kelly na casa dela. Doutor Renato, o pai, foi quem atendeu.

—Doutor - disse ele - A Kelly está? Faz muito tempo que não falo com ela.

—Ah, Gustavo - falou o médico, colocando as mãos no ombro dele - Foi bom você ter vindo. Precisamos ter uma conversa de homem para homem.

—Como?

Em poucos instantes, Gustavo estava sentando no sofá juntamente com doutor Renato. Após ser servido com um suco, o médico começou a falar.

—Sei que você tem se esforçado muito para conquistar o coração da minha filha, Gustavo.

—Sim - disse ele - Estou cada vez mais perto de passar no seu teste e pegar aquela ave rara e…

—Esqueça isso - falou o médico - Agora que minha filha é uma empreendedora famosa e poderosa, infelizmente ela não pode pensar tão baixo e ficar apenas aqui em Vila Baunilha.

—O que está dizendo, doutor?

—Bem, Gustavo. Kelly vai se mudar para França e estudar confeitaria po lá. O creme dela fez tanto sucesso que ela ganhou uma bolsa para a melhor escola de confecção de doces do lugar.

—Espera. Isso foi de zero a cem muito rápido - falou Gustavo, desesperado.

—Vocês podem manter um namoro à distância - disse Renato - Fazem muito disso hoje em dia.

—Mas, mas, não é a mesma coisa. Por que a Kelly não me contou isso?

—Ela anda muito ocupada. Aliás, eu também estou. Acho que já podemos terminar nossa conversa por aqui. Tchau, Gustavo.

—O quê?! - Gustavo estava realmente atordoado, mas não foi capaz de impedir Kelly de prosseguir com seus sonhos. E foi o que aconteceu. Em poucos meses, a garota estava de partida para a França. Poucos meses depois, ela mandou uma mensagem para Gustavo.

—Ah, finalmente - disse ele, ao ver com dificuldade a mensagem em seu celular fora de linha - Uma mensagem da Kelly!

Infelizmente, era uma mensagem de despedida. Kelly comentou que conheceu um francês que conquistou o coração dela e estava terminando tudo com Gustavo, mas iria chamá-lo para o casamento.

—Espera...isso foi de zero a um milhão muito rápido - foi tudo que Gustavo conseguiu pronunciar - Não, isso não pode estar acontecendo, não pode…

E, de fato…

—Gustavo! - disse Anne, sacudindo Gustavo - Gustavo! Acorda!

—Não, por favor, não termina comigo e… - Gustavo acordou assustado.

—O que aconteceu? - indagou Anne.

—Como? Foi um sonho?

—Acho que sim - disse ela - Você disse que ia tirar um cochilo na hora de folga e pediu para te acordar depois de uma hora. Então, já tá na hora de voltar para o serviço.

—Foi um sonho! Só um sonho! - disse Gustavo - Graças a Deus!

Gustavo foi feliz para o saguão do restaurante arrumar as mesas, quando Kelly chegou.

—Amor! - disse ela.

—Kelly! - falou Gustavo, segurando nas mãos dela - Por favor, promete que não vai embora antes de nos casarmos!

—Que conversa é essa? - perguntou ela - É claro que não vou para lugar nenhum. Eu te amo!

Gustavo estava imensamente feliz.

—Eu vim te trazer um mousse de morango que fiz - disse Kelly - É uma receita nova que testei. Tomara que goste.

—Mousse de morango? - repetiu Gustavo.

—É. Você não gosta?

—C-Claro - gaguejou Gustavo - Claro que sim. Já vou experimentar.

“Droga, está tudo como no sonho. E se…”, mas assim que Gustavo colocou o doce na boca, sua expressão de alívio foi imensa.

—E então?

“Horrível como sempre”, pensou Gustavo. “Graças a Deus”

—Kelly - falou Gustavo - Obrigado por ser você.

—Não entendi - disse a garota.

—Não precisa - falou Gustavo.

Nada como um final feliz.


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Notas finais do capítulo

É, não foi o melhor arco, mas até que foi fofo.

Teremos mais alguns capítulos de comédia até entrarmos finalmente nas resoluções da trama. Espero que continue acompanhando. Até lá.



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