Vila Baunilha escrita por Metal_Will


Capítulo 141
Confusão e sinceridade


Notas iniciais do capítulo

Olá a todos. É bom estar de volta!

Começamos agora o primeiro capítulo da quarta (e última) temporada de Vila Baunilha. Espero que goste.



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Aquela cena se repetia. Márcia e Luciano estavam no festival de primavera, ela olhando para ele, seus lábios se aproximando e um beijo aconteceu. Mais uma vez aquela cena, mais um vez aquela cena que fez Anne acordar no meio da noite.

“Que droga. Sonhei com isso de noite”, pensou Anne.

A garota saiu da cama e foi para a cozinha tomar um pouco de água. Seu comportamento não condizia muito com o que acreditava de si mesma, algo que ela não conseguia compreender.

“Por que isso está me incomodando tanto?”, pensava ela. “Eu não devia estar me importando, mas...não consigo tirar isso da cabeça!”

Anne se sentou na mesa da cozinha com os cotovelos na mesa e as mãos entrelaçadas. Após um suspiro, ela continuou a pensar mais um pouco.

“Acho que não estaria assim se ele não tivesse me beijado aquela vez”, pensou ela, se lembrando do beijo que teve com Luciano no lago do coqueiro. “Mas aquilo foi só um impulso, não foi? Não significou nada para ele e nem para mim...pelo menos não devia ter significado”

Os pensamentos iam e vinham. Após alguns segundos, ela simplesmente balançou a cabeça e voltou para a realidade.

“Preciso parar de pensar nisso. Amanhã é segunda e preciso acordar cedo. Não posso perder meu sono por causa de uma bobagem dessas”. Esse foi o último pensamento da jovem antes de voltar para a cama.

No dia seguinte, Anne e Briana seguiam para o colégio como sempre fizeram. Briana percebeu que Anne bocejava mais do que de costume.

—Para de bocejar - falou Briana, em tom simpático - Desse jeito eu também vou ficar bocejando o tempo todo. Essa coisa é contagiosa.

—Ah, desculpa, baixinha - disse Anne - Não dormi muito bem essa noite.

—Por quê? - perguntou a irmã.

—Acho que assisti alguma coisa que me deixou impressionada - explicou Anne - Ou deve ser só estresse mesmo.

—Pode ser. Você trabalha muito - falou Briana - Acho que o papai precisa contratar mais gente para trabalhar no restaurante. Se bem que...se você trabalha tanto, deveria ter dormido que nem uma pedra de tão cansada, né?
—Ah, não precisa se preocupar. Às vezes, isso acontece - disse Anne - Não tem problema nenhum.

—Ei, Anne! - a voz era de Luciano. Como os dois eram vizinhos de frente, não era incomum se encontrarem no caminho da escola.

—Ah, Luciano. Bom dia - cumprimentou Briana.

—Tá falando comigo? - perguntou Anne.

—S-sim - disse ele - Precisava falar com você.

“Sério? Será que ele quer conversar sobre aquilo?”, foi o primeiro pensamento de Anne ao ver ele tão aflito.

—É que...como eu posso falar…

—Tudo bem. Fala - disse Anne.

—Então, hoje é dia de entregar aqueles exercícios de matemática na primeira aula e eu acabei não terminando - falou Luciano - Posso copiar o seu? Devolvo antes do sinal tocar.

Anne apenas deu um tapa enorme na cara de Luciano.

—Idiota! - reclamou a garota - Vem, Briana. Vamos embora!

—D-Desculpa. Ela tá meio nervosa hoje - falou Briana.

—Sua egoísta! - retrucou Luciano para uma Anne que nem mesmo olhou para trás - O que custa? Não vai prejudicar sua nota...Ah, deixa pra lá. Eu peço para o Luís!

“Não significou nada para ele mesmo! Não devia estar me preocupando!”, pensava Anne.

Ao chegar na escola, a primeira pessoa que Luciano encontrou foi Márcia.

—Oi - disse ela.

—Ah...oi - falou Luciano.

—Então, tudo bem? - disse Márcia, um pouco encabulada.

—Sim - disse Luciano, meio sem-jeito - A gente nem se falou mais desde o fim do festival…

—É, achei que seria bom te dar um tempo pra digerir - falou ela.

—Digerir?
—É. Sobre aquilo. O beijo.

—Ah, bem, isso foi tudo muito esquisito - disse Luciano.

—Mas eu fui sincera, ouviu? - disse Márcia - Estou a fim de você. Não vou esconder mais. No que depender de mim, podemos namorar.

—Isso é meio esquisito, sabe? Tipo, a gente era bem amigo e…

—E daí? Nunca engoli essa coisa de namoro estragar amizade. Ninguém namora com inimigo.

—É que...eu nunca vi as coisas desse jeito.

—Então você vai me dar um fora? - perguntou Márcia, com toda a calma do mundo.

—Espera, não disse isso.

—Então você ainda não sabe o que quer - falou ela - Não tem problema. Não tenho a menor pressa.

—É que eu nunca namorei ninguém antes - balbuciou Luciano.

—Tem uma primeira vez para tudo, né?

—Não podemos deixar as coisas como estão? Pelo menos por enquanto?

—Claro - disse Márcia - Como eu falei, não tenho pressa. Se você for ficar comigo, tem que ser porque você quer. Não quero te forçar a nada.

—Bom, é o que eu prefiro…

—Mas… - continuou Márcia - Se você não sabe o que quer é porque tem alguma coisa te impedindo, não é?

—Como assim?

—Você já gosta de outra pessoa? Se sim, isso muda tudo.

—N-não! - falou Luciano, na mesma hora - Quer dizer. É que...foi tudo tão de repente que não consigo dizer se vejo você como amiga ou algo diferente. Mudar as coisas assim é estranho para mim.

—Eu te entendo - falou Márcia - Por isso mesmo não estou te pressionando. Podemos continuar numa boa enquanto isso, não podemos?

—Podemos?

—Ou não? - considerou Márcia - Quer que eu me afaste um pouco de você até tomar uma decisão?

—Não acho que precise disso…

—Não sei - falou Márcia - Pode ser que eu não me controle e te beije de novo.

Luciano arregalou os olhos com isso.

—N-Não diz bobagem.

—É brincadeira - disse ela.

—Agora, mudando de assunto - falou Luciano - Você terminou a lição de matemática? Tô precisando de nota.

Voltando para Anne, ela se encontrou com Kelly na sala e a amiga reparou como Anne estava pensativa.

—O que foi? Tá grilada com alguma coisa? - perguntou Kelly.

—Nada, não - disse ela - Só estava pensando que é difícil a gente entende a própria cabeça, né?

—Precisa de um psicólogo? - perguntou Kelly - Sua mãe é formada em psicologia, não é? Se bem que não sei se tem problema alguém fazer terapia com uma pessoa da própria família...

—Acho que preciso pensar um pouco por mim mesma.

—É algum problema sério?

—Não, não - disse Anne apressadamente - Não é nada sério. Tá tudo bem.

—Então tá - disse Kelly - E aí? Gostou do festival de primavera?

—Ah, não deu para aproveitar muito, mas gostei sim - disse Anne - Espero ter mais tempo no próximo ano.

—Não é? Pena que ninguém gostou do meu bolo no concurso. Achei que ia ganhar por originalidade - comentou Kelly.

“Colocar tomate em bolo doce ultrapassa os limites da originalidade”, pensou Anne.

Algum tempo depois, Márcia e Luciano chegaram na sala conversando e rindo juntos. Anne não conseguiu não reparar nisso.

“Eles não parecem estar namorando”, pensou Anne. “Será que eles ficaram só por ficar? Ah, e o que eu tenho a ver com isso? Por que isso tá me incomodando tanto? Não tenho nenhum motivo para sentir ciúmes, tenho? Só porque o Luciano me beijou uma vez...só uma…”

As aulas prosseguiram normalmente. Na hora do intervalo, Ema se encontrou com Márcia na saída do banheiro feminino.

—Márcia! - disse Ema - Nossa, queria falar com você.

—Comigo? - perguntou ela - Sobre o quê?

—E então...como está sua relação com o soldado Caxias?

—Como?

—É. Vocês não se aproximaram mais com o festival. Ou será que precisa de mais um empurrãozinho? Ele ainda está muito inseguro e…

—Ema, acho que dessa vez as coisas não vão sair como você planejou.

—Como não? Vocês são feitos um para o outro. Dá pra ver claramente isso e…

—Ema - disse Márcia, olhando bem nos olhos dela - Eu beijei o Luciano.

Demorou alguns segundos para Ema processar a informação.

—O QUÊÊÊ?! - foi a reação de Ema.

Direta assim mesmo. Como os planos de Ema ficarão depois disso?


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Notas finais do capítulo

Vamos ver como a conversa entre elas vai andar depois disso. Hehe

Espero continuar postando quintas e domingos e espero que você continue aqui até o fim.

Até a próxima! :)



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