Vila Baunilha escrita por Metal_Will


Capítulo 139
Toca o baile


Notas iniciais do capítulo

Sim, mais cedo hoje, só para mudar um pouco a rotina. Boa leitura :)



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O concurso de dança do festival da primavera de Vila Baunilha era uma tradição local. As regras eram simples: os casais dançavam no pátio ao mesmo tempo uma sequência de músicas enquanto eram observados pelos jurados. Aqueles julgados mais habilidosos ganhavam um troféu, um prêmio simbólico. Para a maioria dos participantes, a diversão era o que mais importava.

—Você quer mesmo fazer isso? - perguntou Renan para Anne - Quer dizer, não sou muito bom com dança e tal. Se fosse um concurso de desenho…

—Você quer desistir? Por mim não tem problema - respondeu Anne - Só não queria os meninos da minha sala me enchendo a paciência para me forçarem a dançar com eles.

—Bom, se é assim. Vamos só dançar no concurso e pronto - falou Renan - No meio de tanta gente, acho que ninguém vai nos notar aqui, né?

Era o que ele pensava.

—Aquele cara...aquele cara - Luís resmungava olhando para Renan e Anne conversando amigavelmente - Já não bastasse o Ian furando o meu olho, agora aparece mais um.

—O-o Luciano tá com a Márcia - viu Samara, a parceira que Luís arranjou para participar do concurso apenas para tentar dançar com Anne na próxima música - Eles não estão juntos, estão?

—Tanto faz. Só quero a minha Anne - falou Luís, quase chorando.

—Achei que você fosse me ajudar a ficar com o Luciano! - reclamou Samara.

—Tá, tá - disse Luís - Só tenta dançar com ele quando acabar o concurso. Fácil.

—Não é nada fácil! - disse Samara com seu rosto vermelho - E eu nem gosto de dançar. Vou passar vergonha.

—Eu também não gosto - disse Luís - Mas se ajuda a ficar mais perto da Anne, eu faço o sacrifício.

E outros casais também estavam se preparando para o concurso.

—Sou ótima na dança, Ianzinho - falou Tamires - Vamos ganhar esse prêmio com certeza!

—Quem é aquele cara? - perguntou Ian, olhando para Renan e Anne também - Espera, ele não é estranho que nem o Luís. Por que a Anne está com ele?

—Quem se importa? - disse Tamires, forçando Ian a olhar para ela - Agora somos só nós dois.

—Só tem um detalhe…

—Diga, querido.

—Como é que eu vou dançar amarrado desse jeito?! - exclamou o pobre Ian.

—Oh, então você está mesmo animado para dançar comigo?

—Pode ser - falou Ian, evitando olhar nos olhos dela.

—Ah, isso? Tudo bem, vou te desamarrar - disse ela, fazendo exatamente isso - Agora podemos dançar mais livremente e…Ian!

Ian aproveitou a chance para fugir de novo. É, parece que o baile terá um casal a menos. O outro casal era Ema e soldado Caxias. Dos dois, Ema parecia a mais empolgada, embora não fosse bem por estar dançando com o soldado.

—Que demais! Vários casais aí eu ajudei a unir - falou ela - Acho que realmente levo jeito para cupido! Você não acha, soldado?

—Ah, claro, claro… - respondeu ele timidamente. Na cabeça do soldado só estava a ansiedade de finalmente conseguir dançar com sua amada. O delegado deu não apenas permissão, como todo o apoio para o soldado participar do baile, agora era ver como o pobre e apaixonado policial iria encarar a situação.

—Ficou bem com essa roupa mais casual - disse Ema.

—M-mesmo? - gaguejou o soldado - Bem, não poderia dançar de farda, né?

—Claro que não e...epa, peraí.

—Aconteceu alguma coisa?

—Por que o Renan do terceiro ano está tão perto da Anne. Nem sabia que eles eram amigo - disse Ema, olhando para os dois à distância.

—Quem?

—É o único aluno do terceiro ano - falou Ema - Nunca falei com ele, mas conheço todo mundo na escola.

Bem, conhecer todo mundo na escola de Vila Baunilha não era muito difícil. Na verdade, conhecer todo mundo de Vila Baunilha não era nada difícil!

—Talvez seja alguém interessado nela, não é?

—É perda de tempo - falou Ema - Sei muito bem que a Anne é a alma gêmea do Luciano. Esse casal precisa ficar junto!

“Ela é mesmo empolgada quando se trata de outros casais”, pensou o soldado. “E ela fica linda determinada assim…”

Enquanto isso, Briana e Beni continuavam ajudando na barraquinha dos Montecarlo. Nosso amigo Carioca apareceu ali para comer mais alguma coisinha.

—E aí, galerinha? - cumprimentou ele.

—Carioca, né? - falou Briana - Como vai?

—De boas - respondeu ele - O que vocês tem de bom hoje?

—Só olhar o cardápio - falou Beni.

O restaurante da família é self-service, mas no serviço de barraquinha Antenor aproveitava para testar outros pratos.

—Vou tentar essa mini-pizza de mussarela aqui - falou ele.

—É pra já - disse Briana, correndo para entregar o pedido ao seu pai.

—Maneiro - Carioca comentou com Beni - Faz tempo que não como pizza. Por falar em pizza, sabe uma coisa que nunca entendi?

—O quê? - perguntou Beni.

—Como é que pode ter sabor pizza? - falou Carioca - Tem pizza de tudo quanto é sabor, não dá para determinar um sabor universal de pizza.

—Acho que só associaram queijo, tomate e orégano com pizza e aí surgiu o sabor pizza - falou Beni.

—Pô, mas queijo, tomate e orégano não definem pizza. Por que esse é o padrão da pizza?

—Deve ter sido o sabor da primeira pizza - considerou Beni - Depois foram inventando outros.

—Mas se tu pode ter tipos de pizza sem queijo, tomate e orégano, então não é isso que define uma pizza, cara. Hoje em dia tem até pizza doce.

—Então, pizza é alguma massa com algo em cima? Porque não pode ser o formato, já que alguém pode fazer uma pizza quadrada. Nem precisa de borda, porque algumas pizzas não tem borda… - Beni continuava pensando.

—É estranho.

—Sabe uma coisa que eu nunca entendi também - falou Beni.

—O quê?

—Sabor tutti-frutti - disse ele - O que determina o sabor tutti-frutti? Não pode ser o sabor de todas as frutas juntas porque não tem como juntar todas as frutas do mundo.

—É só uma combinação de algumas frutas, não?

—Mas quantas? - falou Beni - Quantas frutas precisamos para ter sabor tutti-frutti? Será que com duas já tá bom?

—Boa pergunta, aí?

Carioca e Beni pararam por alguns instantes para refletir.

“Acho que é uma conversa complexa demais para mim”, pensou Briana, enquanto ouvia parte do papo.

Feita essa pausa sem a mínima contribuição para a evolução do roteiro, voltemos ao baile. A competição finalmente começou. Luciano e Márcia dançavam em uma harmonia bem razoável.

—Você dança bem, heim? - comentou Luciano.

—Imagina - comentou Márcia com um sorriso - Você também até que leva jeito para isso.

—Bom, não parece muito difícil - disse ele - É só ir dois pra lá e dois pra cá, né?

—Acho que não vamos ganhar nada desse jeito…

—Ah, não ligo - falou Luciano - Eu queria mesmo estar tocando. O pessoal daqui curte forró e sertanejo. Não seria difícil acompanhar.

—Mas pelo menos você tá aqui comigo, né? É divertido, não acha? - disse Márcia.

—É, olhando por esse lado…

Os dois riram. Outros casais não estavam tão engrenados assim.

—Ai, meu pé! - reclamou Samara.

—Foi mal - disse Luís - Apesar de você também já ter pisado no meu pé umas três vezes e essa música mal começou.

—E-eu falei que não sei dançar nada! - disse ela - E você também parece não ter aprendido nada! Deu todo aquele papo, mas também é perna de pau horroroso!

—Cala a boca, pintora de rodapé! - reclamou Luís - Não tenho culpa se você é uma péssima dançarina!

—Quer que eu vá embora?

—Não! Não vá! - disse Luís, puxando Samara para mais perto e a garota não evitou ficar corada - Afinal...preciso continuar no baile para tentar dançar com a Anne na próxima música. E você quer ficar perto do Luciano, não quer?

—Quero? - respondeu ela - Digo, claro, claro, quero sim…

—Bom

“Quer dizer, já nem tenho tanta certeza assim…”, pensou Samara.

Enquanto isso, Renan e Anne também dançavam timidamente. Os dois se olhavam, embora Renan não soubesse bem como reagir.

“Que olhos castanhos lindos ela tem”, pensou Renan. “Será que ela tá gostando?”

Nessa hora, Anne recebeu uma primeira pisada em seu pé.

—Ai! - exclamou ela.

—Desculpa, desculpa - disse Renan - Não foi minha intenção!

—Relaxa - falou Anne - Também já pisei no seu pé várias vezes, né?

—Nem senti.

—Mesmo? Bom saber, porque do jeito que eu danço mal devo pisar ainda mais vezes.

Os dois riram. Luciano olhou para trás ao ouvir a risada de Anne.

—Você conhece aquele cara dançando com a Anne? - perguntou Márcia.

—Eu acho que ele é da nossa escola - falou ele - Mas nunca falei com ele. Que esquisito…


—Esquisito por quê?

—A Anne não é dar moral pra qualquer um assim. Será que eles tem alguma coisa?

—Tá preocupado, Luciano? - perguntou Márcia.

—Não, só curioso - falou ele.

—É? Sei lá. Acho que eles fazem um casal bonitinho. Eu shippo.

Falando em shippar, nossa shipper mais dedicada também seguia no baile.

—Tá - disse Ema para Caxias - Agora segura assim...eu giro, rodopio e jogo para frente assim.

Ela conduzia a coreografia ao som de "Esperando na Janela" com uma facilidade impressionante. O policial estava com o coração quase saindo pela boca de nervosismo.

—A..a senhorita dança incrivelmente bem - falou o soldado, extremamente vermelho com o corpo da garota tão perto.

—Imagina - falou ela - Forró é fácil. Só vi mais ou menos como o pessoal mais experiente dança e peguei o jeito. Só isso.

Nunca é demais lembrar que Ema consegue fazer praticamente qualquer coisa sem muita dificuldade.

—Senhorita Ema, eu…

—Sim?

—Preciso dizer algo para a senhorita, eu…

—Pode falar

—Eu…

Bem nessa hora o grupo musical silenciou.

—Ah, terminou a música - falou Ema - Eles vão anunciar os vencedores agora. Vamos ouvir o resultado. Depois você me fala.

—T-tá. Tá bem - disse o soldado desolado.

Os jurados pegaram o microfone e anunciaram vitória para um casal mais velho de coadjuvantes (e que estavam levando o concurso a sério como vencedores), mas, apesar disso, Ema teve uma menção honrosa e recebeu uma salva de palmas.

—Aquela menina...é filho do fazendeiro mais rico da cidade, não é? - perguntou Renan - Não sabia que ela dançava tão bem.

—É, ela é da minha sala - falou Anne - Ela é perfeita em praticamente tudo. Dá até raiva.

Ema agradeceu as palmas com um sorriso e, depois disso, os músicos voltaram, agora para o baile livre.

—É isso aí, pessoal - falou um dos músicos - O concurso acabou, mas o baile tá só começando. Vamos dançar a noite toda!

—É nossa chance! - falou Ema, enquanto o pessoal estava agitado - Hora de trocar os pares!

—M-mas… - a reclamação do soldado era inútil. Agora que a confusão vai começar mesmo.


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Notas finais do capítulo

Bem, eu dançaria pior que todo mundo aí. Kkk.

No próximo capítulo veremos como esse festival termina. Até lá! :)



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