Vila Baunilha escrita por Metal_Will


Capítulo 138
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Anne conseguiu um folguinha de seu trabalho na barraca do restaurante da família para aproveitar um pouco do festival e, enquanto passeava, acabou se encontrando com Renan, o único aluno do terceiro ano do ensino médio da escola da cidade.

—E aí? Já faz um tempo, né? - disse Renan, meio sem jeito.

—Pois é - disse Anne, sorrindo - A gente estuda na mesma escola, mas quase nunca consigo te ver.

—Sou o único aluno da sala, então fico o tempo todo na sala de aula mesmo - explicou Renan - Aproveito para treinar minha pintura.

—Você não se sente sozinho? - perguntou Anne.

—Ah, meio que já me acostumei, sabe?

—Sério? Bem, eu também não ligo muito de ficar sozinha - reconheceu Anne - Quer dizer, às vezes acho que gostaria de ficar sozinha para ter um pouco de sossego.

—Você disse que trabalha no restaurante, né? Deve ser duro trabalhar todo dia - comentou Renan.

—Ah, nem é tanto por isso. É que muita gente pega no meu pé, sabe?

—Não sei se entendi - perguntou Renan.

Nisso, Ian, o filho do prefeito, apareceu correndo desesperado atrás de Anne. Bem, correndo é modo de falar. Ele estava praticamente saltando enquanto seu corpo todo estava amarrado.

—Anne! Querida Anne! - disse Ian - Como é bom te ver!

—É disso que eu tô falando - Anne disse para Renan.

—Mas esse não é o filho do prefeito da cidade?

—Anne! Anne! Só você pode me ajudar! Por favor, me desamarre!

—O que aconteceu com você, criatura? - perguntou ela.

—Aquela maluca da Tamires está aqui! Consegui escapar enquanto ela foi ao banheiro, mas não tenho muito tempo. Por favor, estou implorando. É minha liberdade que está em jogo?

—Aquela Tamires? - falou Anne, lembrando de sua sequestradora que a obrigou a assistir vídeos de dancinha sem interrupção - Oh, pobre alma. Pobre mesmo.

—Ian! Ian, querido! - era a própria Tamires - Por que fugiu de mim?

Por que será?

—Não, nem vem! - falou ele - Já disse que a Anne é minha verdadeira amada!

—Sério? - perguntou Renan - Não sabia que vocês namoravam…

—Mas não namoramos! - falou Anne - Ian, deixa de inventar coisas.

—Exato. Não tente me enganar - falou Tamires - Já sei que essa garota não é sua namorada. Você é todo meu. Vamos logo. A competição de dança já vai começar.

—Mas eu queria dançar com a Anne… - lamentou Ian.

—Impossível - falou Tamires - Você já é meu par. Anne, com licença…

—Pode levar - falou Anne.

—Anne, meu amor. Por favor, nãããooo…

Mas não adiantava Ian gritar. Tamires já o levou para longe.

—Ela é forte, heim? - reparou Renan.

—É disso que eu tô falando - disse Anne - Esse Ian não me deixa em paz desde que me conheceu.

—Amor à primeira vista? - perguntou ele.

—Algo assim - respondeu ela - Mas se fosse só ele, até que não seria tão problemático…

—Espera, como assim?

Mal Renan terminou de perguntar isso e Luís apareceu praticamente do nada na frente de Anne.

—Anne, meu amor. Finalmente te achei! - disse o garoto inventor.

—Luís - disse Anne, forçando um sorriso irônico - Se você não estivesse aqui, não seria a mesma coisa.

—Sentiu tanto a minha falta? - perguntou Luís.

—Tanto quanto da minha última dor de dente - respondeu Anne.

—Sempre tão bem-humorada - falou ele, segurando nas mãos dela - Vem, vim te levar para participarmos da competição de dança.

—Como é que é? - estranhou Anne - E você sabe dançar?

—Não precisamos ganhar - explicou Luís - Só precisamos ficar juntinhos e curtir o momento. Sentir de pertinho seu perfume gostoso…

—Que perfume? Estava ajudando meus pais até agora! Meu cabelo tá cheirando cebola!

—Já falei que amo cebola? - Luís continuava insistindo.

—Eu...eu não posso - falou Anne - Porque...porque já vou participar com ele!

Anne pegou nas mãos de Renan. Luís ficou boquiaberto.

—QUÊ?! - exclamou o garoto - Quem...quem é esse cara?

—É o Renan do terceiro ano. Ele me convidou primeiro. Desculpa.

—Como assim? Nunca vi esse cara na minha vida! Como você chega assim e convida a namorada dos outros para dançar?

—Em primeiro lugar, nunca fui sua namorada - disse Anne - E em segundo lugar, o Renan é um cara bem gente boa. Estou em boas mãos.

—Anne...você...você vai me trocar por esse cara esquisito?

—Só estou dizendo que ele chegou primeiro - falou Anne. Renan não estava entendendo nada, mas vendo Anne piscar resolveu não contrariar.

—Seu...já não bastasse o Ian e o Luciano querendo empatar minha vida amorosa, agora surge outro cara do nada. Escuta aqui, isso não vai ficar assim. Não vai!

Luís saiu de cena claramente furioso. Depois que ele saiu, a garota apenas suspirou.

—Obrigada. Seria um saco aguentar ele até o fim da festa - disse ela.

—Ele também é apaixonado por você? - perguntou Renan.

—Sim - disse Anne - Já disse não várias vezes, mas nem ele e nem o Ian parecem entender. O pessoal daqui é bem insistente. Desculpa, viu? Não queria te deixar com vergonha. Só falei aquilo para o Luís largar do meu pé.
—Saquei - falou Renan - Mas…

—O que foi?

—Não, nada…

—Fala, pode falar.

—É que...se você quiser dançar comigo de verdade, eu não ligo.

Anne apenas riu.

—Ei, não precisa rir.

—Tá falando sério?

—Eu não sei dançar muito bem, mas...dizem que os bailes do festival são bem divertidos.

—Você não tem muita cara de quem curte dançar.

—E você também não.

—É, é verdade. Não sou muito de festa.

—Mas, claro. Isso se você quiser.

Anne riu mais uma vez.

—Quer saber? Vamos, vai.

—Mesmo?

—É. Já falei para o Luís que iria participar com você. A gente finge que dança um pouquinho e depois cai fora.

—Por mim tudo bem. Vamos lá?

—Tá.

Anne e Renan foram juntos para o pátio central da praça em que, logo mais, o concurso de dança começaria. Só que eles não eram os únicos.

—Ah, vai. Deixa eu tocar - disse Luciano, para um dos participantes do grupo que tocaria no concurso - Consigo acompanhar vocês e…

—Desculpa, amigo - falou um dos cantores - Nosso grupo já está formado.

—Ah, que droga - reclamou Luciano - Esse festival seria uma oportunidade excelente de mostrar meu talento.

—Luciano! - gritou Márcia, acenando de longe - Finalmente te achei. O concurso de dança já vai começar.

—Ah, mas eu queria tocar…

—Deixa isso pra lá. Vamos nos preparar.

Luciano apenas suspirou.

—Bom, se você quer tanto participar. Vamos lá, né?

Enquanto isso, Luís estava descarregando toda a sua raiva em um jogo de tiro ao alvo em uma das barraquinhas.

—Droga, droga, droga! - reclamou ele - Quem é aquele cara?

Depois de ter errado os alvos e não ter ganho nenhum prêmio, Luís deu meia-volta e deu de cara com Samara novamente.

—D-D-D…

—Desculpa? - perguntou Luís.

—Isso - falou ela - E, ah, é você, Luís? De novo…

—Pois é, de novo. Como se meu dia já não estivesse ruim o bastante…

—O que aconteceu?

Luís contou tudo.

—Ah, sinto muito - falou ela.

—Que raiva! O cara mal chegou e já quer sentar na janelinha? Não é assim que a banda toca!

—Bom, mas não tem muito o que fazer, né? - perguntou Samara.

—É, infelizmente…

Nisso, parece que Luís teve uma ideia.

—Não, espera. Tem algo que dá para fazer - disse ele - A competição de dança é só nas primeiras músicas. Depois começa um baile onde podemos trocar parceiros. Sim, ainda posso dançar com a Anne, mesmo que não seja no concurso. É só participar do baile.

—M-mas, você não precisaria de uma parceira para isso? - perguntou Samara.

—Sim - falou ele - E acabei de arranjar uma.

Samara suou frio.

—Ah, não. Eu não. Não quero dançar na frente de todo mundo e…

—Deixa de ser boba - falou Luís - A competição de dança é com todo mundo dançando ao mesmo tempo. Os jurados ficam passando pelo pátio olhando casal por casal e no fim escolhem o mais talentoso. Se nos misturarmos com os outros casais vai ser fácil.

—E por que eu te ajudaria?

—Ouvi falar que o Luciano também vai participar - disse Luís - E se você, por acaso, conseguisse dançar com ele?

Samara corou.

—B-Bem, acho que dá pra tentar, né?

—Só precisamos trocar de parceiros assim que o concurso acabar. Se formos espertos, conseguimos!

—T-Tá - falou Samara. Luís a puxou pela mão e lá foram os dois. Meio sem perceber, Samara também corou ao ser puxada pela mão pelo Luís.

Enquanto isso, soldado Caxias encontrou Ema comprando um saquinho de pipocas.

—Senhorita Ema - disse ele - Que bom encontrá-la aqui.

—Soldado - falou ela - E aí? Como foi a conversa com a Márcia?

—Bem, a Márcia é uma boa pessoa - prosseguiu o soldado - Mas queria falar com a senhorita.

—Sobre o quê?

—Gostaria de participar do concurso de dança comigo?

—Concurso de dança? - estranhou Ema - Por que não chamou a Márcia?

—Bem, a senhorita Márcia…

—Ah, não precisa dizer nada - falou Ema - Ela deve ter chamado o Luciano. Tudo bem, a gente dá um jeito.

—Como assim?

—Fácil. Depois do concurso, é costume trocar os parceiros de dança. Daremos um jeito de você dançar com a Márcia.

“Não foi isso que eu imaginei”, pensou o pobre soldado.

—Tudo bem, soldado - falou Ema - Posso participar com você nas músicas do concurso. Depois dou jeito de trocar com a Márcia e você pode dançar a noite toda com ela.

—E-então a senhorita aceita?

—Sim. Vamos lá. Dançar um forrózinho vai ser divertido para variar.

O soldado ficou feliz por dentro, apesar da motivação deles não combinar tanto. Vamos ver como essa turma vai se sair nessa dança toda.


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Notas finais do capítulo

No próximo capítulo, começa o concurso e o baile. Até lá! :)



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