Vila Baunilha escrita por Metal_Will


Capítulo 137
Bingos e bolos




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—Que droga - ralhou Ema, ao ver que não aconteceu nada entre o soldado Caxias e Márcia - Nadinha. Nem um abraço ou coisa assim…

Ema e Luciano estavam acompanhando de longe a conversa entre Márcia e o soldado, embora não pudessem ouvir o que eles diziam.

—O que você esperava? - reclamou Luciano, o garoto que havia sido arrastado por Ema para deixar Márcia e Caxias sozinhos - Achou mesmo que a árvore tinha poderes mágicos ou coisa assim?

—Só achei que era uma boa oportunidade deles ficarem sozinhos - falou Ema, suspirando logo depois - Pelo visto, vou ter que investir entre você e a Anne.

—Ah, não. Larga do meu pé. Deixa pelo menos eu curtir esse festival sem me chatear com aquela chata!

—Vocês dois tem a cabeça mais dura que pedra, impressionante - foi a resposta de Ema.

Enquanto Luciano e Ema assistiam de longe, Luciano também era observado de longe por sua observadora Samara.

“P-Parece que a árvore não funciona”, pensou ela, depois de ter observado toda a ação. “Eu devia saber. Acho melhor voltar pra casa. Não vai acontecer nada aqui mesmo”

Mas assim que Samara deu meia-volta para pegar seu rumo de volta para casa, acabou esbarrando em Luís.

—Ai! - reclamou ele - Esse povo não olha por onde anda?

—D-D-Desculpa, eu… - Samara gaguejaria mais, mas logo viu em que esbarrou - Ah, é você?

—Por que essa cara de desprezo?! - reclamou Luís - É claro que eu não perderia esse festival por nada!

—Não sabia que você gostava tanto dessas festas regionais…

Samara reparou que Luís estava bem vestido, com roupa social e tudo. Seu perfume também estava bem forte.

—Isso tudo é...perfume?

—Investiguei as melhores fórmulas de fragrâncias para criar meu próprio perfume. Para um gênio como eu, esses detalhes químicos não são nada - explicou o garoto - Não estou nem aí para tradição e coisas assim. Vou apenas convidar a Anne para dançar.

—E desde quando você sabe dançar?

—Desde que estudei diversas técnicas de dança em casa nas últimas semanas - falou Luís - Já posso imaginar…

*Imaginação do Luís (sim, lá vamos nós de novo)*

A competição de dança do festival de primavera de Vila Baunilha começou com uma banda tocando flamenco. Luís aparece em sua elegante roupa e uma rosa na boca lançando seu olhar sedutor para uma Anne exuberante com vestido espanhol, batom vermelho e uma flor no cabelo.

—Está preparada, mi amor? - disse ele, em um sotaque espanhol dos mais fajutos.

—Agora mesmo - falou ela.

O som da banda aumentou, Luís se aproximou de Anne, trouxe-a para junto de seu peito, pegou-a pelas mãos e os dois começaram a dançar uma coreografia de flamenco perfeita. Em certo momento, Luís dominou Anne, jogou a rosa de sua boca para longe e olhou fixamente nos olhos dela.

—Oh, Luís. Como és caliente! - disse Anne, completamente embriagada no olhar sedutor à la Sidney Magal de Luís.

A situação fica ainda mais divertida quando você lembra que Vila Baunilha tem raízes em uma região paulista interiorana, a festa não tem um pingo de cultura espanhola e Anne, muito provavelmente, estaria com uma roupa bem informal.

*Fim da imaginação*

—E-e-e-e-ei...o que está fazendo? - disse Samara, ao perceber que Luís estava praticamente a beijando enquanto parecia dançar com ela. Ao abrir os olhos, o garoto levou um enorme susto.

—Quê, quê, o quê, garota! Que que é isso?! Vai dar um susto em outro! - gritou Luís.

—Foi você que veio pra cima de mim!

—Mas nunca! - retrucou o garoto - Não tenho tempo para perder aqui. Vou agora mesmo dar uns últimos retoques no meu visual antes de chamar a Anne para o concurso de dança.

Enquanto Luís se foi, Samara apenas suspirou.

—Acho que vou embora, mas...tô com fome, acho que vou pegar alguma coisa para comer e depois caio fora… - disse a garota.

“Que coisa…”, pensou Samara, lembrando da situação que acabou de passar com um sorrisinho quase inconsciente. “Essa foi a primeira vez que alguém quase me beijou…”

Enquanto isso, a festa continuava rolando e o bingo na região central continuava firme. Doutor Renato, o médico da cidade, comandava a brincadeira junto com sua esposa.

—Muito bem - disse ele - Nosso prêmio é uma pipoqueira. Quem será que vai levar?

—Ah, é isso mesmo que eu quero! - disse dona Cleide, sentindo que estava com sorte para levar o prêmio.

—Vamos lá...45! - disse doutor Renato, tirando a primeira bola.

—Legal! - falou a velhinha - Já acertei o primeiro!

Os números eram falados e dona Cleide estava conseguindo marcar vários. Finalmente, ela completou uma fileira e gritou.

—Bingo! - falou ela.

—Muito bem - disse doutor Renato - Temos dois ganhadores.

—Dois? - estranhou a senhora.

Ela olhou para o lado e viu Amadeu, o urso cidadão honorário da cidade, levantando uma plaquinha escrito “bingo”. Sim, provavelmente apenas nessa fic você verá um urso jogando bingo.

—É isso aí - falou doutor Renata - A simpática senhorinha com blusa vermelha ali atrás e Amadeu, nosso querido urso de estimação, marcaram uma fileira ao mesmo tempo.

Amadeu e dona Cleide se dirigiram para a frente.

—Ora, essa - reclamou dona Cleide - Isso só pode ser brincadeira? O que um urso vai fazer com uma pipoqueira?

—Ah, o Amadeu gosta de pipoca, não gosta? - disse o médico. Amadeu apenas fez uma expressão simpática de confirmação.

—Essa é boa. Escuta aqui, não vou abrir mão da minha pipoqueira, tá ouvindo?

—E agora? O que vamos fazer? Vamos decidir por quem fez mais pontos?

—Vocês não podem chegar a um acordo? - perguntou Edna, a esposa do doutor Renato e ajudante do bingo. Amadeu apenas entregou a cartela e saiu.

—Não vai querer, Amadeu? - perguntou Renato.

Ele apenas fez que não com a cabeça e saiu.

—Entendi - falou o médico - Amadeu só estava jogando para se divertir. É um urso bastante generoso.

—O que importa? - falou a velhinha - A pipoqueira é minha!

Dona Cleide voltou para o seu lugar e o próximo prêmio era um aquecedor, ótimo para os dias frios. A velhinha quis participar dessa rodada também e, mais uma vez, conseguiu bingo.

—Bingo! - gritou ela, mas dessa vez outra pessoa também falou bingo no mesmo momento - Ah, não. De novo?

—Sim, bingo - falou professor Otávio, o outo vencedor - Nem vem que eu quero esse aquecedor para mim!

Ao ver que era Otávio, dona Cleide mudou um pouco seu humor.

—Ora, ora, ora. Se não é o Otavinho? Todo esse tempo e ainda não mudou nada, heim? Sempre querendo ter razão.

—Achei que não voltaria mais para cá, Cleide - reclamou Otávio.

—Tá, tudo bem - falou ela - Já ganhei a pipoqueira mesmo, pode ficar com o aquecedor.

—Menos mal. Não ia desistir tão fácil! - disse o professor.

Parece que o professor e dona Cleide eram conhecidos. Bem, os dois eram habitantes da cidade há um bom tempo, né? Mas precisamos dar atenção para outros personagens desse festival. Vejamos nossa protagonista, Anne, trabalhando duro na barraca de seus pais.

—Oi, Anne - falou Briana, chegando com seus amiguinhos Samanta, Beni e Cíntia - Viemos tomar um caldo verde.

—Ah, oi - disse Anne.

—Vamos até comer com ela? - perguntou Samanta, baixinho.

—Qual é, amiga? - falou Cíntia - Estávamos nos divertindo até agora. Você até ganhou esse urso de pelúcia no jogo de argolas.

—Não sou mais criança para ficar brincando com ursinhos.

—E aqueles bichos de pelúcia que você tem na sua ca..

—Chega, Cíntia! - falou Samanta - Vamos logo comer o caldo verde, né?

—Ai, calma aí - falou Anne, já preparo o de vocês.

—Você e o Gustavo estão trabalhando bastante, né? - reparou Briana.

—É - falou Anne - O festival vem muita gente de fora. É um jeito bom de divulgar a comida do papai.

—Escuta. Você não quer curtir o festival? Eu posso ficar no seu lugar por um tempo.

—Nada disso! - falou Carla, a mãe das meninas, ao ouvir a conversa - Aqui tem movimento demais para uma menininha como você dar conta.

—E se o pessoal aqui ajudar? - falou Briana para seus amigos - Vamos, gente. É divertido. Já vimos todas as barracas mesmo!

—Eu? Trabalhar? - falou Samanta - Desculpa, mas tô fora. Vem, Cíntia.

—Não vamos nem pegar o caldo verde, amiga?

—Não, Cíntia. Vem logo!

—Tá bom - reclamou Cíntia, lamentando por sua barriga - Até mais, gente?

—Não precisa mesmo, Bri - falou Anne - Eu tô bem aqui.

—Mas o festival é só uma vez por ano e é sua primeira vez participando! - falou Briana - Você trabalha demais, tem que se divertir um pouco. Beni e eu podemos ajudar.

—Bem, pode ser um bom treinamento - falou Beni - Só me digam o que preciso fazer.

—Eu te explico. Já ajudei a mamãe no restaurante antes, não é difícil - falou Briana - Podemos, mãe?

Carla apenas suspirou.

—Já que você insiste - falou ela - Tudo bem, Anne. Pode dar uma volta, vai.

—E-Então, tá - disse ela, tirando seu avental - Vou indo nessa.

—Não se preocupe - falou Gustavo - Eu consigo me virar bem aqui!

—Beleza - falou Anne.

“Além disso”, pensou Gustavo. “Enquanto trabalhar aqui, estarei livre de ter que experimentar o bolo que a Kelly fez”

—Amor! - disse a própria Kelly, chegando alguns instante depois de Anne ter saído e trocado de lugar com Briana - Adivinha só? Vim aqui para trazer pessoalmente seu pedaço de bolo antes de começar o concurso!

—K-kelly? Que coisa, né? - disse Gustavo.

—Experimenta, vai. Diz o que você acha! - falou Kelly, praticamente empurrando o bolo na boca de Gustavo - É uma receita bem diferente de glacê. Espero que não tenha exagerado muito. Coloquei várias frutas para dar um sabor diferenciado. Tomate é fruta também, aliás.

“Ela colocou tomate nesse bolo com glacê de chocolate!”, pensou Gustavo, quase chorando ao colocar aquela coisa na boca. “Ela quer mesmo participar do concurso?”

—E aí? O que achou?

—D-Delicioso - gaguejou ele - Mas pode ser que os jurados tenham um paladar diferente…

—Que bom que gostou, amor! - disse Kelly - Aposto que vou me sair bem no concurso.

—Você sabe que o importante é competir e se divertir, né? - disse Gustavo, tentando deixar o clima mais leve.

—Claro, amor. Claro - falou Kelly, alisando o cabelo de seu namorado.

Enquanto isso, Anne passeava pelo festival, mas não muito animada.

“É bom relaxar”, pensou ela. “Mas é meio chato andar por aí sozinha”

Enquanto pensava, Anne acabou trombando com Renan, seu conhecido e único aluno do terceiro ano.

—Ah, você - Anne e Renan disseram juntos.

É, parece que ela não vai mais passear sozinha.


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Notas finais do capítulo

Caraca, é difícil mesmo fazer um arco em que praticamente todos os personagens participem. Espero não esquecer nenhum dos mais recorrentes.

Até a próxima! )



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