Vila Baunilha escrita por Metal_Will


Capítulo 133
Lendas e convites




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—O que seria a lenda da árvore central? - perguntou Anne ao ouvir Ema falar sobre isso com uma expressão tão séria (embora não esperasse uma resposta muito séria).

—Reza a lenda - começou Ema - Reza a lenda que quando alguém se declara para o amado sob a maior árvore da praça central na noite do equinócio de primavera, essas pessoas ficam juntas para sempre!

Caso o leitor seja péssimo em geografia com o autor da história e não queria perder tempo abrindo o Google, equinócio de primavera é o dia em que a primavera começa. Na nossa história, é justamente no dia do festival da primavera.

—Ah, fala sério. Vai apelar para isso mesmo? - perguntou Anne.

—Pode duvidar se quiser - continuou Ema - Mas eu mesma vi um casal que se declarou debaixo da árvore na noite do festival e se casou logo em seguida.

—Isso não significa nada - protestou Anne.

—Eu também duvidaria se não recebesse confirmação de várias pessoas mais velhas. Todas elas testemunharam casais que se formaram sob a árvore. Pode ser uma lenda? Talvez. Mas e se não for?

—Tem cara de ser só lenda mesmo - comentou Kelly.

—Também acho - falou Anne - Essas coisas são pura crendice.

—Eu também acho! - disse Luís, entrando na conversa sem ser chamado.

—De que buraco você saiu?! - reclamou Anne.

—Não pude deixar de ouvir. É por isso que eu te amo ainda mais, Anne. Seu ceticismo é apaixonante. Como é bom falar com alguém que não compactua dessas crenças populares sem nenhuma comprovação científica! - falou Luís, com seus olhinhos apaixonados de sempre - E para deixar claro de uma vez por todas que isso é uma bobagem, vamos fazer um teste e declarar nosso amor sob a árvore no dia do festival e…

Anne interrompeu Luís jogando o pobre garoto para longe.

—Não dou a mínima - falou Anne - Se essa lenda for verdade ou não, não vai me afetar em nada.

—Como não? - retrucou Ema - A Márcia deve conhecer muito bem essa lenda. E se ela se declarar para o Luciano?

—Dane-se? - falou Anne - O que eu tenho a ver com isso!

—Como você é cabeça dura, Anne! Não dá para conversar com você! - disse Ema, voltando para seu lugar com uma cara brava.

—Não dá pra conversar comigo… - repetiu Anne - É você que vive projetando suas fantasias nos outros. Eu, heim?

No fundo, Márcia observava a discussão.

—As meninas estão agitadas, né? - ela comentou com Luciano.

—Ah, deve ser a Ema insistindo em me juntar com a Anne - reclamou ele, continuando a tocar uns acordes no violão antes da aula começar - Já falei mil vezes que não quero nada com aquela chata!

—E essa coisa da árvore central funciona mesmo? - perguntou Márcia.

—Sei lá - disse ele, só continuando a tocar - Queria que a árvore me tornasse um cantor famoso, isso sim.

—Aliás, Luciano. Você vai participar do baile do festival? Minha bisa vive falando dele.

—Ah, dançar não é minha praia…

—Vamos! Vai ser divertido!

—Bom, se você insiste. Mas realmente não sei se vai dar. Pode ser que a organização me coloque para cuidar da parte musical, né? Talvez eu fique tocando o festival todo.

“Acho que não preciso me preocupar com isso”, pensou Márcia.

De volta a Anne, Kelly continuava a conversar com ela.

—Mas você não vai ter nem uma folguinha para curtir o festival? - perguntou Kelly.

—Não sei. Do jeito que meus pais são, vão querer ganhar até o último centavo participando do festival com alguma barraquinha.

—Se eles forem mesmo trabalhar no festival, o Gustavo pode te cobrir - falou Kelly.

—Acho que ele merece curtir mais o festival com você do que eu, Kelly - disse Anne - Afinal, vocês já namoram. Eu tô bem de boa.

—Duvido. Seus pretendentes não vão te deixar em paz.

—Por falar nisso - falou Anne - Daqui a pouco…um, dois...

—Anne, meu amor! - disse Ian, chegando na sala.

—Sabia - disse Anne para Kelly, nada surpresa.

—Os preparativos para o festival de primavera já começaram - falou Ian, segurando na mão de sua amada - Gostaria de…

—Não.

—Mas eu ainda nem falei nada…

—Ia me chamar para o baile, não é? A resposta é não. Não acha melhor convidar a Tamires, não?

—Não fale esse nome, por favor! - disse Ian - Tenho pesadelos só de lembrar. Foi um sufoco escapar dela da última vez.

—Se é um evento tão grande na cidade, pode apostar que ela vem - disse Anne - Não quero aquela maluca perto de mim tão cedo, então é melhor ficarmos longe.

—Não, não faça isso comigo! Não deixe que outra mulher fique entre nosso amor!

—Deixa de drama - falou Anne - Além disso, nem sei se vou poder curtir o festival. Já falei que é 90% de chance de ficar trabalhando com a minha família.

—É mesmo uma pena - lamentou Ian.

Depois disso, as aulas começaram. Na hora do intervalo, todos estavam bem animados com a chegada do festival. Outro estavam mais tensos, como nossa amiga Samara.

“Todo mundo falando do festival de primavera”, pensava ela, enquanto comia isolada em um canto do pátio como sempre. “Detesto esse festival. Luzes, alegria, pessoas dançando. Aquele monte de gente reunida. Fora que ninguém fala de outra coisa nessa época. Que saco!”

Mas a amargura de Samara não ia durar tanto. Perto dali, ela percebe Luciano conversando com Márcia. Curiosa para ver o que seu crush estava falando com sua rival, Samara chegou mais perto.

—Então, se você não for tocar, topa participar do baile comigo?

—Se eu não for tocar - disse ele - Posso até tentar.

—Ah, aí sim! - comemorou Márcia, abraçando Luciano - Vamos arrasar. Acho que até conseguimos ganhar a competição de dança.

—Não exagera - falou Luciano - Já falei que dança não é o meu forte.

—Não tem problema. É só me seguir - disse Márcia - Tenho certeza que vamos arrasar. Ah, preciso passar no banheiro antes do intervalo acabar. Até mais.

—Vai lá.

Samara se sentiu ainda mais tensa.

“Baile? Dança? Ele vai dançar com aquela Márcia...os dois vão dançar coladinhos e...até já sei onde isso vai acabar. Sempre acaba em beijo”, pensou Samara. “Droga. Preciso dar um jeito de impedir isso! Mas como? Espera...acabei de lembrar de uma coisa…”

Samara lembrou que viu uma reportagem sobre a lenda da árvore central no dia do festival de primavera. Essa era sua resposta!

“É isso!”, pensou Samara. “Preciso me declarar para o Luciano debaixo da árvore no dia do festival! Isso vai garantir que ele será meu!”

Bem, Samara parecia bem mais crédula (ou desesperada) para confiar nesse tipo de lenda.

Enquanto isso, Renan, o único aluno do terceiro ano, ficou na sala de aula praticando seu desenho. Ele desenhava algo parecido com o rosto de Anne no caderno.

“Por que estou desenhando isso? Nunca fui fã de arte realista”, pensou ele. “Por que não consigo parar de pensar nela?”

Amor, amor por todos os lados. O que vai acontecer nesse festival?


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Notas finais do capítulo

No próximo capítulo, o festival de primavera começa. Até lá!



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