Vila Baunilha escrita por Metal_Will


Capítulo 125
Presente fora do comum




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Logo no dia seguinte após Tamires, a filha do prefeito da cidade vizinha, conhecer Ian (e revelar seu amor por ele de modo um tanto pouco usual), as coisas pareciam dentro do normal em Vila Baunilha (pelo menos até o que se pode considerar normal na cidade).

—E foi assim que inventaram o ferro de passar roupa - dizia professor Otávio em mais uma de suas aulas de história.

—Professor - interrompeu Anne, a aluna mais aplicada - Não acha melhor começar a seguir o programa do livro? Sabe, o que precisamos aprender para passar no vestibular..

—Vocês alunos de hoje só pensam em vestibular - disse o professor, jogando mais uma baforada de seu cigarro pela janela - Por isso que ninguém aprende nada.

—Mas como eu vou ser médica se não passar na prova - disse Anne, após um suspiro.

—Relaxa - disse Kelly - Ele sempre consegue terminar a matéria.

—Com licença - disse um homem batendo na porta - Tenho uma entrega…

—Entrega? - estranhou Márcia - Vocês recebem entregas no meio da aula?

—Normal - respondeu Luciano - Costuma ser alguma coisa que o Ian mandou para a Anne.

“Ela é popular mesmo”, pensou Márcia que, por sua vez, estava tentando se aproximar de Luciano aos poucos.

Anne fuzilou Ian com um olhar frio, mas dessa vez o garoto não estava sabendo de nada.

—E-Espera, não me olha assim. Dessa vez eu não fiz nada! - disse Ian em sua defesa.

—É uma entrega para o Sr. Ian Ferraz - disse o entregador.

—Para mim?! - estranhou Ian.

—Olha, isso é novo - comentou Luciano.

—Oh, querida Anne - disse Ian, correndo imediatamente para a carteira de Anne para segurar as mãos dela - Nunca imaginei que você fosse retribuir meu carinho.

“Maldito Ian! Saia perto da minha Anne!”, pensava Luís, quase quebrando um lápis.

Anne afastou a cara de Ian com a mão na mesma hora.

—Calma aí, simpatia - disse ela - Eu não pedi nada!

—Então, o que poderia ser? - perguntou ele.

—Eu não sei, só faço a entrega - disse o entregador - Posso entregar?

—Claro - respondeu o professor - Qualquer coisa para animar essa aula chata!

Um exemplo de docente como sempre.

Seja como for, um enorme bolo entrou na sala para admiração de todos.

—Com certeza, não fui eu - disse Anne.

—Nossa, que bolo enorme - falou Kelly - Espero fazer um bolo desses algum dia!

“Deus nos proteja”, pensou Anne.

—Um bolo? - falou Carioca - Maneiro, aí. Vamos dividir com a sala. Tô morrendo de fome.

—Apoiado - disse Luciano - Não vai regular, né, Ian?

—Esperem - disse Ian, olhando mais de perto - Não parece ser um bolo para comer.

—Claro que não - comentou Ema - Provavelmente é daqueles bolos que vem uma pessoa dentro.

—Como assim? - estranhou Ian.

Assim que ele falou isso, Tamires saiu de dentro do bolo toda sorridente, toda maquiada e usando seu melhor vestido.

—Ian, meu amor! Que bom te ver de novo! - disse ela, se jogando nos braços de Ian.

—QUÊ?! - Ian estava totalmente surpreso.

—Aí, Ian - provocou Luís - Não sabia que estava namorando outra.

—N-não, não estou namorando ninguém!

—Quem é? - perguntou Anne.

—Não sei, nunca vi - disse Kelly - Não deve ser da cidade.

Do jeito que a cidade é pequena, se um dos moradores não conhece é porque realmente não é dali.

—Essa é a minha declaração de amor por você, Ian - disse Tamires - Acho que não fui muito clara ontem. Você pode ver o quanto eu te amo, meu querido.

E Tamires continuava abraçando e beijando Ian. O rapaz, por sua vez, tentava se esquivar com todo o seu esforço.

—Achei que já tivesse dito que não podia corresponder - falou ele - Anne, por favor, não é nada disso que você está pensando!

—Eu não tô pensando nada - falou a garota.

—Não vai apresentar sua amiga, Ian? - perguntou Kelly.

—Ela é a filha do prefeito de Campo Encantado, uma cidade vizinha daqui - explicou Ema - Se não me engano, é Tamires o seu nome, né?

—Ah, você me conhece? - estranhou Tamires - Não lembro de você…

—Meu pai já teve que fazer uns negócios com o seu e sou boa em lembrar nomes - respondeu Ema. A antipatia de Ema por Tamires era evidente.

—Que seja - falou Tamires - Vim aqui selar de vez meu compromisso com o Ian. Nunca estive tão apaixonada antes.

—V-Você é maluca… - balbuciou Ian.

—Maluca por você - respondeu Tamires.

—Acho que agora ele sabe como eu me sinto, né? - Anne comentou com Kelly, não conseguindo disfarçar um sorrisinho.

—Eu já disse que não posso corresponder! - falou Ian - Eu já tenho uma paixão!

—Quem é? Aposto que amo você muito mais do que ela!

—Acertou em cheio, simpatia - comentou Anne, sorrindo.

—Minha amada é a Anne - falou Ian, fugindo rapidamente para perto de Anne e segurando nas mãos dela - Ela é a mulher da minha vida. Sinto muito.

—Posso ser a mulher que vai acabar com a sua vida se não soltar a minha mão - reclamou Anne.

Tamires fez uma exagerada expressão de perplexidade.

—E-Ela?! - falou Tamires, apontando rudemente para Anne - Essa lambisgóia é a mulher que você diz amar?

— “Lambisgóia” - repetiu Anne - Não tinha um insultinho melhor pra me falar, não?

—Rejeitada e desprezada, trocada por uma magrela sem sal! - gritava Tamires aos prantos.

“Outra dramática! Devo ter colocado adoçante no vinho da Santa Ceia, não é possível”, pensou Anne após um suspiro.

—O que essa menina tem que eu não tenho, Ian? - perguntou Tamires.

—P-preciso mesmo dizer? - gaguejou o rapaz.

—Pois eu acho que você e Ian formam um belo casal - falou Luís - Dou todo o meu apoio a vocês dois. Qualquer um que deixe a Anne livre para mim tem minha aprovação.

—Para de falar bobagem! - gritou Ema, segurando Luís pela camiseta - Não acho que o Ian combine com a Anne, mas também não acho que essa Tamires combine com ele.

—Isso não vai ficar assim - disse Tamires, jogando uma bomba de fumaça e sumindo depois disso (até o bolo foi embora).

—Como ela fez isso? - perguntou Anne.

—Sei lá - falou Kelly.

—Não se preocupe, meu amor - falou Ian, segurando as mãos de Anne - Eu só tenho olhos pra você.

Anne só empurrou Ian para longe como de costume.

—Só espero que não sobre para o meu lado - lamentou Anne.

—Essa menina é meio louca, né? - comentou Luciano.

—Meio? - falou Márcia - Bondade sua, né?

—Aí, não vai ter bolo? - falou Carioca.

O professor estava apenas lendo um livro enquanto toda a confusão rolava.

—Já acabaram? Acho que agora podemos falar da matéria do livro - disse ele.

Enquanto isso, longe dali, Tamires já estava no carro do seu motorista particular, mordendo o lenço que usava para chorar, mais de raiva do que de decepção.

“Não vou deixar aquela sonsa roubar meu Ian de mim! Não vou!”, pensava ela.

É, parece que vai sobrar para a Anne sim.


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Notas finais do capítulo

Como se a vida de Anne já não tivesse malucos o bastante. Kkkk.

Até o próximo capítulo! :)



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