Vila Baunilha escrita por Metal_Will


Capítulo 124
Filhos de prefeito




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/775280/chapter/124

 

Mesmo Vila Baunilha sendo uma cidade pequena não há como se livrar de problemas administrativos. E, naquele momento, na sala de reuniões da prefeitura, um problema estava nas mãos do querido prefeito Venâncio.

—A resposta continua sendo não - disse ele para um outro homem, mais ou menos com a mesma idade dele, mas com mais barba e óculos.

—Pense bem. É vantajoso para todos nós - disse o tal homem para o prefeito de Vila Baunilha.

—Nossa cidade está muito bem como está - prosseguiu o prefeito - Não faz sentido mudar algo que está funcionando tão bem.

—Nossas cidades poderiam ficar bem melhor - insistia o homem.

Vamos entender melhor essa situação. O homem conversando com o prefeito também era um prefeito. Tratava-se de Bóris Galvão, prefeito da respeitável Campo Encantado, cidade vizinha (e bem mais populosa).

—Isso é um absurdo! - o prefeito Venâncio, de Vila Baunilha, estava irredutível - Unir duas cidades em uma não faz o menor sentido!

—Vários habitantes da minha cidade trabalham na sua cidade e vice-versa - falou ele - Além disso, Vila Baunilha é praticamente uma extensão da minha cidade. Abra logo mão daqui e deixe tudo comigo. Pense no crescimento que Vila Baunilha terá se for anexada ao nosso território.

—Você quer apenas os ganhos que temos com morango e sorvete - reclamou Venâncio.

—Não sou tão mesquinho assim! - retrucou Bóris.

—Papai - comentou uma moça que estava ali acompanhando a reunião toda - Mantenha a compostura.

—Desculpe, filha - disse ele - Mas não gosto de ser ofendido assim.

—Você me ofendeu primeiro oferecendo uma proposta absurda como essa - disse Venâncio.

—Essa é a sua última palavra?

—Sim - confirmou Venâncio.

—Mas não vou desistir ainda! - disse o outro prefeito - Para mim, é uma proposta muito boa.

—E minha resposta continuará sendo a mesma - falou o prefeito de Vila Baunilha - Agora que já terminamos a reunião, vamos para o coffee break. 

—Com geleia de morango da sua fazenda? - perguntou Bóris.

—É claro! - disse Venâncio, mudando totalmente de humor.

—Graças a Deus acabou! - comentou a moça que acompanhava Bóris.

—Filha, agora é você que está sendo rude! - reclamou Bóris.

—Desculpa, mas essas coisas de política são um saco - disse ela - Só estou aqui porque acompanhar o trabalho de um político de verdade vai me dar mais material para colocar no meu trabalho de sociologia.

—Só por isso mesmo - retrucou Bóris - E eu fiquei feliz da vida quando você disse que queria me acompanhar por estar interessada no meu trabalho!

A filha era uma jovem caucasiana por volta de seus quinze anos. Bonita, não muito alta, tinha cabelos cacheados e belos olhos castanhos.

—Essa idade é mesmo complicada - lamentou Bóris.

—Puxa, tenho uma filha de onze anos. Espero que essa fase demore para chegar - comentou o prefeito.

Samanta já está em uma fase difícil, para dizer a verdade…

“Sinceramente, não sei porque meu pai quer anexar nossa cidade com essa. Não tem nada aqui”, pensou a moça, voltando para suas conversas no celular. Nesse momento, Ian, filho mais velho do prefeito, entrou pela porta.

—Pai - disse ele - Trouxe os papéis que me pediu.

—Ah, obrigado - falou ele - Como pude esquecer em casa? São documentos importantes.

—Ah, bom dia - Ian cumprimentou os presentes na sala.

—Oh, vejo que o jovem Ian já está bem mais crescido desde a última vez que o vi - comentou Bóris.

—É, cresci um pouco - comentou ele.

“Q-Q-Quê?!”, pensou a filha dele, admirada com a presença de Ian.

—Ah, bom dia - cumprimentou Ian, olhando para a mocinha.

—Ótimo dia - falou ela - Excelente, para dizer a verdade.

—Do que está falando? Voce acabou de dizer que estava entediada e…

—Estava brincando. Amo acompanhar o senhor, papai! - disse a garota, beijando seu pai.

—Creio que ainda não conheça a filha de Bóris, não é, Ian? 

—Acho que não - falou Ian - Lembraria se visse uma garota tão bonita antes.

A mocinha corou com o elogio.

—Verdade. Acho que ela nunca esteve em confraternizações fora da cidade conosco - disse Bóris - Ian, essa é minha filha, Tamires.Tamires, esse é Ian, filho do prefeito Venâncio.

—Prazer - cumprimentou Ian.

—O prazer é todo meu - falou Tamires, sorrindo e mexendo no cabelo.

—Bem, era só isso mesmo. Até mais - disse Ian, já saindo da sala.

Assim que ele saiu, Tamires não perdeu tempo.

—Err...onde é o banheiro? - perguntou ela.

—Saindo pela porta, ao final do corredor - explicou Venâncio.

—Obrigadinha.

Tamires saiu o mais rápido que foi capaz e correu até Ian.

—Ian! - chamou ela.

—Oh, sim. Posso ajudar? - falou ele, sorrindo.

“Que sorriso incrível!”, pensou a garota.

—Aconteceu alguma coisa? - Ian perguntou mais uma vez.

—Nada de especial. Só queria saber se você está solteiro.

Sim, na lata mesmo.

—Solteiro?

—Sim. Está?

—Bem, no momento, sim, mas…

—Ótimo - disse Tamires, prensando Ian na parede - Então não precisamos perder mais tempo.

Sim, rápido desse jeito.

—E-Espere. O que está fazendo?

—Vamos logo selar nosso amor com um beijo - falou Tamires, aproximando seus lábios de Ian. O rapaz nunca esteve tão assustado.

—Por favor, vamos com calma - disse ele, conseguindo se desviar - Você é uma linda garota, não tenho como negar, mas…

—Mas o quê? - falou ela - Se você está solteiro e eu também estou, por que perder tempo?

—Entendo a razão de ter se apaixonado por mim - falou Ian - Sei que sou lindo e galante.

—É sim - disse Tamires - E ainda é solteiro. Não tem nada te impedindo.

—Sim, há - falou Ian - Sou solteiro, mas meu coração já pertence a outra pessoa.

—Como é?

—Sei que isso é decepcionar todas as minhas fãs, mas nunca me senti tão apaixonado como antes - falou ele - Por isso, não posso corresponder aos seus sentimentos. Sinto muito.

—Nunca ninguém me rejeitou antes… - resmungou Tamires.

—Com o tempo você se acostuma - falou Ian.

—Isso foi muito rude - falou Tamires, começando a derramar lágrimas - Foi sim.

—Ei, você tá chorando? -disse Ian, se aproximando - Não chore. Você pode encontrar alguém melhor e...

—Peguei você! - disse Tamires, assim que o rapaz se aproximou mais. Ela jogou um tipo de spray nele.

—Não...consigo me mexer.

—Spray paralisante - disse ela - É sempre bom andar com um desses.

—O quê?! - falou Ian, só podendo mexer a boca.

—O efeito é bem imediato, mas a parte que interessa pode continuar mexendo - falou ela - Agora sim, podemos dar um belo beijo e..

—Tamires! - o prefeito Bóris gritou, assim que abriu a porta - O que está fazendo?

—Papai! - disse ela, contente - Finalmente encontrei meu noivo.

—Noivo? - estranhou Bóris.

—Tenho certeza de que fomos feitos um para o outro e…

—Bem, um casamento seu com o filho do prefeito de Vila Baunilha certamente seria bom para os negócios - falou Bóris, pensando na possibilidade.

—Não, mas eu não quero me casar. Não com ela - disse Ian, com o que podia mexer com a boca. 

—Exato - disse Venâncio, acompanhando toda a situação - Meu filho já tem um interesse amoroso. 

—É uma pena - disse Bóris - Vamos embora, Tamires.

—Mas, mas…

Tamires foi puxada pelo pai antes que pudesse terminar seu ato.

—Não vou desistir, Ian. Eu te amo! - gritava ela - Eu te amo!

Ian ficou ali paralisado.

—Esse é o meu garoto - cumprimentou Bóris - Arrasando o coração de todas as moças. Mas sei que é fiel à Anne, não é?

—S-Sim - gaguejou ele.

—Bem, tenho muita coisa para resolver. Pode ir para casa - falou Venâncio, deixando Ian ali, paralisado do mesmo jeito.

“Quanto tempo dura o efeito desse negócio?”, pensou Ian. “Queria tanto ir ao banheiro!”

—E o senhor, heim, pai? - falou Tamires, já no carro - Nem para me dizer que o prefeito de Vila Baunilha tinha um filho gato assim?

—Mas você nunca se interessou pelo meu trabalho, filha - estranhou Bóris - Sem contar que você vivia dizendo que Vila Baunilha é um fim de mundo.

—As pessoas podem mudar de ideia - falou Tamires, virando a cara e voltando a olhar a janela.

—Mulheres...quem entende? - resmungou o prefeito Bóris.

“Não vou desistir”, pensava Tamires. “Ian vai ser meu de qualquer jeito!”


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Pelo jeito a maluquice é regional, não só municipal. Kkkk

Mais um doida para a turma. Vamos ver o que ela ainda vai aprontar.

Até a próxima! :)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Vila Baunilha" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.