Vila Baunilha escrita por Metal_Will


Capítulo 118
Novas amigas




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Samara só tinha um trabalho, aparecer na frente de Briana fingindo ser um fantasma para assustá-la. Esse era o plano perverso de Samanta que, por alguma razão, despertava um certo medo em Samara. 

Briana estava vindo tranquilamente pela trilha, quando Samara enfim apareceu repentinamente na frente dela, tentando ao máximo fazer uma expressão assustadora. Apesar das folhagens no cabelo que Samanta colocou para deixá-la mais com cara de espírito da floresta, não foi bem medo que Samara despertou em Briana. A menina simplesmente começou a rir. Samara ficou confusa.

—V-você não está com medo? - perguntou ela, gaguejando.

—Não - disse Briana - Só achei engraçado.

—É que eu sou uma fantasma e…

—Fantasma? - indagou Briana - Mas você não era a menina que estava no restaurante outro dia quando minha irmã engoliu uma pílula mágica ou algo assim sem querer?

Samara estava ainda mais surpresa.

—E-Espera - gaguejou ela - Você lembra de mim?

—Claro que lembro - disse Briana, sorrindo.

“E-Ela lembrou de mim!”, Samara estava com a sensação de ter chegado no paraíso. “Alguém notou a minha presença, alguém...notou que eu existo e ainda se lembrou de mim!”

Sim, ser como a Samara é muito triste.

—Você tá bem? - perguntou Briana.

—S-Sim - gaguejou Samara - Não imaginava que você se lembraria de mim.

—Claro que lembro! - falou Briana fofamente - Qual é o seu nome?

—Samara - disse ela.

—Que nome lindo - respondeu a menina - Meu nome é Briana. Muito prazer.

“Ela...também achou meu nome bonito!”, Samara estava em êxtase. “Nunca fui tão humilhada, mas também nunca fui tão valorizada em um mesmo dia!”

Enquanto isso, Samanta e Cintia observavam de longe o que estava acontecendo.

—Ei, por que a Briana não saiu correndo assustada? - perguntou Samanta.

—Sei lá, amiga - disse Cintia - Acho que a Samara não convenceu muito como fantasma.

—Nem com aquela cara de fantasma? - estranhou Samanta - Será que estou cercada de incompetentes?

—Não fala assim, amiga - disse Cintia - Eu tô aqui com você, lembra?

“Por que isso não me consola nem um pouco?”, pensou Samanta.

Briana e Samara continuavam conversando.

—O que você tá fazendo aqui na floresta? - perguntou Briana.

—É-é que a minha casa fica no topo da colina no final da trilha - explicou Samara.

—Sério? Eu tenho que ir até o final da trilha e depois voltar - disse Briana - É uma tarefa das Abelhinhas Patrulheiras.

—Abelhinhas o quê?

—É um grupo de meninas que fazem várias atividades de campo - explicou Briana, sorridente - É bem legal.

—Ah - foi tudo que Samara disse.

—Já que estamos indo pelo mesmo caminho, por que não vamos juntas? - perguntou Briana, sequer se importando em saber a razão daquela menina com olheiras e cabelo comprido desgrenhado ter desejado assustá-la para começo de conversa.

—M-Mas eu tentei te assustar e…

—Você só tava brincando, né?

—B-Bem, eu…

—Ah, vamos. Vai ser legal ter alguém para conversar - disse Briana, puxando Samara pela mão.

“Ela está me pegando pela mão? Ela realmente quer a minha companhia?”, pensou Samara, quase chorando de emoção.

—Você estuda na minha escola, não estuda? Acho que já te vi lá algumas vezes - disse Briana.

“Ela lembra de mim da escola?!”, Samara ficava cada vez mais surpresa.

—Estuda? - repetiu Briana.

—S-Sim - gaguejou Samara - Estou no segundo ano do ensino médio.

—Sério? Nossa, você parece bem mais novinha.

—Todo mundo diz isso…

—Você é parecida com o Luís. Ele também tem a minha altura, mas está no primeiro ano junto com a minha irmã.

Nisso, o ânimo de Samara desce completamente de nível. Não só por ter sido comparada ao Luís, mas por lembrar de um fato importante.

—Espera, sua irmã é a…

—É a Anne. É a garçonete do restaurante, lembra?

—Ah, sim. É verdade.

—Então, sou irmã dela.

“Acabei de perceber que a única pessoa legal comigo depois de tanto tempo é irmã da menina do garoto que estou apaixonada”, pensou Samara. “Que trágico”

Quando Samara e Briana passam pelo local em que Samanta e Cintia estavam, as duas cúmplices se escondem entre as árvores até elas passarem pela trilha. Samanta estava claramente nervosa.

—O que foi isso?

—A Samara e a Briana passaram aqui, amiga - disse Cintia.

—Eu sei - reclamou Samanta - Mas elas estão super amigas! Como pode?

—A Briana é uma fofa. Entendo.

—É, ela é uma fofa mesmo e...não! Eu sou a vilã! A Briana é a menina sonsa que eu preciso atazanar. Foco, Samanta, foco!

Enquanto essas duas lamentavam mais um fracasso em sua carreira de vilãs, Gustavo estava explorando a região próxima, procurando algo para comer, quando, em meio aos arbustos, ele percebeu um ponto rosa.

“Será?”, pensou Gustavo. “Só pode ser. Deve ser uma codorna rosa!”

Gustavo decidiu aplicar o que aprendeu com Samara. Ele respirou fundo, se concentrou e tentou se camuflar em meio às árvores para se aproximar dele. O que ele não sabia é que aquele ponto rosa era simplesmente uma parte do prendedor de cabelo de Samanta que aparecia entre as folhagens do ângulo que Gustavo viu. É, já dá para imaginar o que vem daí.

—Falhamos de novo - suspirou Samanta - Vai, vamos voltar para a trilha.

Mas antes que elas pudesse se mexer, Gustavo se aproximou como um caçador de pássaros pronto para capturar sua presa. Foi o suficiente para apavorar as meninas.

—F-F-FANTASMA!!! - as duas gritaram, saindo correndo assustadas pela trilha.

Gustavo estranhou a cena.

—Ué? Não era a codorna?

As duas correram tanto que facilmente encontraram Samara e Briana. Elas se esconderam atrás delas na mesma hora.

—Gente, o que foi? - perguntou Briana.

—Tem um fantasma. Um fantasma de verdade - falou Samanta.

—Fantasma? - perguntou Samara.

—Você, menina fantasma - falou Samanta.

“Quem você tá chamando de menina fantasma?”, estranhou Samara.

—Vai, convence ele a deixar a gente em paz - falou Samanta - Fantasma com fantasma deve se entender.

—V-você sabe que eu não sou fantasma, né? - disse Samara.

Não demorou muito para Gustavo alcançá-las.

—É ele! - disse Samanta, toda apavorada atrás de Samara.

—O que aconteceu? Por que estão tão assustadas? - perguntou Gustavo.

—Gustavo! - disse Briana - Você por aqui?

—Briana, como vai? - falou ele.

—Vocês se conhecem? - perguntou Samanta.

—Ele é o Gustavo que trabalha no restaurante - falou Briana.

—Mestra? - perguntou Gustavo, ao ver Samara ali - Achei que já tinha ido embora.

—E-Eu estou…

—Peraí, vocês se conhecem? - perguntou Samanta.

—Por acaso - falou Samara.

—Só estava atrás da codorna rosa. Não queria assustar ninguém.

—Codorna rosa? - estranhou Samanta.

—É. O Gustavo quer capturar uma para mostrar para o pai da Kelly que é um marido digno dela - explicou Briana.

—Que romântico - falou Cintia, deixando seu medo de lado.

—E bizarro - falou Samanta - Esse povo acha que vive em um filme de romance, é?

Disse a garota que pensa exatamente assim.

—Seja como for, desculpas. Achei que era a codorna.

—Tá tudo bem - falou Briana - Agora que tá tudo explicado, podemos continuar na caminhada.

Após essas palavras, o estômago de Gustavo roncou.

—Desculpem, eu ainda não comi - disse ele.

—Não quer vir para o nosso acampamento? - perguntou Briana - Acho que a instrutora não vai ligar de dividir nosso almoço como você.

—Não, não é necessário - disse Gustavo - Faz parte do treinamento conquistar minha própria comida. Vou indo nessa. Devo achar algum coelho ou algo assim por aí para cozinhar.

—Ele leva isso bem a sério, né? - disse Briana.

“Acho que agora estou livre dele”, pensou Samara.

No fim, Samara foi para a sua casa após chegarem no final da trilha.

—Tchau, Samara. Foi bom fazer uma nova amiga - disse Briana.

—Amiga? - perguntou Samara - Posso me considerar sua amiga?

—Claro - falou Briana - Até mais.

—É, tchau, menina fantasma - falou Samanta, dando meia-volta para retornarem ao acampamento.

"Uma amiga. Eu...tenho uma amiga", pensou Samara, feliz em seu coração. "Mas ela é irmã da minha rival do amor. Que trágico"

O que é a vida sem drama, não é?

Por falar em drama, já no acampamento, Samanta sentia o gosto amargo de sua falha mais uma vez, apesar de estar comendo um almoço bem gostoso em seu prato de plástico (não se preocupe ecochato, elas trouxeram saco de lixo).

—Mas será que eu nunca vou conseguir aprontar com a Briana? - reclamou Samanta - Aquela Samara é uma fantasma bem incompetente, viu?

—Sabe, amiga, eu aprendi uma coisa hoje - disse Cintia - Não podemos julgar os outros pelas aparências.

—Você e suas lições de moral…

Bem, o amanhã sempre traz novas oportunidades, mesmo para os vilões.

 


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Notas finais do capítulo

No próximo capítulo, começamos um arco novo. Até lá! :)



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