Vila Baunilha escrita por Metal_Will


Capítulo 116
Pássaros e insetos




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/775280/chapter/116

 

Samara sempre passava por aquela trilha na floresta na direção da sua casa, mas dessa vez havia algo de diferente.

“S-Será que eu devo olhar? E se for algo que eu não possa ver?”, ela pensava, já imaginando que algo não muito bom poderia estar acontecendo. Apesar dos pesares, não conseguiu resistir à sua curiosidade e acabou espiando. O que ela viu foi Gustavo fazendo seus exercícios matinais sem camisa.

—Duzentos… - disse ele, terminando sua última flexão - É, acho que está bom para começar o aquecimento.

“Acho que já vi esse cara antes”, pensou Samara. “Ele não estava trabalhando no restaurante ou algo assim? O que ele está fazendo aqui?”

Apesar das perguntas, Samara achou melhor não se envolver e deu meia-volta para ir embora. Porém, ao fazer isso, acabou tropeçando e caindo em meio às folhas.

—O que é isso? - estranhou Gustavo ao ouvir o barulho - Será algum animal? Ou...pode ser uma codorna rosa e…

O garoto foi correndo ver o que era. Samara tentou se levantar rapidamente para não ser vista, mas acabou sendo encontrada pelo rapaz.

—Você - estranhou ele.

—E-Eu? - disse Samara, envergonhada, sem saber onde colocar a cara.

—Quem é você mesmo? - perguntou ele.

—O-oi, meu nome é Samara e…

—Já ouvi esse nome em algum lugar - falou ele - Mas por que está andando sozinha no meio dessa floresta?

—Bom, é que eu moro…

—Você mora aqui? - interrompeu Gustavo - Então você deve saber tudo sobre como sobreviver na selva!

—Não, não, eu moro na casa no alto da colina.

Gustavo olhou para onde Samara estava apontando e realmente viu uma casa por ali.

—E por que você atravessa a floresta para chegar lá? - perguntou ele.

—Bem, eu só sigo a trilha - explicou a garota, mostrando a trilha de onde tinha saído.

—Ah, agora eu entendi - falou Gustavo -  Então você não atravessa a floresta para treinar, não é?

—P-por que eu faria isso?

—Bem, eu tenho razões para isso - disse Gustavo.

—Ah, imagino - falou Samara.

—Tudo bem, eu vou contar tudo! - falou Gustavo com bom humor.

“Mas eu nem queria saber”, pensou Samara.

Seja como for, Gustavo fez Samara se sentar ali por alguns minutos e contou a sua história, incluindo sua missão sobre encontrar a tal codorna rosa.

—E é isso - disse ele - Meu casamento depende dessa codorna.

“Ele não pode estar falando sério”, pensou Samara, ao ouvir a história toda.

—E estou dedicando meu tempo livre do restaurante para colocar meu treino em dia e encontrar a tal codorna. Só assim serei digno de me casar com a Kelly.

—Mas...essa codorna existe mesmo? - indagou Samara.

—Claro - disse Gustavo, com toda a fé - O Doutor Renato não iria mentir para mim.

“Será?”, pensava Samara.

Nisso, um pássaro acabou pousando na cabeça de Samara e saiu voando logo depois. Gustavo ficou espantado.

—Ei, o que acabou de acontecer?

—O quê? - estranhou a garota.

—Aquele pássaro. Ele pousou na sua cabeça tranquilamente.

—Ah, às vezes isso acontece - falou ela - É como se os pássaros ignorassem minha presença.

—Isso é incrível! - disse Gustavo, empolgado.

“Isso é horrível!”, falou Samara. “Mostra que sou insignificante”

—Acho que você pode me ajudar - disse Gustavo - Pode me ajudar para o dia em que finalmente encontrar a codorna rosa.

—C-como assim? - gaguejou Samara.

—Pode me ensinar a como ocultar minha presença? - perguntou Gustavo.

—Ah, isso? - disse a garota - Não sei como eu poderia ensinar isso. Nem eu sei direito porque isso acontece.

—Você deve ser uma pessoa incrivelmente discreta para não ser percebida assim.

“Não é bem isso”, pensou Samara, enquanto também procurava pensar em um jeito de escapar daquela saia justa.

Enquanto isso, as Abelhinhas Patrulheiras prosseguiam em seu treino do outro lado floresta. A próxima missão delas era reconhecer insetos comestíveis.

—Não. Essa é a pior parte - lamentou Samanta.

—Nem me fale, amiga - concordou Cíntia - Lembra quando fizemos essa missão pela primeira vez?

—Que horror! - disse Samanta, como se sentisse os cabelos se arrepiando - Não quero lembrar daquele gafanhoto que fomos obrigadas a comer.

—Nossa, que demais! - disse Briana - Já sabia que dava para comer alguns insetos. Meu pai é chef de cozinha, então vive pesquisando pratos diferentes.

—Você não tá com nojo? - perguntou Samanta.

—Ah, um pouquinho, mas também tô curiosa - falou Briana, com seu sorriso adorável de sempre.

“Iti, que sorriso mais fofo!”, pensou Samanta, mas logo sua mente mudou para o que realmente estava querendo. “Calma, Samanta. Concentração. Preciso me aproveitar disso”.

—O que foi, Samanta? - perguntou Briana - Tá com uma cara estranha…

—Não, é que...talvez você queira deixar registrado esse momento, Briana.

—Como assim?

—Vou tirar uma foto de você comendo seu primeiro inseto. Vai ser demais.

—Ah, legal - disse Briana, sorrindo - Pode tirar.

“Sim. Vou tirar uma foto e publicar na Internet. Você vai virar um meme da garota nojenta que come insetos. Isso é mesmo muito malvado!”, pensou Samanta.

Após alguns momentos de instrução e procura por insetos comestíveis, finalmente a instrutora encontrou alguns gafanhotos que poderiam ser comidos. Nessa hora, Briana se oferece para experimentar.

—Quer mesmo experimentar? - disse a instrutora - Nem todas as meninas são corajosas assim.

—Mas eu tô curiosa - disse ela.

—Tá bem. Pode vir.

“É agora”, pensou Samanta, sacando seu celular para gravar a cena.

—Amiga - disse Cíntia, entrando na frente da câmera - O que é isso na sua cabeça?

—O quê? - estranhou Samanta.

—Parece que tem um gafanhoto em cima do seu chapéu - falou Cíntia, para desespero de Samanta.

—Ai, tira, tira. Detesto esses bichos! - reclamou ela.

O gafanhoto saltou do chapéu de Samanta. No meio da confusão, Cíntia conseguiu segurar o celular de Samanta e virar a câmera para ela tentando se livrar do pobre inseto. Enquanto isso, Briana já havia terminado de comer seu gafanhoto.

—E aí? O que achou? - perguntou a instrutora.

—Nossa, diferente - reclamou Briana - Mas quando se está com fome, vale tudo, né?

—Droga. Perdi isso - reclamou Samanta.

—Não tem problema, amiga - disse Cíntia - Eu continue segurando o celular e gravando.

—Deixa eu ver! - falou Samanta, pedindo para ver a gravação, mas só tinha imagens da própria Samanta gritando.

—O que achou? - perguntou Cíntia.

—Cíntia...isso aqui sou eu me desesperando com o gafanhoto na minha cabeça! - falou ela.

—É? - disse Cíntia - Foi mal. Mas é que tava engraçado.

—E mais uma vez perdi minha oportunidade de ser vilã - reclamou Samanta - E agora?

—Ah, acho que daria um meme legal postar esse vídeo. Tá bem engraçado! - falou Cíntia.

—Nem ouse! - retrucou nossa vilãzinha - Não quero viralizar assim.

—Tá bom, amiga. Não tá mais aqui quem falou.

—Droga. Por que é tão difícil ser vilã? - dramatizou Samanta - Oh, como sofro.

Já do outro lado da floresta, o treinamento prosseguia.

—Então...se eu ficar parado como uma estátua, os pássaros vêm? - perguntou Gustavo, sentado com as pernas dobradas em posição de meditação.

—Talvez - falou Samara.

—Farei isso, mestra - disse ele.

“Não tenho a menor ideia do que estou fazendo”, pensou Samara.

É, essa floresta está com visitantes bem atípicos...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

No próximo capítulo, vamos ver como essa turma toda se encontra. Até lá! :)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Vila Baunilha" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.