Vila Baunilha escrita por Metal_Will


Capítulo 108
De olhos bem fechados




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Anne estava apenas passando tranquilamente pelo centro de Vila Baunilha quando, em um momento de distração ao bocejar, acabou engolindo a pílula do amor criada por Luís, a pílula que faz a pessoa que tomar se apaixonar pelo primeiro ser do sexo oposto que encontrar por 24 horas.

—Ela...engoliu? - disse Samara, ao ver o que aconteceu com a pílula.

“A Anne...engoliu a pílula?”, pensou Luís. “É a minha chance!”

—O que você tá esperando?! - exclamou Samara - Vai logo atrás dela!

—Agora mesmo! - falou o garoto - É só ligar os meus patins turbo de novo que…

Mas até que Luís tivesse o tempo de ligar o seu turbo e se dirigir até Anne, Ema já tinha corrido para trás de Anne e tampado os olhos dela com as mãos.

—Adivinha quem é? - brincou Ema.

Nisso, Luís se descontrolou de novo e foi bater de cara em uma árvore. É, ele tem uma vida bem dolorida.

—Ema? - reclamou Anne - O que você tá fazendo? Que brincadeira é essa?

—Não é brincadeira, amiga - disse ela - Não mesmo. Estou salvando sua vida.

—Do que você tá falando? - disse Anne - Primeiro, alguma coisa entrou na minha garganta, agora você..

—É isso mesmo - disse Ema - Você engoliu um coisa, não engoliu?

—Fui bocejar e alguma coisa entrou na minha boca. Nem deu tempo de sentir - disse Anne, já irritada - Você sabe de alguma coisa? É perigoso? Se for, preciso ir no médico para…

—Calma, calma. Fica calminha - falou Ema - Não é perigoso para o seu corpo até onde eu sei…

—Você não tá ajudando!

—Ema! - reclamou Luís - Como você chegou aí tão rápido?

—Você tá indo com a farinha e eu já volto com o bolo, queridão - respondeu Ema.

—Luís! - falou Anne - Dá pra explicar o que tá acontecendo ou tá difícil, heim?

—Claro que posso - falou ele - Abra os olhos e eu te explico direitinho.

—Não! - gritou Ema - Faça tudo, menos abrir os olhos!

—Não tô entendendo é nada. Tô mais perdida que cachorro que caiu do caminhão da mudança! - falou Anne - Vocês tiraram o dia pra zoar com a minha cara, é?

—Resumindo - falou Ema, com toda a calma do mundo - O Luís criou uma pílula que faz você se apaixonar pelo primeiro que ver. Pronto, falei!

Anne fez uma cara de surpresa.

—Vocês tão mesmo me zoando, não estão?

—Não, não estão - disse Ema - É sério. Sério mesmo. Se você colocar os olhos no Luís, vai ficar apaixonada por ele, no mínimo, por um dia.

—Como é que é? - Anne ainda não estava acreditando - Um troço desses não faz o menos sentido…

Mas Anne se lembrou que as invenções de Luís eram malucas o bastante para que algo assim fosse possível.

—Droga, pior que faz mesmo - reclamou ela - Como é que isso foi acontecer?

—Ema, sua desgraçada! - reclamou Luís - Acabou com minhas esperanças.

—Como assim? Você queria que eu ficasse apaixonada por você contra a minha vontade? - disse Anne - Não esperava isso de você, Luís!

Luís ouve isso com dor no coração.

—Sim, você tem razão! - Luís falou chorando - Não seria justo...eu….eu….eu quero conquistar você honestamente!

—Bom ouvir isso - disse Anne, sorrindo - Agora, você tem um antídoto para a pílula, né?

—Bem, na verdade… - balbuciou ele.

—Na verdade? - repetiu Anne.

—Na verdade, eu não pensei nisso.

—Luís, seu… - Anne começou a ficar irritada - Ai, não dá pra falar nesse horário o que eu pensei! E agora? O que é que eu faço? 

—Fica calma, Anne - disse Ema, ainda tampando os olhos da amiga - Eu guio você até o restaurante. Era pra lá que você tava indo, né?

—Você? Mas nem que a vaca dê lente condensado! - reclamou Anne - Você vai me levar direto para o Luciano, não vai?

—Eu? Como você pode pensar uma coisa dessas de mim? Eu? Sua amiga? - falou Ema, em tom de ofendida.

—Quer mesmo que eu responda? - falou Anne.

—Mas Anne, você não pode andar por aí de qualquer jeito - disse Ema - Se você abrir os olhos, corre o risco de se apaixonar perdidamente pelo primeiro que encontrar. Mas se andar de olhos fechados, pode se machucar feio.

—E eu não sei? - falou a garota, já começando a chorar - Olha a situação que eu fui me meter. Devo ter colocado adoçante no vinho da santa ceia pra merecer isso!

—Fica calma, Anne - disse Luís - Eu te levo até o restaurante.

Alguns segundos de silêncio.

—Não tem como. Eu tô perdida! - falou Anne, em desespero.

—Por que me ignorou?! - ralhou Luís.

—Oi, gente. Do que vocês estão brincando? - disse Kelly, a outra menina da sala de Anne, curiosa com a confusão dos amigos.

—Kelly? Graças a Deus você tá aqui! Finalmente alguém neutro!

—Heim? - estranhou a recém-chegada. 

Depois de toda a situação ser explicada, Kelly finalmente entendeu a encrenca em que Anne se meteu.

—Entendi. Então você pode se apaixonar pela primeira pessoa do sexo oposto que ver - disse Kelly - Que perigo. Por que você foi inventar uma coisa dessas, Luís?

—Eu ainda estava fazendo alguns testes - falou ele - Foi ela que me convenceu a adiantar minhas pesquisas!

A acusada, no caso, era Samara.

—E-Eu? - gaguejou Samara - Como você pode falar isso? Foi você quem quis testar a pílula no Luciano, não foi?

—Eu sou apenas um cientista - falou Luís.

—Tá bom, gente. Agora não adianta ficar acusando ninguém - falou Kelly - Olha, Anne. Eu tenho um lenço aqui comigo. Usa ele como venda.

Com cuidado para não olhar para Luís, Anne saiu das mãos de Ema ainda com os olhos fechados e colocou a venda.

—Ainda acho uma ofensa você não confiar em mim - falou Ema.

—Sem ofensa, amiga - disse Anne - Mas já te conheço o bastante pra não te comprar.

—Eu só penso no bem dos meus amigos e o que eu ganho? Ingratidão - dramatizou Ema.

—Não liga pra ela - falou Kelly - Vamos. Eu te levo até o restaurante.

—Nós vamos juntos para explicar a situação para os pais dela - falou Ema - Não vamos, Luís?

—Vamos, né? - falou ele, no final das contas assumindo a responsabilidade - E você também vem, né, Samara?

—T-T-Tá - gaguejou ela.

“Bem”, Ema pensava consigo mesma. “Já que ela engoliu a pílula, deve ter um jeito de tirar proveito disso”

Vamos torcer para que Anne saia bem dessa.


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