Vila Baunilha escrita por Metal_Will


Capítulo 104
A fórmula do amor


Notas iniciais do capítulo

Bom domingo e boa leitura :)



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Depois da aula, Samara se encontrou com Luís no portão da saída. O garoto olhava para os lados para evitar que alguém o seguisse. Quando deu de cara com Samara, no momento em que  pobre garota caminhava lentamente, pensando no que Luís estaria querendo mostrar de invenção para ela, o jovem gênio da ciência a puxou de súbito para um canto mais escondido.

—O-o-o que…

—Quieta! - disse Luís, fazendo sinal de silêncio - O que vou te mostrar é algo confidencial.

—Agora tô ficando assustada - disse Samara - Primeiro, você fala que tem uma invenção, depois diz que é confidencial. Você não tá metido em nada ilegal, não, né?

—Ilegal? Bom, isso não…

—”Isso não?” Como assim? - Samara não estava menos assustada.

—Bem, faço várias experiências. Às vezes tenho que dar um jeito de conseguir material de pesquisa por baixo dos panos de uns contatos da deep web - explicou o garoto - Mas não se preocupe, o invento em que estou trabalhando não vai mandar ninguém para a cadeia.

—Acho bom mesmo...não acho que me daria bem no presídio feminino - falou Samara.

Se bem que ser preso em Vila Baunilha não seria muito mais do que ficar na cela da delegacia da cidade convivendo com o soldado Caxias e o delegado todos os dias. Bem, dependendo do ponto de vista pode ser uma punição e tanto. De qualquer modo, Samara seguiu Luís até a casa dele, algo que ela não estava lá muito à vontade para fazer.

“Ai, é a primeira vez que entro na casa de um menino”, pensou Samara, claramente nervosa. “E não é o Luciano! Se bem que é o Luís, né? Acho que nem preciso contar como menino”

—O que acha? - perguntou Luís.

—Quanta tranqueira - comentou a garota.

—Veja lá como fala, sua inculta! - reclamou o jovem cientista - O que você chama de tranqueira é fruto de muito trabalho científico! 

—Tá, então esse é seu laboratório? - perguntou Samara.

—Sim. Não podia esperar menos de um gênio como eu, não é?

—Se você é gênio, não sei, mas...resolvendo o meu problema, já fico satisfeita.

—Seu problema? Nosso problema, não é? Não quero o Luciano com a Anne e nem você.

—Mas eu também não quero ele com a Márcia - falou Samara - Até agora não sei o que, afinal, você tem de tão extraordinário para resolver isso.

—A questão, minha cara, é que eu descobri…

Luís pausou e sorriu de modo orgulhoso.

—Descobriu? Descobriu o quê? Fala logo!

—Estou fazendo um suspense para deixar a coisa mais grandiosa, não entendeu?

—Bem, é que você não é lá muito grandioso ou grande, né?

—Não quero ouvir isso de você, pintora de rodapé! - reclamou Luís.

É curioso como os dois se dão melhor entre eles do que com suas respectivas paixões, não acham?

—Bem, como eu estava dizendo - prosseguiu Luís - Eu descobri a fórmula do amor!

Samara não disse nada. Daria até para ouvir o som de grilos depois disso.

—E então? Não é extraordinário? - falou Luís.

—Fórmula do amor? Isso é verdade mesmo? Não tinha uma música que falava sobre isso…

—Amor depende de interações cerebrais. Após muita pesquisa em neurociências e farmacologia consegui desenvolver um tipo de pílula que pode afetar os sentimentos amorosos de alguém.

—Traduzindo…

—Em teoria, a pílula pode fazer alguém se apaixonar pela primeira pessoa que vê.

—Você falou “em teoria” - disse Samara - Isso quer dizer que, na prática, você não sabe?

—Infelizmente, não - respondeu Luís - Preciso testá-la, mas não tenho condições suficientes para fazer isso em um laboratório caseiro. A única garantia é a minha genialidade em compreender a bioquímica do cérebro humano.

—Você garante o efeito de se apaixonar por quem ver? - perguntou Samara.

—Sim. Pelos meus cálculos, isso acontece. Mas eu não sei por quanto tempo - disse ele.

—Isso pode matar? - perguntou a garota.

—Não, não - disse ele - Não tem nada aí que seja fatal para o corpo humano. Teste em ratos, mas o cérebro humano é diferente, né? Pode ser que dure mais. Só testando em humanos para saber.

—Por que não testou na frente da Anne? - perguntou Samara - Você já é apaixonado por ela mesmo.

—Aí é que está. Não adiantaria em nada eu testar a pílula se já estou apaixonado. E não quero testar na Anne sem saber quanto tempo dura o efeito...

—Mesmo que quisesse, será que ela aceitaria algo inventado por você?

—Teria que colocar a pílula na bebida dela sem ela saber ou algo assim, mas a Anne é muito desconfiada - disse Luís - Além disso, está em fase de testes. Preciso de mais testes para saber se vai ou não dar certo, quais efeitos pode ter...

—Tá. Se está em fase de testes, no que isso ajuda?

—Estava pensando se você não queria testar…

—E-E-Eu?! - Samara ficou vermelha - Quer que eu tome e me apaixone por você?

—Claro que não! - Luís gritou na mesma hora - Faz o Luciano tomar. Isso faria ele se apaixonar por você. Acho que ele não estranharia se você oferecesse algo para ele tomar.

—E se alguma coisa acontecer com o Luciano?

—Tenho certeza que o organismo dele é forte. Ele aguentou a comida do pai dele por tantos anos e continua vivo.

—Você quer usar seu amigo de cobaia mesmo? É isso?

—Sim, que bom que entendeu - disse Luís, com toda a calma do mundo - Calma lá. Eu falei que não vai matar ninguém. Confie na minha genialidade. Na teoria, tem tudo para dar certo. Só não sei mesmo quanto tempo vai durar.

—Não sei, não…

—Pensa só. E se der certo? O Luciano vai estar caidinho por você.

—Mas ele só estaria apaixonado por mim por causa da pílula - falou Samara - Isso não é...trapaça?

—E isso importa? No amor e na guerra vale tudo. Além disso, ele pode se apaixonar por você de verdade depois disso.

—Ah, Luciano - suspirou Samara - É uma oportunidade que não dá pra recusar!

—É assim que se fala, garota - disse Luís - Você só precisa entregar a pílula para o Luciano e ver como o organismo dele reage.

—Você não tem mesmo a menor ideia de quanto tempo dura?

—Não mesmo - disse Luís - Mas tenho certeza de que vai funcionar, pelo menos por algum tempo.

—Tá legal. Eu vou testar - falou Samara - O Luciano está na casa dele à tarde, não está?

—Sim, está - disse Luís - Ele costuma ficar na lanchonete. Vai mesmo fazer isso?

—Bom, vou precisar de coragem para fazer o Luciano tomar isso, mas...vou tentar!

—É assim que se fala! Vem, vou observar tudo de longe. Preciso anotar tudo que vai acontecer!

Geralmente pergunto se isso vai dar certo no final do capítulo, mas acho que já dá para saber que a resposta é não. A questão é como vai dar errado, né?


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Notas finais do capítulo

É o que veremos no próximo capítulo. Até lá!



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