Vila Baunilha escrita por Metal_Will


Capítulo 105
Efeito inesperado




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Luís desenvolveu uma pílula que, em tese, faz as pessoas se apaixonarem por quem estiver na frente. Embora tenha sido testada em ratos de laboratório, ainda não se sabia ao certo como ela atuaria em humanos. Samara, cúmplice, quer dizer, parceira de Luís, estava disposta a testar a pílula em Luciano, sua paixão.

—Então é isso - falou Luís, quando os dois estavam na esquina da lanchonete - É só você ir lá e oferecer essa água para o Luciano.

Luís mostrava uma garrafa não-transparente para a garota.

—T-Tá - disse ela - Será que consigo?

—É só ir lá e oferecer. A pílula já está dissolvida na água. O que pode dar errado?

—É. Tem razão - falou Samara - É bem simples, né?

—O que foi? - perguntou Luís, vendo que Samara não estava se mexendo.

—Ai, não consigo! - disse ela - É demais pra mim!

“Que timidez irritante!”, pensou Luís.

Enquanto isso, Luciano estava na lanchonete varrendo o chão, como de costume. E, por incrível que pareça, a lanchonete recebeu uma cliente.

—Boa tarde, rapaz - disse dona Cleide, a bisavó de Márcia (embora Luciano não a conhecesse pessoalmente ainda).

—Boa tarde - cumprimentou Luciano, não muito empolgado.

—Vocês servem café aqui? - perguntou ela.

—Claro - disse ele - Custa três reais.

—Três reais? Só um cafezinho? 

—Bem, hoje em dia tá tudo caro, né? A senhora sabe - falou Luciano.

—Pelo menos servem cappuccino? - perguntou ela.

— “Cappuci” o quê? - estranhou o rapaz.

—Cappucino. Café expresso com uma cobertura de leite quente.

—Aqui a gente só serve um cafézinho simples. Mas podemos fazer um café com leite - disse ele.

—Que falta de cultura! - reclamou dona Cleide - Por isso que essa espelunca nunca foi pra frente desde que o Givaldo se foi, que Deus o tenha.

—A senhora conheceu o meu avô? - perguntou Luciano.

—Mas é claro. Era um grande amigo meu. Vivi por muitos anos aqui em Vila Baunilha.

—Espera...a senhora não seria a dona Cleide que morava umas quadras daqui?

—Eu mesma! - disse ela - Não se lembra de mim?

—Ah, é que a senhora ficou um tempo fora...tinha me esquecido. Então, a senhora é a bisavó da Márcia, ela fala muito da senhora.

—E você deve ser o Luciano que a minh bisneta vive falando - disse Cleide - Até que é um rapaz jeitosinho.

—Ah, são seus olhos. A senhora é muito gentil.

—Espero que não seja preguiçoso que nem o seu pai. Vamos lá, traz um café com leite mesmo com um pão com manteiga.

—Só um pão com manteiga? Não quer que esquente na chapa?

—Não, obrigada. Não vou me arriscar a pegar um pão todo queimado! - reclamou ela - Seu pai era especialista nisso que eu lembro bem!

—Tá, tudo bem. Eu já volto.

Enquanto isso, Luís continuava a insistir com Samara.

—Vai desistir agora. É isso? - perguntou Luís.

—Só estou tomando coragem! - falou ela.

—Tá legal. Pode desistir se quiser - disse Luís, falando em voz baixa no ouvido dela - Mas depois não vá reclamar se ver o Luciano aos beijos com a Márcia.

—Você é muito cruel! - reclamou Samara, quase chorando.

—Vai ou não vai?

—Tá bom. Eu vou! 

Samara saiu correndo desengonçada até chegar na lanchonete e dar de cara com Luciano.

—Oi. E aí? - perguntou Luciano - Você parece cansada.

—E-E-E-Eu...ca-ca-cansada?! Imagina...que é isso?

—Sério? Então, tá.

—Espera! - gritou Samara - Você parece meio cansado, né?

—Eu? Até que nem tanto. Só tava varrendo o chão - falou Luciano.

—Não quer um gole de água? - disse Samara, entregando a garrafa para Luciano. Como ela não era transparente, não tinha como ele ver que a pílula foi dissolvida na água.

—Não, valeu. Não tô com sede.

—Te-tem certeza? - gaguejou Samara - Sabe, é bom se hidratar. Ainda mais nesse calor, né? Dizem que precisamos tomar no mínimo dois litros de água por dia.

—É, pode ser. Valeu - disse Luciano, pegando a garrafa e tomando o líquido. Ele fechou os olhos para aguenta o gosto esquisito - Eca. Que água estranha. Tem um gosto ruim…

—Ei, garoto! Vai ficar de conversinha aí mesmo? E o meu café? - gritou dona Cleide.

—Já vou - falou Luciano, se virando para dona Cleide. Mas, assim que abriu os olhos, algo de diferente aconteceu no coração dele. 

—L-Luciano? - estranhou Samara.

—Acho que...estou apaixonado! - disse ele.

—Mesmo?! - Samara já estava toda alegre, a ponto de já esperar um abraço ou beijo de Luciano, mas o resultado foi bem diferente.

—Do..dona Cleide - falou ele, chegando perto dela.

—O que foi? - perguntou ela.

—A senhora...é viúva, não é? - perguntou o garoto.

—Como é que é? - estranhou a senhorinha.

Pois é. O que podia dar errado, não é mesmo?

—E-Espera aí - falou Samara, vendo a cena desolada - O que significa isso?

—Do que você tá falando, moleque? - reclamou dona Cleide - Não devia estar preparando meu café e meu pão?

—Sim, sim, dou todo café e pão que a senhora quiser! - disse ele, segurando na mão de dona Cleide - A senhora...aceita se casar comigo?

—Quê, quê, quê, como? - estranhou ainda mais dona Cleide - Do que você tá falando, moleque? Eu tenho uma bisneta da sua idade!

—Não há idade para o amor, dona Cleide! - falou Luciano se declamando.

Samara estava desolada e saiu correndo em prantos.

—O que foi? - disse Luís, segurando a garota antes que ela passasse por ele.

—O...o...o... 

—Corta a gagueira, mulher! Fala pra fora!

—O Luciano está apaixonado!

Luís sorriu.

—Ora, então a pílula funciona! - exclamou Luís - Não podia esperar menos de um gênio como eu. E por que você tá chorando? Já sei! É felicidade por ter seu desejo realizado, não é?

—Felicidade o escambau! - gritou Samara, cada vez se soltando mais fácil perto de Luís - Vai lá ver por quem ele tá apaixonado!

Luís se aproximou da lanchonete. Samara, no fim, acabou indo também para ver se alguma coisa mudava, mas a cena era mesmo lamentável.

—Case-se comigo, dona Cleide - disse Luciano - Vou se um cantor famoso e dar tudo que a senhora merece.

—Ora, me poupe! - reclamou ela - Espera...você disse famoso?

—Sim - continuou Luciano - Tudo que eu conseguir é para a senhora!

—Bom, acho que posso pensar no seu caso - falou a velhinha, fazendo charme mexendo no cabelo.

Luís estava com uma cara enjoada e segurando para não vomitar.

—Como é que uma coisa dessas foi acontecer?

—E eu sei? O inventor aqui é você!

Será que Luciano sai dessa?


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Notas finais do capítulo

Sai sim, só espera o próximo capítulo. Até lá! :)



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