Protocolo - Bebê Desaparecido escrita por Pixel


Capítulo 6
Capítulo 6 - Desatento


Notas iniciais do capítulo

Sorry.

~~ Boa leitura



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 A sala de interrogatório era vazia de toda e qualquer decoração, cinza demais para os olhos de Peter, chegando a ser mais fria do que realmente era.

 O jovem estrava batendo os dentes em sua cadeira, tentando ignorar o metal frio que estava pressionado firmemente em seus braços. O medo tinha se instalado em seu corpo desde o momento em que ele entrou pela porta da frente da delegacia, há pelo menos 40 minutos.

 Desde então ele passou pelo exame biométrico, tiraram suas digitais deixando seus dedos sujos com a tinta preta e foi deixado algemado em uma mesa fria em uma sala fria até alguém aparecer.

 Peter tinha certeza de que eles estavam investigando as câmeras de segurança da mercearia, e sem dúvidas eles iriam descobrir o que ele estava fazendo.

 Peter estava com medo, não dos policiais ou de qualquer outra coisa que tinha nessa delegacia; ele estava com medo de Skip.

 Absolutamente nada no mundo inteiro impedia que aquela porta de metal se abrisse e um homem de cabelos grisalhos e olhos azuis, parecendo horripilantemente agradável aos olhos de todos, entrasse.

 Nada o impedia de levar Peter embora, de volta a um apartamento simples no quinto andar de um prédio simples.

 Mas Peter sabe melhor; ele sabe o que aquele sorriso e aqueles olhos escondem. É por isso que ele precisa dar o fora dessa delegacia o mais rápido possível se quiser que esse último ano valha alguma coisa.

 Ele não roubou em vão, ele não enfrentou o frio em vão, ele não chorou todas as noites após um pesadelo em vão, ele não estava salvando as pessoas de assaltos em vão, ele não estava lutando para sobreviver mais um dia em vão.

 Peter estava ridiculamente consciente da câmera de segurança logo ao seu lado. Podia sentir seu sentido aranha formigando, uma certeza de que alguém, do outro lado, estava observando.

 Ficar sozinho nessa última meia hora ajudou a sua mente a formar um plano, simples, mas que poderia funcionar. Ele só precisava que a sorte dos Parker lhe favorecesse agora, o que era praticamente impossível já que tudo na sua vida deu errado até aqui.

 Mas antes de sair da sala de interrogatório, ele precisava se livrar dessa câmera irritante. Os atiradores de teia eram extremamente necessários para isso.

 O problema era que os atiradores estavam em algum lugar dentro da sua bolsa, ambos confiscados. Peter não tinha certeza de como iria consegui-los de volta, mas ele sem dúvidas vai usar seus poderes para isso.

 Não parece ser tão complicado em sua mente, em parte porque ninguém naquele departamento de polícia o estava levando a sério. Ele era uma criança indefesa aos olhos de todos, o que, em certa escala, lhe favorecia. Eles não iriam trata-lo como uma ameaça.

 Apesar da determinação, Peter não podia deixar de sentir um nó apertado na garganta. Apenas o efeito colateral do medo que ele estava sentindo agora; mas ele ainda podia sentir aquela fagulha de adrenalina em algum lugar no seu corpo, apenas esperando o momento certo para acender.

 Se ele falhar e for pego, nada vai salva-lo do pior.

 Peter engoliu em seco, combatendo a tremedeira do seu corpo enquanto olhava de soslaio para a câmera de segurança. Ele tinha quase certeza de que, em um momento ou outro, algum policial viria falar com ele e, por consequência, trazer a sua mochila. Os atiradores estavam no bolso do lado de fora, onde frequentemente as pessoas guardam as garrafas d’água — Peter se lembra de ter visto um dos policiais, rechonchudo e parecendo extremamente mal-humorado, jogar os “relógios” lá, apenas funcionando no piloto automático.

 Ele deu um solavanco na cadeira quando a porta da sala se abriu, rangendo com o peso do metal forte. Peter estremeceu, o barulho era alto demais para seus ouvidos sensíveis.

 Um homem loiro grisalho, de olhos azuis e rugas por todo o rosto entrou na sala. Por um momento o coração de Peter saltou, querendo subir pela garganta e saltar para fora, ele se encolheu na cadeira, olhos arregalados em puro terror, mas então ele percebeu que não era Skip.

 O homem usava um uniforme era azul e branco, limpo de qualquer dobra e havia um distintivo em seu peito, deixando claro que ele era um capitão.

 Peter prendeu a respiração involuntariamente, como se o homem pudesse ler a sua mente e, por isso, sabia perfeitamente o que Peter estava tramando. Ele esperou que seu sentido aranha se manifestasse; mas isso nunca aconteceu. O capitão não parecia ser uma ameaça.

 Peter não relaxou, temendo que a qualquer momento Skip fosse entrar pela aquela porta e acabar com toda a sua liberdade.

 Por mais que o mundo e até mesmo os sons parecessem em baixo d'água para Peter, o jovem se forçou a focar no momento. Ele tentou ler o nome do capitão apenas para poder chama-lo de alguma coisa.

 George Stacy.

 — Em todos esses anos de trabalho — Peter não pode deixar de notar que o capitão parecia cansado, provavelmente cobrindo hora extra e tendo um dia no mínimo estressante.

 Ele não parecia muito animado em lidar com o caso de Peter.

 Seu coração gaguejou um pouco quando ele notou a mochila nas mãos do mais velho e seus olhos vagaram diretamente para o bolso do lado de fora, avistando os atirados como se os objetos estivessem brilhando no final de um arco-íris.

 — É a primeira vez que eu vejo um bandido tentando parar outro

 O capitão Stacy abriu a mochila e jogou todas as coisas — bolacha, barrinhas de proteínas e até as garrafas d’água — em cima da mesa. Uma garrafa rolou pela mesa de metal e quase caiu no chão, parando bem na borda; Peter acompanhou com os olhos.

 — As câmeras de segurança te deduraram garoto — O capitão disse, se sentando na cadeira livre logo na frente de Peter. Ele tinha um jeito intimidador, mas ao mesmo tempo sábio.

 Ele ficou surpreso, já esperando que algo assim iria acontecer.

 Peter não respondeu e por um momento ele não sabia para onde olhar. As coisas jogadas em cima da mesa eram um incomodo para ele, pois apenas deixavam mais claro ainda uma vergonha que ele sempre sentia, mas o insistente borbulhar em seu estômago foi um lembrete do porquê ele era obrigado a roubar.

 Falando nisso, ele ainda estava fraco e realmente, realmente, precisava de comida.

 George Stacy suspirou, abrindo uma pasta amarela e fina que Peter nem ao menos notou que o homem estava segurando.

 — Peter Benjamin Parker. 14 anos — O capitão disse com um leve tom de desdém em sua voz.

 O mais novo não pode fazer nada além de tentar encarar o olhar duro e sábio que o capitão Stacy lhe dava, quase como se estivesse julgando a sua alma.

 Ele tinha todo o direito de fazer isso.

 — Perdeu os pais adotivos em um acidente de avião. Esteve sob os cuidados de um tutor por um ano e dez meses até que fugiu em novembro do ano passado. Desaparecido desde então...

 Peter sentiu uma pontada de raiva ao ouvir sua vida sendo resumida de tal forma, como se tudo que aconteceu com ele não fosse relevante, como se ele não fosse nada — por mais que tecnicamente ele não fosse, mas seus sentimentos e a vida que ele teve certamente eram. Como se Skip não merecesse a guilhotina, como se ele fosse o vilão de sua própria história.

 Como se Peter merecesse a miséria desde o momento em que nasceu.

 Uma carranca se instalou em seu rosto, e Peter não mediu esforços para esconde-la do capitão Stacy. Ele sabia que não era um bom exemplo de pessoa, sabia que tudo em sua vida — até mesmo a bendita da picada — deu errado. Ele sabia que era uma fralde, que não tinha salvação e que ninguém poderia realmente gostar dele pelo o que ele é.

 Não precisa de um capitão bem-sucedido, com família e um teto sobre a cabeça, lhe lembrasse disso.

 — Garoto, eu não sei o que passa na sua cabeça — Ele disse, sem nenhuma pontada de remorso em sua voz, mas soando incrivelmente sábio. Peter se lembrou por um momento de Richard e isso fez seus ombros caírem, uma pontada imensa de saudade batendo em seu corpo. — Mas o caminho em que você está agora não vai te ajudar

 Peter sabia que o homem não desejava seu mal, mas ao mesmo tempo sabia que ficar sobre a guarda de algum tutor também não era o ideal. Skip era uma prova disso.

 Mesmo se não fosse Skip, quem lhe garantiria que essa pessoa fosse diferente? Céus! Com a sorte dos Parker era capaz de Peter pegar alguém pior, um sociopata talvez. Alguém que iria tranca-lo num porão por dias a fio, deixando-o sem comida e sem água.

 Não. Peter pode se virar sozinho, ele tem feito isso por um bom tempo agora.

 — Você não precisa fingir que se importa

 As palavras sairam de sua boca num reflexo involuntário, carregadas com um veneno que Peter nunca imaginou que tinha.

 Memórias da sua outra vida, quando vivia com Skip, invadiram sua mente. Ele sofreu durante um ano nas mãos daquele pedófilo, ele gritava a noite durante os abusos, pedindo por socorro, mas ninguém veio.

 Ninguém nunca veio

 Certo dia, de manhã, Peter estava indo para a escola quando passou pela sra. Torres no corredor. Eles eram vizinhos e ela era conhecida por todo o prédio como a "louca dos gatos". Mas não importa o quão insano seus olhos castanhos pudessem ser, Peter ainda viu a pena neles.

 Foi naquele dia que Peter notou uma coisa; todos eles sabiam. Todos os seus vizinhos sabiam o quão perverso Skip podia ser, mas nenhum deles fez o menor movimento para ajudá-lo. O negligenciaram.

 Peter odeia quando alguém lhe lança aquele olhar de pena, aquele que o faz perceber o quanto sua vida e suas escolhas deram errado. Ele chegou à conclusão que odeia ainda mais quando vem do capitão Stacy.

 O homem na sua frente suspirou, claramente cansado do possível dia estressante que ele estava tendo. Peter sabia que estava apenas complicando mais ainda as coisas para o capitão, mas ele não conseguia se importar com isso agora que todas essas coisas estavam acontecendo.

 — Garoto, tudo que nós fazemos é pra te ajudar — Ele disse lentamente, como se estivesse tentando explicar a uma criança como falar. — Você não tem idade pra viver nas ruas, não é o lugar ideal pra você agora.

 — É melhor do que antes... — Peter resmungou, mas o capitão Stacy não ouviu.

 — A assistente social vai chegar daqui a pouco. Acho que um centro de reabilitação é mais adequado no seu caso, mas enquanto isso por que não respon- — A porta abriu abruptamente, novamente exaltando aquele rangido alto e irritante que fez Peter estremecer.

 Uma mulher apareceu parcialmente na porta, cabelos castanhos cortados em chanel e olhos verdes arregalado. Ela usava um uniforme parecido com o do capitão Stacy, mas diferente dele não tinha nenhum distintivo sobre o peito. Ela exibia um olhar assustado e completamente abalado no rosto.

 Seus olhos repousaram sobre Peter por breves segundos, parecendo tristes, não exatamente com pena, apenas tristes. Seu sentido aranha não mostrou nada contra a mulher e ele se perguntou o que tinha feito para receber aquele olhar.

 Ah sim! Ele roubou uma mercearia, sendo hipócrita como sempre.

 — Capitão Stacy, o senhor precisa ver isso — Ela disse, sua voz tremula e cheia de sentimentos misturados. Peter não ficou desconfortável com a presença dela, mas ainda era inesperado.

 Felizmente, os adultos pareceram esquecer da sua presença quando ambos entraram numa conversa enigmática.

 Assim como uma criança, Peter apenas os observou calmamente, sentindo seu coração saltar em seu peito como uma forte metralhadora. Algo sobre tudo aquilo dizia-lhe que estavam falando sobre ele, além do mais, a policial não muito sútil com os olhares que ainda lançava em sua direção.

 — O que aconteceu? — Capitão Stacy exigiu, quase com um rosnado em sua voz.

 — O protocolo "Bebê Desaparecido" foi acionado — Ela disse, seus olhos verdes deslizando para onde Peter estava sentado, mais uma vez, arregalados.

 O garoto não pode evitar a confusão que dominou suas feições, franzindo o cenho para as duas figuras adultas na sua frente. Logo ele percebeu que o capitão Stacy também estava lhe encarando com um misto de pena e tristeza.

 Seu estômago embrulhou quando o sentido aranha começou a formigar na base do seu pescoço, deixando Peter extremamente conscientes de tudo que estava acontecendo e, de alguma forma, isso tinha haver com ele.

 — Eu já volto — O homem disse de repente, depois de alguns segundos, se levantando da cadeira de forma exasperada. Ele assustou Peter um pouco que se inclinou para trás.

 O capitão Stacy saiu da sala, fechando a porta com pressa e deixando Peter para trás, sozinho e com os atiradores logo a sua frente.

 Essa era a sua chance.

 Peter não estava pensando com clareza quando, em um movimento rápido e habilidoso, ele quebrou as algemas que estavam o prendendo na mesa. Ele foi rápido o bastante para alcançar a sua bolsa e enfiar a mão no bolso, pegando os atiradores em um piscar de olhos. Peter colocou as bugigangas no pulso, ajeitando com cuidado antes de estender discretamente a mão esquerda para a câmera e lançar uma teia para a lente.

 Seu coração já estava martelando a mil por hora em seu peito, não dava mais para voltar atrás sem revelar a sua identidade, mesmo que os policiais do Queens não se importem tanto com o Homem-Aranha. As perguntas que rondavam sua mente sobre a estranha conversa que os dois policias acabaram de ter foram completamente deixadas de lado.

 Era agora ou nunca.

Se ele ficasse, a assistente social iria manda-lo para uma casa de reabilitação, junto com milhares de adolescentes problemáticos assim como ele. Ele teria uma cama, teria um teto, teria outros adolescentes mais velhos e provavelmente mais brigões no mesmo cômodo que ele. Teria que enfrentar uma rotina e deixar tudo que ele construiu ao longo desse último ano de lado.

 Ele teria que deixar o Homem-Aranha.

 Bem... ele estava bem na rua. Com frio, mas particularmente bem.

 Peter se levantou da mesa, um movimento tão rápido que o deixou tonto por alguns segundos, fazendo-o se apoiar na mesa em busca de algum auxílio — apenas um lembrete do quão fraco ele estava —, ele logo se recuperou e catou sua mochila que ainda estava jogada em cima da mesa.

 De forma desajeitada, Peter jogou todos os pacotes de bolacha, barrinha e água de volta para dentro da mochila, jogando a mesma por cima dos ombros logo em seguida. Ele respirou fundo, tentando acalmar um pouco as batidas do seu coração e andou em direção a porta, preparado para quebrar o trinco ou algo parecido.

 Ele só não esperava que a porta fosse abrir no primeiro empurrão.

 Seja lá o que aconteceu, deixou o capitão Stacy bem avoado ao ponto de deixar a porta destrancada.

 Peter abriu a porta o suficiente para ver apenas pela fresta, dando de cara com um corredor mal iluminado e com pelo menos cinco outros policiais andando por ele. Peter recuou, engolindo em seco com uma nova onda de nervosismo tomando conta do seu corpo; ele considerou suas opções novamente.

  Ele sabia que não tinha muito tempo, e não ajudava o fato de conseguir ouvir o “tik tok” de algum relógio em algum lugar daquelas salas ao lado.

 Peter decidiu que não tinha nada a perder, sua vida já era um desastre e nada de pior podia superar o que Skip fez com ele; algo que será carregado em sua mente para sempre.

 Ele puxou o capuz do moletom para cima — o tecido áspero contra as suas orelhas — antes de se aventurar novamente no corredor.

 Ele não iria sair pela porta da frente e nem pela porta de emergência, o caminho mais fácil era uma janela, mas ele estava no primeiro andar de uma delegacia movimentada, as chances de alguém vê-lo pulando uma janela eram altas.

 Novamente, ele não tinha o que perder.

 Peter observou o corredor por um tempo até decidir que estava seguro sair. Ele se esgueirou pela porta, tão silencioso quanto possível e logo estava no meio do corredor ainda movimentado.

 Seu sentido aranha estava formigando, mas parecia que o perigo vinha de todos os lados, o deixando confuso. Peter decidiu confiar em seus instintos e andou apressadamente para o fundo do corredor.

 Ele estava bem consciente das câmeras, mas não podia fazer nada para despista-las.

 O final do corredor levava a uma única porta, mas nenhuma janela. Peter não teve tempo de se sentir triste ou desapontado, ele ainda estava extremamente ligado por causa do sentido aranha. Sem muitas opções, ele abriu a porta que tinha uma placa de identificação dizendo “Limpeza”.

 O armário do zelador era pequeno e cheio de produtos de limpeza que ocupavam todo o espaço, Peter não conseguiria dar um passo sem derrubar alguma coisa. Ele fechou a porta silenciosamente e olhou ao redor, procurando qualquer saída possível.

 Havia uma janela no topo, mas não era o tipo de janela que fez Peter se sentir esperançoso. Era uma janela basculante e não importa o quão magro e pequeno Peter fosse, ele nunca iria passar por ali sem quebrar ou entortar a armação.

 Peter encostou a parte de trás da cabeça na porta, soltando um suspiro trêmulo e cansado. Seu estômago rosnou pelo que pareceu a centésima vez na última hora e ele desejo poder comer alguma coisa sólida; qualquer coisa.

 Seus olhos vagaram novamente para a janela, a única fonte de luz do lugar. Ele podia ver o vulto da neve caindo do lado de fora, uma calmaria que qualquer outra pessoa gostaria de observar; mas Peter tinha outras coisas com que se preocupar.

 Ele respirou fundo, decidindo que não tinha nada a perder.

 Peter olhou ao redor, procurando algum espaço entre as paredes e os armários em que ele pudesse escalar sem derrubar nada no chão e causar uma enorme bagunça. Ele decidiu que o melhor caminho era pelo teto, evitando assim as vassouras, esfregões e qualquer outro objeto que estivesse ali.

 Ele escalou a parede ao lado da porta, sentindo o frio do concreto contra a ponta dos seus dedos. Peter resmungou em aborrecimento quando notou que a tinta usada no exame de digitais há muitos atrás estava deixando um rastro por onde ele tocava.

 Seu primeiro pensamento foi tentar limpar a tinta em seu moletom, mas ela não iria sair sem água e sabão. Por fim, Peter usou suas teias para enrolar as pontas dos dedos como uma espécie de luva improvisada. Ele voltou a escalar a parede e depois de longos segundo alcançou a janela.

 Não tinha como passar, ele poderia ficar preso e certamente essa não seria uma visão muito legal. Peter abriu ao máximo a janela, entortando as barras quando percebeu que tinha chegado ao limite. Ele pode ver então o movimento praticamente nulo na rua a baixo. Não tinha ninguém, nem mesmo um carro. Peter acenou em concordância, apenas um gesto para si mesmo.

 Ele tirou a mochila e a jogou pela abertura, ouvindo um baque surdo quando ela atingiu a neve. Peter foi logo em seguido.

 Ele não precisou escalar as paredes para evitar cair e se machucar, ele estava no primeiro andar da delegacia então foi uma queda rápida que seus músculos aguentaram sem pestanejar.

 Peter estremeceu com o ar frio e avassalador que tomou conta do seu corpo logo em seguida. Ele pegou a mochila e a jogou novamente por cima dos ombros, abraçando os próprios braços em busca de preservar algum tipo de calor.

 Foi inútil e ele sabia. Mas a parte boa era que ele tinha saído da delegacia, sem ser visto — tá, as câmeras o gravaram, mas Peter não se preocupou com isso, ninguém iria atrás dele mesmo.

  Olhando ao redor nas ruas que ele tanto conhecia, Peter sentiu seu estômago rosnar e seu primeiro pensamento foi comer alguma coisa, mas antes ele tinha que se afastar da delegacia e se proteger do frio. Sua “casa” estava longe agora e a caminhada podia ser torturante.

 Ele então se lembrou de um lugar seguro e que não era muito longe, por isso decidiu que era perfeito.

 Peter nunca lançou um segundo olhar para a delegacia enquanto usava todo o resto de suas forças para se afastar o mais rápido possível.


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Notas finais do capítulo

Me perdoe por qualquer erro de ortografia que tenha passado, as vezes acontece.

~~ See Ya Later



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