Protocolo - Bebê Desaparecido escrita por Pixel


Capítulo 7
Capítulo 7 - Ansiedade


Notas iniciais do capítulo

~~ Boa Leitura



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Era estranho estar no Queens. O bairro era tão, mas talvez fosse o fato das ruas estarem praticamente vazias que o fizeram estranhar as redondezas, havia somente alguns policiais e talvez algumas pessoas em uma lanchonete próxima; nada além disso. Mesmo assim ele não se importou em pousar ainda de armadura na frente do departamento de polícia local, tendo a decência de esperar a armadura se desfazer em uma maleta antes de entrar.

 Tony podia sentir seu coração batendo a um milhão de quilômetros por hora, um nervosismo e uma ansiedade que não o dominavam a anos. Era estranho ser dominado por esses sentimentos depois de tanto tempo, mas não havia nada que pudesse ser feito; Tony tinha que lidar com eles.

 Ele engoliu em seco, respirando fundo em uma tentativa de se acalmar, mesmo que isso não fizesse nada para ajudá-lo. Tony podia sentir suas mãos geladas completamente úmidas.

 Aqui estava ele, literalmente a alguns passos de encontrar com seu filho depois de onze anos — bem, quem supostamente é seu filho, mas esse é um problema que pode ser resolvido em menos de uma semana. Tony estava respirando de forma irregular, coisa que ele só notou quando se aproximou da recepção e de um policial gordinho que parecia estar bem concentrado no monitor do computador.

 O policial não o notou, mas as poucas pessoas que estavam sentadas ali na recepção sim. Elas lhe deram um olhar estranho, claramente espantadas com a presença inesperada do bilionário e herói. Tony não conseguia se importar com isso, sabendo a onde estava e o que estava prestes a acontecer.

 — Ah... Merda — Tony lutou contra uma careta quando ouviu um homem loiro, com um distintivo no peito, resmungar.

 Ele não estava muito longe da recepção, e antes de Tony chegar ele estava conversando com outros dois policiais, mas parece que a presença do bilionário chamou completamente a sua atenção. Não demorou muito e o mesmo homem andou até a sua direção, dando um último olhar e um última ordem para os outros dois policiais. Ele era claramente um capitão.

 Tony sentiu seu estômago revirar novamente, nada relacionado com a fome ou a abstinência de café que ele estava começando a sentir, quando o homem se aproximou, uma estranha atmosfera tensa caindo sobre os dois instantaneamente.

 Tony não gostou disso.

 Ele também não gostou do sorriso forçado que o homem lhe deu O tipo de sorriso que alguém dá a uma pessoa quando tem uma notícia ruim pra dizer, mas não sabe exatamente como falar.

 — Bom dia sr. Stark — O homem disse, não parecendo feliz em ver Tony, mas também se esforçando para ser educado. Tony não tinha essa obrigação, ele já estava estressado e ansioso demais para sequer pensar em seu educado.

 — Onde está ele? — Perguntou sem rodeios, fechando as mãos em punhos para conter a tremedeira que havia caído sobre seu corpo.

 Ele estava a um passo de encontrar seu filho; nada mais importa agora.

 A pergunta não deveria, mas pareceu deixar o capitão extremamente nervoso. Ele enfiou as mãos nos bolsos da calça, não ousando quebrar o olhar tenso com Tony.

 — Sobre isso... — O homem parecia cauteloso, como se estivesse avaliando suas opções. Tony se sentiu doente, nervoso e exaltado, querendo simplesmente tirar toda e qualquer informação desse homem na sua frente.

 Ainda assim, algo no fundo da sua mente, lhe dizia que alguma coisa muito ruim tinha acontecido e isso enviou um sentimento ruim para o seu corpo, quase que dissipando toda e qualquer esperança que ainda lhe restava.

 — Ouve complicações...

 Tony levantou uma sobrancelha, sentindo algo terrível na boca do seu estômago. Por um milésimo de segundo uma pequena possibilidade passou pela sua mente.

 A de que tudo isso foi apenas um mal-entendido. Ouve apenas um erro e esse garoto não era seu filho perdido. Os testes estavam errados e tudo isso, toda essa carga emocional e essa esperança, tinham sido em vão.

 Seu coração caiu e Tony sentiu a raiva florescer em seu peito como um fogo ardente. Sua parte de Playboy, bilionário e arrogante surgiu, fazendo com que ele jorrasse algumas palavras não pensadas e talvez um pouco duras demais.

 — Eu acordei hoje com a minha I.A dizendo que tinha um garoto que foi preso essa manhã, que as digitais dele combinavam com a do meu filho desaparecido há onze anos — Tony realmente tentou controlar o tom da sua voz, não sendo muito produtivo em esconder o rosnado que saiu de sua garganta involuntariamente. — O que aconteceu?

  Algumas pessoas que estavam ao redor já estavam olhando para a dupla de um jeito estranho, talvez não pela presença inesperada de Tony, mas sim pela tensão no ar. O bilionário podia até dizer que viu alguém de soslaio levantar um celular e tirar uma foto. Isso não seria uma surpresa, afinal era uma ocasião realmente rara.

 O capitão parecia bem mais incomodado com isso do que Tony, deixando claro isso no modo como ele olhou para o bilionário. Tony já estava acostumado a muito tempo com os olhares das pessoas, ele praticamente cresceu com isso, então era apenas um fato irrelevante.

 E além do mais, ele realmente não conseguia se preocupar com isso. Ele estava com raiva e com medo ao mesmo tempo, uma mistura de sentimentos que eram intensão demais para ele lidar sem surtar.

 — Podemos conversar no meu escritório? Pode ser mais fácil de explicar tudo — O capitão disse e Tony poupou um olhar rápido para o nome gravado no uniforme.

 George Stacy. Um nome normal como qualquer outro.

 Tony assentiu.

 Sem mais nenhuma palavra — provavelmente para impedir que informações fossem gravadas por algum amador — os dois homens foram para um pequeno escritório no fim de um enorme corredor.

 Capitão Stacy foi o primeiro a entrar, abrindo espaço para Tony. O bilionário simplesmente deixou a maleta no chão e se sentou na cadeira livre, realmente esperando uma explicação de tudo isso.

 Por que ele estava aqui quando podia estar abraçando seu filho? O que o capitão quis dizer com “complicações”?

 Instantaneamente Tony ficou impaciente, tentando ignorar o relógio na parede que parecia preencher o silêncio a cada segundo.

 Era irritante.

 — Seu filho... é um morador de rua — Capitão Stacy deslizou sobre a mesa uma pasta amarela fina, contendo os registros policiais de Peter-Jean. Tony a agarrou como se sua vida dependesse disso.

 E uma parte dela realmente dependia.

 Seu coração doeu em pensar que Jean estivesse passando por problemas, problemas talvez que uma criança jamais deveria enfrentar. Tony engoliu em seco ao pensar em drogas e álcool, realmente desejando que sua imaginação estivesse errada e que seu filho estivesse saudável e bem longe de problemas.

 Mesmo que ele soubesse que isso era quase impossível quando alguém vive nas ruas.

 Ele abriu a pasta, encarando a única folha presa nela, contendo algumas informações sobre a criança, completamente rasas. Isso era um indício de que Jean não tinha se envolvido com a polícia outras vezes, e isso chegou a ser um pequeno alivio.

 "Nome: Peter B. Parker

 Idade: 14 anos

 Data de Nascimentos: 26 de setembro"

 Tony zombou mentalmente da data de nascimento, uma espécie de amargura com os todos os acontecidos. Jean tinha nascido dia 10 de agosto, mas ele resolveu deixar isso de lado por agora.

 — Ele tentou impedir um assalto hoje de manhã, as câmeras de segurança gravaram tudo. Incluindo o fato de que ele também estava roubando a mesma mercearia — Capitão Stacy continuou falando enquanto os olhos de Tony deslizavam sobre a folha na sua frente, não absorvendo nenhuma informação. Ele contraiu uma sobrancelha quando identificou a raiva e indignação na voz do capitão, mas resolveu ignorar por agora.

 Seus olhos estavam focados demais no garoto na foto, a mesma que Sexta-Feira mostrou hoje de manhã só que mais nítida. Tony se viu incapaz de desviar o olhar, perdido no pensamento de que esse poderia ser seu filho.

 Esses olhos. Céus! Esses olhos. Castanhos, cansado e cheio do que parecia uma sabedoria misturada com dor. Tony sentiu vontade de chorar de novo apenas por olhar para esses olhos.

 Eles tocavam na sua alma, revirando uma parte dele que estava escondida há muitos anos, mas que ainda existia.

 — Acontece que ele também estava segurando uma arma quando os meus homens chegaram — Isso finalmente chamou a atenção de Tony, que levantou o olhar mais uma vez para o capitão, uma onda de preocupação enchendo seu corpo. — O outro assaltante disse que foi Peter quem estava roubando a mercearia, a mão armada. Como não havia provas contra isso meus homens decidiram traze-lo

 — Certo então. Mas algo me diz que não é por isso que você parece tão hesitante — Tony disse, seco e ríspido, não se importando de esconder a amargura e a ansiedade em sua voz. Capitão Stacy apenas suspirou e estendeu a mão para ligar o monitor do computador.

 — Seu filho escapou Stark — Tony demorou alguns segundos para registrar o que o capitão Stacy tinha dito, mas quando a perspectiva o alcançou, ele franziu o cenho, perdendo totalmente a sua postura superior.

 Como?

 Por quê?

 — O quê? — A decepção caiu sobre Tony, afogando toda e qualquer esperança de repente. Novamente, o universo estava brincando com ele da pior forma possível.

 O sentimento era horrível e lhe enviou um choque de realidade. Tony tremeu, deixando seu olhar cair para a mesa do escritório.

 Ele franziu os lábios, sentindo uma pontada de raiva que se alargou por todo o seu ser.

 Como um adolescente de 14 anos foge da porra de uma delegacia?

 — Não sabemos ainda como ele conseguiu, mas o seu filho é mais esperto do que parece. Ele deu um jeito de cortar a câmera da sala de interrogatório, quebrar as algemas e sair pelo armário do zelador sem chamar a atenção de ninguém. Não sabemos exatamente como, mas a janela estava torta e temos uma breve gravação dele do lado de fora da delegacia — O capitão disse e em seguida virou o monitor para que Tony pudesse ver.

 Era a imagem de uma gravação da câmera de segurança da sala de interrogatório. Tony sentiu seu coração se apertar dolorosamente quando ele viu uma pequena figura sentada em uma cadeira, parecendo ainda menor nas roupas sujas e grandes demais para ele. Ele desejou poder ver o seu rosto, mas o angulo da câmera não permitia.

 De repente, ouve um movimento brusco, e Tony pode jurar que viu o garoto magricela quebrar as algemas com apenas um movimento dos pulsos; a imagem ainda estava turva demais para ter certeza, mas Tony não ficou menos intrigado.

 Isso era uma coisa que o Cap faria, não um adolescente de 14 anos.

 Em frações de segundos o garoto se levantou, parecendo vasculhar algo dentro da mochila e logo em seguida a câmera ficou preta, mas o contador continuou rodando. Tony levantou uma sobrancelha, buscando alguma resposta lógica para o que acabou de acontecer.

 — Temos algumas imagens dele no corredor minutos depois — Capitão Stacy disse e apertou o botão esquerdo do mouse, assim a câmera mudou e agora Tony estava observando as imagens do corredor do lado de fora, o mesmo em que ele estivera há poucos minutos.

 Ele pode ver uma pequena figura — ainda menor já que o angulo da câmera mudou — agora com um capuz esfarrapado sobre a cabeça, passando como se fosse um vulto pelo corredor, evitando qualquer sala ou pessoa, quase como se soubesse perfeitamente por onde ir. A câmera mudou mais uma vez e agora mostrava de relance o garoto entrando em uma sala, mas era só isso.

 Nem mesmo um vislumbre do rosto do garoto.

 — Pelas imagens do lado de fora dá pra ver que ele foi em direção a Forest Hill, mas não temos certeza — A câmera mudou de novo e agora era uma imagem do lado de fora da delegacia, mas especificamente do estacionamento praticamente vazio. Tony observou quando uma mochila atingiu a neve bem no fundo da imagem, totalmente fora de foco, e logo em seguida uma figura completamente turva.

 Depois disso ele sumiu do alcance da câmera.

 Quando a gravação terminou, Tony se sentiu extremamente consciente de toda a situação.

 Primeiro: os policiais do Queens perderam um garoto. Ou seu filho era um gênio stealth ou os policiais de Nova York precisavam de mais treinamento. Segundo: Ele perdeu seu filho pela segunda vez antes mesmo de alcança-lo, o quão horrível isso deveria ser?

 Seja lá o que aconteceu, o resultado era o mesmo. Jean tinha, mais uma vez, escapado pelos dedos de Tony e voltado para o mundo antes mesmo que bilionário pudesse alcança-lo. O pensamento era tão doloroso que Tony se sentiu impotente, sem saber o que fazer agora.

 Ele se sentiu doente, cansado, e agora mais do nunca, determinado. Tony acabou apertando a pasta em suas mãos a ponto de amassa-la um pouco.

 Ele queria vomitar.

 — Eu sei o que está pensando. Acredite, eu também sou pai. Nós vamos encontra-lo sr. Stark — Capitão Stacy tentou suavizar as coisas, mas acabou apenas irritando Tony mais ainda. Sua voz tentava ser compreensiva, mas Tony tinha plena certeza que o homem não sabia qual era o sentimento de perder seu filho pela segunda vez.

 O bilionário franziu o cenho, respirando profundamente pelo nariz, uma tentativa fútil de comprimir todos os seus sentimentos.

 — Há quanto tempo foi isso? — Ele perguntou, colocando a pasta de volta em cima da mesa e se ajeitou na cadeira. Sua voz estava lenta, mas deixava claro a sua nova onda de determinação.

 Agora que Tony sabia da existência desse garoto, ele não iria descansar até tê-lo bem na sua frente, não importa se ele tenha que ir aos confins da Terra para isso.

 — 45 Minutos atrás — A informação não acalmou Tony, fez apenas com que ele se sentisse mais raiva ainda de si mesmo e talvez um pouquinho de Sexta-Feira por levar tudo o que ele fala a sério.

 — Certo — Tony se levantou. — Ele não pode ter ido muito longe. Você tem os exames de digitais?

 Capitão Stacy não pareceu entender exatamente o que Tony queria dizer, mas acenou mesmo assim e tirou de dentro de uma gaveta dois papeis; Tony os pegou sem rodeios.

 — Sr. Stark, meus homens já estão procurando por e-

 — Com todo o respeito capitão Stacy, não acho que eles sejam a melhor escolha agora. Seus homens deixaram um adolescente escapar do que deveria ser um departamento de polícia bem vigiado — Tony disse, não se importando de esconder o estresse e a raiva em sua voz, ele guardou ambos os papeis no bolso do casaco e pegou a maleta que ainda estava descansando no chão.

 Ele fingiu não notar a expressão ofendida que dominou o rosto do capitão Stacy.

 — Eu mesmo vou encontra-lo — Tony se virou, pronto para sair da sala, mas uma mão o impediu de avançar. Ele estreitou os olhos para o homem loiro e reprimiu um rosnado.

 — Sr. Stark, não acho que seja a melhor ideia — O homem disse, claramente tentando a todo o custo impedir o bilionário de fazer algo que não teria volta. — Ele pode se assustar se, de repente, o Homem de Ferro o estiver perseguindo

 Tony parou por um milésimo de segundo, analisando o que o capitão Stacy acabou de dizer. De fato, ele podia assusta-lo, mas os papeis em seu bolso era como um calmante. Tony iria explicar tudo e, com sorte, trazer Jean para casa — Ele tinha que parar de pensar no garoto assim, seu nome não era mais Jean e sim Peter.

 Peter Benjamin Parker.

 Seria um longo caminho para mudar isso.

 — Vou lidar com isso — Tony disse firmemente e tentou tirar a mão da sua frente, apenas para ter um corpo inteiro o impedindo de sair da sala.

 — O senhor não entendeu — Capitão Stacy disse mais aflito agora, buscando todo e qualquer motivo para impedir que Tony saísse por aquela porta.

 Mas todos sabiam que ninguém podia impedir Tony Stark de fazer alguma coisa.

 — Peter tem... problemas. A assistente social precisa lidar com ele. Entenda Stark, esse não é mais o Jean de três anos que você conheceu, Peter teve uma vida até aqui, ele passou por algumas coisas, coisas que você não sabe como o afetaram. Aparecer assim não vai ajudar em nada — As palavras do homem tinham uma certa fundação, deixando Tony levemente pensativo. Ele sabia que tinha que considerar os sentimentos do garoto, mas isso parecia tão irrelevante comparado a ideia de segura-lo em seus braços como antigamente. — E lembre-se, existe uma chance de ele não ser seu filho...

 Tony bufou para isso.

 — Uma chance de 1 por cento — Tony rosnou, contornando o capitão e indo em direção a porta. — Obrigado por toda a preocupação, mas eu vou acha-lo. Pode voltar para as suas rosquinhas

 — Vai se arrepender disso Stark. Ele não é um robô.

 — Tá bom, mas eu vou cuidar disso. Obrigado capitão Stacy — Tony fez questão de deixar o tom sarcástico claro quando ele saiu do escritório e fechou a porta, ouvindo alguns murmúrios por trás dela.

 Tony respirou fundo, resmungando algumas maldições quando seguir seu caminho para fora do departamento de polícia. Um novo objetivo em mente.

 Do lado de fora, ele não se importou em colocar a armadura no meio da calçada, ignorando os olhares assustados e impressionados que ele recebeu de um grupo de adolescente que estavam comendo fast food do outro lado da rua. Logo as luzes se acenderam e Sexta-Feira falou com ele.

 — Você o encontrou chefe? — A voz perguntou, levemente apreensiva e curiosa, soando como um ser humano de verdade. Tony bufou.

 — Não. O garoto é astuto, mas ele não pode ter ido muito longe — Tony decolou, não muito alto, apenas alto o suficiente para ter uma vista panorâmica do bairro. — Sexta-Feira, hackei todas as câmeras da região. Vamos descobrir aonde esse garoto foi

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 As ruas do Queens eram bem mais recheadas de câmeras do que Tony imaginava incialmente. A quantidade de lojas e mercearias deveria contribuir e muito para isso. Talvez essa fosse apenas uma pontada de sorte em meio a todo esse desastre e Tony não estava disposto a contrariar isso.

 Sexta-Feira não teve muita dificuldade em hackear as câmeras locais, já que o sistema era simples de invadir, nada parecido com o sistema de câmeras implantados na Torre e no Complexo.

 Tony estava levemente grato a isso.

 — Certo Sexta-feira, rebobine as gravações até 1 hora atrás — Ele disse, se referindo a uma câmera especifica que ficava apenas alguns metros da saída do departamento de polícia, dando a vista para uma rua deserta.

 A câmera era de péssima qualidade, borrada e em preto e branco, Tony precisou pousar em um terraço para conseguir analisar a gravação com mais cuidado e evitar assim perder algum detalhe importante.

 As ruas estavam praticamente vazias —graças ao inverno —, pouquíssimos carros estavam andando e nem ao menos chagava a se parecer com a movimentação normal em Nova York. Por isso, quando a figura encapuzada apareceu, não foi difícil identifica-la.

 Era sem dúvidas ele, mesmo com a qualidade péssima da gravação. Tony o reconheceu por causa do casaco preto e no mesmo instante seu coração saltou, querendo fugir pela garganta.

 Ele sumiu tão rápido quanto apareceu, fugindo do alcance da câmera.

 — Próxima câmera Sexta-Feira, combine o tempo — Tony disse inquieto. Se ele não estivesse dentro da armadura, certamente estaria batendo os pés ritmicamente em antecipação.

 A câmera mudou assim como pedido e logo em seguida Tony viu a mesma figura atravessando a rua. O garoto andava rapidamente, o que era normal já que ele estava literalmente fugindo. Tony viu ele se esgueirar pelas ruas, passando reto pelas poucas pessoas que encontrava em seu caminho.

 Tony o seguiu por 5 quadras, com auxílio das câmeras e das suposições de Sexta-Feira. Logo, o número de câmeras diminuiu, sinalizando que o garoto tinha entrado em uma área residencial do bairro.

 Ele pegou cada um dos vultos onde o garoto parecia estar, e isso o levou relativamente longe. Finalmente, o garoto parou de andar, no meio do nada.

 A gravação não estava focada nele, mas com um zoom dado por Sexta-feira, Tony pode ver que Jean — ou apenas Peter — tinha parado de andar e agora estava olhando ao redor, como se pudesse sentir que estava sendo observado. Tony o observou com esperança e ansiedade revirando no seu interior, esperando por longos segundos até que o garoto resolvesse se mexer.

 Peter —ou Jean — Parecia estar cansado, ombros caído e mesmo na péssima qualidade da câmera Tony pode notar que ele estava tremendo violentamente; não dava para ver seu rosto e isso deixou Tony um pouco. Depois do que pareceu eras, o garoto resolveu se mexer, entrando em um beco...

 E sumiu.

 Tony foi devorado por uma onda de desespero que consumiu todo o seu corpo. Ele vasculhou as câmeras na região, buscando pelo menos um vulto do garoto em algum lugar.

 Mas nem isso aconteceu.

 Ele tinha parado em algum lugar daquele beco, já que teletransporte não é uma habilidade que Tony acha que ele tem. O lugar não estava longe, e talvez Tony ainda fosse capaz de encontra-lo lá dentro.

 Ignorando Sexta-feira que estava preocupada com o subido aumento dos seus batimentos cardíacos, Tony saiu do terraço a onde estava e seguiu ao norte, para onde Jean supostamente estava.

 Seu estômago embrulhou com o pensamento de não acha-lo nunca mais, mas Tony sabia que agora que tinha alguém com grande probabilidade de seu ser filho perdido, ele iria voltar a procura-lo com todas as suas forçar.

 Nem que ele tenha que revirar Nova York de cabeça para baixo.

 Tony pousou no beco um minuto depois, olhando ao redor.

 — Vasculhe a área Sexta-feira — Ele disse, recendo dado em seu visou.

 Não havia assinatura de calor no local.

 O beco era escuro e estreito, levava a uma outra rua que Tony já tinha examinado anteriormente. Escuro e desconfortável. Tinha uma goteira — provavelmente o resultado de um cano furado — que pingava água a cada segundo, preenchendo o silêncio ensurdecedor.

 Tony levantou o visor, apenas para olhar para o beco e analisa-lo com os próprios olhos. Claro, ele confiava nos dados de Sexta-feira, mas mesmo assim sentiu a necessidade de olhar ao redor com os próprios olhos.

 Fedia a frutas podres.

 Tony não se incomodou com isso, ele ainda deu uma olhada ao redor. Haviam papelões por toda a aperte, cobertos pela neve. A marca clara de onde devia ser uma caçamba de lixo gravada no chão, mas longe de ser vista.

 Tinha um gato enrolado ao lado de uma janela no segundo andar do prédio a direita, e seu miado capitou a atenção do bilionário. Tony olhou para cima. O prédio era pequeno, com apenas cinco andares, sem escadas de incêndio e com várias rachaduras na sua construção. O gato preto parecia confortável no seu cantinho e Tony optou por apenas ignora-lo.

 O que realmente causou uma certa confusão em Tony foram as marcas de calçados na parede. Elas levavam até o terraço do prédio, evitando as janelas.

 Era, literalmente, como se alguém estivesse escalado ela.

 — O que é isso Sexta-feira? — Tony perguntou, não acreditando exatamente no que seus olhos estavam vendo.

 Não haviam lugares para se apoiar, não tinha como alguém escalar uma parede dessas e evitar as janelas ao mesmo tempo. Um pensamento estranho e maluco cutucou a cabeça de Tony.

 Talvez essas marcas fossem de Jean, mas isso significa que ele escalou uma parede.

 Tony abaixou o visor do capacete e esperou pela resposta um pouco mais lógica de Sexta-Feira.

 — São marcas de sandálias número 37 — As pegadas ficaram em destaque, deixando ainda mais claro um certo caminho percorrido direto para o terraço — Meus sistemas identificaram um certo padrão chefe. Alguém escalou com um a extrema facilidade — A pegadas ficaram azul no visor, deixando mais claro ainda o padrão delas.

 Tony engoliu em seco.

 — Alguma assinatura de calor lá em cima? — Perguntou impaciente, ainda tentando encaixar alguma cena na sua cabeça onde ele pudesse ver aquele garoto baixinho e magrelo escalando uma parede até o topo sem nenhum apoio... ou segurança.

 Sexta-Feira demorou alguns segundos para responder, causando mais uma confusão em Tony. Ele franziu os lábios, esperando que sua I.A se manifestasse.

 — Não sei... — Ela disse, soando bem confusa. — Há pequenas assinaturas de calor, mas estão fracas demais. É bom você dar uma olhada chefe

 Tony não precisou de uma segunda opinião, ele usou os propulsores para empurrá-lo para cima e logo estava no terraço. O lugar estava deserto, coberto por neve em alguns pontos.

 A fonte de calor que sexta-feira supostamente identificou, vinha de um outro gato deitado em baixo da saída do duto de ventilação.

  Ninguém estava ali.

 Com um suspiro tremulo, Tony murmurou um palavrão em voz baixa, sentindo o estresse do dia em seus ombros como uma pedra. Ele estava cansado, ansioso e desesperado, um misto de sentimentos que o deixaram com uma leve pontada na cabeça que certamente cresceria para uma enxaqueca mais tarde.

 Ele estava se deixando controlar pelas emoções, e da última vez que isso aconteceu, Tony deu seu endereço em rede nacional para um terrorista. O resultado não foi muito bom.

 Ele tinha que “esfriar a cabeça”, como Bruce diria. Era a única forma de bolar um plano completo para achar Peter a onde quer que ele esteja. Ele precisa ser logico, mas para isso ele também vai precisar de algumas canecas de café e algumas noites em claro, mas contando que no final ele ainda seja capaz de encontrar com o seu filho, certamente vale a pena.


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Notas finais do capítulo

Chegamos ao final! É, um realmente juntei dois capítulo em um para isso. Espero que tenha gostado e me perdoe por qualquer erro, isso acontece e não posso evitar.

Até amanhã!

~~ See Ya Later



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