Protocolo - Bebê Desaparecido escrita por Pixel


Capítulo 3
Capítulo 3 - A Sorte dos Parker


Notas iniciais do capítulo

~~ Boa Leitura



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 Dezembro em Nova York, para muitos é uma época de luz e felicidade. As ruas se acendiam com pisca-piscas de diversas cores, sem contar a neve que se estendia por todos os lados — até nos menos apropriados. As noites eram mais coloridas e as pessoas eram magicamente dominadas pelo tal espirito natalino. Crianças brincavam na neve, adultos eram obrigados a pegar uma pá ou jogar sal na frente de casa. Os adolescentes? Bem, a maioria deles ficavam animados com as férias de fim de ano, curtindo um aquecedor em casa e um copo de chocolate quente.

 Peter Parker não estava entre eles.

 Para o jovem aranha, essa era certamente a pior época do ano, chegando a ser torturante para seus sentidos frágeis. Um caso de vida ou morte, literalmente.

 Peter nunca gostou do inverno, nem mesmo antes da picada. Quando morava com seus pais adotivos em um pequeno apartamento no Queens — Richard e Mary Parker —, a maioria de suas lembranças era de céu claro, calor, praia e o som do mar ao longe. As lembranças eram tão rasas que poderiam facilmente serem apenas um sonho que ele teve quando pequeno, mas ainda assim ele era capaz de dizer com convicção que era verdade.

 Peter tinha a plena certeza que já sentiu a brisa do mar em sua pele.

 Uma vez, durante o jantar, quando ele tinha 9 anos, Peter perguntou a Mary se eles já tinham ido à praia alguma vez. Ele morava com o casal há apenas 4 anos, mas suas memórias eram como um borrão, difíceis de distinguir o que era real e o que era sonho. A resposta de sua mãe foi um "não" certeiro, o que deixou Peter confuso por longos minutos.

 Foi aí que ele notou que a maior parte das suas lembranças só começavam a partir dos 5 anos, aquelas em que ele tinha certeza que não foi um sonho, porque afetaram o seu dia a dia. Sua primeira lembrança era de acordar em um orfanato, cabeça latejando de dor e náuseas. Ele se lembra de estar confuso, sem saber o que estava acontecendo e por que o resto das crianças ao seu redor parecia tão agitadas; algumas chorando, outras simplesmente encolhidas num canto, afastas do resto como se estivessem com medo.

 Peter sabia que tinha algo errado quando uma enfermeira chegou perto dele apenas alguns minutos depois de ele ter acordado, um kit de primeiros socorros em mãos e uma pergunta que o confundiu pelo resto dos seus dias naquele lugar, e que ainda se arrasta na sua memória.

 — Qual é o seu nome pequenino?

 Peter simplesmente não soube responder.

 Ele sentia que estava perdendo algo, algo que ele deveria saber, mas que por algum motivo acabou se esquecendo. Ele tinha que ter um nome, todas as crianças ali tinham um nome, por que ele não? Bem... Peter nunca teve uma resposta. As demais crianças o apelidaram de "Band-Aid", tudo porque ele tinha uma bandagem em sua cabeça, cobrindo seu olho esquerdo por completo — todos os dias de noite, aquela mesma enfermeira vinha e trocava as bandagens.

 As pessoas adultas diziam que ele — e as demais crianças — tiveram sorte. Eles estavam ilesos e a salvo do que eles chamavam de “tráfego”. Só agora Peter entende por completo essa palavra.

 Depois disso, Mary e Richard chegaram, e bem, Peter se tornou Peter Benjamin Parker.

 Mary e Richard eram bons pais, Peter se lembra deles com carinho e amor, os anos que passou em sua companhia guardados a sete chaves em seu coração e em sua memória. Ambos era geneticista em Nova York, ganhavam bem — seu pai tinha até mesmo um grande projeto envolvendo cruzamento genético de espécies. Peter era fascinado por eles, pelo trabalho deles, pela vida que eles tinham e que tanto se agarrara.

 As perguntas do passado ficaram para trás, ele não se importava mais com qual era o seu verdadeiro nome; ele estava feliz, com uma mãe e um pai que gostavam dele, uma casa, um quarto e vários brinquedos. As preocupações estavam longe da sua mente.

 Mas não se poder viver feliz para sempre.

 Quando ele tinha 10 anos, veio o acidente de avião. Peter foi deixado aos cuidados de uma babá por oito dias até seus pais voltarem, esse era o plano pelo menos.

 Logo no primeiro dia, o avião em que Mary e Richard Parker estavam teve uma falha nos motores e caiu em algum lugar do atlântico. Seus corpos nunca foram recuperados.

 Peter nunca mais viu seus pais ou a sua antiga casa de novo, tudo que ele tinha era uma foto de todos eles juntos — a típica “foto em família”. Ele foi levado para o centro de assistência social do Queens, em Nova York, eram apenas as últimas lembranças da sua “outra vida”, como Peter casualmente apelidou.

 Seus parentes mais próximos — um casal de tios que ele cresceu ao redor e aprendeu a gostar — não tinham condições de cuidar de uma criança e logo foram descartados pela assistente social. Peter não se lembra de ter ficado chateado, já que ele não entendia muito bem o que estava acontecendo. Não demorou muito e ele logo estava sob a tutela de um homem grisalho de olhos azuis, parecendo demasiadamente carismático e amigável.

 Steven Westcott — ou apenas Skip, como Peter se acostumou a chama-lo — era uma cara legal. Ele comprou brinquedos e livros para Peter, o ajudou com o dever de casa, ensinou boas maneiras — céus! Ambos chegaram a jogar basquete juntos — mimando o garoto sempre que podia. Peter apreendeu a confiar no mais velho.

 Esse foi o seu erro.

 Skip era um homem cheio de segredos, as pastas estranhas em seu computador confirmavam isso. Peter tinha notado logo no primeiro dia o olhar que o homem tinha, algo estranho que o deixou instantaneamente desconfortável. Sombrio. Doentio. Mas com o passar do tempo, Peter ignorou seus instintos.

 Quando Peter completou 11 anos, Skip mudou de comportamento. Tudo aconteceu numa noite fria de inverno, Skip entrou sorrateiramente no quarto de Peter, completamente bêbado e dizendo coisas estranhas que, na época, Peter não entendeu.

 A noite que ele teve se repetiu pelo resto do ano. Não importa quantas vezes ele pedisse para Skip deixa-lo em paz, o homem não ouvia — ou não estava interessado em ouvir — e simplesmente continuava com os abusos.

 Sua vida foi de mal a pior e Peter rapidamente se encolheu de tudo e de todos, se afastando de amigos e de oportunidades.

 Até que a oportunidade veio até ele.

 Foi em uma excursão da escola que tudo mudou.

 A Oscorp era um lugar interessante — Peter se lembra vagamente sobre seu pai trabalhando na Oscorp —, principalmente para alguém que se interessava pela bioquímica assim como Peter — foi uma das coisas que ele aprendeu a amar por causa de Richard —, logo, Peter se viu apaixonado e encantado por cada uma das pesquisas que seu grupo passava.

 Ele estava apenas observando algumas aranhas geneticamente modificadas quando tudo aconteceu. Foi tão rápido, quase que Peter perdeu. Uma pequena aranha, colorida nas cores vermelha e azul rastejou pelo seu antebraço até chegar em seus dedos; Peter não foi rápido suficiente para espanta-la, em menos de um segundo a aranha tinha mordido sua mão e caído no chão com um movimento brusco.

 Os dias que se seguiram foram os mais estranhos da sua vida.

 Por causa de seu ataque de febre, ânsia, vomito, dor, dor e dor, Skip o deixou em paz por três dias, antes dos abusos voltarem a acontecer. Nesse meio tempo, Peter notou algumas mudanças.

 A mais visível foram o abdômen sarado que, de repente, um pré-adolescente de 12 anos ainda em formação desenvolveu. Depois, ele notou que podia escalar as paredes — tanto que ele passou a ler de cabeça para baixo, uma posição estranhamente confortável —, logo em seguida, veio o ataque de sensores aprimorados, visão, audições, sensibilidade, tudo. Ele foi magicamente curado da miopia e agora nem precisava mais usar óculos.

 Peter também ficou sensível demais a tudo.

 Uma das suas novas habilidades que ele mais teve que lidar durantes os próximos 5 meses em que viveu com Skip foi o que ele apelidou carinhosamente de "sentido aranha".

 Toda vez que ele estava no mesmo cômodo que Skip, seu sentido aranha ficava zunindo, aumentando toda vez que o homem se aproximava, como se estivesse gritando desesperadamente “PERIGO! ”. Se tornou tão comum que Peter quase se acostumou com ele.

 Quase.

 Um dia, ele não pode mais lidar com tudo aquilo. Peter estava quebrado, sem esperanças de uma vida melhor. Ele não podia ir a uma delegacia e denunciar Skip — o homem iria mata-lo se o fizesse —, a vida naquele pequeno apartamento se tornou insuportável.

 Em meio tudo aquilo, Peter decidiu que ele podia fazer uma coisa.

 Logo, a bioquímica não era apenas o que ele gostava, logo Peter desenvolveu um certo talento para a engenharia. Foi quando ele criou seus primeiros atiradores de teia, reciclando um par de relógios velhos e uma mistura pegajosa que ele descobriu na sala experimental de química.

 Todo o caos com o Ultron e os Vingadores ainda estava esfriando no mundo quando Peter colocou uma máscara vermelha sobre o rosto e começou a pular de prédio em prédio salvando as pessoas de assaltos e agressões.

 As pessoas na internet passaram a chama-lo de “Homem-Aranha” e Peter gostou.

 Ele se sentia estranhamente realizado quando conseguia salvar uma pessoa de um estrupo ou algo parecido, como se estivesse fazendo algo que ninguém nunca fez por ele.

 Em uma noite fria de outono ele decidiu que, se ninguém pudesse salva-lo, então ele se salvaria.

 Foi com os atiradores no pulso, um moletom preto por cima de uma camiseta de lá grossa, um par de calças surradas, meias, um tênis desgastado, uma mochila cheia de bolachas, garrafas d'água, barrinha de proteína, um saco cheio de suprimentos de teia e uma foto desgastada no bolso que Peter pulou pela janela do 5 andar e decidiu melhorar de vida, deixando o medo, o trauma e as memórias obscuras no apartamento junto de Skip.

 A polícia nem sequer procurou por ele.

 Ele, por sua vez, tomou isso como uma vantagem.

 Peter conheceu pessoas nas ruas, pessoas más, mas também pessoas boas, necessitadas, que precisavam de ajuda.

 Ele conheceu pessoas gentis, como Michelle, que trabalhava em uns dos abrigos que Peter frequentemente aparecia em casos extremos. Tinha também o Phlipe, que andava pra cima e pra baixo no Queens vendendo bugigangas que sempre o ajudaram muito com os atiradores e outras coisas.

 Também tinha aqueles que eram suspeitos, como John e seus amigos; um pequeno grupo de jovens adultos que acionaram seu sentido aranha desde o primeiro momento que Peter os conheceu; Carl era um velhote estranho que lembrava Peter de Skip, por isso ele manteve distância.

 A vida nas ruas era complicada, difícil. Foi necessário que Peter quebrasse seus conceitos para poder sobreviver, mas ele continuou como Homem-Aranha e perseverou. Ele estava apenas lutando para sobreviver, chegar ao dia de amanhã vivo. Claro, ele tinha a “sorte dos Parker” nas costas, mas nada que um pouco de otimismo não compensasse.

 Ele ainda era Peter Parker. Educado, tímido, esperançoso, capaz de ajudar qualquer um com ou sem a máscara vermelha que se tornou rapidamente parte da sua vida e parte do seu ser. Peter nunca esqueceu o que Richard e Mary lhe ensinaram, seus pais ficaram na sua memória para sempre, em bons e maus momentos, eles eram a única coisa que lhe dava forças.

 — Com grandes poderes veem grandes responsabilidades ele ouviu uma vez seu tio Ben dizer quando seus pais estavam visitando ele e sua tia. Uma pequena frase, mas que marcou Peter, principalmente pela forma como o homem disse.

 Agora que ele era o Homem-Aranha, essa frase fazia bem mais sentido do que antes. Para nunca se perder, para nunca cair nas coisas erradas e ser influenciado pelo ambiente a sua volta, Peter chegou a escrever essa frase atrás da foto que sempre estava em seu bolso. Quando John ou Marie ofereciam algum cigarro para ele, era nessa frase e nessa foto que Peter encontrava as forças necessárias para negar.

 Era somente por isso que ele ainda estava de pé.

 Há um ano Peter vive nas ruas e essa é a segunda vez que ele tem que lidar com o inverno Nova-iorquino. No ano passado, ele quase morreu de hipotermia quatro vezes — a única coisa que o salvou foi um aquecedor velho e supostamente quebrado que o sr. Delmar parou de usar em sua loja; o pobre senhor teve sua conta de luz aumentada durante os próximos três meses e nem sabia o porquê.

 Peter sofria bem mais com o frio do que os demais moradores de ruas, isso porque a picada da aranha também trouxe algumas consequências. Ele não sabia exatamente quais, mas a tremedeira e sensibilidade ao frio era uma delas.

 Basicamente, Peter pode congelar até a morte a qualquer momento, sem que ninguém a não ser Michelle notasse a sua falta. Não é como se ela fosse procura-lo.

 Felizmente, haviam alguns edifícios que estavam caindo aos pedaços em uma área afastada no Queen. Foi aí que Peter se instalou, ficando sempre junto aos demais moradores de rua.

 Geralmente, Peter nunca fica em seu “apartamento”, ele passa a maior parte do dia com a máscara vermelha perambulando pela cidade a fim de parar pequenos crimes. Mas agora chegou o inverno, e seu único refúgio é um prédio velho trancado e que ninguém além dele consegue entrar. Peter se esconde lá dentro enrolado em dois cobertores velhos e rasgados, tremendo e rezando para conseguir passar mais uma noite vivo.

 Hoje é um dia particularmente frio, e é apenas a segunda nevada do ano. O velho prédio está congelando, sem um aquecedor, o lugar parece apenas algo oco no meio de tantos outros prédios, rangendo com o vento a cada cinco segundos. É possível ouvir durante a noite os ratos andando pra lá e pra cá, mas Peter parou de se importar com eles há muito tempo.

 Provavelmente são apenas 7 da manhã quando Peter acorda, envolvido por um frio enorme que penetra suas roupas mesmo com a proteção das cobertas. Suas mãos estão geladas e o jovem não pode sentir os dedos dos pés — nem mesmo os quatro pares de meias são capazes de manter o pouco de calor que lhe resta a salvo.

 A primeira coisa que Peter vê quando abre os olhos são os piscas-piscas que ele criou iluminando a sala tão vazia e sem vida. Eles alternam entre roxo, verde, azul e vermelho, um leve toque de decoração apenas para tornar os seus dias menos cinza. A bateria provavelmente não vai durar muito mais tempo, mas Peter se encontra feliz por estar longe de sua antiga vida.

 Fugir foi a melhor escolha que ele já poderia ter feito, não importa quantas vezes ele quase morra de hipotermia.

 Por quase vinte minutos, Peter se permite ficar ali, enrolado no canto do quarto quase completamente vazio, com apenas algumas caixas abandonadas do outro lado e uma mesa de escritório que ele literalmente encontrou no lixo. Logo, Peter sente seu estômago roncar de fome, enviando uma queimação desagradável por todo seu corpo. Ele suspira tristemente quando percebe que não pode mais ficar ali, encolhido no canto.

 O frio envolve seu corpo como um cobertor desagradável, infiltrando por suas roupas sujas e frágeis. O casaco de lã parece bem maior do que quando Peter fugiu, caindo por seus ombros e torço. Ele tinha perdido muito peso e não passava de um garoto baixinho e magricela. Por cima dele, Peter está vestindo outros três casacos, todos eles encontrando em abrigos para moradores de rua.

 Por fim, há o moletom velho e agora surrado, o mesmo que ele estava usando quando fugiu. Peter vestia tantas camadas de roupa que parecia um burrito ambulante. Ainda assim, suas duas calças não faziam muito para protege-lo do frio. As meias rasgadas também falhavam nesse quesito.

 Nem mesmo os dedos das mãos estravam protegidos. As luvas eram praticamente inúteis.

 Peter estremeceu.

 Essa era a única coisa que ele sentia saudade na sua antiga vida, estar quente e confortável. Com toda essa neve e frio, sair como Homem-Aranha é inaceitável; ele vai morrer antes mesmo que consiga salvar uma pessoa.

 — Você sabia — Peter começou a dizer para o ursinho de pelúcia largado em cima da mesa de escritório, rasgado e sem um dos olhos. Em momentos como esse, ele era o único companheiro de Peter. Falar com ele era como ter certeza de que Peter não sucumbiria à loucura. — Que as aranhas hibernam

 Peter fez um esforço para colocar os pés em uma sandália que era duas vezes o número dele, mas que por causa das meias acabou servindo direitinho.

 — Mas o Peter Parker não pode hibernar

 Ele abriu sua mochila e tirou a máscara vermelha do Homem-Aranha de dentro — se alguma coisa acontecesse, seu segredo estava seguro; além do mais, Peter não planejava sair como Homem-Aranha tão cedo com esse frio — jogou a sua antiga mochila por cima das costas, sentindo a agora familiar sensação de formigamento e queimação no estômago. Sua eterna companheira.

 Seu estoque tinha acabado na noite anterior, e graças ao seu metabolismo acelerado Peter tem que comer mais do que um ser humano normal.

 Quando se mora nas ruas, só tem uma forma de conseguir comida — principalmente a quantidade que Peter precisa diariamente para não morrer—; roubando.

 O pensamento, mesmo depois de tanto tempo, ainda causava um nó em seu estômago, mas Peter não tinha outra opção — pelo menos não por agora. Ainda assim, o pensamento de roubar era doentio e apenas servia a ele para lembra-lo da sua hipocrisia.

 Não é como se ele não tivesse tentado arranjar um emprego, acontece que ninguém quer ter um funcionário que passa a noite nas ruas e demora pelo menos uma semana para tomar um banho descente. As pessoas não gostam nem de passar ao lado de um desabrigado na rua, quem dera trabalhar com um.

 — Por mais que eu queira — Peter olhou para ambas as suas mãos, analisando os atiradores de teias agora sujos e prestes a pifar a qualquer segundo. O fluido de teia estava acabando e Peter não tinha a menor ideia de como iria conseguir mais.

 Logo no segundo mês em que viveu nas ruas, ele chegou à conclusão de nunca usar seus poderes para roubar — ele era melhor do que isso, ele podia ser melhor do que isso. Por isso teias, super força, agilidade e qualquer outra coisa em seu corpo que tenha sido causada pela mordida da aranha radioativa deve ser esquecida, a menos em situações arriscadas.

 — Não demoro. Se eu demorar é porque morri — Peter disse para o ursinho de pelúcia e andou lentamente até a janela, coberta pelo que restou de uma camisa velha.

 Ele empurrou o pano de lado e foi logo de cara recebido por um vento gélido e desconfortável. Peter piscou algumas vezes, ignorando o frio avassalador, se inclinou para frente e deu uma olhada nas ruas a baixo. Como o esperado, ninguém era louco o suficiente para sair nas ruas com esse frio. Por isso, Peter abriu espaço e subiu na janela, descendo pela lateral do prédio lentamente.

 O frio dificultava cada um dos seus movimentos, deixando-o lento. Os dedos dos pés e das mãos eram os que mais sofriam com tudo isso, ficando dormentes em questão de segundos.

 Quando seus pés alcançaram a neve fofa em baixo, Peter gemeu e levantou o capuz do moletom, tentando futilmente proteger as suas orelhas do frio.

 Ele tinha que conseguir comida logo, se não quisesse congelar até a morte.


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Notas finais do capítulo

~~ See Ya Later



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