Razões para viver escrita por J S Dumont


Capítulo 6
Capitulo 6 - W&C Winter


Notas iniciais do capítulo

Olá gente, voltei!!! Desculpa a demora, mas eu estava em época de provas, e estava dificil conciliar tudo, mas já voltei, e agora tentarei att mais rápido, tá ai mais um cap. espero que gostem e peço que não deixem de comentar,bgs bgs e até o próximo!



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6. W&C Winter

Quem vê meus olhos, não sabe as lagrimas que derramei,

Quem vê meus pés não sabe os espinhos que pisei,

Se ouvir minha voz não sabe as vezes que eu me calei, para não sofrer...

Só de fechar os meus olhos e pensar em meu passado, era fácil de concluir que eu nunca tive uma vida fácil, mas é como muitos dizem: ás vezes nós precisamos conhecer ás trevas para conseguirmos alcançar a luz. E a vida fez com que eu cresse que isso é a mais pura verdade, pois ainda por mais terrível que a vida possa ter sido comigo em algumas ocasiões, eu ainda consegui tirar grandes lições dela, e acreditem foram elas que me levantaram e que me tornaram o que eu sou agora.

Uma das lições da vida, a que considero mais importante foi que não podemos desistir do que queremos. Nunca, em nenhum momento e nem um instante, eu aprendi que se você tem um sonho você precisa protegê-lo, guardá-lo como se fosse o seu bem mais precioso. Eu sei que pode parecer uma fantasia para muitos, mas eu tinha também os meus sonhos, um deles era que eu não queria ser um vendedor de carros ou de impressoras para o resto de minha vida. Eu queria pensar maior, ver algo a mais, algo maior, talvez algo que ninguém tenha visto ainda, mas que eu conseguia ver, mesmo que esse sonho ainda esteja tão longe.

Mas claro que sempre tem os utensílios no meio do caminho, quando se quer algo, parece que sempre tem uma força maior com a intenção de tentar nos impedir de chegarmos lá. E em alguns momentos parece que sempre tem alguém para aparecer e querer destruir o seu sonho, no meu caso a seguinte frase: “você não vai conseguir” é a que mais escutei em toda a minha vida, tanto em minha infância, como também em meu presente. Sim, o pior, e por ironia do destino, essa frase é até mesmo soltada pela pessoa que na verdade deveria me apoiar. Madge.

Mas por um lado, eu até a entendia. Só de olhá-la eu conseguia ver em sua expressão uma aparência de cansada, e ás vezes eu desconfiava de que parte desse cansaço tinha a ver com a nossa relação.

— Bom dia meu amor! – falei, entrando no quarto, e abraçando Madge por trás, querendo ter pelo menos alguns momentos com ela, já que desde que ela acordou, ela não parecia ter feito muita questão de falar comigo, e alguém claro, tinha que tentar, e se não era ela esse alguém teria que ser eu.

Ela estava se olhando no espelho, dando os últimos retoques para ir para o trabalho, dei um beijo em seu rosto, então ela logo se virou e me olhou.

— Você pode levar e trazer o Jack da escola? – ela me perguntou. – Eu acho que terei que fazer hora extra!

— De novo? – perguntei, ela então me encarou com as sobrancelhas arqueadas.

— Temos contas a pagar, elas não vão esperar você conseguir vender uma impressora... – ela disse, e depois se afastou, foi até o seu guarda-roupa, abriu a primeira gaveta e pegou um par de brincos dentro do porta-jóias.

— Eu sei, mas você pode esperar mais uma semana não pode? – perguntei, então ela se virou para mim e me olhou, enquanto começava a colocar os brincos. – Olha para os seus olhos, você não dorme direito amor, trabalhar tanto não faz bem, você também anda muito estressada e...

— Você sabe o porquê eu estou estressada! – ela me interrompeu falando num tom, que logo eu senti como se ela tivesse jogando a responsabilidade para cima de mim. – Você acha que gosto de trabalhar tanto? Você fala como se eu tivesse outra opção! – ela me acusou.

— Mas, como eu disse, ainda estamos no meio do mês, vendendo uma eu posso pagar o aluguel, espera mais uma semana...

— Peeta, você não tem certeza se alguém vai querer comprar esse trambolho! – ela falou, agora fechando o guarda roupa. E eu tive a impressão de que ela parecia mais nervosa do que antes. – Não é como vender carros, você já percebeu isso, não é?

— Eu sei, mas eu vou procurar um emprego melhor... – eu disse, suspirando e me olhando agora no espelho, arrumei a gola da minha camisa, enquanto completava. – De novo...

— Um emprego melhor Peeta? Eu nem sei se posso chamar isso que você faz de emprego! – ela retrucou, e irritada pegou a bolsa na cama e saiu do quarto, eu suspirei e então sai caminhando atrás dela.

— Amor... – eu comecei a seguindo. Vi ela dar um beijo na cabeça de Jack que agora estava agachado, fechando a mochila dele.

— Mamãe te ama está bem, tenha um bom dia! – ela falou para ele e depois se levantou e continuou caminhando, eu tive que apressar os meus passos para alcançá-la.

— Amor, não vamos sair hoje brigados, por favor! Eu acabo pensando nisso o dia inteiro... – falei para ela, ela então se virou e me encarou com um olhar sério.

 - Isso não é uma briga Peeta! – ela falou.

— Como não? Você está chateada comigo, eu vejo isso nos seus olhos... – falei, olhando-a fixamente.

— Eu não sei se a palavra chateada é a mais correta Peeta, eu não digo que estou chateada! – ela respondeu.

— Ah e então é o que? Decepção? Está decepcionada comigo? Ah então me desculpe por estar desempregado, me desculpe por não ter nascido em um berço de ouro... – eu falei, e ela então cruzou os braços e me encarou com um olhar sério. – Você acha que eu não queria estar dando uma vida melhor para vocês dois? – meus olhos encheram-se de lágrimas só de pensar no assunto, mas os dela continuaram iguais. – Você acha que é fácil para um homem estar passando por isso? Ver você dar tão duro assim e ainda olhar para mim e achar que não vou conseguir nada, não Madge, não está sendo fácil, e eu tento te ajudar ou conversar com você, te dar uma força, mas parece que você não quer, e as coisas não deveriam ser assim, nós somos parceiros, não deveríamos estar discutindo por isso, você não acha? - eu não dei tempo para que ela respondesse, logo completei. Deveríamos estar dando força um ao outro, quer dizer, é o que eu estou tentando no mínimo fazer...

Madge ficou calada por alguns segundos, apenas me olhando, até que então suspirou e finalmente me respondeu:

— Sabe qual é seu problema Peeta? Você sonha de mais! – ela disse e depois discordou algo com a cabeça. – E eu cansei de viver de sonhos, e eu acho que isso está meio que se tornando um muro grande que acaba separando a gente...

— Madge... – eu tentei começar.

— Vocês estão brigando de novo? – Jack perguntou entrando na sala e nos interrompendo, então pararmos de discutir, para virar e olhar para ele.

— Não meu amor, eu já estou indo trabalhar, só estava me despedindo do seu pai... – ela disse, suspirando. – Bom, até de noite! – ela disse, olhou-me com um olhar sério por alguns segundos e depois deu as costas e fora embora. Eu fiquei a observando, até ela fechar a porta, depois suspirei e fui em direção ao sofá, me sentei nele e passei as mãos em meus cabelos. Notei que Jack estava olhando para mim.

— A mãe te deixou triste não é? – Jack perguntou se aproximando de mim, eu sorri para ele forçadamente.

— Não se preocupe com isso meu filho! – falei para ele.

— Vocês estavam brigando... De novo! – ele disse, se sentando ao meu lado. – Por que gente grande perde tanto tempo gritando um com outro?

Olhei para ele por alguns segundos, sem saber o certo o que responder.

— Não sei... – falei, enquanto pensava. – Eu acho que simplesmente os adultos não conseguem ver a vida de uma forma tão simples como vocês vê! – respondi, ele sorriu para mim, e eu passei a mão na cabeça dele, bagunçando o seu cabelo, o fazendo dar risada. - Que tal a gente terminar de se arrumar para você ir para escola? – perguntei para ele.

— Eu não gosto da escola nas terças-feiras, tem educação física! – ele falou, e depois se levantou do sofá e foi para o banheiro. Franzi as sobrancelhas, fiquei o observando se afastar de mim, depois me levantei do sofá e o segui.

— Qual o problema da educação física? – perguntei, parando na porta do banheiro, fiquei observando Jack arrumar os seus cabelos, os penteando para baixo, ele me olhou com um olhar sério. – Pensei que seu único problema era a matemática!

— Era... Mas eu não sou bom no basquete, e um monte de meninos são e... – ele suspirou. – Eu sou muito ruim! – ele acrescentou, desapontado.

— Você não tem que ser bom em todos os esportes! Tem uns que você vai se dá melhor e outros não... – eu disse.

— Eu queria ser bom no basquete! – ele falou, pegando a pasta de dente e colocando um pouco em sua escova, fiquei o observando escovar os dentes.

Depois de pensar por alguns segundos, eu disse a ele:

— Se você quer ser bom no basquete, o teu pai pode resolver isso para você, eu jogava bastante quando morava no orfanato, eu posso te ensinar... – eu falei, Jack lavou rapidamente a boca, secou e depois olhou para mim.

— Você era bom em basquete? – Jack perguntou, parecia agora um pouco mais animado.

— Faz um bom tempo que não jogo, mas acho que é como andar de bicicleta, nunca esquece... – falei.

— Mas a gente não tem uma bola! – ele se lembrou, se virando e vindo na minha direção.

Eu sorri para ele.

— Não se preocupe! – eu disse, e me agachei na frente dele, trocamos sorrisos. – Papai vai vender uma impressora e vai comprar a bola de basquete para o seu aniversário, pensa que esqueci? – perguntei, e ele sorrindo discordou com a cabeça.

— Você nunca esquece papai! – ele me deu um abraço, eu suspirei e o correspondi.

— Papai vai vender... Eu prometo! – falei, fechando os meus olhos por alguns segundos, eu queria muito dar essa bola de basquete a ele, mas confesso que eu fiquei preocupado com essa minha promessa.

***

Como quase todos os dias eu levei Jack para a escola, e logo depois eu fui até o apartamento de Haymitch, toquei a campainha duas vezes, até ele abrir a porta para mim e antes mesmo dele poder até me dizer “oi”, ele colocou um lenço de papel que segurava na boca e começou a tossir compulsivamente.

Eu franzi as sobrancelhas, enquanto entrava e fechava a porta.

— Haymitch, está tudo bem? – perguntei para ele, ele me olhou e guardou o lenço de papel no bolso de sua calça.

— Sim, eu acho que eu estou gripado! – ele falou com uma voz fraca, depois se sentou no sofá, ele pegou os seus óculos da mesa de centro e o colocou no rosto. Eu suspirei e então me sentei no sofá á frente.

— Deve ser o pó daqui, Haymitch você precisa de alguém para limpar essa casa, você não tem como cuidar de tudo sozinho... – eu falei.

— Ah filho, você sabe que tudo ficou mais difícil para mim depois que perdi Eugene, é como ter perdido uma parte de mim... –ele falou, suspirando. Embora Haymitch fosse muito forte, eu sabia que ainda ele se abalava quando pensava na morte de Eugene, também eles viveram uma vida juntos.

— Não fica assim Haymitch, deixa que eu vou dar uma geral aqui dentro! – eu falei me levantando do sofá.

— Não meu filho, você precisa vender a impressora, tem muitas contas para pagar... – ele disse.

— Eu sei, eu preciso mais do que nunca agora vender alguma coisa... – falei e comecei a caminhar em direção a lavanderia de Haymitch, peguei uma vassoura e uma pá.

— Você está tendo brigas de novo com Madge? – ouvi Haymitch perguntar, num tom alto para que eu escutasse.

Voltei para sala e comecei a varrer, soltei um suspiro enquanto pensava na pequena discussão que tive com Madge durante a manhã.

— Nunca parou Haymitch, desde que fiquei desempregado o que nós mais fazemos é brigar, mas é como dizem, não são todos os casais que superam momentos difíceis juntos!

— Se não supera, não existe amor suficiente meu filho... – Haymitch falou, pensei por alguns segundos enquanto continuava a varrer.

Pode ser que não exista amor o suficiente por parte dela, afinal amor é sinônimo de companheirismo, e a palavra companheirismo parece não existir em nossa relação já algum tempo.

— Eu não queria que nossa relação desmoronasse... Eu queria resolver isso sabe? Ainda tem o Jack, e eu prometi comprar uma bola de basquete para ele e eu que quero comprar, por isso preciso vender essa impressora...

— Ah sim! – ele disse, e logo depois tossiu novamente. Abanou o ar a sua frente, e então sorriu. – Está chegando o aniversário dele... – ele então suspirou. – Meu filho, você já tentou vender alguma impressora na W&C Winter?

— O que é isso? – perguntei, terminando de varrer e começando a jogar a sujeira dentro da pá.

— Uma corretora de valores, ela é grande e pode ser que tenha interesse na compra... Eu vi na internet, e vi que ela não é muito longe daqui, espera! – ele levantou, e foi até a sua mesa de jantar e lá ele pegou um pedaço de papel ali de cima, depois se aproximou de mim, e me entregou. – Vai hoje até lá, pode ser sua chance... – ele disse, sorrindo eu olhei para o papel e vi que era o endereço, eu olhei para Haymitch e concordei com a cabeça.

***

Realmente a W&C Winter era perto de casa, dava para ir a pé, mas claro, também não era apenas dez minutos de caminhada, era bem mais e tudo ainda ficava mais difícil quando você está carregando uma sacola com uma impressora dentro, de inicio ela não atrapalha, mas com o passar dos minutos ela começa a incomodar. Logo comecei a pensar que deveria ter sido melhor ter ido até a empresa de ônibus.

Cheguei ao endereço indicado e deparei-me com um enorme prédio, ali pessoas bem vestidas entravam e saiam do prédio a todo segundo, vi um carro de luxo preto parando bem em frente a tal empresa, eu não sabia qual era a marca, mas só de olhá-lo dava para ver que custava uma fortuna.

Fiquei observando a porta do carro se abrir e um homem bem vestido descer dali de dentro, com uma maleta em suas mãos.

— Hei, me desculpe te incomodar, mas essa aqui é a W&C Winter? – perguntei para ele.

— Sim, isso mesmo, eu trabalho ai! –ele falou.

— Você é gerente? – eu perguntei.

— Não, eu sou um corretor! – ele disse, sorrindo para mim.

Olhei para o carro dele, e logo pensei: uau, um corretor pode ganhar tudo isso!

— Você está querendo trabalhar aqui, é isso? – ele perguntou, me fazendo acordar dos meus pensamentos e olhá-lo.

— Na verdade eu quero vender uma impressora... – falei erguendo a sacola para mostrar para ele.

— Ah sim! – ele disse. – Então é só entrar! – ele acrescentou e começou a subir as escadas em direção ao prédio. Eu fui o seguindo.

— Posso? – perguntei.

— Claro! Eu te mostro com quem você tem que falar... Ah nem me apresentei, meu nome é Jonas Wright e o seu?

— Peeta Mellark... – respondi, e então entramos no prédio.

Ali era muito grande, só de olhar a minha volta dava para ver o quanto o local era chique, porém eu tentei disfarçar o quanto o local me impressionou. Eu arrumei a gola de minha camisa, enquanto sentia-me levemente nervoso. Afinal, ali era a minha esperança de conseguir vender a impressora e cumprir a promessa a Jack, de lhe dar uma bola de basquete de presente de aniversario.

Fui seguindo Jonas, entramos no elevador e o vi apertar o terceiro andar, o elevador subiu e descemos no andar indicado, ali havia apenas um corredor, com algumas portas e ao lado delas vi que tinha uma espécie de mecanismo de identificação, Jonas já foi se aproximando da primeira porta, e tirou do seu bolso o seu crachá, passando no mecanismo, fazendo com que a porta se destrancasse. Paramos em frente á porta, e então olhei para ele.

— Se eu entrar ai não vai dar problemas para você? – perguntei para ele.

— Vou saber agora! – ele disse, e olhou lá para dentro, o vi fazendo uma espécie de sinal como se estivesse chamando alguém, não demorou muito para uma mulher de cabelos pretos até os ombros, olhos escuros, estatura alta, magra, vestida com uma bela saia e blusa social saísse da sala para falar com Jonas.

— Algum problema Jonas? – ela perguntou, olhando diretamente para ele.

— Não, é que ele quer falar com você! – Jonas falou, então a mulher olhou para mim pela primeira vez, ela me olhou com os lábios entreabertos, e desceu o seu olhar e subiu logo em seguida. – É Peeta Mellark, um vendedor! Peeta, essa é Johanna Mason, é chefe do departamento de compras, ela é a pessoa certa para te atender... – ele falou.

Eu sorri para ela levemente, e ela correspondeu imediatamente o meu sorriso. Fora então que eu respirei fundo, ela parecia ser uma moça simpática, talvez não seja tão difícil assim vender a impressora para ela.

Continua...


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