Razões para viver escrita por J S Dumont


Capítulo 4
Capitulo 4 - Best Friend


Notas iniciais do capítulo

Olá gente, voltei!!! Mais um cap. emocionante de "Razões para viver" para vocês, espero que gostem e não deixe de comentar, ainda mais porque esse encerra essa primeira fase da história, e começaremos uma nova fase, vocês entenderão quando lerem, comentem, favoritem também, beijos!!!



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4. Best Friend

Era estranho ver alguém chorando por mim, mas eu sabia que talvez eu achasse isso estranho, pelo fato de eu nunca ter visto isso acontecer antes. No máximo que eu vi até hoje eram pessoas me olhando com olhares de pena, isso acontecia mais quando eu saia de casa para dar uma volta, vestindo as roupas velhas que eu tenho, devo confessar que a maior parte delas me deixava parecendo um garoto de rua, e provavelmente era por isso que eu era cercado com esses tipos de olhares.

Mas Katniss era realmente uma bela de uma amiga, ela parecia mesmo se preocupar comigo, mas eu ainda não tinha certeza se isso era realmente bom, principalmente depois de ter visto a atitude de minha mãe apenas por me ver conversando com ela, eu não queria que ela a maltratasse novamente, ou pior, ela fizesse com ela o mesmo que faz comigo.

Só que antes de puder pensar melhor no assunto, Katniss me levou escondido para o seu quarto, aproveitando o momento em que sua mãe estava na cozinha, eu fiquei um pouco receoso com essa ideia de Katniss, afinal Effie era muito gentil comigo, e a ultima coisa que eu queria, era que ela ficasse chateada por estarmos fazendo coisas escondido dela.

— Katniss... Você acha uma boa ideia eu entrar aqui sem sua mãe saber? – perguntei, enquanto era puxado por ela para dentro do quarto, a vi espiar o corredor, antes de fechar a porta e olhar novamente para mim.

— Está com medo do que? Da gente se agarrar aqui dentro e minha mãe flagrar tudo? – ela perguntou num tom brincalhão, e aquilo me deixou levemente envergonhado. Eu nunca havia beijado uma garota, na verdade essas coisas nem passavam muito por minha cabeça, também, antes de Katniss eu não acreditava muito que uma garota iria querer ser minha amiga, e muito menos que iria querer me beijar. – É brincadeira seu bobo, não precisa ficar roxo! – ela completou, conseguindo ainda me deixar mais envergonhado.

— É... Eu sei! – eu disse, me atrapalhando nas palavras, e ela novamente riu.

— Senta ai seu bobo! – ela falou, me puxando para se sentar na cama dela.

Suspirei e então olhei a minha volta, observando o quanto o quarto dela era legal, ele era limpo, bem arrumado, muito diferente do meu, eu até tentava organizar ele, mas as paredes bem pintadas, um piso legal e uma colcha nova, já fazia uma grande diferença, além do mais a cama dela era bem mais macia do que a minha.

Foi então que enquanto eu pensava, eu de repente senti o meu braço arder, a dor me fez me lembrar novamente dele, e do fato que eu havia o machucado. Eu gemi, enquanto colocava a mão em meu braço.

— O que tem ai? – ela perguntou se aproximando de mim, e se ajoelhando bem na minha frente, os seus olhos pararam no braço da qual eu segurava.

— Eu o bati... – falei.

— Sozinho ou foi sua mãe que fez isso? – ela perguntou agora olhando para mim e então eu desviei os olhos para o chão. – Eu sabia! – ela disse, e então começou a puxar minha camiseta para cima. Eu estranhei.

— O que você está fazendo? – perguntei.

— Eu quero ver o machucado, ué! – ela falou, e só quando tirei a camiseta que eu pude ver que estava saindo sangue, não muito, mas só então pude ver que havia batido forte mesmo o braço e até mesmo o havia ralado. – Como isso aconteceu? – ela perguntou.

— Foi na hora que a minha mãe estava brigando comigo e eu cai para trás... – eu disse. Katniss suspirou e depois se levantou.

— Espera ai, eu já venho! – ela disse, saindo do quarto.

Eu não entendi aonde ela havia ido e isso me deixou um pouco nervoso, principalmente porque fiquei com medo de ela ter saído do quarto para chamar a mãe dela e mostrar o meu machucado dizendo que isso aconteceu por culpa da minha mãe. Ao pensar nessa possibilidade, eu fiquei extremamente envergonhado, os meus olhos até mesmo marejaram e fiquei pensando no quanto era terrível as pessoas sentirem pena de mim. Torci mentalmente para que eu estivesse errado e que quando novamente a porta se abrisse eu somente visse Katniss.

E quando finalmente escutei o barulho da porta se abrindo e novamente eu a vi, porém sozinha, eu suspirei aliviado, ainda bem que eu estava errado e que Effie não estava com ela. Katniss novamente entrou no quarto e agora carregando consigo um pano molhado.

— O que é isso? – perguntei.

— Água... Para limpar o sangue! – ela falou e depois novamente se aproximou de mim. Eu fiz uma careta logo quando a vi se agachar na minha frente e se aproximar com o pano, quando ela o colocou em cima do meu machucado, eu gemi levemente, pois ardeu mais.

— Por que você está fazendo tudo isso por mim? – perguntei, depois soltei um gemido de dor. Katniss continuou passando o pano em cima do machucado, e então ela sorriu para mim, os seus olhos lindos brilharam, e me fez até mesmo sorrir também. Como eu gostava dos olhos dela.

— Você é meu amigo! – ela disse, em seguida suspirou, levantou-se e se sentou ao meu lado. – E eu não abandono os meus amigos...

Coloquei a minha mão em cima da de Katniss, e apertei-a levemente, olhei o rosto dela por mais alguns segundos, naquele momento meu coração disparou de uma forma estranha e senti algo estranho se remexer dentro do meu estomago. Logo comecei a me perguntar se aquilo seria aquele papo de “borboletas no estomago” que todo mundo fala que você sente quando está apaixonado...

Ela sorriu para mim, enquanto colocava uma mecha do seu cabelo atrás da orelha.

— Eu quero te dar uma coisa... –ela falou após alguns segundos em silencio, eu franzi as sobrancelhas, enquanto a olhava sem entender.

— O que? – perguntei.

Katniss se levantou da cama, colocando o pano no chão, depois foi até o seu guarda roupa, e fiquei observando ela abrir a primeira gaveta, ela tirou uma pequena caixa dali de dentro, a abriu e então tirou uma corrente prateada, logo que a vi notei que tinha um pingente de coração cortado pela metade.

— Eu comprei uma para você e uma para mim... – ela disse, pegando mais a outra corrente, com um pingente parecido, ele era a outra metade do coração.

Ela me deu uma, eu observei o coração e vi que dentro dele estava escrito Best, enquanto o dela estava escrito Friend.

— É o símbolo da nossa amizade! – ela falou sorridente, observei aquele coração por alguns segundos e depois olhei para ela, com os olhos marejando, nunca ninguém havia me dado um presente.

— É... Bonito! – eu disse, e estranhamente meu coração apertou e senti uma lágrima cair dos meus olhos, eu fiquei um tanto envergonhado por derramá-la, tentei desviar o olhar, enquanto tirava a lágrima com o dedo.

— Por que você está chorando? – ela me perguntou.

— Porque você é uma pessoa boa! – falei, ela sorriu e então abriu á corrente, e se aproximou para colocá-la em mim.

— Então você não deveria chorar e sim ficar feliz, por que ser uma pessoa boa é bom, não é? – ela disse, sorrindo. Naquele momento eu me senti um idiota, porque aquilo era verdade.

Assim que ela fechou a corrente no meu pescoço, ouvimos o grito de Effie chamando Katniss, e passos dela se aproximando, Katniss levantou-se rapidamente e me olhou com os olhos arregalados.

—Droga! Se esconde, vai... – ela disse, eu me levantei, olhei em volta do quarto, até que tive a ideia de me jogar no chão e rolar para debaixo da cama, foi o tempo certo da porta se abrir e Effie entrar no quarto, escutei então os passos dela se aproximando.

— Minha filha, o jantar está pronto, você não quer comer? – ela perguntou.

— Daqui a pouco mãe! – ouvi Katniss responder.

— Está tudo bem com você? – ouvi a mãe de Katniss perguntar.

— S-S-Sim... Por quê? – ela perguntou.

— Você me parece nervosa, está aprontando, não está? – ela disse num tom desconfiado.

— Não, claro que não, está tudo bem, eu já vou está bem? – ela disse.

— Está bem, está bem, eu estou te esperando então! – ela disse, então escutei novos passos e o barulho da porta se fechando, só então pude suspirar aliviado, enquanto saia do meu esconderijo.

— Bom, eu vou comer e vou fazer um lanchinho para você, está bem? Vê se me espera no quarto! – ela disse, depois pegou a corrente dela na cama e começou a tentar colocá-la, quando vi que ela estava com dificuldade me aproximei para ajudá-la.

Assim que fechei a corrente no pescoço dela, eu a olhei por alguns segundos, e então sorrimos um para o outro, e novamente me senti desconcertado com a aproximação. Rapidamente lhe dei um beijo no rosto, para em seguida me afastar, vi que Katniss continuou sorrindo, enquanto ainda me encarava.

— É melhor eu ir embora, não quero lhe causar problemas... – eu falei.

— Quem disse que você está causando problemas? – ela falou, suspirando. – Fica aqui que vou lhe trazer algo para comer... – ela falou, antes de se virar e sair do quarto, eu fiquei a observando fechar a porta, depois voltei a sentar na cama dela e suspirei.

***

Não sei quanto tempo demorou para Katniss voltar, pois enquanto a esperava eu acabei pegando num sono e perdendo a noção do tempo, eu sei que enquanto dormia eu acabei tendo um pesadelo, pois os gritos de minha mãe ficou rodando por minha cabeça, ela me fazia xingamentos, dizendo para eu ficar longe de Katniss, da qual ela chamava de “rampeira”. Quando eu senti a mão de Katniss tocar em meu braço, eu acordei, e sentei na cama assustado, fora então que a olhei com os olhos arregalados.

— Você está bem? – ela perguntou, vi que ela segurava uma bandeja em sua mão, em cima da bandeja tinha um lanche, com alface, tomate e queijo e um suco de laranja.

— Sim, eu acho que tive um pesadelo... – eu falei. Não me recordava direito dele, somente me lembrava das vozes de minha mãe me xingando e xingando Katniss.

— Bom, então come para esquecer, eu vou trancar a porta, para a minha mãe não aparecer de surpresa, eu avisei a ela que iria dormir, mas por via das duvidas, mães sempre gostam de espionar... – ela disse me entregando a bandeja, depois fiquei a observando ela ir até a porta para trancá-la.

— Se fosse a minha você poderia ficar sossegada, a coisa mais difícil é ela tirar a bunda do sofá, acho que se ela foi três vezes no meu quarto esse ano foi muito... – eu disse, enquanto dava uma mordida no lanche, era estranho falar disso com alguém, mas até que me fazia me sentir melhor.

Katniss me olhou com as sobrancelhas franzidas.

— Você me parece ser um filho até melhor do que eu sabia? – ela comentou, se aproximando e se sentando na cama ao meu lado. – Já ouvi falar da frase: Ele não merece o pai que tem, mas no seu caso é o contrário, os seus pais que não te merecem...

Eu sorri para ela, e assim que engoli um pedaço de pão, eu dei alguns goles de suco e comecei então a pensar na realidade que havia esquecido já há alguns minutos. Assim que voltei para o meu presente, eu comecei a me preocupar com o fato de que mais cedo ou mais tarde eu terei que voltar para minha casa, e eu já sabia que quando eu chegasse, as coisas seriam feias, e só de pensar nisso, eu quis adiar esse momento mais um pouco.

— Bom é melhor você esperar minha mãe ir dormir, para ir embora... – ela falou, eu concordei com a cabeça, até achando isso melhor.

Assim que terminei de comer, ela pegou a bandeja e o copo e levou até a cômoda, colocando em cima dela, depois deitou na sua cama, ao meu lado. Virei á cabeça para olhá-la e nos olhamos por alguns segundos, depois suspiramos juntos, e viramos o corpo um em direção ao outro.

— Eu não queria que você voltasse para aquela casa... – ela disse, e então eu olhei para baixo. – Se pudesse eu queria que você vivesse aqui para sempre...

— É, mas não somos irmãos para eu morar aqui! – falei, e então a olhei, percebi que ela sorria.

— Ainda bem... – ela disse, e naquele momento eu não entendi.

— Por que? – eu perguntei meio confuso.

— Porque se fosse, eu não iria poder fazer isso! – ela disse, então colocou a mão no meu rosto e se aproximou, encostando os lábios nela nos meus, meu coração no mesmo instante disparou muito forte, e senti novamente algo diferente no meu estomago. Era tão intenso, e ao mesmo tempo tão esquisito, que até mesmo abri os olhos, me sentindo assustado.

O beijo havia sido de leve, resumido apenas num encostar de lábios, mas ao mesmo tempo era tão significativo, era tão emocionante, ainda mais por ser o primeiro, Katniss se afastou e a olhei, sorrindo feito um idiota, ela também sorria, mas com certeza com uma expressão melhor do que a minha no rosto.

Não consegui falar nada, mas Katniss pareceu não se importar, apenas me deu um abraço e encostou a cabeça no meu ombro, fechando os seus olhos, e então eu fiquei ali, com medo de até me mexer e acabar incomodando-a.

Aquele momento eu senti que estava sendo o melhor de toda minha vida até agora, eu me sentia bem em estar ali, numa casa de verdade, com alguém que parecia se importar comigo de verdade. Então fiquei até mesmo confuso, não sabia se continuava ali, com Katniss, ou se levantava e ia embora, para minha casa, para minha dura e cruel realidade.

Naquela duvida até mesmo acabei pegando novamente num sono, e quando acordei, acordei novamente assustado, mas dessa vez eu não me lembrava de nada, nem mesmo se havia tido um pesadelo.

Katniss estava ainda com a cabeça em meu ombro, mas seus braços não estavam mais em volta do meu corpo, então afastei a cabeça dela com cuidado para não acordá-la, respirei fundo antes de me levantar, e pegar minha camiseta que ainda estava caída na cama, a vesti, e voltei a olhar para Katniss que ainda dormia num sono profundo.

Pensei em acordá-la para me despedir, mas no outro momento achei melhor não incomodá-la, fiquei pensando que logo poderia falar com ela na escola, sem ao menos imaginar que isso acabaria não sendo possível, fiquei ali a olhando por mais alguns segundos, sem saber que aquele era a ultima vez que eu estava a vendo, por um bom tempo.

***

Abri a porta do quarto de Katniss com cuidado, e olhei para os dois lados do corredor, dei um suspiro aliviado ao ver que tudo estava vazio, quieto e escuro, indicando que provavelmente a mãe dela já havia dormido.

Andei pela ponta dos pés pelo corredor, desci a escadaria devagar, fui olhando para os lados com cuidado, por estar com medo de eu estar errado e Effie estar por ali, em vez de estar no seu quarto.

Por sorte eu não a encontrei em nenhum lugar, então parei os meus olhos na janela da sala de estar, tive a ideia de usá-la para ir embora, em vez de usar a porta, afinal, se a destrancasse e saísse, a porta ficaria aberta a noite inteira e eu tinha a consciência de quanto isso seria perigoso.

Então, abri a janela e a pulei, ela era baixa, o que não deu muito trabalho para pulá-la, tive mais trabalho só para fechá-la, antes de me virar e ir embora, infelizmente em direção de minha casa.

***

Cheguei em casa com o coração batendo forte, com a respiração ofegante devido o cansaço de tanto correr, por um momento eu fiquei receoso e com medo de entrar em casa, minhas mãos até tremeram, enquanto eu colocava a mão na maçaneta e forçava para tentar entrar, mas para minha surpresa a porta estava trancada. 

— Mãe, mãe, abre a porta! – eu pedi, batendo na porta, porém ela não me respondeu, com certeza por estar brava comigo. – Mãe, é sério, está frio aqui fora, vai abre a porta!  - pedi, mas novamente nada, totalmente silencioso, ela novamente não me respondeu. Continuei chamando, chamando e chamando.

Até que teve um momento que cansei de ficar insistindo em bater e chamar, acabei, por fim, decidindo sentar no chão, em frente á porta, encostei minhas costas nela e me encolhi, abraçando as minhas próprias pernas. Senti vontade de chorar, mas preferi engolir o choro, sentindo algo bem doloroso passar pela minha garganta, fora algo quase impossível de engolir.

Fechei os olhos, sentindo o pêlo do meu corpo se arrepiar, a noite estava ficando mais fria, e meu corpo começou a tremer, abracei-me com mais força, como se assim eu conseguisse me proteger do frio. Mas estava difícil, e por um momento até pensei em me levantar dali e voltar para a casa de Katniss. Me arrependendo amargamente até mesmo de ter me levantado daquela cama macia. Eu poderia estar lá agora ao lado dela, mas eu estava sem coragem até mesmo de me levantar do chão. Se voltasse eu corria o risco de ser flagrado pela mãe dela.

E então agora eu estava ali, sozinho, naquele frio, fora de casa.

Chamei minha mãe mais três vezes, mas nada, ela não me respondia. Esgotado, eu acabei dormindo por ali mesmo, cansado, com dores no corpo, com frio e chamando por minha mãe.

***

Acordei assustado e sentindo meu corpo todo gelado, parecia tão gelado, mas tanto, que até mesmo o senti doer intensamente ao me mover, eu pisquei algumas vezes enquanto me dava conta de que o dia já havia amanhecido.

Passei a mão nos meus braços, sentindo o quanto estava gelado, foi só eu me mover, para sentir algo doer dentro de mim, e eu começar a tossir, tossir compulsivamente.

Tive dificuldade para me levantar, senti tudo girar e me segurei na porta, enquanto ainda tossia, bati novamente nela e gritei: mãe, mãe!

Mas nada, novamente a porta não se abriu.

Pensei que não poderia ficar mais ali, afinal, eu já estava sentindo-me péssimo e isso já estava me preocupando. A única pessoa que pensei naquele momento foi em Katniss, enquanto tossia fui me afastando da casa, comecei a caminhar pela rua, enquanto ainda minha cabeça girava, pensei novamente em ir para casa de Katniss, no desespero de ter pelo menos um lugar quente para me aquecer.

Eu não tinha noção do tempo, só sabia que o dia havia amanhecido, nem sabia se Katniss estaria em casa ou se ela já teria ido para a escola, mas se a mãe dela tivesse pelo menos eu poderia entrar, fiquei pensando no que falaria para ela, com certeza eu ficaria envergonhado. Mas naquele momento eu não conseguia raciocinar direito, fui seguindo meu instinto e apenas fui indo.

Fui caminhando e estava há poucas quadras da escola, quando minha visão fora dando falhas, e começou a escurecer, minha tosse aumentou, meu corpo doía tanto que estava difícil de ficar em pé, senti-me cambalear, eu tinha que atravessar a rua, e fora isso que fiz tão tonto que nem olhei direito para os lados, só sei que minha visão novamente falhou no meio do caminho, ao mesmo tempo em que um barulho muito alto de pneu invadiu o meu ouvido, e de antes escuro, agora a luz invadiu os meus olhos. Até mesmo doeu antes de sentir algo bater em meu corpo, tão forte que o senti voar para trás, e o impacto de minha cabeça batendo no chão fora a ultima coisa que senti, antes de perder totalmente a consciência.

***

AGORA

São Francisco – Califórnia

Acordei assustado, passei a mão na testa, sentindo o suor escorrer, olhei para os lados, percebendo que meu coração disparava acelerado.  Mais uma vez eu havia tido um pesadelo, mas como isso era frequente, não fora algo que me surpreendeu tanto. Eu levantei da cama e continuei olhando em volta do quarto.

— Madge? – chamei, ao perceber que ela não estava por ali. Mas ela não me respondeu, suspirei pensando que devo ter dormido demais e ela já deveria estar na cozinha.

Eu me aproximei do guarda-roupa e abri a gaveta para tirar uma camisa lá de dentro para vestir, porém só foi eu puxá-la que acabei sem querer derrubando algo que só fui me dar conta do que era quando olhei para o chão.

A minha pequena caixa cinza agora estava aberta e as coisas de dentro estavam espalhadas por todo o chão. Eram algumas correntes minha, mais o meu relógio, alguns aneis, e também outra corrente prateada, essa chamou minha atenção, pois eu não reparava nela já algum tempo.

Só foi eu olhá-la, que algo veio em minha mente, tão real, tão perfeito, como se o que eu estivesse lembrando fosse algo que aconteceu ontem.

Eu me agachei e peguei a corrente do chão, levantei lentamente enquanto olhava o pingente de coração, não pude deixar de sorrir, enquanto pensava que havia até mesmo me esquecido que havia guardado aquela corrente ali dentro, era a única coisa que eu tinha do meu passado, a única coisa que me sobrou dele, não que eu tivesse mais coisas para guardar com carinho, afinal, aquilo era a única coisa boa da qual eu podia me lembrar.

— Katniss... – falei para mim mesmo, eu ainda me lembrava daquele rosto infantil, todo branco, olhos cor de chocolate e cabelos escuros. Eles me acompanharam por todos aqueles anos, a imagem era tão perfeita, que não parecia fazer mais de uma década que eu a vi pela ultima vez.

Continua...


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