Camelot, uma história escrita por MeuNomeéElio


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

No capítulo anterior:
"Senti alguém me segurar e levantar minha cabeça. A raiva crescia em mim de um jeito que nunca senti antes. Finalmente, a tortura acabou e percebi que estava nos braços de Gwain, e ele gritando com a mulher. Ainda não podia ouvi-lo muito bem."



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—O QUE VOCÊ FEZ COM ELA???? Becca, você está sangrando.

—O que acabou de acontecer?

Eu ainda estava muito tonta, o salão estava virando na minha mente. 

—Então era a pequenina aí a tal feiticeira.

Agora meus sentidos estava começando a voltar. Estava recuperando o controle do meu corpo, mente e da minha magia. Tento entender minha situação: estou no chão com Gwain me segurando e limpando meu sangue na orelha, Lance e Arthur parados ao nosso lado. Arthur tinha uma expressão.....que eu não posso lidar agora. Não tenho forças para isso agora. 

—Lance, a taça -Arthur disse, se virando para a mulher

Lance sai correndo em direção a taça, mas a bruxa foi mais rápida. Ela fez um rápido movimento com o braço e Lance foi jogado para o outro lado do salão, batendo as costas na parede.

—Sério Pendragon? 

—Lance LANCE -Arthur estava perdendo a compostura de novo.

—Gwain, vai ajudar Arthur -imporei, rolando para o lado.

—Becca, você não pode....

—VAI -gritei com ele.

Estava sentindo uma onda forte de raiva inexplicável. Pude sentir que Lance ainda respira bem e, não sei como, não quebrou nada. 

—Como iremos pegar? -Gwain perguntou ao rei, se colocando ao seu lado.

—É só vir -A mulher estava intrigando a briga.

Eles não poderiam enfrenta-la. Eu vim para essa missão justamente para protegê-los de algo assim. E é isso o que eu vou fazer.

Comecei a me levantar, tentando desesperadamente pensar em um plano de fuga. Foi aí que senti minha magia viva de novo, ainda mais forte. Minhas mãos estavam com as palmas virada para baixo. Eu podia sentir a energia fluindo no solo, a força que tinha. No meu inconsciente algo estava se formando. Pude perceber o que era só quando grandes raízes saíram do chão e se contorceram no ar, ao redor da mulher. Com a minha mente eu estava conduzindo as raízes para prender a bruxa. Ela tentou resistir, mas consegui imobiliza-la, deixando as raízes bem apertada. Com outras raízes peguei a taça e o apito. 

—Você acha que assim pode me deter? -ela tinha razão, somente segura-la não ia adiantar, ela ainda podia fazer magia. -Vamos, você é mais esperta que isso. Afinal, você é uma bruxa. 

—Eu não sou nenhuma bruxa -a raiva voltou ainda mais forte. Já estava de pé quando todos os móveis no salão voaram para a nossa direção. Rapidamente, fiz um movimento com os dois braços e os móveis voaram na direção oposta. Arthur e Gwain estava assustados entre eu e a mulher presa. Com um movimento de cabeça fiz a taça e o apito chegarem na mão de Arthur, que pegou, confuso. 

—Impressionante menina. Diga-me, se não é bruxa então é feiticeira. 

Eu a encarava com raiva e estava começando a ficar com medo de mim mesma. 

—Não, precisa ser algo mais puro. -ela estava tentando me analisar naquele momento. -Já sei....Avalon. É isso, você é uma puritana de Avalon. 

Eu sentia a respiração da mulher, eu podia esmaga-la só com a força do pensamento....mas aí eu cruzaria uma linha tênue entre minha sanidade e a magia negra. 

Então, levantei meus braços e em seguida baixei-os com força. O resultado foi a mulher, toda enrolada nas raízes, ser conduzida para baixo, para a terra e para muito dentro do chão. 

—Temos....que sair....daqui -eu comecei a caminhar, mas não tive forças. Cabalei e cai. 

Fui acudida por Gwain, que passou meu braço pelo seu pescoço e me levantou. Arthur acordou Lance e saíramos correndo para fora do castelo. Passamos pelo jardim sem olhar para trás. Chegamos onde estavam os cavalos.

—Não podemos parar.... -Lance ofegante se apoiando em Arthur.

—Tudo bem, ela está bem..... -falei, apontando para baixo. 

O espaço estava virando de novo. Estava perdendo o equilíbrio. Não consegui me controlar. A última coisa que me lembro foi alguém gritar meu nome e eu apaguei. 

 

Acordei, assustada, em um chão gelado. Estávamos na floresta e já era noite. Estava apoiada em uma árvore e na minha frente tinha uma fogueira. Arthur estava na minha frente, depois da fogueira. Gwain estava no meu lado e Lance estava ao lado de Arthur.

—Becca, tá tudo bem. Estamos bem. -Gwain tentando me acalmar 

Ficou um silêncio constrangedor enquanto eu balançava a cabeça positivamente. Arthur estava me olhando como se eu fosse o inimigo. Uma expressão de raiva e desapontamento. Não tinha nada de bom no olhar dele e de Lance. O único que conseguia me olhar bem era Gwain.

—Acho que você deve uma explicação. -falou Arthur com muita calma.

—Eu sei, eu sei -mas por onde começar? Eu já estava chorando.

Ficou outro silêncio horrível. Eu não conseguia falar. Não fazia ideia por onde começar. Tinha tanta coisa passando pela minha cabeça, Arthur com aquela expressão..... Eu estava destruída. Tinha raiva dentro de mim que eu não conhecia. Como poderia falar?

—Becca.... -Gwain segurou minha mão com tanta delicadeza que perdi o equilíbrio.

—Você é uma..... -Começou Arthur com receio de pronunciar bruxa ou feiticeira

—Eu sou uma sacerdotisa. -E comecei a contar minha história, bem resumido. Achei melhor eles fazerem as perguntas.

Depois que eu finalizei, os meninos estavam claramente absorvendo as informações. Arthur mudou sua expressão para uma de dor. Quando percebi que a causa sou eu, desabei de chorar de novo. 

—Por que você fugiu de casa? -Lance perguntou, hesitando

—Minha mãe.... Se tornou uma bruxa e.....queimou a aldeia inteira. 

Aquele silêncio horrível de novo. Sinto o corpo inteiro de Gwain estremecer. Não tenho coragem para olhá-lo e em olhar os outros. Supreendentemente, Gwain aperta com força minha mão.

—E seu pai? -Gwain pergunta carinhosamente.

—Eu não sei quem é. Sou fruto do Grande Casamento.....

—O que é isso? -Arthur perguntou com desprezo. Várias outras lágrima rolam no meu rosto.

—É um ritual importante em Avalon. é quando...o que vocês chamam de consumação depois do casamento cristão, mas sem a parte da cerimônia do casório. 

—Mas você falou que todas.....sacerdotisa passam por isso e aí você falou que fugiu disso. Então você não é uma.....sacerdotisa. -Disse Lance

—O QUE VOCÊ EH? -Arthur explode. Ele me olha com tanto ódio. -Você mentiu todos esses anos.

—Arthur, por favor. -desesperada chorando -Eu sou uma sacerdotisa, tenho todo o treinamento. Não fazer o Grande Casamento não me tira o que eu sou, a minha formação. Eu não menti em mais nada.

Mais um silêncio. 

—O que exatamente é Avalon? -Pergunta Gwain com delicadeza.

—É a terra sagrada dos druidas. Fica separada dessa floresta. É atrás das brumas e só alguém com magia boa consegue encontrar. 

—Por que você nunca me contou? -Agora era Arthur quem estava chorando.

—Você acha que eu não tentei? Mas a cada dia que eu criava coragem em falar, seu pai fazia uma execução de bruxas ou sacerdotes. Algumas delas eram como eu. -Minha voz estava alterada, estava quase gritando com ele. 

—Todas que morreram era praticante clara de magia....

—TEM UMA DIFERENÇA -explodi. Vinha uma onda de raiva em mim. Estava me dominado. Torci meu pescoço como uma forma de não olhar para Arthur e controlar minha raiva. Respirei fundo. -Assim como existem homens maus e homens bons sem magia, existem homens bons e homens maus com magia. 

—Eu acho que todos precisam descansar. -Gwain disse com calma, ainda segurando minha mão.

—É só olhar nos olhos -eu disse me levantando e virando para Arthur -Já ouviu a frase "os olhos são as portas da alma"? Tem origem druida. É só olhar nos olhos de cada pessoa com magia e ver....a cor. -Olhei diretamente para Arthur. Mesmo que naquele momento não dava para ver a cor dos meus olhos, eu queria mostrar. -Se é vermelho.... Bruxa. Qualquer outra cor.....feiticeira, sacerdote....boa. 

Arthur ficou me encarando com uma expressão dividida entre dor e compaixão. Gwain me segurou e me conduziu para o outro lado da árvore que me apoiava. Ele era o único que estava lá, comigo. 

—Por que você está comigo? -Perguntei

Ele respira fundo

—Acho.....eu não sei. É você Becca. Eu entendo. Agora tenta dormir.

Sorri para ele. Sabia que não ia conseguir dormir, mas virei e fechei os olhos. Desejei que tudo isso fosse um sonho horrível.


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