Razões e Mistérios escrita por Day_siqueira


Capítulo 6
Dia Cheio


Notas iniciais do capítulo

Esse é extendido!
rsrs



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Pov Bella

 

Na manhã seguinte, acordei com os olhos inchados. Tinha sonhado com o Damon matando meu padrinho, depois Edward me salvava matando o Dam. Depois de matar o Damon, o Edward do meu sonho, me vira as costas e vai embora. Foi, provavelmente, nessa hora que eu comecei a chorar.

Irritada por ser tão boba, me arrumei, ajeitei a comida da Brida, e desci pra tomar café. Fiz um mingau de aveia pra mim, igual o que eu costumava comer em Hogwarts, e me senti melhor. Charlie olhou desconfiado pra minha comida e pegou uma caixa que tinha um monte de bonequinhos dentro, despejou em uma vasilha, colocou leite em cima e começou a comer. Eca.

 

-Pai? – falei com uma voz mansa.

 

-Sim, Bella? – ele olhou desconfiado.

 

-Hum, só queria te dizer que eu vou pra Seattle no próximo Sábado... tudo bem? – eu não precisava de permissão, pois eu já tinha 17 e era maior de idade. Mas achei educado perguntar. Claro que chamá-lo de pai era pra persuadi-lo.

 

-Por quê? – ele estava curioso.

 

-Bom, eu queria ir pegar alguns livros, a biblioteca daqui é bem limitada, e talvez algumas roupas. – falei.

 

-Essa caminhonete provavelmente não faz uma milhagem muito boa com a gasolina.

 

-Eu sei, eu vou parar em Montesano e Olympia, e Tacoma se precisar. –disse mostrando que tinha pesquisado o mapa da região. Ele se mostrou surpreso.

 

-Você vai sozinha?

 

 -Sim.

 

-Seattle é uma cidade grande, você pode se perder. - ele disse.

 

-Pai, Londres é mil vezes maior que Seattle, e eu sei ler um mapa, não se preocupe.

 

-Você quer que eu vá com você?

 

-Está tudo bem pai. Eu provavelmente estarei em provadores o dia inteiro, muito chato.

–torci pra minha psicologia reversa dar certo.

 

-Oh, OK. O pensamento de passar o dia inteiro sentado em lojas de roupas de mulher o acalmou imediatamente.

 

-Obrigada.

 

-Você vai estar de volta á tempo pro baile?

 

-Não Charlie, eu não gosto de bailes.

 

Grrr. Como ele sabe disso? Revirei os olhos. Cidade pequena. Ele sentiu a raiva em minha voz e não tocou mais no assunto.

 

Eu estacionei no estacionamento, deliberadamente, o mais distante possível do Volvo prateado. Eu não queria admitir mais estava com medo. É claro que ele não estava interessado em mim, eu pensei com raiva. Eu não era interessante. E ele era. Interessante... e brilhante...e misterioso...e perfeito...e lindo... Mas eu não queria ouvir isso dele.

Saindo da cabine, eu deixei as chaves caírem numa poça aos meus pés. Enquanto eu me abaixava para apanhá-las, uma mão branca pegou-as num flash antes que eu pudesse tentar. Edward Cullen estava bem na minha frente, encostado casualmente na minha caminhonete.

 

-Como você faz isso? – droga, como eu posso ser tão desligada. Meus pais ficariam desapontados.

 

-Faz o que? - ele me passou as chaves enquanto falava. Quando eu ia apanhá-las ele jogou elas na palma da minha mão.

 

-Aparece do nada.

 

-Bella, não é culpa minha que você não é particularmente observadora, e depois...você sabe como.

Eu olhei para o seu rosto perfeito. Ele estava tenso. Pensei em algo pra mudar de assunto.

 

-Porque aquela pataquada no tráfego ontem? Eu pensei que você devia estar me ignorando e não me irritando até a morte. – ele se acalmou.

 

-Aquilo foi pro bem de Tyler, não pro meu. Eu tinha que dar uma chance a ele.

 

-Você... – ele estava se divertindo, mas seus olhos ainda estavam preocupados.

 

-Eu não estou fingindo que você não existe. – me lembrei de que ele estava me vigiando ontem e joguei outra.

 

-Então você está tentando me irritar até a morte? Já que Tyler não conseguiu terminar o trabalho? –a raiva transpareceu em seus olhos. Epa.

 

-Bella, você é muito absurda. Eu estou tentando te matar? Acho que o Damon é que está tentando. -ele disse, sua voz baixa estava fria. Eu o olhei com fúria e andei o ignorando. Como ele ousa dizer que o Damon é perigoso, quando foi ele quem invadiu minha casa?

 

-Espere. -ele chamou. Eu continuei andando, caminhando furiosamente pela chuva.

 

Continuei a andar com ódio, minhas mãos indo pra minha varinha. Mas ele estava perto de mim, acompanhando o passo facilmente.

 

-Me desculpe por ser rude. Eu não estou dizendo que não é verdade. Mas mesmo assim foi rude. – ele estava testando meu limite.

 

-Porque você não me deixa em paz? – perguntei e me arrependi na hora. Eu não queria isso.

 

-Eu queria perguntar uma coisa, mas você me desconcentrou. - eu suspirei.

 

-Tá bom, o que você quer perguntar?

 

-Eu estava imaginando se no Sábado da próxima semana, você sabe, no dia do baile de primavera... – ele só podia estar brincando.

 

-Você está tentando ser engraçado? – ele estava rindo. Eu pensei que ele ia brigar comigo, por eu ter um vampiro como amigo, mas ele estava sendo engraçado.

 

-Será que você pode me deixar terminar, por favor? – parei pra ouvir.

 

-Eu ouvi você dizendo que vai pra Seattle nesse dia, e eu estava imaginando se você quer uma carona. – não estava entendo. Será que ele queria ficar me protegendo, se certificando que eu ficaria longe do Damon? Só tinha um modo de saber. Que comecem os jogos.

 

-O que? – falei, atuando.

 

-Você quer uma carona até Seattle?

 

-Com quem? Damon não vai querer me levar.

 

-Comigo, obviamente. – ele ficou irritado. Fiz uma cara de inocência.

 

-Por quê? – ele se acalmou.

 

-Bom, eu estava planejando ir á Seattle nas próximas semanas, e, pra ser honesto, eu não tenho certeza se o seu carro aguenta. Eu também não quero que você ande por aí com o Damon. Ele é perigoso. – revirei os olhos.

 

-Minha caminhonete funciona muito bem, obrigada pela preocupação, e quanto ao Damon, ele é meu amigo de longa data, e se ele não me matou até agora... – ri da idéia. Queria ver o Damon tentar. – ele fechou a cara.

 

-Isso não tem graça Bella. Mas, de qualquer modo, a sua caminhonete consegue chegar até lá com um tanque de gasolina? – resolvi alfinetar.

 

-Eu não vejo como isso pode ser da sua conta. Depois, eu podia pedir o carro do Damon emprestado. – eu estava o irritando.

 

-Bella... – disse, se controlando.

 

-Honestamente, Edward, eu não consigo te acompanhar. Eu pensei que você não queria ser meu amigo. – parei e respirei fundo - Olha realmente é loucura. Primeiro você parece ter ódio de mim, depois salva minha vida, depois me ignora, depois tenta me matar de raiva e, como se não fosse o bastante, fica dizendo que meu amigo é perigoso. Ah esqueci, agora quer ser meu amigo. Esqueci algo?

 

-Eu disse que seria melhor se não fôssemos amigos, não que eu não queria ser, e o Damon é perigoso.

 

-Oh, obrigada, isso esclarece tudo. – disse com raiva.

 

-Seria mais... prudente se você não fosse minha amiga. Mas eu estou cansado de tentar ficar longe de você, Bella. – eu ia perguntar se era por ele ser vampiro que ele queria se afastar de mim, mas a última frase dele me desarmou. Olhei nos olhos dele e vi que ele dizia a verdade. Não consegui respirar.

 

-Você vai pra Seattle comigo? – claro, queria dizer, mas não saiu nada. Só balancei a cabeça afirmativamente.

 

-Você realmente devia ficar longe de mim. Vejo-te na aula.

 

Ele se virou abruptamente e caminhou pra o lugar de onde tínhamos vindo.

Eu estava com um sentimento ruim dentro de mim. Por que ele reagiu assim? Eu pensei que ele ia dizer algo sobre ontem, mas ele só se importou em ir comigo à Seattle. Parei no meio de um corredor cheio de alunos e quase que eu bato minha mão na testa. Bella sua idiota, você vai à Seattle com ele. Não. Melhor, ele quer ir com você.

Foi rindo como uma boba que eu assisti todas as aulas.

Na hora do intervalo fui com a Jéssica para o refeitório. Ela estava tagarelando sobre os seus planos para o baile. Lauren e Ângela haviam convidado os outros garotos e eles estavam todos indo juntos. Ela estava completamente alheia á minha desatenção. Eu pus os fones de ouvidos discretamente e estava ouvindo As Esquisitonas. Ao entrar no refeitório olhei pra mesa onde ele deveria estar sentado com a família dele. Nada. Edward não estava lá. Será que eu imaginei aquilo? Estava andando ao lado da Jéssica torcendo o nariz para a comida trouxa, quando ela me cutucou e disse:

 

-Edward Cullen está olhando pra você de novo. Eu me pergunto por que ele está se sentando sozinho hoje.

 

Virei minha cabeça seguindo o olhar dela e ele estava lá, sozinho em uma mesa afastada. Assim que ele encontrou meus olhos ele fez um gesto com o dedo indicador pedindo pra que eu me juntasse a ele. Enquanto eu o encarava sem acreditar, ele piscou pra mim.

 

-Ele ta chamando você? - Jéssica perguntou como se isso fosse algo inacreditável.

 

-Talvez ele precise de ajuda com o dever de casa de Biologia. Uhm, é melhor eu ir ver o que ele quer. – Eu pude sentir olhos pesando sobre meus ombros e minhas orelhas ficaram vermelhas de tanto que deveriam estar falando de mim. Ele parecia estar gostando disso. Tirei os fones e o encarei.

 

-Porque você não se senta comigo hoje? - ele me perguntou, sorrindo. Completamente lindo. Sentei-me depressa, me encolhendo, como se pudesse me esconder de todo mundo. Ele riu divertido.

 

-Você parece estar de bom humor hoje, ta até falando comigo. – falei.

 

-Bem... Eu decidi que já que eu estou indo pro inferno, é melhor fazer direito.

 

-Por que você iria pro inferno, pretende matar alguém?

O sorriso dele vacilou, mas ele se recuperou rápido, mudando de assunto.

 

-Eu acho que os seus amigos estão bravos comigo por roubar você.

 

-Eles vão sobreviver. – soltei.

 

-Porém, eu posso não te devolver. – ele disse. Onde ele queria chegar?

 

-Você parece preocupada. – ele me olhou divertido.

 

-Não. O que você quer? Que eu saia correndo com medo?

 

-Talvez fosse mais seguro. Eu não impediria.

 

-Então porque me chamou? -perguntei.

 

-Eu já te disse... eu me cansei de tentar ficar longe de você. Então, eu estou desistindo. –pensei sobre isso.

 

-Desistindo? – tive que segurar o riso. Finalmente.

 

-Sim, desistindo de tentar ser bonzinho. Eu vou fazer o que eu quiser agora, e deixar acontecer o que tiver de acontecer. – ele disse sério.

 

-Falou igual o Damon agora. – ele não gostou da comparação.

 

-Não me compare com ele. – disse com raiva.

 

-Então, em Inglês simples, nós somos amigos agora? – olhei pra ele com expectativa. Estava cruzando os dedos.

 

-Amigos... – ele pensou sobre isso.

 

-Ou não. - eu murmurei.

 

-Bem, nós podemos tentar, eu suponho. Mas eu te aviso que eu não sou um bom amigo pra você. – ele queria que eu me afastasse dele?

 

-Você diz muito isso. -conclui.

 

-Sim, porque você não está me ouvindo. Eu estou esperando que você acredite em mim. Se você for esperta, você vai me evitar. – revirei os olhos.

 

-Eu acho que você também já deixou clara a sua opinião sobre o meu intelecto. -  está na hora de ele saber.

 

-Voltando ao Damon, você vai mesmo se encontrar com ele? - me perguntou sério. Chega. Ele tem que saber que eu não sou fraca.

 

-Sim, eu vou. Você fala como se ele fosse perigoso pra mim. E se eu fosse perigosa pra ele? –perguntei, dando ênfase no “eu”.

Ele riu. Não, ele gargalhou. Ele está conseguindo me deixar furiosa.

 

-Você acha engraçado, mas já se perguntou por que o Damon me obedece ou porque ele precisa da minha ajuda. E como eu sabia o que você é desde a primeira vez que eu te vi? -a mandíbula dele se contraiu, mas ele continuou sorrindo com algum esforço.

 

-Na verdade, estou pensando nisso desde ontem.

 

-Está tendo alguma sorte? - perguntei tensa. E se ele sabe?

 

-Não muita. – admitiu.

 

- Quais são as suas teorias? – perguntei rindo.

 

-Não são boas, mas eu estou pesquisando. – ele disse sério.

 

-Vai diz alguma. Aí eu digo se está perto. – ele me olhou sério e eu mergulhei na intensidade dos olhos dourados dele. Depois de algum tempo vi que eu estava prendendo a respiração.

 

-Eu não faço idéia. Mulher Gato? Não, se não você teria um gato e não uma coruja... Mulher Maravilha...Jean Grey? -ele disse e eu boiei.

 

-Hã, não entendi. Do que você está falando? -ele ficou surpreso.

 

-Você não conhece essas heroínas? Onde você esteve até agora, em outro planeta? -quase. Ri do que ele disse.

 

-Isso não é muito criativo. –eu zombei.

 

-Me desculpe, é tudo que eu tenho. –ele disse rindo, mas em seus olhos pude ver a curiosidade arder.

 

-Você não está nem perto. -eu caçoei.

 

-Nada de super-heroína?

 

-Não. –eu disse rindo.

 

-Droga. -ele suspirou e nós dois rimos disso.

Ele lutou pra recompor o rosto, então disse:

 

-Eu vou descobrir mais cedo ou mais tarde. -ele avisou.

 

-Eu gostaria que você não tentasse. -eu estava séria de novo.

 

-Porque...?

 

-Por que eu não quero que ninguém saiba. Por que é mais seguro se você não souber. -ele sorriu brincando, mas seus olhos eram impenetráveis.

 

-Oh. Eu entendo. –disse.

 

-Entende? –eu disse e fiquei tensa. Minha mãe vai me matar.

 

-Você é perigosa? Não mesmo. –ele disse rindo, como se aquilo fosse hilário, impossível. Relachei um pouco.

 

-Você está errado. Eu sou perigosa pra você. Você deveria se afastar de mim e não o contrário, porque eu não tenho nada a perder. Já você... –ele me olhou sério.

 

-Bella, você não sabe nada de mim pra dizer isso. –ele me subestima.

 

-Você Edward Cullen é um vampiro, assim como a sua família. A cor dos seus olhos indica que você não bebe sangue humano, sei disso porque o irmão do Damon, Stefan, também não bebe. Vocês, os Cullens, não mataram ninguem durante os dois anos que estiveram aqui, por que se tivessem matado, meus pais saberiam e não teriam me mandado pra cá.

Falei séria, olhando nos seus olhos. A expressão dele era um misto de choque e medo.

 

-Como você sabe tudo isso? -ele perguntou.

 

-Segredo. –disse.

 

-Isso não é justo. Você sabe tudo de mim e eu não sei nada de você. –ele disse com raiva.

 

Eu percebi que eu queria que ele soubesse quem eu era. Queria ter esse segredo compartilhado com ele. Eu olhei seu rosto tão lindo e meu corpo implorou por um toque dele. Eu já era dele.

 

-Em Seattle. Eu vou contar minha história pra você em Seattle. –ele abriu um sorriso e eu ri com ele. Eu queria ir à Seattle com ele, não queria que ele desistisse. Eu podia passar dias aqui com ele.

 

-Agora, eu queria saber o porquê? Porque você não bebe sangue humano?

 

-Por que eu não quero ser um monstro Bella. Mas eu quero que você saiba que isso não me torna menos perigoso. O seu sangue... eu nunca quis tanto o sangue de alguém em mais de cem anos.

Pensei sobre o que ele disse. Ele é como o Stefan. Mas, por que meu sangue é tão irresistível pra ele? Damon e Stefan não sentem isso.

 

-O que você está pensando? -ele perguntou, me sobressaltando.

 

-Nada. –respondi.

 

-Isso é muito frustrante, sabe. -ele reclamou.

 

-Não. Eu não consigo imaginar porque isso seria frustrante. Só porque uma pessoa se recusa a te dizer o que ela está pensando, só porque ela está só criando pequenas observações obscuras que mantêm você acordado se perguntando o que elas poderiam querer dizer com aquilo... agora, porque isso seria frustrante? -ele fez uma careta.

-Ou melhor, digamos que essa pessoa tanbém fez algumas coisas bizarras, como salvar a sua vida sob circunstâncias impossíveis um dia pra depois tratar você como uma estranha no outro dia, e ele nunca explica nada disso, mesmo se ele prometeu. Isso, também seria muito não frustrante. –ele riu.

 

-Você tem um temperamento um pouco forte, não tem? E você sabe o porquê eu fiz aquilo, sabe o porquê de eu não falei mais com você. Eu tive medo de te machucar. –disse.

 

-Sim, mas você deveria ter dito. Eu esperei você dizer. –disse.

 

-Então estamos quites porque eu tambem tô esperando. –ele falou e tive que admitir que estava certo.

 

Nós encaramos um ao outro, sem sorrir. Ele deu uma olhada por cima do meu ombro, e então, inesperadamente, ele sorriu silenciosamente.

 

-O que é?

 

-O seu namorado parece estar pensando que eu estou sendo rude com você ele está se questionando se deve ou não vir aqui apartar a nossa briga. -ele sorriu silenciosamente de novo.

 

-Eu não sei do que você está falando. Mas de qualquer forma, eu tenho certeza que você está enganado. –eu disse, pensando sobre isso.

 

-Eu não estou. Eu já te disse, a maioria das pessoas é fácil de ler.

 

-Exceto eu, é claro. –será que...não pode ser.

 

-Sim. Exceto você. Eu me pergunto o porquê disso. –OMG!

 

-Pelas barbas de Merlin! Entendi! –falei. Ele me olhou assustado de novo.

 

-Entendeu o quê?-ele perguntou desconfiado.

 

-Você pode ler mentes. Menos a minha por que...bem não sei porque. Sou horrível em oclumência. –me perdi em minhas questões e quando olhei pra ele, vi que estava em choque.

 

-Bella como você...

 

-Em Seattle. –disse, como se isso encerrasse o assunto. Eu tive que olhar pra longe da intensidade do seu olhar. Eu me concentrei em tirar o rótulo da minha garrafa de limonada. Eu tomei um gole, olhando para a mesa sem enxergá-la.

 

-Você não está com fome? -ele perguntou distraído.

 

-Não. Essa comida é horrível. –ele riu.

 

-Você pode me fazer um favor? -eu perguntei, depois de pensar a respeito.

 

-Depende do que você quer.

 

-Não é muito. -eu garantí. -ele esperou, cauteloso, mas curioso.

 

-Eu só estava imaginando...se você poderia me avisar com antecedência na próxima vez que você resolver me ignorar para o meu próprio bem. Só pra eu me preparar.

 

-Parece justo.

 

-Obrigada. Ah e também, não me vigie mais na minha casa. Eu posso machucar você sem querer. –ele me olhou ofendido e curioso.

 

-Só se o Damon não estiver lá. Não vou deixar você sozinha com ele Bella. –ele me olhou nós olhos e eu me senti feliz, como a muito não me sentia.

 

-O Damon não é perigoso, e depois, eu estou tentando fazer uma coisa pra ajudá-lo, ele vai sim lá em casa. –disse.

 

-Ajudar a trazer a Katherine de volta? -olhei pra ele perplexa. Oh, ele lê mentes.

-Isso. Wow, a aula já vai começar. –olhei em volta e não tinha quase ninguém. Comecei a me levantar, mas ele não veio.

 

-Você não vem? -perguntei.

 

-Não, é saudável matar aula de vez em quando. –fiquei tentada a matar aula também.

 

-Pois eu...já vou indo...tchau.

 

-Boa aula. –olhei pra ele uma última vez e quase não tive forças pra ir. Eu estou me viciando nele.      

 

A aula foi horrível. O professor disse que teríamos que furar nossos dedos pra sabermos nosso tipo de sangue e depois doarmos. Quando começou, me senti mal. Vi aquele sangue no dedo daquelas pessoas e me lembrei de todo sangue que saiu da cabeça do meu padrinho quando ele foi morto e seu corpo caiu da torre de Astronomia. Um garoto passou mal e foi levado pra enfermaria. Hora de ser atriz. Droga, por que não faltei aula com o Edward. Rá. Não pude deixar de rir, quando eu entendi o que ele quis dizer sobre ser saudável faltar aula.

Senpre levo na mochila meu kite mata-aula, que comprei na Gemialidades Weasley. Peguei meu Vomitilha e engoli um pequeno pedaço. Queria passar mal, não sujar a sala inteira. Uma vez comi tudo e, bem...não foi agradável. Assim que tocou na minha língua, ele fez efeito. Segurei o vômito. Ainda bem que não tinha comido quase nada de manhã, assim foi bem fraco. Eca

 

-Bella, você está bem? -o Sr. Banner perguntou. Eu estava segurando o vômito ao máximo.

 

-Alguém pode levar Bella á enfermaria por favor? -ele pediu.

. Mike, surpreendentemente, disse que iria me acompanhar até a enfermaria.

 

-Você pode andar? -o Sr. Banner perguntou.

 

-Sim. -eu murmurei. Só precisava sair e encolir o antídoto.

 

Mike me guiou lentamente pelo campus. Quando estavamos fora do campo de visão da sala de aula, quando o Sr. Banner não podia mais ver, eu parei. Precisava engolir o antídoto, antes que eu vomitasse de verdade.

 

-Será que você pode me deixar sentar um minuto, por favor? -eu implorei.

Ele me ajudou a sentar na beira da calçada.

 

-Uau, você está verde, Bella. -Mike disse nervosamente.

 

-Bella? -uma voz diferente chamou de longe. Coloquei o antídoto rápido na boca. Deveria ser rápida a minha melhora.

 

-Qual o problema, ela está machucada? –droga, Edward me vendo assim. Ele parecia aflito. Mike pareceu estressado.

 

-Eu acho que ela está passando mal. Eu não sei o que aconteceu, ela nem furou o dedo. –Mike disse.

 

-Bella. -a voz de Edward estava bem ao meu lado, aliviada agora.

 

-Você consegue me ouvir? –o medo dele era que eu estivesse sangrando, claro. Se eu estivesse, ele me mataria, ou melhor, tentaria? E eu, conseguiria machucá-lo? Não. Antes a morte.

 

-Não. Vá embora. –eu disse. Ele sorriu.

 

-Eu estava levando ela para a enfermaria, mas ela não conseguiu ir adiante. –Mike disse.

 

-Eu vou levá-la. Você pode voltar para a sala de aula. –Edward disse.

 

-Não. Sou eu quem deve fazer isso. –Mike disse indignado. Eu so precisava de um tempo e logo estaria nova em folha. De repente a calçada desapareceu. Abri meus olhos e vi que estava nos braços de Edward. Primira reação: raiva. Não gosto de parecer fraca. Segunda reação: extase. Como alguem pode ter tanto poder pra me deixar assim. Terceira reação: medo. E se eu vomito nele?

 

-Me ponha no chão! –disse. Ele já estava caminhando antes que eu terminasse de falar.

 

-Você parece horrível. -ele me disse.

 

-Me coloque de volta na calçada. –gemi. Não vomite por favor. Oh droga de antídoto que não faz efeito.

 

-Então você passa mal quando vê sangue? –revirei os olhos. Como isso pode ser divertido pra ele?

Eu não respondí. Eu fechei meus olhos e respirei. Estava me sentindo melhor. O remédio fez efeito finalmente. Mas é bom ainda estar em seus braços.

 

-E nem é o seu próprio sangue. –ele continuou, divertido.

 

Vi que nós chegávamos à enfermaria. Oh não. Quando entramos na enfermaria, uma mulher de branco disse:

 

-Meu Deus.

 

-Ela passou mal na aula de Biologia. -Edward explicou.

 

Ele me levou pra parte de trás do balcão, onde tinha uma saleta com uma maca parecida com a do hospital. Edward me pos na maca e se afastou o máximo possível de mim. Senti um frio que não vinha do clima.

 

-Ela só está um pouco enjoada. Eles estão testando o sangue na aula de Biologia.

-Sempre tem um. -a enfermeira balançou a cabeça e ele tentou abafar um riso.

 

-Fique um pouco deitada, meu bem; vai passar logo.

 

-Eu sei. –eu já estava bem.

 

-Isso acontece muito? -ela perguntou.

 

-Não. Nunca passei mal por causa de sangue antes, e é por que já vi muito sangue meu. Já estou bem agora. –disse. Quero minha casa.

 

-Você pode voltar para a sala agora. -ela disse pro Edward.

 

-Eu devo ficar com ela. -ele disse com todo poder de persuasão que pôde. Ela não discutiu e saiu da sala.

 

-Eu vou pegar um pouco de gelo pra você colocar na sua testa, querida.

 

-Você estava certo. –disse, me sentando na maca.

 

-Eu geralmente tenho, mas sobre o que em particular desta vez?

 

-Faltar a aula é saudável. –ri disso.

 

-Você ma assustou por um minuto lá fora. -ele admitiu sério.-Eu pensei que Mike estava arrastando o seu cadáver pra enterrá-lo no bosque.

 

-Ha ha. Você me subestima Edward. –ele riu.

 

-Honestamente, eu já ví cadáveres com uma cor melhor. Eu já estava preocupado em ter que vingar o seu assassinato. –disse, fingindo que eu não tinha dito nada.

 

-Pobre Mike. Eu aposto que ele está bravo. –disse fingindo tristeza.

 

-Ele absolutamente me detesta. -Edward disse alegremente.

 

-Você não devia olhar a mente dele. –disse, o repreendendo.

 

-É impossível eu não ouvir, ainda mais quando ele me xinga mentalmente. –ele disse. Ainda bem que ele não pode ouvir meus pensamentos, pensei.

 

-Como você me viu? Eu pensei que você estivesse escondido. –mudei de assunto.

 

-Eu estava no meu carro ouvindo um CD. –espero que ele não ande me seguindo de novo. A enfermeira entrou no quarto com uma bolsa azul na mão.

 

-Aqui, querida. Você parece melhor. -ela falou, colocando a bolsa na minha cabeça. Trouxas. Revirei os olhos.

 

-Eu estou bem. -eu disse, me levantando. A porta se abriu, e a secretária colocou a cabeça pra dentro.

 

-Tem outro aqui. -ela avisou. Eu descí pra deixar a cama livre para o próximo inválido.

 

-Aqui, eu não preciso mais disso. –disse, devolvendo a bolsa.

 

Então Mike entrou, agora carregando outro garoto da nossa aula de Biologia. Eu e Edward ficamos colados na parede pra dar espaço á eles.

 

-Oh não. Bella, vá para a secretaria. –olhei pra ele surpresa.-Confie em mim, vá.

 

Eu me virei e saí antes que a porta se fechasse, deixando a enfermaria. Eu podia sentir Edward bem atrás de mim.

 

-Você realmente me ouviu. -ele parecia abismado.

 

Mike saiu, olhando pra mim e Edward. O olhar que ele passou pra Edward foi de raiva. Ele olhou de volta pra mim, mal-humorado.

 

-Você parece melhor. Você vai voltar pra aula? –ele perguntou.

 

-Você tá brincando? –eu tinha passado isso tudo pra matar aula.

 

-É, eu acho...Então, você vai esse fim de semana? Para a praia? –eu boiei um pouco aí lembrei que a Jéssica tinha dito algo sobre isso.

 

-Claro, eu preciso de sol. –olhei pro Edward e vi que ele estava encostado no balcão, impassível.

 

-Vamos nos encontar na loja do meu pai, as dez. –ele disse, deixando claro que não era um convite aberto. Como se vampiros pudessem sair ao sol. Espera aí, como o Edward consegue sair ao sol?

 

-Eu estarei lá. eu prometí, tentando me livrar dele.

 

-Eu te vejo na aula de eduacação física, então. –disse e foi saindo.

 

-A gente se vê. -eu disse, a curiosidade ardendo em mim.

 

-Educação física. Droga. Pode me livrar disso? -eu perguntei, chorosa.

 

-Eu posso cuidar disso. Vá se sentar e fique pálida. -ele falou, se aproximando pra cochichar em meu ouvido. Só esse gesto já foi o suficiênte pra me deixar tonta. Não era muito difícil; eu já era naturalmente pálida, e o meu recente show deixou um rastro de suor na minha testa. Eu sentei em uma das cadeiras e fingi passar mal. De novo.

 

-Sra Cope? –ouvi Edward dizer.

 

-Sim? –ela respondeu.

 

-A próxima aula de Bella é de Educação física, e eu não acho que ela se sente bem o suficiente. Na verdade, eu acho que eu devia levar ela pra casa agora.Você acha que pode liberá-la dessa aula? -a voz dele parecia mel derretendo. Eu podia imaginar como os olhos dele estavam persuasivos agora.

 

-Você também precisa ser liberado, Edward? –ela falou, nitidamente dando em cima dele.

 

-Não, eu tenho aula com a Sra Goff, ela não vai se incomodar.

 

-Ok, então está tudo acertado. Melhoras, Bella. -ela falou pra mim.

 

-Você consegue caminhar, ou prefere que eu te carregue de novo? -sua expressão estava sarcástica.

 

-Eu vou caminhando. –disse.

 

Saimos da enfermaria. Estava serenando e eu usei a água da chuva pra limpar minha testa e minha mente. Eu precisava ir pra casa estudar o grimório e precisava perguntar algo.

 

-Obrigada. –disse simpática.

 

-É só pedir. -ele olhava diretamente prá frente, andando na chuva.

 

-Posso te fazer uma pergunta? –ele me olhou desconfiado.

 

-Pode. –ele estava curioso.

 

-Como você consegue sair no sol?

 

-Por que você não perguntou pro Domon?

 

-Por que eu sei como ele consegue. Quero saber de você, se não, não estava perguntando. –ele me olhou com olhos inquisidores e, depois de uma pausa, me mostrou o cordão com uma pedra azul, a mesma pedra dos Salvatore.

 

-Ah. –disse e continuei andando.

 

-Imagino que ele tambem tenha uma.

 

-Sim, os dois.

 

-Dois?

 

-O Damon e o Stefan. Só que eles a usam em um anel. –disse de forma trivial. Ele estava sério, absorvendo tudo.

 

-Você não é amiga só de um, mais de dois vampiros. –ele gemeu.

 

-Três, com você. Se você quiser ser meu amigo, é claro.

Ele me olhou mais calmo, mais não respondeu nada.

 

-Onde vocês todos estão indo, no domingo? -ele ainda estava olhando pra frente, sem expressão.

 

-Vamos á La Push, para a praia. -eu estudei o rosto dele, tentando entendê-lo. Os olhos dele pareceram estreitar imperceptivelmente.

 

-Por que você não vai tambem. Vai ser legal. –disse esperançosa.

 

-Não fui convidado. –ele disse e sorriu. Nossa, onde é que eu estou mesmo?

 

-Eu acabei de te convidar. –disse, recobrando os sentidos.

 

 

-Eu e você não vamos mais pedir tanto do pobre Mike esse fim de semana. Nós não queremos que ele tenha uma colapso. -os olhos dele dançaram; ele gostava da idéia mais do que devia.

 

-Mike boboca. –murmurei.

 

Nos estavamos perto do estacionamento e eu virei em direção ao meu carro. Damon provavelmente iria estar me esperando e eu mal estudei o grimório. De repente algo puxou minha jacketa.

 

-Onde é que você pensa que vai? -ele perguntou, enfurecido.

 

-Eu vou pra casa. –falei confusa.

 

-Você não me ouviu prometer que te levaria pra casa em segurança? Você acha que eu vou te deixar dirigir nessas condiçôes?- ele estava indignado e eu me segurei pra não rir. Se ele soubesse que foi fingimento. Er...nem tanto.

 

-Que condições? E a minha caminhonete?

 

-Eu vou pedir pra Alice levá-la depois da escola. –ele estava me arrastando e se eu não tivesse gostando dele, ele não estaria nada bem.

 

-Me solta! Sério, você devia ter mais medo de mim. –disse enfurecida. Ele pareceu gostar disso.

 

-Entre. –ele disse calmo.

 

-Você é muito mandão.

 

-Está aberta. –ele foi pro lado do motorista.

 

-Eu sou perfeitamente capaz de dirigir até em casa!

 

-Entre no carro, Bella.

 

Não respondi. Estava pesando minhas opções. Eu podia aparatar e ele saberia o que eu sou. Mas, talvez, ele não queira mais ir à Seattle comigo. Eu queria ir à Seattle com ele. Descartada. Eu poderia correr ate o carro...

 

-Eu vou pegar você de novo. -ele ameaçou, adivinhando meu plano.

 

-Ei, pensei que você não pudesse ler minha mente.

 

-Está meio óbvio pela sua cara. Entra Bella.

 

Ele já estava no carro. Bem, não ia ser tão ruim ficar com ele um pouco mais. Esse pensamento me fez esquecer as dúvidas e entrar de bom grado no carro.

-Isso foi completamente desnecessário. -eu disse meio durona.

Ele não disse nada, apenas mecheu nos botões do carro (ainda não sabia mecher nisso) e botou uma música baixinha.

 

-Clair De Lune? –perguntei.

 

-Você conhece Debussy? -ele parecia surpreso.

 

-Não muito, meu padrinho costumava tocar muita muita musica clássica em casa. Eu só conheço as minhas favoritas.

 

-É uma das minhas favoritas também.

 

Ele olhou pra fora, perdido em pensamentos e eu tentei segurar o nó na minha garganta que se formava ao ouvir essa música e lembrar os momentos felizes e seguros que ela me lembra.

 

-Como é a sua mãe? -ele me perguntou de repente.

 

-Ela é melhor do que eu em vários aspectos. É mais bonita, graciosa e corajosa. Eu nunca serei tão boa quanto ela. –disse deprimida.

 

-Quantos anos você tem, Bella? –ele perguntou curioso.

 

-Eu tenho dezessete. -eu respondí.

 

-Você não parece ter dezessete. –disse, reprovador. Eu ri com isso.

 

-O que foi? -ele perguntou, curioso de novo.

 

-Minha mãe sempre diz que eu sou uma criança, apesar de ser maior de idade. Sempre me tratou como uma ipotente. Só meu padrinho e o Damon me acham adulta.

Ele fez uma careta e mudou de assunto.

 

-Então, como você conheceu o Damon?

Eu levei algum tempo pra responder.

 

-Ele salvou minha vida. Eu estava fugindo de uma detenção quando fui mordida por um Basilisco. Eu estava morrendo então eu gritei por ajuda. Sorte minha que o Damon tinha ido conversar com o meu padrinho no colégio, por que ele foi o único que me ouviu. Ele se mordeu, me deu seu sangue e eu me recuperei. Desde esse dia nós temos uma ligação. Ele nunca confiou em ninguém, mas em mim ele confia. Nós somos como irmãos.

 

Edward ouviu tudo calado. Ele olhava pra fora do carro, perdido em pensamentos, mas eu pude perceber sua reação quando eu contei sobre o sangue. Ele ficou triste.

 

-O que é Basilisco?

 

-Uma cobra.

 

-Eu já tinha ouvido falar sobre isso. Troca de sangue. Quando você bebeu o sangue dele, entrou na mente dele e ele na sua. Por isso vocês se entendem bem. E o seu padrinho? -me mechi desconfortavelmente. Esse não é um bom assunto.

 

-Que tem ele? -perguntei caltelosa.

 

-Como ele é? -eu não posso chorar.

 

-É melhor eu ir. Eu tenho que estudar.

 

Ele ficou desapontado. Olhei pra fora do carro, fugindo da tentação de permanecer aqui pra sempre. Já devia estar em casa a um bom tempo.

 

-Você está com medo de mim agora? -perguntei.

 

-Não. -o sorriso reapareceu no rosto dele.

 

-Devia. –disse abrindo a porta do carro.

 

-Se divirta na praia...ótimo clima pra um banho de sol. -ele disse de dentro do carro.

 

-Eu não vou ver você amanhã?

 

-Não. Emmett e eu vamos começar o fim de semana mais cedo.

 

-O que vocês vão fazer? –perguntei meio frustada.

 

-Nós vamos fazer uma caminhada na Selva de Pedra da Cabra, á Sul de Rainier.

 

-Vão caçar então?

O sorriso dele sumiu.

 

-Sabe, eu estou ansioso por Seattle. Você é difícil de se entender e quando eu penso que estou conseguindo, você me surpreende de novo.

 

-Hum, bem, divirta-se na caçada. –eu estava feliz por isso. Significa que eu sou indecifrável. Minha mãe iria se orgulhar. Saí do carro.

 

-Será que você poderia fazer uma coisa por mim esse fim de semana?

 

Ele saiu do carro e me olhou, utilizando todo o poder dos seus olhos dourados flamejantes. Eu balancei a cabeça desamparadamente.

 

-Não se ofenda, mas você parece ser uma dessas pessoas que atraem acidentes como um imã. Então...tente não cair no oceano ou ser atingida por algo, está bem?

 Ele deu um sorriso torto.

 

-Descupe, mas essas coisas simplismente me acham. Não posso evitar, mas vou tentar.

Usei toda minha ironia. Ele riu e voltou pro carro. A chuva engrossou e eu corri pra casa.

Já no meu quarto, alimentei a Brida, que estava encolhida na gaiola.

 

-Eu sei amiga. Essa chuva é uma droga.

 

Ela olhou pra mim com seus grandes olhos amarelos que me trousseram recordações de verões ensolarados e gramados verdes, onde eu costumava me sentar e ler ate que Fred e Jorge chegasse com seus logros me pertubando e armando alguma pegadinha pra pegar o inspetor Filch.

Não aquentei. Cai no chão chorando desesperadamente, quando senti mãos frias e familiares me levantarem. Quando abri meus olhos, vi que estava no colo do Damon e ele me balaçava como um bebe gigante o que me fez chorar mais. Sempre foi assim com o Damon, eu podia chorar na frente dele sem ser taxada de fraca. Ele me entendia sem eu ter que explicar. Não sei quanto tempo eu chorei nem quando eu dormi, mas quando eu acordei já era umas quatro horas e o Damon me olhava sentado na poltrona do meu quarto.

 

-Você falou de novo. E não brigue comigo por ter ouvido. Eu não podia deixar você só.

Ele me observou cuidadosamente, esperando eu brigar, mas eu só sorri.

 

-Obrigado por não ter me deixado sozinha.

 

-Nunca. –consegui sorri um pouco. Me levantei devagar testando meu equilíbrio e fui ate o espelho. Damon já tinha me visto pior mas eu sou vaidosa. Ate que não estava tão ruim.

 

-Não tô querendo pressionar...-Ele começou

 

-Não li ainda. Só me dê mais um dia. –interrompi.

 

-Tudo bem. O trouxa não chegou ainda. Quer que eu faça algo pra você comer?

 

-Quero.

 

Ele foi em direção à cozinha e eu fui pro banheiro. Depois de um banho me senti melhor. Vesti uma roupa confortável e desci pra cozinha. O cheiro estava ótimo. Damon aprendeu a cozinhar por minha causa e só fazia comida bruxa.

 

-Suco de abóbora com um sanduíche.

 

-Obrigada.

 

-Eu vi você chegar.

 

Me sentei á mesa e comecei a comer. Eu sabia aonde ele queria chegar e acho que ele merece saber. Comecei a contar desde o primeiro dia de aula ate hoje, todos os detalhes e teorias que eu tinha pensado. Ele ouviu calado, fazendo poucas perguntas. Sua expressão estava neutra, mas eu sabia que ele escondia seus sentimentos. Ninguém o conhecia melhor.

 

-E então? -perguntei por fim. Ele respirou fundo e fechou os olhos, meditando.

 

-Eu me informei sobre o seu bichinho de estimação.

 

-Damon! –falei indignada. Ele me ignorou.

 

-Apesar de ter tentado me matar, seu cãozinho é vacinado.

 

-O que quer dizer...

 

-Que ele não é perigoso. Pesquisei no lugar de onde eles vieram e não houve nehuma morte. Nenhuma menina enganada e assassinada. Se bem que ele iria se dar mal com você.

 

-Você não tem jeito. –balanceia cabeça e ele riu. Rimos os dois.

 

-Eu estou treinando meus feitiços em árvores, mas elas não revidam. Preciso de você Dam. –falei, usando minha voz mais meiga. Eu sabia que não colava com ele, mas sabia que ele adorava um desafio.

 

-Quando?

 

-Já.

 

Eu aparatei na floresta, levando Dam comigo. Tinha deixado um recado pro Charlie, caso demorassemos. Eu estava lançando feitiços protetores ao redor da clareira enquanto ele me observava.

 

-Tem certeza que pôs colera no seu animal?

 

-Tá com medo do Edward é? Não vou deixar ele te morder. De qualquer modo, ele foi caçar com o irmão.

 

Ele fez uma careta e eu ri. As brincadeiras dele não me atingiam. Eu fui pro meio da clareira e ele começou a me cercar. Ele era rápido, mas eu só precisava acertar uma vez. Era como um tiro ao alvo. O objetivo era neutralizá-lo antes que ele conseguisse pegar um lenço que estava no meu bolso. Ele girava ao redor de mim, e eu tentava acertar um petrificus totalum nele, tentando advinhar seus lances. Eu mexia minha varinha freneticamente pra todos os lados, destruindo muitas pedras e árvores.

Nós já tinhamos feito isso e estavamos empatados em cinquenta a cinquenta. Suas investidas pareciam uma dança, só que letal. Eu girava minha varinha tentando antecipar seus passos e quase acertei uma vez, mas ele blefou e veio pra cima de mim. Um impulso me fez desviar e eu aparatei. Ele rosnou e começou a me cercar de novo.

Então nos dois paramos nos encarando e ele blefou de novo, só que desta vez eu cai. Ele me segurou por trás e imobilizou meus braços. Eu sabia que tinha perdido, mas não me entregaria.  Fingi um gemido e ele me soltou. Soltei um Petrificus totalus e ele caiu duro no chão, como se fosse uma pedra.

 

-Rá, ganhei.

Tirei o feitiço dele e ele veio pra cima de mim, me derrubando no chão.

 

-Você trapaceou. –ele disse com falsa friesa.

 

-Não é você quem diz que o mundo é dos espertos? Aprendi com o melhor.

 

Ele estava em cima de mim, furioso. Eu ri alto. Ele se levantou me levando junto, me pegou no colo e correu pra casa. Em alguns segundos estavamos lá.

Charlie estava na casa, dava pra saber pelo carro de polícia na garagem.

 

-Ate amanhã. Vê se sobrevive sem mim. –ele disse com seu sorriso torto debochado.

Eu não disse nada, só fiquei rindo. Me aproximei dele e o abracei.

 

-Obrigada. –disse e me virei pra porta. Ele não se mecheu enquanto me via entrar.

Era bom saber que eu tinha alguém com que eu podia ser Izy. Só Izy. Sem medos, culpas ou receios. Ele pode ser irônico, irritante, um péssimo irmão, um ex-assassino, não importa. Ele é meu melhor amigo. Li o grimório até tarde. Quando dormi, sonhei com o Edward caçando.

 


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Notas finais do capítulo

mandem seus comentários.
vcs gostaram do cap.?