Razões e Mistérios escrita por Day_siqueira


Capítulo 31
Hero


Notas iniciais do capítulo

Voltei das minhas férias com um capítulo quente, saído do forno.
Espero que não tenham me esquecido, pois eu não parei de pensar em vocês. ^^
Bom começo de ano!!!!!!!!!



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Aparatamos em frente ao Caldeirão Furado. Os Trouxas passavam deprimidos por nos, em parte pelo cedo horário, em parte pelos Dementadores. Entramos na estalagem, onde todos se esconderam nas sombras ao nos ver entrar menos Tom, o estalajadeiro, que cumprimentou Mione pensando ser Belatriz.

-Madame Lestrange. – murmurou Tom um tanto receoso.

- Bom dia! – respondeu Mione a um surpreso Tom. Nessa hora eu gelei, mas, por sorte, Tom estava amedrontado demais para fazer algo.

Eu passei na frente e toquei com minha varinha o tijolo que abria a passagem à estreita rua de pedras que é o Beco Diagonal. Segui em frente sendo seguida pelo Ron e pela Mione. Por causa da capa de invisibilidade não pude saber a localização exata do Harry, mas sabia que ele nos seguia de perto.

O lugar estava silencioso e havia poucas pessoas passando. Lojas foram fechadas, outras abertas para vender artefatos do mal. Também avistamos muitos mendigos e um deles quase acabou com nosso plano ao se dirigir a uma assustada Belatriz.

- Meus filhos! – berrou o homem apontando para ela. – Onde estão meus filhos? Você sabe, você sabe! 

-Eu... eu realmente... – gaguejou Mione.

O homem avançou sobre ela ao qual, num impulso, lancei um feitiço e, com um estampido e um clarão vermelho, o tirei do caminho. Ron e Mione pareceram petrificados e pessoas que viram a cena saíram rápidas do caminho. Nesse minuto, surgiu um bruxo alto, magro, cabeludo e grisalho vindo ao nosso encontro.

-Ora se não é a Madame Lestrange!

- O que é que você quer? - falou Mione, com desprezo na voz.

- Só quis cumprimentá-la – falou friamente. -, mas se minha presença não é bem vinda...

- Não, não, de modo algum, Travers. Como vai? - ele era um Comensal. Droga!

- Bem, confesso que estou surpreso ao vê-la aqui Belatriz. – o homem lançou um olhar estranho para mim, depois se voltou para Mione.

- Sério? Por quê?

- Ouvi dizer que os moradores da mansão Malfoy estavam presos depois da... ah... fuga.

- O Lorde das Trevas perdoa aqueles que o serviram mais lealmente no passado. – Mione usou o tom de insolência da Belatriz. – Talvez o seu crédito com ele não seja tão bom quanto o meu.

O bruxo pareceu menos desconfiado. Ele se aproximou mais e dirigiu um olhar enojado ao homem estuporado no chão.

- Como foi que ele a ofendeu?

-Não faz diferença, não tornará a fazê-lo. – disse Mione.

Travers começou então um pequeno monólogo a cerca da insolência dos trouxas e mendigos. Eu estava analisando como poderíamos fugir, muito ciente dos olhares que ele lançava a mim, quando uma pergunta dele me fez estremecer.

- O que você está usando no momento Belatriz? Ouvi dizer que sua varinha foi...

- Minha varinha está aqui. Não sei que comentários você anda ouvindo, mas parece estar lamentavelmente mal informado. – disse Mione mostrando a varinha da Belatriz.

O bruxo então se virou para mim e para o Rony. Nossas expressões estavam calmas.

- Quem são seus amigos? Não os reconheço.

- Este é Dragomir Despard e essa é Amapola Green. – Mione nos apresentou. Amapola? Não tinha um nome melhor para mim? - Eles não falam muito bem o inglês, mas tem simpatia pelos objetivos do Lorde das Trevas. Vieram da Transilvânia para conhecer o nosso novo regime.

- Verdade? Como está Dragomir? Senhorita Green. – disse fazendo uma mesura para mim e estendendo a mão com certa relutância para Rony.

- Então, o que trás você e seus... ah... amigos tão cedo até o Beco Diagonal?

- Preciso visitar o Gringotes.

- Infelizmente, eu também.  – disse Travers adicionando um comentário maldoso qualquer sobre duendes. – Vamos então?

Não tivemos escolha a não ser segui-lo pelas ruas do Beco até o magnífico edifício branco que se erguia entre outras lojas. Deixei Hermione seguir na frente com Travers e fiquei ao lado de Ron, ambos preparados para defendê-la. Não pudemos nos comunicar por causa do Comensal e bateu o desespero ao nos aproximarmos do banco. Havia dois bruxos com longas e finas varinhas douradas nas mãos.

- Ah, os honestímetros – suspirou Travers, teatralmente –, tão rudimentares... mas tão eficientes!

Travers subiu primeiro os degraus de pedra. Os dois bruxos ergueram as varinhas e passaram de alto a baixo pelo seu corpo. Harry, oculto pela capa, lançou um feitiço Confundo nos dois e conseguimos enganá-los. Dentro do banco, vários duendes nos encararam por trás de imensos balcões cheios de moedas de ouro. Hermione chamava atenção.

Travers se dirigiu a mim com o mesmo olhar estranho que me lançou desde o começo, pigarreou e falou com certo constrangimento:

- Srta. Green, daria a honra de me fazer companhia? Eu posso lhe mostrar o saguão enquanto sua amiga Belatriz pega ouro.

Meu primeiro pensamento foi para negar o pedido, mas quando olhei para a Mione conversando com um duende a poucos passos em frente a um balcão, vi que seria bom tirar esse comensal da cola dela. Dei a ele meu sorriso maroto e concordei.

- O que pensa que esta fazendo? - sussurrou Harry ao meu ouvido.

- Salvando a Mione. – sussurrei de volta, disfarçando com um sorriso.

Hermione e Rony seguiram um duende para dentro do banco e eu fiquei no saguão, ouvindo o tedioso monologo do Comensal. Travers falou sobre o banco, sobre o novo regime do Lorde das Trevas e dele mesmo, de um modo muito narcisista, diga-se de passagem.

Parecia que tudo terminaria bem. Eu enrolaria Travers até eles pegarem a espada e sairíamos do banco juntos, aparatando em uma esquina qualquer. Mas não foi assim. Eu estava morrendo de tédio quando uma sirene soou alta vindo de dentro do banco e duendes começaram a gritar “ladrões”.

- Oou... er... Tenho que ir. – disse pegando minha varinha.

- Não tão depressa. – disse Travers, sacando a varinha dele também.

O que se seguiu foi uma luta digna de um filme do Jackie Chan que eu assisti com o Charlie. Eu primeiro duelei com Travers, que pego de surpresa quando lhe joguei uma cadeira, consegui petrificar. Depois os dois bruxos que fiscalizavam entrada vieram para cima de mim. Usando um feitiço de levitação, joguei um em cima do outro e consegui imobilizá-los.

Quando pensei que o pior tinha passado, duendes vieram me pegar em um número absurdamente maior, então bati em retirada. Chegando até a porta avistei Comensais correndo em direção ao banco. Bem, com duendes enfurecidos de um lado e Comensais sanguinários do outro, não tive escolha. Perdão Harry, Rony e Mione. É hora de aparatar.

***

Mystical Falls continuava calma, como da última vez que eu a vi. Ela é o primeiro lugar em que penso quando estou em perigo. Senti uma dor estranha e me apalpei por precaução, mas não era uma dor física. Senti de novo, dessa vez mais intensamente. Damon sentia dor. Claro, não senti antes por causa da distância e pela adrenalina, mas estando tão perto dele a dor fica mais intensa.

Aparatei novamente indo até a casa dos Salvatores. Nada. A casa continuava como se tivesse saído de um filme antigo. Suspirei cansada. Onde raios ele estava afinal?

Voltei para a cidade. Havia trouxas andando em direção ao parque e eu resolvi segui-los. Após algum tempo, chegamos até um lugar cheio de trouxas ouvindo música, bebendo e comendo. Eu o senti de novo, dessa vez mais forte, indicando que eu estava perto. Segui, instintivamente, floresta adentro até avistar duas garotas uma loira e uma morena que eu reconheci como sendo a Elena.

-Elena! – chamei chegando mais perto. – Onde está o Damon?

- Não sei, mas a Caroline ouviu algo. – ela respondeu.

-Ouvi um barulho de luta. – Caroline completou.

-Então vamos! – falei, já a seguindo.

Elena tentou seguir-nos, mas acabou ficando pra trás. Chegamos ao que pareceu ser uma tumba, só que não a mesma que eu tinha visto antes. Caroline entrou sem demora. Havia três trouxas e dois vampiros lá dentro: dois guardas, Damon, Stefan e a mãe da Caroline, que ficou boquiaberta ao ver a filha deixar os dois guardas inconscientes. Fui em direção aos Salvatores.

     -Damon, você está bem? - falei, colocando a cabeça dele em meu colo com cuidado.

- Eu estou bem, o efeito da Verbena já está passando.

-Um vampiro acostumado a lutar com bruxos, sendo pego por trouxas... – brinquei. Ele revirou os olhos e se levantou.

-Eu também estou legal Izy. Valeu por perguntar. – brincou Stefan.

-Para de ser metido Stef. – rosnou Damon, me ajudando a levantar.

-Foi mal Stefan. Você esta bem mesmo? - falei na hora que a Elena chegou.

Depois de algum tempo, em que os Salvatores se recuperavam e Caroline olhava com dúvida pra sua mãe. Damon começou a ser prático.

-Stefhan, me ajude com os guardas. Caroline, sua mãe tem que morrer. – falou calmo.

-Não! Damon, ela é minha mãe. – falou Caroline indignada.

-E era minha amiga, até tentar me matar... – falou Damon com ironia.

-Não vamos matá-la Damon. – falou Stefan, contendo um suspiro. – Vamos esperar a Verbena sair do corpo dela e apagaremos sua mente.

-Quem vai se arrepender dos seus atos é você maninho.

-Falando em se arrepender, que tal se arrepender de ter tentado matar o Lockwood. Foi isso que o fez contar tudo a ela. – disse Stefh, apontando para a mãe da Caroline. – Ele não era uma ameaça antes, mais agora...

-Sem sermão, Stefan. Se eu o tivesse matado, também isso não teria acontecido mais eu não costumo pensar no “se”.  

Fiquei feliz por ter vindo aqui. Essa velha discussão entre os irmãos Salvatores me é tão familiar que eu me dei ao luxo de sorrir. Damon olhou pra mim e acenou positivamente indicando que ele entendia. Acho que ele esqueceu de ficar bravo comigo.

Damon e Stefan levaram os guardas em direção à floresta, Caroline levou sua mãe e eu levei Elena para a casa dos Salvatores, Caroline correndo e eu aparatando.

Damon e Stefan não tardaram a chegar. Stefan levou a assustada mãe da Caroline até o porão, onde ela ficaria até poderem hipnotizá-la. Damon saiu da sala e voltou logo depois com um copo de sangue nas mãos, sentando-se confortavelmente no sofá.

-Bem, o que trouxe você até mim, se é que você veio por minha causa. – falou com seu costumeiro tom debochado. – Posso apostar que está em uma enrascada. - eu ia dar uma resposta mal educada quando Stefan voltou com a Elena.

- Izy, você está linda com esse vestido. Agora sei por que o Damon está tão rabugento.

Olhei o vestido vulgar que eu tinha posto para roubar o Gringotes. Era indecentemente curto e justo depois que eu cortei a parte de baixo. Damon resmungou algo e veio em minha direção, pondo seu casaco de couro marrom nos meus ombros. Sem mais explicações, pegou minha mão e me levou escada a cima. Eu pude jurar que ouvi risos vindos da sala.

Chegamos a um quarto e ele fechou a porta atrás de mim, ainda com suas mãos segurando a minha.

-Você sabe por que eu fui embora, não sabe, Izy? - perguntou me encarando.

-Eu... Damon eu acho que sei...

-Eu te amo. Eu... quero que fique comigo.

-Antes, quando nós nos conhecemos, eu cheguei de verdade a querê-lo, mas era uma simples atração, nada comparado ao que eu sinto pelo Edward.

Olhei o homem parado a poucos centímetros de mim. Tão lindo, com seus olhos de um azul profundo e seu corpo tão forte. Ele vestia um jeans preto, uma camisa branca e botas de cano curto pretas.

-Eu não quero te machucar, mas você tem que saber... Eu não o amo desse jeito. – sussurrei.

Ficamos parados assim por quase uma hora, lado a lado, embora internamente separados por uma grande distância. Eu estu­dei o rosto dele mais uma vez, imaginando onde os pen­samentos o estariam levando e quais lembranças, que pareciam ser dolorosas, estavam o assombrando.         

Damon franziu as sobrancelhas, pensativo, e ficou brincando com os meus dedos, passando o polegar sobre cada uma das minhas unhas.

Ele fez uma pausa, o olhar distante. A expressão em seu rosto mostrava como os pensamentos eram penosos para ele. Eu não disse nada, sabendo que ele estava perdido em si mesmo. Alguns minutos depois, ele retomou a palavra.

-Como você sabe se não me ama desse jeito, se não tem como comparar? - Seus dedos apertaram ainda mais a minha mão.

-O que quer dizer? - Apertou os meus dedos com tamanha força, que eu estremeci.

-Eu quero um beijo. Por tudo que eu fiz por você, acho que mereço esse último pedido.

      Parei, olhando pra ele, estupefada. Beijá-lo? E se, mesmo depois desse beijo, eu continuasse a não sentir nada por ele? Isso iria magoá-lo e eu não estou disposta a isso.

-Deixe que eu decida o que é melhor pra mim Isabella. Prometo que, se você não sentir nada por mim, eu não insistirei mais. – ele falou respondendo meus pensamentos. – Sou tão perto de você...

Fiquei atordoada com essa descoberta. Ele estava tão próximo, nós estávamos tão conectados, que nossas mentes se tornaram uma. E logo não foram somente nossas mentes, nossas bocas também. O olhar de Damon traçou o contorno dos meus lábios e eu, mesmo sem perceber, inclinei o corpo em direção a ele até que pudesse sentir sua respiração quente em meu rosto. Nossas bocas se encontraram por um breve instante, a língua de Damon deslizou sobre os meus lábios com grande delica­deza, fazendo com que eu me aproximasse ainda mais dele.

Nada foi tão surpreendente quanto aquele beijo. Eu esperava que fosse possessivo, até agressivo, levando em conta o temperamento forte e por vezes agressivo dele. Seus lábios foram gentis nos meus e suas mãos estavam leves e carinhosas na minha cintura. Nada forçado, nada apressado. Eu podia senti-lo por inteiro, sua mente, seu corpo. Ele deixou meus lábios, beijando lentamente meu rosto.

Damon nada disse, nem eu. Apenas ficamos abraçados. Respiramos juntos e nenhum de nos se moveu. Isso durou até o instante em que Damon suspirou, seus dedos segurando com força o tecido da minha camisa. Pelo visto, ele temia que eu desaparecesse, caso me deixasse solta.

Pressionando o nariz contra o seu peito largo, ouvindo sua respiração forte, eu o envolvi pelo pescoço num abraço apertado.

Com os punhos cerrados tentava acalmar-lo, aquietar o temor irracional que notei nele. Ao senti-lo relaxar, afas­tei-me um pouco. Não o bastante, porém, para deixar os braços protetores de Damon, mas o suficiente para exami­nar-lhe a expressão em busca de uma resposta.

-Não mudou nada, não é? - ele falou finalmente. Trêmula demais para falar, eu apenas acenei com a cabeça. Ele tomou uma de minhas mãos e, levando-a até os lá­bios, pousou devagar um beijo na palma da mão aberta. Fe­chou-me os dedos, então, um a um.

Eu não precisei dizer nada, ele podia sentir o que eu sentia. Apesar do momento mágico que vivemos nada supera a necessidade que eu sinto de ter o Edward.

Meu peito doeu como se alguém tivesse apertando-o. Foi uma dor terrível e eu soube que não era minha, era dele por me perder. Ele tirou, delicadamente, minhas mãos da sua nuca e se afastou de mim. Foi então que eu senti que tinha acabado. Não só nossa franca amizade como nossa ligação. Eu deixei de sentir sua dor, mas eu não merecia isso.

Tentei segurá-lo, mas ele se afastou. O olhei surpresa, pois ele nunca tinha se afastado de mim, e tentei ir de encontro a ele de novo. Dessa vez ele correu e, quando percebi, ele estava a uma distancia segura de mim.

-Não é justo Damon! Eu devia sentir essa dor também. A culpa é minha, eu sabia que lhe faria sofrer...

-Izy, você não entende! Eu te amo. E é por que eu te amo que não posso ser egoísta com você. Se eu não te amasse tanto, se não fosse você, eu a faria sofrer, sim eu faria... Mas se eu fizer você sofrer... –dizendo isso, ele fez uma cara de dor que me fez tentar me aproximar, parando quando ele recuou.

-Damon, por favor, me perdoe. – falei chorando.

-Pelo que, por não me amar? Eu não sou tão cruel nem tão irracional. – ele ensaiou um sorriso que mais pareceu uma careta. – Seus pais vão ficar felizes em ter você de volta.

Fiquei aliviada pela troca de assunto, mas também doída. Damon não me queria ali e eu não podia culpá-lo. Eu fui tão imprudente e egoísta vindo até aqui.

-Eu quero vê-los, mas não ainda. Eles vão querer me prender em alguma caverna para eu me manter segura. – falei com amargura.

-E é assim que deve ser. – Ele falou sério. – Isabella, por favor, faça isso por mim, se mantenha a salvo.

Ele saiu do quarto para mandar uma mensagem à minha mãe e eu fiquei deitada em sua cama pensando em como teria sido fácil se minha metade fosse o Damon.

Edward. Merlin, como pode ser possível eu ter tanta necessidade de alguém assim!? Adormeci pouco tempo depois, minha mente passeando pelo rosto do meu vampiro distante.


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Notas finais do capítulo

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