Acordei no sábado totalmente acabada. Não sabia mais o que fazer. Mais de uma coisa eu tinha certeza.

 

Eu nunca iria olhar pra cara do cachorro do Nicolas de novo. Quer saber? Ele é que se ferre com a priminha dele. Ele não a defendia tanto? Então. Viva feliz com ela.

 

Só não sei por que essa dor no meu peito ainda permanece...

 

Me levantei e me olhei no espelho. Ainda estava com a jaqueta do Matt. Ele era legal. Chato, irritante, prepotente... Mais legal. Eu estava a fim de curtir minha fossa então tomei banho fiz um rabo de cavalo e vesti meu pijama preto de caveirinhas com minhas pantufas de gambá.

 

Desci as escadas bem devagar efiquei observando os meus tesouros. A mesa estava animada de novo como muito não avia visto antes. Vick estava sorrindo, as crianças brincando e Lucas tomando suco de laranja.

 

_Anne! - Ani deu um grito quando me viu.

 

_Bom dia gente.

 

Desci o resto da escada e me sentei.

 

_Como foi a noite amiga? - perguntou Vick.

 

_Bem. - sorri mas se via que eu não estava bem.

 

_É melhor você comer. Não quero ninguém doente. - disse Lucas com voz de pai. Sorri. Ele ficava engraçado

assim.

 

_Gente hoje eu vou ver o apartamento do papai. Finalmente ele conseguiu se estabilizar no país. - Vick

estava toda animada.

 

_Que bom amiga. Ruim pra mim né já que você vai embora.

 

_A não fica assim. Quem você acha que vai me acompanhar nos exames.

 

_E já não está na hora de você faze-los Vick? - disse Lucas mais autoritário ainda.

 

_Eu sei senhor adulto. Segunda mesmo eu vou agendar o primeiro.

 

_Por de ser como o doutor Julian. Ele é ótimo.

 

_Err...

 

_O que foi Vick?

 

_Eu marquei de ir no consultório do Thomas. Mais se você quiser eu não vou.

 

_Não Vick. Tudo bem. O Thomas é um ótimo médico. Você vai estar em ótimas mãos.

 

Sorri. Mais não seria nada fácil olhar pra Thomas. Ele me lembrava em muito o... falecido. É falecido. O Nicolas morreu pra mim.

 

_Bem. Eu vou para o treino.

 

Disse Lucas se levantando.

 

_A Lucas. Você entrega a jaqueta do Matheus? Ele deixou comigo ontem.

 

_Ele não vai estar lá hoje. Mais se você quiser eu deixo com alguém.

 

_Não. Então eu mesma entrego.

 

_Tá.

 

Lucas deu um sorriso suspeito, se despediu de todos e saiu. Depois foram Vick. Só ficamos eu e os kids.

 

_Então pentelhos o que querem fazer hoje? Temos o dia livre e muitas barras de chocolate no armário.

 

_Eu quero ir ao parque. - Anita se pronunciou toda animada.

 

_A crianças eu não quero sair não.

 

_A vamos Anne.

 

Anita fazia bico mais eu não correria o risco de encontrar o falecido por ai.

 

_Por que não acampamos na sala?

 

_Na sala?

 

_É na sala. Vamos pegar as barracas.

 

Corremos até a escada quando ouvimos a campainha tocar.

 

_Vão indo. Eu atendo.

 

Abri a porta e vi o que parecia ser um pavão ambulante.

 

_Tia Joseline?

 

_Olá querida.

 

Tia Joseline estava estranha. Vestida com um vestido vermelho e sobretudo azul com plumas. Parecia a rainha das piruás.

 

_Eu senti tanto a sua falta. - ela me deu um abraço tão apertado que quase fiquei sem ar.

 

_Eu também tia.

 

_Tenho ótimas notícias.

 

_Sério.

 

_Na verdade são duas ótimas noticias.

 

_E quais são?

 

_A primeira é... eu vou me casar.

 

_Serio? Que bom.

 

Começamos a pular no sofá. Eu adorava casamentos e a Tia Jô já estava encalhada a muuuito tempo.

 

_E a segunda notícia é... vocês vão morar comigo.

 

Tia Joseline me abraçou e não deve ter visto minha cara de OQUE? COMO ASSIM MORAR COM VOCÊ?

 

_Tia... Tia!

 

_Oque?

 

_Como assim morar? Quando? Como?

 

_Lembra que eu disse que quando tudo se estabilizasse vocês morariam comigo? Então chego a hora. Se tudo der certo em três semanas vocês já estarão lá em casa.

 

_Mais Tia é muito recente. Eu não posso eu...

 

_Calma querida você vai ter tempo pra tudo. Nós vamos contratar o pessoal da mudança, também vamos ver

sua nova escola...

 

_Tia eu não posso me mudar! - dei um grito e ela parou pra me olhar;

 

_Como?

 

_Não posso. Aqui está a minha vida meus amigos. Tudo. Os pequenos também estão acostumados com tudo aqui. Sem contar que essa é a casa dos meus pais.

 

_Escuta Anne isso não depende de vocês. Eu já decidi tudo. Tudo está pronto. Eu não posso mudar nada

agora.

 

Se tinha uma coisa que me dava raiva era planejar uma coisa pra mim sem mim. Mais uma coisa que me dava mais raiva era planejar A MINHA VIDA SEM MIM!!!

 

_Como assim '' Eu já decidi tudo''? É a minha vida Tia Joseline.

 

_Eu sei. Mais não posso mudar tudo agora.

 

_A questão não é a senhora e sim a minha vida e a dos meus irmãos não percebe?

 

_ A questão é você e seus irmãos virão morar comigo.

 

_A mais não vai mesmo. Como você...

 

Ouvimos a porta se destrancar. Era Lucas. Até que enfim!

 

_Tia Joseline?

 

_Lucas! Como você cresceu. Está tão bonito. - ela correu pra abraça-lo e fazer o mesmo espetáculo.

 

_Obrigada.

 

Lucas me olhou com cara de “o que essa velha maluca tá fazendo aqui?” Tá fui má. Mais essa de me tirar da minha casa, dos meus amigos, da minha vida e me levar para outra cidade é totalmente sem noção.

 

_O que foi Anne? - Lucas me perguntou assim que viu minha “cara de alegria.”

 

_Nada só estávamos conversando sobre o futuro de vocês. - Tia Joseline me cortou e respondeu por mim.

 

_Ela quer nos levar pra morar com ela. - só não contava com a minha língua afiada.

 

_Oque?

 

_Isso já estava decidido Lucas.

 

_Mais Tia isso é muito rápido. Nós temos uma vida aqui não podemos nos mudar assim do nada.

 

Obrigada!

 

_Mais eu já preparei tudo. Vou ficar muito triste se vocês não aceitarem.

 

Ela fez manha mais comigo não colava.

 

_Nós a amamos - agora bem menos... _Mais não podemos nos mudar. Não agora. - tentei parecer o mais

calma.

 

_Por que não fazem isso. Dia 19 é feriado prolongado então vocês podem passar na nova casa. Se não gostarem podem continuar aqui. - ela disse sorrindo, não sei o por que mais parecia a Cruella De Vil.

 

_Tá.

 

_Bem. Eu já vou indo. Adorei revê-los.

 

Ela saiu como entrou, igualzinho a um furacão. Furacão que estava prestes a fazer de nossas vidas um inferno.

 

_O que vamos fazer Lucas?

 

_Eu não sei. Ela está diferente. Ela não era assim.

 

_To me sentindo em “Desventuras Em Serie”.

 

_Hum?

 

_Aquele filme em que as crianças ficam órfãs, então vou morar com seus tios, mais é um mais louco que o outro.

 

Lucas riu. Só eu pra fazer uma comparação dessas.

 

_Não ri Lu. Eu to com medo. A Tia Jô não tá normal.

 

_Ela nunca foi normal.

 

Concordo.

 

_Por que nossos pais deixaram a nossa guarda com ela?

 

_Eles não deixaram. - Lucas se levantou e foi em direção a um porta retrato antigo e pegou uma foto.

 

_Como?

 

_Nossa guarda está com o irmão do papai. - ele se sentou e me mostrou uma foto de duas crianças branquinhas e com o cabelo bem preto. Uma era o meu pai e o outro...

 

_Tio Rick?

 

_Sim.

 

_E onde ele está?

 

_No Japão.

 

_Oh, entendo. Se já foi difícil Tia Joseline sair de outra cidade, imagina ele vir de outro país.

 

_É mais ele e o papai não se davam muito bem.

 

_É ele nem veio para o enterro.

 

_Por isso acho que não seremos bem vindos.

 

_Então?

 

_Vou ligar pro Alfie.

 

Disse Lucas subindo as escadas.

 

_No que ele pode ajudar?

 

_Ele conhece o advogado da empresa.

 

_Espera...

 

Antes que pudesse terminar ele subiu. Fiquei down agora. Não queria mudar de cidade. Muito menos de país. Até que morar no Japão seria demais, incrível super, hiper mega bom pra caramba (sou fã do Japão)

mas morar com um Tio que não está nem ai pra você... Fui tirada dos meus pensamentos com o som da porta.

Me levantei e fui atende-la. Se fosse a Tia Jô eu iria falar umas poucas e boas pra ela.

 

_Olha aqui Tia Joseline.

 

Olhei bem para figura na minha porta e não era Tia Joseline.

 

_Nicolas. - disse diminuindo o tom.

 

_Oi. - ele disse sorrindo. Maldito sorriso!

 

_O que você quer? - disse fria.

 

_Conversar. E me desculpar por ontem a noite. Eu fui um idiota. Não devia ter brigado com você. Volta pra

mim.

 

_Claro que sim. - disse meiga.

 

_Serio?

 

_NÃO!

 

Bati a porta com toda a força. Quem ele pensava que era? O Johnny Depp? Acha que vai chegar aqui e fazer doce e eu vou voltar pra ele sem mais nem menos. Não o perdoaria. Eu o odiava agora. É odiava.

 

_Anne! Anne!

 

_Não adianta me gritar. Vai embora.

 

_Annelise Johnson eu não vou sair daqui até você abrir essa porta!

 

_Então você vai ficar ai o dia inteiro!

 

_Por favor Anne.

 

_Nicolas eu já tenho problemas demais. Vai embora!

 

Finalmente ele avia parado de bater. Eu não sabia se ele tinha ido embora mais não abriria a porta pra saber.

Subi até o quarto do Lucas e ele tinha acabado de desligar o celular.

 

_Como foi?

 

_Bem. O advogado disse que a Tia Joseline não pode nos tirar daqui mais ele vai ver direito. Ele disse que o melhor seria que um tutor morasse com agente. Um adulto responsável. Eu perguntei se podia ser eu mais

como não sou adulto...

 

_Nem responsável...

 

_Há há. É. Ele disse que vai investigar.

 

_Por que sera que ela está fazendo isso?

 

_Eu não sei. Talvez ela nos queira por perto.

 

Aaaaaaaaah tá!

 

_Seja lá o que for, eu acho que vem bomba por aí.

 

Lucas me abraçou e beijou minha testa.

 

_Não se preocupe. Não vão fazer nada que você não queira.

 

_Obrigada. Vou preparar o almoço.

 

Sai do quarto do Lucas e passei pelos os das crianças e elas não estavam. Desci as escadas e ate a sala e quando cheguei elas estavam tentando armar a barraca.

 

_A barraca. Eu esqueci.

 

_Acampamento!

 

Gritaram juntos.

 

_Tudo bem. Acampamento!

 

Ajudei eles a armar a barraca e depois fui para a cozinha preparar os lanches. A campainha tocou de novo e fui atender mais com receio de ser o Nicolas olhei no olho mágico. Não era o Nicolas era o...

 

_Matt!

 

_Oi roxinha.

 

Olhei direito e vi que seu queixo estava sangrando. E ele também não estava nada bem.

 

_Matt o que aconteceu?

 

_Um contra-tempo. Seu irmão está em casa?

 

_Sim. Lá em cima.

 

_Eu posso ir lá?

 

_Claro.

 

Ele entrou disse ''Oi'' para as crianças e voltou a subir. Ele não estava normal parecia que tinha brigado com alguém. Eu dei os lanches pras crianças e coloquei o filme. Era acampamento na sala tinha que ter filme.

Depois de trinta minutos eles desceram.

 

_Anne.

 

Lucas me chamou e fomos até a cozinha.

 

_Oque foi?

 

_Eu vou sair mais já volto, é rápido. Cuida de tudo.

 

_Tá.

 

Olhei para Matt, aquele ferimento me incomodava.

 

_O que aconteceu com você?

 

_Nada de mais.

 

Eu fui até o armário e peguei o kit de primeiros socorros da mamãe.

 

_Senta.

 

_Oque?

 

_Senta.

 

Fiz o curativo no queixo dele. Não era enorme mais como ele tinha feito aquilo?

 

_Como você fez isso?

 

_Não é nada.

 

_Foi uma briga?

 

_Sem perguntas. Por que que ao invés de fazer tantas perguntas você não dá um beijo para sarar?

 

Apertei o band-aide.

 

_Ai!

 

_Pronto. Acabei.

 

Me sentei na mesa e olhei fixamente para ele.

 

_Agora você vai me dizer o que aconteceu?

 

_Não. Você vai me dizer se está melhor. Gambázinha.

 

Ele disse olhando para as minhas pantufas.

 

_Por que não comprou uma de coelhos ou ursinhos?

 

_Coelhos e ursinhos são ecas. Coisas de meninas.

 

_E você não é uma menina?

 

_Não. Eu sou uma menina inteligente.

 

_Ah, tá.

 

_E não muda de assunto. O que te aconteceu Matt. Diz tá me deixando preocupada.

 

_Você se preocupa comigo? - ele disse sorrindo.

 

_Ótimo. Você não leva nada a serio. Se não quer contar não me conta.

 

_Serio?

 

_Não me conta!

 

Pedi como se fosse uma criança e ele começou a rir.

 

_Tá com fome? - perguntei e ele parou.

 

_Sim.

 

_Vou fazer um sanduíche pra você.

 

Enquanto preparava ele ficava me olhando. Tudo o que eu fazia era observado. Parecia um reality show. Aquilo estava me incomodando.

 

_O que foi?

 

_Nada.

 

Continuei cortando...

 

_Por que me olha tanto?

 

_Gosto de te ver cozinhar. Faz isso tão bem.

 

_Hum. Terminei seu lanche.

 

_Obrigado.

 

_Vem.

 

_Pra onde?

 

_Sentar no sofá.

 

_Com seus irmãos?

 

_É lógico.

 

Fomos para a sala e nos sentamos. Assistimos ao filme e depois Lucas chegou e se juntou a nós. Matheus estava calmo tão calmo que dormiu no meu ombro. Ele parecia tão dócil assim. Tão tranquilo, tão

desprotegido.

 

A curiosidade estava me matando eu tinha que perguntar o que estava acontecendo. Lucas sabia eu sei que sabia.

 

_Lucas? - disse baixinho.

 

_O que?

 

_O que aconteceu com o Matheus?

 

_Anne, eu... não posso contar. É melhor você perguntar pra ele.

 

_Mais eu já perguntei mais ele não quer contar.

 

_Ele precisa de ajuda Anne. Da nossa ajuda. Só ajude ele tá? Não fique fazendo perguntas. Você pode machucá-lo.

 

O que? Como assim machucá-lo? Fiquei quieta não perguntei mais nada. Mais que minha curiosidade

continuou ela continuou.

 

A noite chegou e o Matheus continuava a dormir. Tinha alguma coisa errada com o Matt. Eu só não sabia

oque.

 

Os preguiçosos continuavam a dormir. Eu me levantei e fui até a cozinha preparar o jantar. O que fazer?

 

Talvez uma sopa. Uma sopa cremosa. Peguei os ingredientes e me coloquei a preparar. Cozinhar é divertido me acalma. Eu me sinto bem.

 

_Que cheiro bom roxinha.

 

_Acordo dorminhoco.

 

_Desculpe.

 

_Tudo bem. Dormir e bom.

 

_O que tá fazendo?

 

_É sopa cremosa.

 

_Sopa? - Lucas disse desanimado e com sua cara amassada.

 

_Você vai gostar.

 

Nos sentamos pra comer quando a Vick chegou.

 

_Oi gente.

 

_Oi Vick. - respondemos todos.

 

_Hummm que cheiro bom.

 

_Vem comer.

 

Disse me levantando para colocar mais um prato pra ela.

 

_Oi Matheus. - Vick deu um de seus olhares sedutores.

 

_Olá bela dama. - e ele correspondeu.

 

_Como foi com o seu pai Vick? - eu perguntei.

 

_Bem. O apartamento é enorme e tem um quarto para o bebê.

 

_Que demais.

 

_Bebê?

 

Ficamos em silêncio olhando um para a cara do outro. Que pergunta Matt! Esse assunto é delicado.

 

_Eu tô gravida Matheus.

 

_Mesmo? Eu não acredito. Você está tão linda. Essa gravidez só ajudou a aumentar sua beleza.

 

Boa Matt. Isso fez a Vick sorrir, os dois ficaram o tempo todo trocando cantadas baratas era ate engraçado.

Depois de tudo fiquei com a louça como sempre. Sem reclamar comecei a lavar.

 

_Triste?

 

Lucas disse aparecendo do nada e pegando o prato para secar.

 

_Preocupada.

 

_Com o Matheus?

 

_Também.

 

_O assunto da Tia Jô, pode ficar tranquila. Ninguém vai nos tirar daqui.

 

Sorri. Se tinha alguém com quem eu poderia contar seria com o Lucas. Sempre.

 

_Então senhor jogador, como foi o treino?

 

_Fui escolhido zagueiro.

 

_Vão acabar com você!

 

_O que?

 

_Zagueiro não é o cara que defende?

 

_É quase isso.

 

_Então! Tadinho de você.

 

_Anne! - Lucas me jogou água. _Eu não sou tão ruim assim.

 

_Mais você é fraquinho. Vão te massacrar.

 

_Quieta.

 

Ele voltou a me jogar água e ficamos nisso ate acabar a louça.

 

_Eu já terminei aqui. A o Matheus vai dormir aqui hoje tá?

 

_Tá.

 

Antes dele sair perguntei:

 

_Lucas, o que aconteceu com o Matheus?

 

_Ele brigou com o pai.

 

_O pai dele bateu...

 

_Não! Ele... caiu. Só isso. Não se preocupe. - ele disse pondo as mãos no meu ombro. _O Matheus é um cara forte. Tá bem?

 

_Tá.

 

Ok, só o Lucas pra acreditar que ficaria por isso mesmo. Eu descobriria o que o Matt tinha ou não me chamava Annelise Johnson.