Crescendo - Shirbert escrita por Sabrina


Capítulo 21
O noivado


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura :)



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***

— Ainda não acredito que terminei – Gilbert disse a Charles. – Não quero olhar pra cara de um livro de anatomia por um bom tempo.

— Não sei não, desde que nos conhecemos você sempre esteve estudando.

— Exatamente, agora eu só quero descansar.

Charles sorriu. – E por acaso você sabe o que é isso?

Gilbert abriu a boca, mas parou pra pensar e percebeu que não. Ele estava acostumado de tal maneira ao hábito que estudar se tornou algo tão natural e obrigatório quanto tomar banho. Charles riu.

— Tá vendo? Aposto que não vai aguentar nem uma semana após o casamento e já vai estar estudando. Você não sabe fazer outra coisa, cara.

— É claro que sei.

Mas por um momento ele não teve tanta certeza assim. Na verdade, Gilbert resolveu se desafiar. Ele reuniu todos os seus livros de estudos e os colocou no antigo escritório do pai, fechou a porta e disse a si mesmo que não sentiria vontade nenhuma de entrar ali.

No seu primeiro dia de descanso, Mary esteve ocupada cuidado da casa e Bash trabalhando na fazenda. Gilbert até tentou ajudar os dois, mas a primeira disse que lhe atrapalhava outras pessoas no mesmo espaço em que ela, e Sebastian tinha dois ajudantes, de modo que não sobrava nenhuma tarefa para Blythe. Então ele tomou um banho e passeou de roupão pela casa. Passou em frente à porta do escritório três vezes, voltou pro quarto, tentou dormir. Não conseguiu. Resolveu escrever uma carta para o Sr. Harold, seu orientador na faculdade, mas pra isso precisava ir até o escritório, onde ficava o papel e a tinta. Quando Mary foi procurá-lo para avisar que faltava uma hora para saírem, o encontrou sentado no chão do escritório, rodeado de livros e velas, lendo.

Gilbert— exclamou ela. – Você ainda está de roupão? Vá se vestir. Sua festa começa em uma hora!

E foi então que ele se tocou. Na verdade, não era bem uma festa. Era um jantar de noivado, organizado pela madrinha e melhor amiga de Anne, Diana.  Estavam convidados todos os seus vizinhos e amigos de escolas, e todos já estavam casados agora. Tanto é que o jantar foi realizado, na verdade, na casa do Sr. McDavid, e não na casa dos pais de Diana. E qual não foi a surpresa de Gilbert ao ver Ruby entrar de braços dados com Moody, e não com Billy!

— Eles estão juntos? – cochichou a sua noiva, sentada ao lado dele e usando um belo vestido de musselina azul-céu.

Noivos. Vão se casar alguns meses depois de nós.

— E como não fiquei sabendo disso?

Ela revirou os olhos. – Você parou de trocar correspondências com nossos amigos pra se focar nos estudos, lembra?

Então ela levou o garfo, com um pouco de glacê da torta, a boca. E de repente Gilbert percebeu que ela parecia muito jovem, embora já estivesse com 25 anos. O cabelo ruivo caia em ondas pelos ombros nus, e seu pescoço exalava um leve perfume floral.

— E Billy? – ele perguntou.

— Billy continua solteiro e morando com os pais. Mas ele agora trabalha no negócio da família. Tememos que vá continuar solteiro pra sempre. Ele sempre diz que prefere ficar sozinho há ter alguém “mandando nele”.

— Uau...

— Pois é.

Gilbert comeu um pedaço de sua torta, pensativo.

— Anne? – cochichou novamente. – Você vai mandar em mim?

— Não! – ela riu. – Billy só tem a ideia errada de um relacionamento. Não seremos assim.

— Obrigado – ele sorriu.

E foi então que Diana Barry McDavid se levantou e bateu com seu garfinho na taça.

— Atenção – exclamou ela. – Vou fazer um discurso!

Gilbert ajeitou na cadeira e bebeu um gole de champanhe. Estava curioso pra saber o que Diana diria, mas preferia continuar se atualizando com Anne. Sentia-se perdido entre seus amigos, cada um com uma nova surpresa.

— Há muito tempo atrás, ganhei o melhor presente que poderiam ter me dado na minha juventude – começou Diana – minha melhor amiga.

A mesa se encheu de “owns”, e Anne riu graciosamente.

— Que Anne e Gilbert Blythe terminariam juntos, isso todos nós sabíamos, menos eles - ela continuou, fazendo os convidados e até o próprio Gilbert rir. – Mas houve momentos em que duvidei disso. Anne parecia tão indiferente que quase me convenceu, quase. Então vocês supreendentemente se resolveram e foram embora juntos, e eu estou tão feliz que tenham voltado... Não sabem a falta que fazem! - Lágrimas escorreram pelo rosto de Diana. Gilbert olhou para o lado e viu que Anne também chorava. Por que elas choravam sorrindo? Mulheres estranhas! Olhavam uma pra outra como se não houvesse mais ninguém naquele lugar além delas. – Eu mal posso esperar pra te ajudar com as saias do vestido, arrumar o seu cabelo e te dar lenços pra limpar as lágrimas no dia. Mal posso esperar pra que tenhamos filhos e eles possam ser amigos, assim como nós somos. Não posso desejar amizade melhor que essa. Amo você, Anne.

A sala se encheu de aplausos e exclamações felizes, Mas Gilbert Blythe só conseguia pensar numa coisa: a noite de núpcias.


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