Miríade escrita por Melry Oliver


Capítulo 11
11. Agradáveis surpresas




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Sair da cama de modo trôpego e me dirigi ao banheiro, quando retornei já estava desperta e pronta para mais uma manhã, vesti o típico uniforme e prendi o cabelo, na intenção de encontrar algo comestível entrei na cozinha a tempo de ver Sarah depositar a fruteira em cima da mesa.

— Bom dia! Exclamei contente.      

— Bom dia, vejo que acordou bem-disposta. – Analisou minha mãe.

Concordei, nos sentamos à mesa, como se fosse combinado Ethan chegou de cabelo bagunçado e molhado ele transluzia desatenção ao se acomodar na cadeira.

— O pente mandou um recado pra você. – Alfinetei.

E não é que ele nem ligou muito menos se deu ao trabalho de devolver a provocação, que esquisito, mamãe até tentou estabelecer uma comunicação com ele, mas Ethan só murmurava frases como “A vida não é justa” ou “Tinha que ser ela?”, o meu irmão conseguia ser mais confuso que eu, a adolescente da família.

Combinei com Aprille de encontrá-la antes de entrarmos na sala,  fiquei feliz em vê-la saudável, ela me agradeceu por ter levado Megan ao show.

— A minha irmãzinha ainda está nas nuvens.

Também me perguntou se eu tinha curtido, contei-lhe a verdade não foi ruim eu até tinha gostado do evento, da emoção e da experiência.

Tentei me concentrar na aula de espanhol, eu gostava da diversidade existente no mundo de culturas completamente diferentes.

Se fossemos todos iguais onde estaria a originalidade?

No refeitório o grupo estava dividido em conversas paralelas, eu ouvia a voz soprano de Aprille tagarelar sobre os benefícios de ser uma líder de torcida, entre mordidas no meu sanduiche eu me esforçava para acompanhar seu relato.

—  Você está interessada em fazer o teste? Perguntou-me Lewis.

Perdi essa.

Não fazia ideia do que ele falava.

— Não viu o cartaz no mural informativo? Inquiriu paciente.

Neguei, um pouco deslocada.

            — Teatro não faz meu gênero então estou fora, mas estarei lá dando apoio as chicas e los chicos. – Declarou Kayden com seu jeito descontraído.

Aprille revirou os olhos.

Ah sim. Encenação, peça...

— Bom... Eu irei fazer o teste para o mocinho. – Informou Ian.

— Eu vou ajudar por detrás da cotia. – Comentou Aprille

Representação estava fora de questão pra mim, mas seria legal assistir.

— Quem sabe eu participe. – Lewis deu de ombros.

De vantagem já possuía beleza para conseguir a vaga só faltava mostrar talento na atuação.

Quando voltei para casa vi Ethan pendurado no telefone em mais uma chamada com o Mr. Haas, depois de algum tempo pesquei no ar a sua boca grande  ao falar coisas sobre mim, meu pai mostrou interesse em saber mais sobre o passeio feito com os amigos, tentei soar animada em fazer um resumo dos últimos dias, a cereja do bolo deixei pra contar sem muitos detalhes.

— E isso aconteceu por quê? Tão sagaz.

E eu é que sei?

— Deu a louca nos meninos.

— Tenha cuidado filha, não seria nada legal parar na delegacia por vandalismo.

Deus me livre.

Depois do último puxão de orelha, desliguei o telefone.

Fuzilei Ethan.

— Deixa de ser fofoqueiro garoto, importe-se apenas com a sua vida. – falei irritada.

— Ah! me deixa em paz Destinee. – Saiu pisando duro.

Nós já estávamos numa rotina modesta, entretanto em nossos finais de semana mamãe nos levava para conhecer Melbourne um pouco mais, já tínhamos ido ao Federation Squaree, National Gallery of Victoria, museu de Melbourne com suas exposições diversificadas e até pegamos uma seção de cinema no Imax.

Por ter tantas fotos e ocasionar a ocupação de memória  Ethan resolveu compartilhar suas fotografias, ele criou uma conta no Instagram, com o nome de F×H, segundo Ethan significava Família Haas.

A primeira pessoa se conectar a conta foi Sarah e como não seria, sem conter minha curiosidade me vir olhando sobre seu ombro, todas as fotos  já tiradas por Ethan e até mesmo por nós duas estavam ali, ele também postou algumas fotos de quando nós morávamos na Irlanda, como o registro de Stephen, Gavin, Ethan e eu de bicicleta, o vento atiçava os nossos cabelos, tínhamos ido ao Merion, enquanto pedalávamos de volta para a casa dos Haas, Marcheline fez a captura.

Boas lembranças que estão ali para serem compartilhadas. Eu gostei da ideia de Ethan e assim que pudesse o seguiria no Instagram, toda essa história de conta ocasionou em uma ligação para Stephen que se mostrou entusiasmado com a novidade, papai o garantiu que veria as postagens dele.

Na vida na Austrália eu passei a frequentar mais jardins botânicos do que pensei, eu apreciava com mais frequência sentar-se na grama e admirar o ambiente ao redor.

O clima estava bom quando mamãe decidiu que já era hora de começarmos a conhecer os arredores de Melbourne, sua escolha foi Beacon Cove do centro até lá a viagem durou aproximadamente 25 minutos.

Eu gostei do lugar logo de cara mais se tratando de mim, isso não era tão difícil, Beacon Cove tinha casas desenhadas, ruas alinhadas com arquitetosas palmeiras exóticas e blocos de apartamentos com vista para a baía, me sentir numa cena de filme ao calçar os meus patins, joelheiras e capacete para sair deslizando sobre as calçadas de Beacon Cove, mamãe e o meu irmão decidiram ficar no píer.

Andar de patins fazia parte das minhas boas lembranças  da Irlanda, quando o tempo estava propício eu me via deslizando sobre rodas,  com movimentos de equilíbrio, cabelos ao vento...

Esbarrei num corpo grande e pálido que acabava de sair do banco traseiro de um hummer preto parado no encostamento da rua, a minha sorte foi que a porta do motorista estava sendo fechada e não aberta, caí em cima de uma figura masculina, meus braços dobrados, seios pressionados contra ele, nossos abdomens se roçavam e as pernas estavam entrelaçadas.  – Aquela situação embaraçosa fez o meu rosto esquentar e uma enxurrada de constrangimento me invadir.

Como consequência do acaso eu tinha caído bem em cima do seu corpo, ao correr os olhos sobre ele eu observei os cabelos livres de qualquer ocultação, revelados livremente em seu caimento flavo sobre a testa marfim, a cor dos olhos parecia o mar do caribe, o rosto de mandíbula forte, um nariz arrebitado, mas os lábios estavam desprovidos de cor e ainda assim era um rosto de tirar o fôlego, ele estava mais branco do que eu me recordava com a pele quase translucida, o fone de ouvido estava caído a cinco polegadas de distância dele, entretanto este detalhe não pareceu ser notado por ele, o vi  correr os olhos atento ao meu rosto como se fosse a primeira vez que me via, desconcertada pela intensidade que irradiava dele, apoiei as mãos nas laterais da sua cabeça para me levantar, eu não iria pedir desculpas.

Ele continuava a me encarar sem reservas diretamente nos olhos e naquele momento vi uma emoção atravessar seu olhar, eu ocultei um sorriso, flexionei os braços e me levantei, equilibrei-me sobre as rodas, vendo-o se levantar também, ele jogou os cabelos para trás deixando o rosto fenomenal visível por inteiro, vestia um moletom preto, era um destaque à parte, eu já estava desconfortável por ter o encontrado e o pior de tudo era ser a culpada da vez.

Por um rápido momento eu o olhei fixamente nos olhos que riam para mim, as linhas ao redor dos lábios se insinuavam. – Aquele rosto que eu me vi observando muitas vezes através da tela do laptop estava ali ao vivo, muito mais atraente do que numa imagem reproduzida.

 — Não é todo dia que uma garota bonita literalmente cai em cima de mim. – A voz rouca falou pela primeira vez.

Lancei um olhar neutro, mas tive que me esforçar para não sorri.

Ele não parecia nem um pouco com o moleque mal-humorado que sempre estava em destaque nas colunas de fofoca, embaraçada pela situação e por ter um rosto de astro a menos de um metro de onde eu estava, inquieta remexi na franja solta do cabelo.

— Talvez isso não seja sorte. – Ele sorriu os dentes perfeitamente alinhados, seu cabelo loiro-escuro engenhosamente despenteado se moveu.

— Talvez. – Concordei com humor e me virei na tentativa de ganhar distância, no entanto ele não deixou o contato firme de sua mão segurou-me pelo braço me impossibilitou de continuar, suspirei derrotada e tive que voltar a encará-lo.

O cabelo loiro já cobria parte do seu rosto, a seriedade que atravessou sua expressão me deixou perplexa, os olhos sérios e lábios que escondiam um sutil sorriso.

— Ainda não tive a oportunidade de me apresentar. – Pausa.  — Sou Michael Campion. Um provável sorriso brincava  nos cantos dos lábios, senti quando sua mão de toque gentil se afastou do meu braço.

— Eu sei quem é você.  – Informei confiante, disposta a sair de perto dele eu escorreguei sobre os patins levando comigo um sorriso divertido.

— Espera. Não vai. – Pediu em um tom baixo. — Eu te conheço, não é?

— Acho que não, eu não frequento o seu ciclo social, muito menos sou famosa. – Falei direta.

Ele franziu o cenho, mas logo sorriu ao mover o braço.

— Prazer em conhecê-la. – Estendeu a mão.

Sorri gentil.

— Prazer Mr. Campion. – Apertei a sua mão .

O toque foi firme e macio, a palma possuía uma maciez de uma pessoa que não fazia trabalho braçal.

— Essa é a parte que você me fala seu nome. – Descontraiu de sorriso simples.

Ele fazia jus ao significado da palavra bonito.

— Destinee Haas. – Informei.

Como um simples toque pode causar sensações de carinho tão impessoal?

— Destinee Haas. – Repetiu em voz alta, olhando-me nos olhos, esboçava um sorriso charmoso.

Um sorriso limpo sem demonstrar vacilo.

Quantos sorrisos uma pessoa poderia ter?

— Quer ir dar um passeio comigo?

Wow!

Fui pega de guarda baixa e devo ter transparecido surpresa, pois de fato eu não estava esperando por algo dessa magnitude na verdade eu não estava esperando nada, puxei o ar e disse com relutância.

— Sinto-me lisonjeada. – Sorri fraco ao fazer um gesto dramático com as mãos. — Mas eu não posso.

O semblante confuso de alguém que obviamente não sabia lidar muito bem com respostas negativas revelou incredulidade.

— Sabe quanto tempo eu esperei? Falou sério sem espaços vazios, eu não estava preparada para aquela intensidade toda.

— Você nem me conhece. – Falei no tom baixo sem querer ser rude.

— Essa é a minha oportunidade.

Dei um sorriso estudado, seus olhos eram analíticos, e aparentemente apreciadores.

Em um breve momento Michael vacilou como se sofresse um dilema pessoal, entreabriu os lábios sua fisionomia mudou, os olhos ganharam confiança, ele sorriu de canto.

— Quer ir dar uma volta comigo? Tentou mais uma vez com olhar de quem sabia a força que irradiava daquelas esferas azuis determinados e indulgentes.

E eu não recusaria essa nova oportunidade de conhecer uma personalidade de um mundo diferente ao que eu estava habituada, revelando-me a face de uma estrela. – Sorri tentando parecer natural.

— Claro. – Eu sou acostumada a ser convidada a sair com superstar “isso é normal”.

Mais nervosa do que eu estava eu não poderia ficar, vamos lá Destinee aproveite essa oportunidade e simplesmente curta.


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