— Mas veja pelo lado bom, você tem muitas coisas no seu quarto pra te distrair. – falei tentando ver o lado positivo da situação.

— É... Mas tudo parece tão repetitivo!— Adrien comentou. Ele tinha me ligado hoje de manhã, pois queria conversar. O que eu achei incrível! Ainda mais por me sentir mais segura ao falar com ele.

— Entendo a sua frustração, mas você pode sei lá... Encontrar um novo hobby. – dei a ideia.

— Como assim?

— Bem, o meu hobby é desenhar e costurar roupas e acessórios. É o que eu faço pra não ficar entediada. – falava enquanto caminhava pelo quarto – Você poderia arrumar algo também.

— Hum, entendi. No entanto não sei qual poderia ser o meu hobby. Digo, eu faço esgrima, mas é preciso sair de casa pra praticar; Chinês eu meio que sou obrigado; E piano não é algo que faço pra não ficar entediado.

— Pense em alguma coisa que você gosta... Como jogar vídeo game!

— Meu pai não me deixa jogar por muito tempo. — ouvi seu suspiro de frustração, o que chegou a me deixar frustrada também. O pouco que eu sabia sobre o pai do Adrien, era o suficiente para saber que tenho sorte da família que tenho.

— Cozinhar?

— É, acho que preciso pensar mais sobre o assunto. – nós rimos – Tudo certo pra hoje à tarde? – perguntou se referindo ao encontro duplo.

— Tudo sim. Mal posso esperar! – deitei na minha cama e fiquei encarando o teto.

— Também! E... Posso te fazer uma pergunta? – senti a hesitação em sua voz.

— É claro.

— Você saiu com o Chat ontem, né?

— Sim. – sentei na cama, já não gostando muito do rumo que a nossa conversa tomava.

— Mas... Não que seja da minha conta. Eu só... Vocês... Hã...

— Somos só amigos. Se é isso o que quer saber. – suspirei – Chat é um grande amigo e quando ele viajou, senti muito a falta dele, não vou negar. Saímos pra compensar o tempo que passamos separados. Mas somos só amigos.

— Eu fico aliviado de ouvir isso. Desculpe por me intrometer assim é que eu estava inseguro sobre vocês dois.— encarei a janela do meu quarto, como se Chat pudesse aparecer a qualquer momento.

— Tudo bem. Não precisa se preocupar com isso.

Por mais que eu goste de Chat de uma maneira inexplicável, ele ia sumir de novo. Eu não sabia quando, como ou porque, mas sabia que um dia ia. Garotos perfeitos não existem. Então de fato, Adrien não precisaria se preocupar com isso.

***

Estava me arrumando para sair com os meus amigos. No meio de pilhas de roupa, experimentava uma e desistia, experimentava outra, gostava, mas depois desistia.

Por um momento lembrei de quando Chat me ajudou a encontrar uma roupa para o meu encontro com o Adrien – mesmo tendo quase certeza que isso não aconteceu de fato. A linha que separava a ilusão da realidade era muito tênue e as coisas ainda não estavam claras pra mim.

Meu telefone tocou e eu corri para atender, por algum motivo achando que poderia ser Chat ligando.

Mas na verdade era Alya.

— Oi...

— Amiga, tenho uma má notícia! Má não, péssima notícia!— sentei na cama, esperando o pior. Mesmo não tendo tanta certeza de que fosse tão ruim, já que Alya costuma exagerar em várias situações.

— O que aconteceu?

— Adrien avisou que não vai poder ir com a gente hoje. O pai maluco dele arrumou um compromisso de última hora. — suspirei tristonha.

— Ele não me avisou nada. Falamos de manhã e aparentemente estava tudo certo.

— É, mas ele avisou o Nino e mandou pedir desculpa pra você. Ele deve ter ficado com vergonha ou algo assim.

— Tudo bem.

— Podemos marcar pra outro dia se você quiser, ou até mesmo você pode vir comigo e com o Nino. Prometo que não vou deixar você segurando vela, mesmo que eu tenha que deixar o Nino atirado em um canto.

— Ei!— ouvi ele protestar e não pude evitar de rir.

— Eu te amo, mas eu estou tentando ajudar a Marinette. – Alya disse para o namorado e tive que rir de novo. Eu tinha a melhor amiga do mundo. E ela com certeza tinha o melhor namorado.

— Não precisa, Alya. Eu acho que... – uma ideia veio em minha mente e parei de falar para pensar se realmente era uma boa ideia.

— Marinette?

— Podemos ir de qualquer forma, claro que não como um encontro duplo. Pensei em chamar o Chat.

— Ótima ideia! Vai ser legal, nos vemos na lanchonete.

— Ok, até mais. – desliguei a chamada e mandei uma mensagem para Chat.

Estava chateada com Adrien por não ter avisado pra mim que não poderia ir, mas eu entendi que seu pai era realmente chato e talvez ele só conseguiu avisar Nino por sorte – não duvido que o pai dele tivesse confiscado o telefone dele durante o tal compromisso.

Chat não demorou muito para responder dizendo que ia me buscar em casa para que fôssemos juntos.

Rapidamente voltei para o meu dilema de experimentar várias roupas, até que finalmente escolhi um vestido vermelho simples que ia até um pouco acima dos joelhos. Não podia escolher algum mais curto, pois iríamos jogar boliche e eu não queria correr o risco de mostrar a calcinha que fez Chat reforçar a ideia de me chamar pelo apelido de Ladybug.

Não demorou muito e minha mãe gritou que meu amigo estava aqui.

— Pelo menos ele aprendeu a usar a porta. – falei para mim mesma enquanto arrumava os últimos detalhes no espelho e logo saí para encontra-lo.

— Uau, você está linda! – Chat disse assim que me viu e eu encarei o chão com um pouco de vergonha.

— Você também! – sorrimos um para o outro.

— Vamos indo? – assenti e fomos caminhando lado a lado. – Espero que você esteja preparada, porque tenho vários trocadilhos para contar no caminho. – bati minha mão na testa.

— Eu pretendia chegar viva na lanchonete. – o loiro riu e logo depois fez uma expressão de ofendido.

— Está sugerindo que as minhas piadas são letais?

— Pra minha saúde mental? Sim. – afirmei rindo.

— Como diz seu Jean, o motorista de ônibus: “a que ponto chegamos meus amigos, a que ponto chegamos”. – comecei a rir mais ainda mesmo que não tivesse tanta graça assim. Mas na voz de Chat, parecia a melhor piada do mundo.