— Até que enfim chegaram! – Alya disse assim que sentamos à mesa com ela e Nino.

— Alya.

— O que foi, Nino?

— Eles estão na hora. Nós que viemos adiantados.

— Ah é! É que é a Marinette, né. Força do hábito. – nós rimos e eu coloquei a língua pra ela. – Falta uns vinte minutos para desocuparem nossa pista, enquanto isso podemos ir comendo. O que acham?

— Uma ótima ideia. – falei e Chat concordou.

Fizemos nossos pedidos e enquanto não chagavam, Alya puxou o assunto sobre alguma reportagem que ela viu no noticiário mais cedo. Não prestei muita atenção, pois comecei a analisar como cada um estava vestido.

Hoje optei por deixar meus cabelos soltos e o vestido que eu usava era realmente simples, perfeito para a ocasião. Alya também vestia um parecido só que bege. Nino estava como sempre, jeans, camiseta azul e seu típico boné. Mas estava sem os headphones – provavelmente à pedido da sua namorada, já que era difícil ele deixar o acessório de lado por vontade própria.

 Chat usava uma camiseta preta simples, jeans escuro e um tênis cinza chumbo. Seu cabelo estava bagunçado, pois ele tinha tomado banho e ido para a minha casa com ele molhado, e agora já meio seco pelo vento que pegou no caminho. E mesmo bagunçado, estava incrível e combinava com sua personalidade despojada.

Como uma futura estilista – se Deus quiser –, observar esse tipo de coisa, por mais que pareça simples, se tornava uma atividade divertida para mim. Não era sobre julgar as escolhas de moda de ninguém, na verdade, era sobre pensar no que eu melhoraria ou coletar inspirações para as minhas criações.

— É, acidentes acontecem. – Alya finalizou o assunto do qual eu não fazia ideia do que se tratava – Enfim, que bom que pode vir hoje. – disse para Chat.

— Ah! Eu não tinha nada tão importante para fazer. E sempre é bom sair com os amigos. – sorriu na minha direção e eu retribuí, em seguida, meu olhar desviou para a garçonete que trazia nossos lanches.

— Obrigada. – agradeci e os meus amigos fizeram o mesmo.

As batatas que eu pedi pareciam estar uma delícia e eu estava faminta. Então, peguei o ketchup e fui colocando devagar no cantinho da tigela.

— Precisamos combinar de sair mais vezes com você. – Nino falou – Inclusive, Alya tem uma amiga que podemos te apresentar. Se estiver interessado. – sem querer apertei demais o vidro, fazendo com que espirasse na mesa e quase no meu vestido.

— Oh, droga! – resmunguei.

— Ei, calma! – Chat pegou uns guardanapos de papel e me ajudou a limpar a bagunça.

— Tá tudo bem, amiga? – Alya riu e eu balancei a cabeça.

— Desastrada é meu nome do meio. – respondi humorada.

— Tem razão. Vocês conhecem a história da poça d’água? – Chat brincou e eu o encarei com um olhar mortal.

— Que história? – Alya, que não é nem um pouco curiosa, questionou inclinando o corpo para a frente, como se estivesse prestes a escutar o maior furo de reportagem de sua vida.

— Achei que você soubesse. – disse o loiro.

— Marinette normalmente me conta tudo. Mas se ela não me contou essa história, é porque deve sem bem constrangedora.

— Pois então...

— Chat! – o repreendi – Se você contar, você é um gato morto! Digo, cara... Cara morto!

— Bom saber que você reconhece a minha beleza à ponto de me chamar de gato. – os três riram.

— É que o seu nome me confunde! – ele riu, colocou o braço sobre a mesa e escorou o queixo na mão, dando uma piscada.

— Miau!

***

— Acertou nove pinos, ótimo! – Chat me elogiou enquanto esperava Alya jogar para ir depois.

— Pura sorte. Não faço ideia do que estou fazendo. – admiti.

— Achei que sabia jogar.

— Até sei, mas não é algo que eu seja boa. Só jogo a bola e deu. – ele riu.

— Quer ajuda?

— É, pode ser. – Chat foi fazer a sua jogada, e marcou um Strike.

Depois dele Nino jogou e novamente foi a minha vez.

— Vem cá, vou te ajudar. – ele se posicionou atrás de mim e me mostrou como eu deveria segurar e soltar a bola de boliche na pista. – Não precisa jogar com muita força.

— Tá bem. – lembrei de quando Adrien fez isso comigo. Se é que foi real. E se é que agora é real.

Soltamos a bola de boliche juntos e derrubamos oito pinos.

— Ah! – ele lamentou.

— Pelo menos eu aprendi. Obrigada pela ajuda.

— Sem problemas. – sorri.

A jogada tinha não tinha sido perfeita, o que estranhamente me fazia acreditar que poderia ter sido real.

***

— Foi um ótimo jogo! – Chat comentou.

— Claro, você roubou! – eu, Nino e Chat suspiramos e encaramos nossa amiga maluca e extremamente competitiva.

— Da próxima vez, vamos combinar de ir em um lugar que não tenha qualquer tipo de jogo ou competição. – Nino sugeriu, passando o braço por cima dos ombros de Alya e a trazendo para si – Eu amo você, mas você me dá dor de cabeça. – nós rimos.

— Concordo. – falei – Sem mais jogos ou competições.

— No seu caso, está dizendo isso porque ficou em último. – Chat encostou o polegar de leve no meu nariz.

— E eu tenho culpa? Estou jogando contra uma competidora profissional, o namorado dela e um cara que de alguma forma rouba no boliche. Óbvio que não tenho chances! – nós quatro rimos.

— Vamos indo antes que Alya surte e queira revanche.

— Ei! – minha amiga protestou em um tom divertido.

Nós quatro nos despedimos e saímos para lados opostos. Chat insistiu em me deixar em casa.

Fomos caminhando lado a lado e estranhamente ele estava em silêncio. Mas pelo menos não era o silêncio constrangedor, era o silêncio reconfortante, como no dia do festival de primavera.

— Eu tenho uma confissão a fazer. – ele disse depois de um tempinho caminhando.

— O que é? – questionei curiosa e estranhando o seu tom meio sério.

— Uns amigos do meu pai estavam fazendo uma campanha publicitária de um perfume caro. Eles precisavam de modelos para uma sessão de fotos de última hora, então eu meio que indiquei um amigo. – ele sorriu de lado, ainda sem olhar na minha direção.

— Que amigo? – Chat riu e parou de andar, pois tínhamos chegado na frente da porta da minha casa. O loiro finalmente olhou na minha direção e eu parei de frente para ele, esperando por uma resposta.

— Porque você acha que o Adrien não conseguiu ir ao encontro hoje?