Durante os últimos dois dias, Gabriella ficou pensando na possibilidade participar do clube de teatro. A morena ficou em dúvida se iria candidatar-se para participar da equipe que vai cuidar da peça, ou se iria arriscar em fazer o teste para ser um dos personagens secundários. Na noite de quarta-feira, ela decidiu conversar com sua mãe para que ela pudesse aconselhá-la. As duas estavam jantando quando Gabriella trouxe o assunto à tona:

— Hum, mãe. Eu queria um conselho seu.

— Claro, Gabi. Pode falar. – sua mãe tirou os olhos do celular e voltou para à filha.

— Eu estava querendo participar do clube do teatro da escola. – Gabriella disse nervosa.

— Minha filha, isso é maravilhoso! – exclamou a mãe, animada.

— Mas, mãe eu não sei se deveria, a nossa professora de artes disse que podíamos nos candidatar para cuidar da peça ou poderia fazer audição para ser um dos personagens. O que a senhora acha?

— Bom, eu acho que você deveria se arriscar, minha filha. E tentar pra personagem na peça. – sua mãe sorriu, incentivando-a.

— A senhora realmente acha que eu consigo? – Gabriella perguntou, insegura.

— Claro que sim! Estou feliz por você, minha filha.

Gabriella sorriu, agradecida.

Na quinta-feira, Gabriella chegou no East High decidida que iria até a Kelsey para candidatar-se a ser algum personagem secundário na peça. Depois que a primeira aula acabou, Gabriella deixou sua vergonha de lado e foi até a carteira de Kelsey.

— Hum, oi Kelsey. – Gabriella cutucou a menina que estava distraída lendo seu livro.

Kelsey olhou para cima, distraída.

— Ah, oi! Em que eu posso ajudar você? – Kelsey sorriu gentilmente.

— Hum, eu queria...participar dos testes para a peça. No primeiro dia de aula, a professora Darbus disse para procurar você...- Gabriella apertava suas mãos, nervosa.

— Ah, claro! – Kelsey levantou-se e pegou sua bolsa atrás dos papeis do roteiro. – Aqui está. – A garota de óculos entregou o roteiro para  Gabriella.

A morena pegou o roteiro que tinha diversas paginas.

—Nossa! – Gabriella exclamou, impressionada.

— É, eu sei! Mas não se preocupe, você pode escolher qualquer personagem! – Ah, faz o seguinte, que tal nós almoçarmos juntas? Lá podemos conversar melhor. Eu estou tão animada que você quer participar. Na verdade poucas pessoas vieram me procurar, então...O que você acha de almoçar comigo? – Kelsey tagarelou, e para ser sincera, isso conquistou Gabriella.

— Ah, claro que sim, eu iria adorar. – A morena disse animada.

E de fato, desde que Gabriella chegou no East High, ela vem almoçando sozinha, e só de pensar que dessa vez teria uma companhia, ficou muito feliz.

Quando a próxima aula começou, Gabriella prontamente foi para sua carteira. Enquanto o professora explicava as formulas mais difíceis de física, ela foi pega de surpresa com um bilhete de Troy.

A morena ficou nervosa porque nunca, na vida antes, havia recebido e mandado bilhetinhos.

“Eu vi que você foi até a Kelsey. E aí, vai participar MESMO da peça?’’

Gabriella leu o bilhete e riu baixinho, porque, realmente, ela podia ouvir as entonações de Troy em sua cabeça.

Nos últimos dois dias, os dois só haviam conversado por mensagem, Gabriella via Troy apenas na sala de aula, mas nunca conseguia falar com ele, porque ele vivia rodeado de seus amigos.

“Vou sim. E só estou esperando você vir comigo.”

Gabriella entregou o bilhete para o menino que estava à sua frente e minutos depois devolveram o papel a ela.

“HÁ HÁ, Com certeza. Mas ei, eu queria encontrar você depois do almoço. Vai tá ocupada?”

Gabriella pensou sobre o convite. Ela realmente queria conversar com ele, pessoalmente, visto que eles nunca mais haviam se falado na escola.

“Eu adoraria conversar contigo.” Ela escreveu.

Minutos depois recebeu o papel.

“Beleza. Me encontra Às 15h na porta do ginásio. J”

Gabriella ficou curiosa sobre o que Troy queria conversar com ela. Mas tentou deixar seus pensamentos sobre ele de lado. E assim, voltou a prestar atenção nas fórmulas de física.

—

Quando o sinal tocou às 12 horas, todos os alunos foram correndo para fora o corredor. Parecia que estava tendo um incêndio dentro da sala, mas apenas era o desespero para ir almoçar.

— Nossa, quanta barbárie! – Ryan exclamou quando viu o grupo de garotos gritando pelo almoço.

— Esses garotos são uns porcos. – Disse Sharpay com nojo.

E os dois saíram da sala. Gabriella observou os gêmeos,  eles eram tão diferentes e engraçados. A morena ficou na sala enquanto esperava Kelsey terminar de copiar o texto.

— Desculpa, Gabriella. É que ultimamente tá bem complicado de entender o que está escrito no quadro, meu grau aumentou. – Kelsey disse arrumando seus óculos e fechando seu caderno.

Gabriella apenas sorriu enquanto esperava Kelsey se arrumar.

Depois que as duas pegaram seus respectivos lanches, elas foram sentar-se no refeitório. Que inclusive, Gabriella sempre ficava admirada como aquele lugar era enorme. Ela tinha quase certeza de que o refeitório era do tamanho da sua casa, o refeitório tinha dois andares e uma grande escada. Também via-se posters enormes de Troy e outros garotos que jogavam basquete, além do brasão do time.

— Então, Gabriella. – Kelsey disse depois de dar uma mordida no seu sanduíche. – Você sabe cantar?

— Hum, eu já cantei na igreja. Então tecnicamente, eu posso dizer que sim. – Gabriella respondeu, envergonhada. – Ah, hoje eu gravo alguns covers, mas não publico na internet.

— Sério? – Kelsey disse surpresa. – Você tem algum aí?

Gabriella lembrou que gravou seus covers no celular, mas ela tinha muita vergonha de mostrar isso para algum desconhecido. Kelsey percebeu que a morena ficou desconfortável com a situação.

— Olha, você não precisa fazer se não quiser. – defendeu. – Mas é porque eu queria saber, para poder indicar um personagem para você treinar para sua audição.

Gabriella respirou fundo e disse para si mesma que conseguiria passar por isso. Então ela abriu sua mochila e pegou seu celular e fone de ouvido. Ela colocou o vídeo em que ela cantava “On My Own” do musical “Os Miseráveis”

Kelsey colocou os fones de ouvido e assistiu o vídeo de Gabriella. A morena ficou nervosa porque nunca tinha feito isso antes, ela tentava decifrar as reações de Kelsey, e na sua cabeça só havia pensamentos negativos.

— Uau. – disse Kelsey por fim, tirando os fones de ouvido e dando o celular para Gabriella.- Você é muito boa, de verdade.

Gabriella sentiu suas bochechas esquentarem.

— Oh, obrigada, Kelsey. É muita gentileza sua.

— Que nada!. – Kelsey bebeu o suco. – Sinceramente, você deveria fazer o teste para ser a Minnie.

— O que? – indagou Gabriella. – Mas a Sharpay já é a personagem principal.

— Que nada. – Kelsey deu de ombros. – Quer dizer, ela é realmente boa, mas você é ótima também. E eu tenho certeza de que quando a professora Darbus ouvir sua voz, ela vai pensar o mesmo. A gente precisa de caras novas no teatro. A Sharpay faz a Minnie por tanto tempo que acho que até ela não agüenta mais.

— Ah, não sei, Kelsey. – Gabriella pensou na perfomance de Sharpay. – A Sharpay tem muita experiência e não sei se conseguiria.

— Claro que você conseguiria, você só precisa se soltar mais, e nós temos o tempo necessário para desenvolver você. Acredite. – Kelsey deu mais uma mordida no seu sanduíche.

Enquanto Gabriella comia, ela ficou pensando sobre isso. Será mesmo que ela teria capacidade de bancar uma protagonista? Será que ela não estava indo longe demais nessa história de participar do clube do teatro?

Kelsey interrompeu seus pensamentos, quando disse:

— Alá, a Taylor. – ela apontou para a garota negra que Gabriella viu no primeiro dia de aula. – TAYLOR! TO AQUI. – Kelsey exclamou enquanto chamava pela garota.

Taylor foi até as duas meninas e sentou-se, colocou todos os livros que tinha em mãos na mesa.

— Kelsey, meu deus! Quase que eu não almoço hoje, menina. Fiquei presa naquela biblioteca. Acredita que aquele ridículo do Danforth ainda ficou me enchendo? Onde já se viu um menino daquela numa biblioteca? Pois é. – ela disse enquanto arrumava seus livros.

Kelsey riu e disse:

— Ele ainda gosta de você.

— Saí pra lá! Deus me livre me envolver com um cara daqueles novamente! Ew. – ela fez uma cara de nojo. – Imagina beijar aquele homem depois de treinar. Que horror. Não mesmo.

Kelsey e eu soltamos uma gargalhada, a Taylor era bem engraçada.

— E você é a Gabriella Montez. – Taylor disse olhando para a morena.

— Sim, sou, prazer. – Gabriella disse envergonhada.

— Prazer é todo meu, eu sei quem você é, é a garota que ganhou olimpíadas de matemática lá em Chicago. Você é um gênio, garota.

— Hum, obrigada. – Gabriella ficou envergonhada só de pensar que Taylor já havia pesquisado sobre ela e sobre sua fama de garota nerd.

— Nós do centro acadêmico iríamos ADORAR ter você na equipe, aqui também tem um clube de matemática e nossa...

— Taylor, a Gabriella quer fazer parte do clube de teatro. – Kelsey interrompeu.

— O QUE? Você quer se envolver com RYAN E SHARPAY?! – exclamou Taylor, surpresa.

— EI, E COMIGO TAMBEM! – Kelsey disse, ofendida.

— Ah, você é um anjo, Kelsey. – Taylor deu de ombros. – Eu to falando dos dois gêmeos do mal, você é corajosa, garota. – Taylor empurrou  Gabriella e ela a morena riu.

— Esse ano eu queria fazer algo diferente. – Gabriella desabafou.

— Ela tem uma voz incrível, Taylor. – exclamou Kelsey. - Mostra pra ela, Gabriella.

— Acho melhor não....

— Vem, me dá aqui. – Kelsey pegou o celular e os fones e deu pra Taylor.

Taylor semicerrou os olhos enquanto assistia ao vídeo e Gabriella ficou vermelha.

— GAROTA! QUE VOZ! QUE TALENTO! – Exclamou Taylor.

Kelsey riu.

— Agora entendo porque você quer e DEVE ir para o teatro. Acaba com a raça da Sharpay. – exclamou Taylor.

— Ham, claro que não, gente! Porque eu iria fazer isso?

— Porque Sharpay é uma cobra! – disse Taylor. – Fala pra ela, Kelsey. – ela cutucou a garota de óculos que agora estava comendo um bolinho. – Enfim, a Sharpay trata a Kelsey como um LIXO, ela é uma ridícula, egocêntrica.

— Mas ela é uma boa cantora. – Gabriella defendeu.

— Mas isso não justifica. Ela vai ficar uma fera quando souber que tem uma garota tão boa quanto ela. Sinceramente você tem que fazer essa audição.

— Eu concordo. – disse Kelsey enquanto dava outra mordida no bolinho.

— OI, GENTE! – uma garota cheinha com os cabelos enrolados chegou à mesa. – Puxa, eu procurei vocês por toda a parte. – ela sentou-se. – Inclusive, Taylor. Eu vi você e o Danforth.- ela cantarolou e riu.

— SAÍ PRA LÁ, Martha! – exclamou Taylor. - Mas hein, vocês não conseguem esquecer esse garoto, que saco. Eu fiquei com ele por 3 meses e só.

Kelsey e Martha riram.

— Amiga, ele tá louco pra ficar com você de novo, deveria dar uma chance. – Martha brincou.

— Mas nunca em minha vida! – Exclamou Taylor. – Dá licença, que vou buscar meu almoço.

Taylor saiu da mesa com raiva e as duas meninas riram.

— Martha, essa é Gabriella. – Kelsey apontou pra morena.

— Oi, Gabriella! Prazer! Você quer um creme brulée. – Martha ofereceu pra Gabriella.

— Prazer, Martha. E não, obrigada. -  a morena riu.

— Oh, Martha, onde você conseguiu esse creme brulée, hein? – perguntou Kelsey, desconfiada.

— Hum. – Martha deu uma mordida. – o Zeke me deu, sabe como é. – ela deu de ombros.

— Olha lá, Martha, não deixa esse cara te iludir. – Alertou, Kelsey.

— Mas enfim, Gabriella. – Martha voltou-se para a morena. – Tá gostando do East High? Você vai participar de algum clube?

— Na verdade, eu estava falando com a Kelsey e vou participar do clube de teatro. – Gabriella respondeu.

Martha ficou surpresa.

— Sim! – disse Kelsey, empolgada. – Mostra pra ela, Gabi.

Até nesse ponto, estranhamente, Gabriella sentiu-se confortável o suficiente para mostrar seu vídeo para as garotas. Ela não sabia como, mas se sentia pertencente ali.

— GABRIELLA! Sua voz é linda! – Martha exclamou, animada. – Você vai arrasar.

— Obrigada, Martha!

— Ela é incrível mesmo. – Taylor chegou por detrás das meninas com a bandeja na mão.

— Eu já disse pra Gabriella acabar com a raça da Sharpay. – Taylor disse, sendo maléfica e dando mordida na maçã que estava segurando.

— Eu vou adorar assistir isso. – disse Martha.

— Ah, gente, vocês realmente estão me deixando assustada sobre a Sharpay. – disse Gabriella.

— E é pra ficar mesmo, aquela menina é horrível. Eu tenho pena do irmão dela. – disse Martha.

— Eu também tenho, ele é um amorzinho. – Kelsey disse.

Martha e Taylor entreolharam-se.

— Amiga...o Ryan é gay...- disse Taylor,  Martha apenas concordou com a cabeça.

— Claro que não, gente! – exclamou Kelsey

— Amiga. – Martha deixou seu creme brulée de lado. – O irmão da Taylor pegou ele.

— O QUE?! – exclamou Kelsey.

Todas entraram na gargalhada.

— Mas oh, ele pode ser bi. – Martha tocou no ombro de Kelsey que estava encolhida e triste.

— Ai, gente, para! –disse Kelsey. – Eu só me decepciono com os homens, eu hein.

— Eu sei bem, Kelsey. – disse Taylor tomando seu suco.

As meninas continuaram jogando conversa fora, e ficaram fazendo varias perguntas sobre Gabriella. Elas falaram tudo sobre East High, os romances que aconteciam. Taylor havia ficado com Chad por 3 meses, mas ele foi um babaca com ela e não assumia que estava gostando dela.

 Kelsey tinha se envolvido com Jason, um dos jogadores de basquete, mas ele era bobão demais para ela. Nos últimos meses, ela estava mais próxima de Ryan e tinha adquirido uma quedinha por ele. Kelsey disse que, diferente da irmã, Ryan era um doce de pessoa, sempre atencioso e  muito talentoso, mas que infelizmente era ofuscado pela irmã.

Já Martha tinha uma queda pelo Zeke, mas ele era louco pela Sharpay. Só que a loira não dava nem confiança pra ele. Gabriella descobriu que desde sempre Sharpay foi muito dedicada ao teatro, que sempre participava das peças e tudo que envolvia artes. Kelsey disse que não entendeu de onde vinha essa personalidade tão difícil da loira, que quando eram mais novas, Sharpay não era assim, mas ela foi crescendo e ficando mais ambiciosa.

Gabriella também descobriu que Martha era uma ótima dançarina de hip hop, Kelsey já havia composto várias musicas que foram tocadas nas peças da escola, e que Taylor já tinha ganhado vários prêmios acadêmicos. A morena também contou sobre sua vida, que sua mãe sempre se mudava de cidade por conta do trabalho, e que muitas vezes não fazia amizades para não lidar com despedidas. Essas poucas horas de almoço, fez com que as quatro garotas identificassem-se e rapidamente Gabriella juntou-se às meninas.

Quando deu 15 horas, Gabriella disse:

— Meninas, o papo tá ótimo. Mas eu preciso ir, vou encontrar o Troy.

— O QUE?! – as três meninas exclamaram.

— O que, gente? – Gabriella riu.

— Você vai se encontrar com Troy Bolton? – indagou Martha.

— Sim...- Gabriella olhou para elas, desconfiada.

— Gabi, desde quando você fala com o Troy? – perguntou, Kelsey.

— O Troy foi muito legal comigo no primeiro dia de aula. Ele me ajudou e sempre conversamos por mensagem.

As três meninas entreolharam-se novamente.

— Eu disse que esses meninos não prestam! – exclamou, Taylor.

— Eu disse que ele não era gay, Taylor – Martha deu de ombros.

Kelsey riu e disse:

— Então, Troy Bolton está interessada na nossa Gabi.

Gabriella ficou vermelha.

— Você gosta dele, Gabriella? – Martha perguntou.

— Hum, ele tá sendo bem legal comigo. – disse Gabriella.

— Amiga, cuidado com o Troy, ele é melhor amigo do traste do Danforth. – Alertou Taylor.

— Hum, ok. – Gabriella riu, pegou sua mochila. – Vou tomar cuidado. Tchau meninas

As três garotas despediram-se e Gabriella foi para o ginásio pensando no alerta das meninas.