O Intruso escrita por thierryol1


Capítulo 6
Amanhã É Outro Dia




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/767726/chapter/6

"Eu apaguei o 'antigo eu', mas o novo não é muito melhor..."

 

Lucie acordou assustada em sua cama. Teria sido um pesadelo?

Ela vestiu uma roupa casual, colocou seu colar e desceu as escadas. Chegando à sala ela pegou seu notebook e começou a escrever seu livro. Happy entrou na sala e deitou-se debaixo da mesa de centro.

Mas sua cabeça estava tão cheia de pensamentos da noite passada que ela não conseguia se concentrar. Ela desligou o computador e deitou-se no sofá, ficando perdida em seus pensamentos.

Já era quase hora do almoço quando Lucie se levantou e se direcionou até o outro lado da rua, e bateu algumas vezes na porta. Abel apareceu, algum instante depois, com os olhos fundos.

— Eu te acordei? Desculpe-me...

— Não tem problema, eu não consegui dormir nada essa noite. Bem, o que precisa?

— Será se você poderia me acompanhar até a casa do Roger? Quando entrei em casa ontem ele não estava lá, desde então fiquei preocupada. E eu tive um pesadelo tão real...

— Posso sim, só espera um pouco até eu pegar minha jaqueta.

Abel sumiu por alguns segundos até aparecer novamente. Os dois foram caminhando até a casa de Roger.

— Que colar lindo... – Abel elogiou, quebrando o silêncio.

— Hm? Ah, obrigada. Eu comprei em Nova Iorque, quando passei um tempo lá.

— É de ouro mesmo?

— É sim... Ele abre. – Lucie abriu com um pouco de dificuldade o colar, que tinha seu nome escrito dentro.

Eles continuaram conversando sobre coisas aleatórias, mas nenhum dos dois mencionou nada da noite anterior.

Após uns trinta minutos caminhando, eles chegaram à casa de Roger. Bateram algumas vezes mas não tiveram resposta.

— Lucie, olhe... – Disse Abel, apontando para uma placa onde estava escrito "aluga-se" e um número de telefone.

— Hm? Não tinha reparado nessa placa quando vim aqui da última vez.

Lucie rapidamente tirou seu celular do bolso e discou o número. Após alguns instantes chamando, uma voz foi ouvida:

— Alô?

— É, alô. Você é a proprietária de uma casa na rua Denver?

— Sou sim... Você tem interesse em alugar?

— Na verdade eu queria saber o que aconteceu com Roger.

— Quem? – A voz no telefone perguntou.

— Roger. O garoto que estava morando nessa casa.

— Isso é algum tipo de trote?

— Hein? Não, Roger, garoto de cabelo grande, pele bem branquinha, que estava na casa número duzentos e vinte cinco.

— Moça, eu não conheço nenhum Roger. O nome do garoto que morava na casa duzentos e vinte cinco é Troy Lee. Ontem a noite ele me ligou dizendo que estava de mudança e que iria deixar o dinheiro do aluguel desse mês na caixa de correio. Hoje de manhã quando fui levar a placa, ele já não estava mais na casa.

Lucie ficou parada ali, sem reação. Afinal, quem era, de verdade, 'Roger' e o que tinha acontecido com ele?

*****

2 Semanas Depois

— Prazer, eu sou Lucie. Autora do best seller O Mar Esmeralda. Eu vim para Vila Obélia em busca de inspiração para escrever meu próximo livro. Aqui eu conheci Abel, que me apresentou o clube de literatura, e hoje eu estou aqui, me apresentando para vocês...

Lucie falou mais algumas palavras antes de ser aplaudida e descer do palco. Sentou-se ao lado de Abel.

No final da reunião, três garotas chegaram em Lucie e pediram algumas dicas sobre como publicar um livro. As três se apresentaram: Lisa, Rebecca e Amanda. Lucie olhou para Abel, que disse:

— Eu também adoraria ouvir sobre isso, por que não marcamos de ir a uma lanchonete hoje e batemos um papo?

Todas as três garotas concordaram, e Lucie não viu alternativa senão aceitar.

*****

Lucie foi à última a chegar. Quatro pessoas riam e conversavam numa mesa num canto. Ela caminhou até lá e sentou-se ao lado de Lisa, garota de pele bronzeada, cabelos cacheados longos e olhos negros.

— Puxa Lucie, como você está atrasada! – Disse Abel.

— Me desculpe, eu perdi um pouco a noção do tempo...

— Você parece estar tão cansada, algo aconteceu? – Rebecca pergunta, jogando seus cabelos médios e castanhos para trás.

— Não é nada... É só que eu não consigo dormir direito tem várias noites...

— Por quê? – Lisa pergunta, após chamar o garçom levantando a mão.

— Eu não sei... Eu estou com uma sensação estranha que não me deixa descansar. Ultimamente eu sinto que tem alguém me observando na minha própria casa...

Todos se calaram e ficaram olhando Lucie por alguns minutos. Ela, sentindo a tensão, dá um sorriso falso e diz:

— Mas não deve ser nada. Então, do que vocês estavam falando antes?

O garçom chegou e eles pediram alguns refrigerantes e uma porção grande de batatas fritas. Lisa e Amanda ficaram conversando sobre literatura e cinema com Lucie enquanto Rebecca ficou conversando com Abel.

Após uma hora e meia, restaram apenas Lucie, Rebecca e Abel. Amanda, a garota mais velha das três, alta e com certeza afrodescendente saiu cedo. Lucie estava apenas observando os dois conversarem. Parecia que os dois tinham muito em comum. Quando Rebecca pegou na mão de Abel em cima da mesa, ela se levantou e disse que ia embora.

— Ainda está cedo, Lucie, fica mais com a gente! - Rebecca falou, sorrindo.

— É, Lucie... Espera um pouco que depois eu te acompanho até em casa.

Lucie olhou para os dois.

— Não, eu estou muito cansada... Mas vocês podem ficar. Não se preocupe, eu vou ficar bem.

Antes que os dois pudessem dizer algo, Lucie deixou o estabelecimento e foi andando à caminho de casa.

Alguns minutos andando, ela começou a pensar.

"Eu estava com ciúmes? Não... Isso não é possível... Mas o que foi aquilo que eu senti quando vi os dois se conhecendo e se dando tão bem?" – Perguntava a si mesma.

Lucie continuou pensando sobre isso, quando subitamente parou. Tinha alguém a seguindo ou era apenas impressão?

Ela lentamente olhou para trás, quando viu um vulto parado olhando subitamente para ela. Seu coração começou a acelerar. Ela continuou andando, agora com o passo mais rápido.

Quando ela estava na esquina de casa, olhou novamente para trás, e pôde ver claramente quem estava a seguindo: um ser sem rosto, com um terno, igual aquele pesadelo.

Lucie começou a correr em direção à sua casa o mais rápido que conseguiu, fechou a porta e então percebeu que ela estava sem fechadura. Os últimos dias foram tão agitados que ela acabou esquecendo-se desse detalhe.

Ela apoiou as costas na porta e fechou os olhos, na esperança de que a criatura não tentasse entrar ali.

Após ficar nessa posição por aproximadamente uns dez minutos, ela suspirou fundo e abriu os olhos. Quando seus olhos se ajustaram a luz, ela viu o intruso mascarado sentado na frente da escada, olhando diretamente para ela.

Lucie gritou, abriu a porta e saiu correndo pela rua até se encontrar com Abel.

— O que está acontecendo? O que foi Lucie?

— Não foi um pesadelo! Ele está lá! O intruso está lá! – A garota gritava, estava tremendo.

— Quem? Onde? O que houve?

Lucie apontou para sua casa, tremendo. Abel correu até lá e entrou. Lucie ficou na rua, em estado de choque. Alguns minutos se passaram, e ela começou a andar lentamente em direção a sua casa.

— Abel? – Gritou. – Abel?

Nenhuma resposta. Lucie começou a andar mais rápido, mas o garoto saiu de dentro da casa e disse que estava tudo bem. Ela correu e abraçou-o.

— Não tinha ninguém lá... Lucie, está tudo bem?

— Era Walter! Eu tenho certeza! Ele está vivo e quer me matar!

— Como assim? Você poderia me explicar o que você viu?

Lucie contou tudo sobre o mascarado. Abel ficou pensativo e sério.

— Se Walter realmente estiver vivo, pode ser perigoso ficar por aqui.

Abel pegou seu celular, procurou algum contato e ligou. Após alguns instantes, ele perguntou se poderia dormir, juntamente com Lucie, na casa dessa pessoa. Então ele desligou o celular e disse:

— Vamos, Rebecca deixou a gente dormir lá, até descobrir o que está acontecendo pelo menos.

"Rebecca?" – Pensou Lucie.

*****

Abel acordou de uma vez no sofá. Teve um pesadelo horrível. Ele olhou para o outro sofá e viu Lucie acordada, olhando assustada para a tela do notebook.

— Você não dormiu? – Sua voz tinha um pequeno tom de preocupação.

A garota nada respondeu.

— Eu tive um pesadelo... – Disse Abel, querendo cortar o clima estranho que se formara.

Lucie direcionou seu olhar para Abel e ficaram em silêncio alguns segundos, antes de responder:

— Temos um pesadelo real para nos preocuparmos agora.

Abel fez uma cara de dúvida, então Lucie simplesmente virou o notebook para o lado dele. Estava aberto em um site de notícias de Vila Obélia. Abel não estava enxergando muito bem por causa do escuro, então ele se aproximou para ler a notícia melhor. Quando ele leu, olhou para Lucie sem saber o que dizer.

O título da notícia era: "Corpo de Walter Philip, sobrinho do advogado Marcus Philip, foi encontrado em rio."


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Intruso" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.