O Intruso escrita por thierryol1


Capítulo 7
Abençoe os Monstros e as Crianças




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"Tudo ao meu redor está desmoronando. E eu também."

 

1 Semana Depois

— Como você está, Josh?

— Josh está muito feliz, senhora.

— Já disse que pode me chamar de Lucie... – A garota sorriu.

— Josh está cuidando das rosas. O clima está nublado e com um vento gostoso, e Josh ama esse tipo de tempo. É um pouco melancólico...

— É... Depende...

— E você, senho- digo, Lucie, você gosta de rosas assim como Josh? – O homem perguntou, sem nem sequer tirar os olhos da direção do roseiral.

Lucie ficou parada olhando para as rosas por algum tempo, estática. Após alguns minutos ela respondeu:

— Eu amo. A maioria das pessoas gosta delas pela beleza ou pelo perfume... Mas eu não.

Josh, pela primeira desde que começaram a conversar naquela manhã, parou de podar as rosas e olhou nos olhos da garota.

— Eu gosto delas pela forma como são delicadas, mas isso não significa que sejam totalmente assim. Todas as rosas têm espinhos. Elas precisam deles para crescer e se proteger...

— Precisamos do nosso passado para sermos quem somos hoje. - Josh disse, se virando e voltando a fazer seu trabalho.

— É... Acho que você tem razão...

Lucie continuou sentada no pequeno banco, com Happy dormindo em seu colo, olhando o céu nublado. Após cerca de quinze minutos ela quebrou o silêncio:

— Eu estou em apuros, Josh...

— O que quer dizer com isso?

— Acho que está na hora de pagar pelos meus pecados... Tudo isso que está acontecendo é prova disso...

— Carma? – O jovem perguntou.

— Hm?

— Carma... Tudo aquilo que você fizer na sua vida, irá voltar pra você mais forte... Seja algo bom, ou ruim... – Josh disse isso de uma forma estranha.

— Isso é uma daquelas teorias loucas? Tipo o efeito borboleta?

— Você pode achar que é loucura, mas para Josh isso é muito real. Para Josh o efeito borboleta coexiste com o carma... Uma pequena e insignificante escolha que você faz hoje poderá ter consequências devastadoras. E algum dia o efeito devastador dessa escolha irá voltar direto pra você. É isso...

Nesse momento Happy acordou e saiu correndo para latir com um homem que estava parado na frente da casa. Lucie foi logo atrás, ver o que tinha errado com o cachorro.

— Olá, você é a senhora Lucie Freewood? – O homem, bem vestido, pergunta.

— Eu mesma... Em que posso ajudar?

O homem tirou algo do bolso e mostrou para a garota. Era um distintivo.

— Detetive Fischer, eu gostaria de fazer algumas perguntas sobre a morte de Walter Philip.

*****

"Se você estiver lendo essa carta, então é tarde demais. Sinto muito se o que eu fiz irá deixar alguém triste, mesmo eu não acreditando nisso. Se perguntarem por que tomei tal decisão, apenas diga que eu estava cansada. Peço encarecidamente que alguém cuide do meu cachorrinho, Happy. Ele é um filhote ainda, e tinha somente eu na vida dele.

Sinto muito por tudo. Sinto muito por ter existido.

 

Lucie."

*****

Ao ver o carro preto sair pelas ruas, Abel correu disparado em direção à casa de Lucie. Bateu na porta algumas vezes e a mesma abriu sozinha, então ele viu que a porta não tinha fechadura.

— Lucie?

— Sim? – A garota veio apressada da sala de estar.

— Então, eu queria saber o que aquele cara queria aqui. Vi ele te mostrando um distintivo e tal. – Abel parecia preocupado.

— Ah, ele não sabe de nada, relaxe. Ele só veio perguntar sobre a discussão que tive com Walter na frente da padaria outro dia...

— Ufa... Eu estava tão preocupado com você... – Abel foi em direção à garota e a abraçou. Ela ficou sem reação por alguns instantes, e por fim correspondeu ao abraço.

— Calma, isso ainda não significa que estamos a salvo, só que eles não sabem de nada...

— É, tem razão...

— Abel? Pode me soltar agora... – Ele ainda estava abraçando forte a garota.

Ele a soltou, corado e com um sorriso tímido.

— Bem... E o que você vai fazer hoje?

— Eu vou sair com Lisa. Ela disse que queria me pedir uns conselhos.

— Ah... Que tal depois disso a gente sair para comer algo ou tomar um sorvete?

— Pode ser, por que não né?

— É, já que você vai sair, se quiser eu posso consertar a sua fechadura.

Lucie tinha esquecido completamente que ela estava danificada e não podia ser trancada.

— Eu agradeceria!

*****

1 Semana Depois

Lucie caminhava lentamente para a casa de Lisa. Sua cabeça ainda tinha o curativo.

A última semana tinha sido muito estranha. Ela estava com um aperto no peito. Algo não estava certo, ela podia sentir. Ao chegar à porta, ela bateu algumas vezes e a porta rangeu e abriu.

— Lisa? Você está aí?

Ninguém respondeu. Lucie engoliu seco e entrou. Ela procurou nos cômodos da casa, chamando a amiga pelo nome, sem sucesso. Quando ela chegou ao corredor do segundo andar, viu uma sombra no quarto de Lisa.

— Lisa? Você não precisa ter medo de mim! Por favor, deixe eu me explicar!

Sem resposta alguma, ela caminhou rápido até o quarto de Lisa. Ao abrir a porta subitamente, ela viu o corpo de Lisa enforcado, com a barriga aberta e as tripas caindo para fora. Na parede logo atrás, um símbolo que Lucie já tinha visto: uma caveira em formato de borboleta.


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