Hold on escrita por Brru


Capítulo 20
Recomeço




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"... e eu quero que viva para sempre... "

Os lábios se abriram em um sorriso inevitável. Talvez, Julieta houvera lido o singelo bilhete quatro ou dez vezes, ela não sabia ao certo. A letra bem desenhada de Aurélio significa para ela que o mesmo havia pensando em cada palavra com calma e carinho. Havia um toque de poesia, ele transformou o mal da insônia em algo significativo, não a romantizando, mas deixando claro que as vezes a mesma se é necessária.

Seu corpo estava mais calmo aquela manhã, mesmo com pouco tempo de descanso, se sentia mais viva, com esperanças. Havia uma interminável vontade de já está novamente nos braços de Aurélio, conta-lo sobre a felicidade que ela trazia em seu ventre, gritar aos rodores que enfim seria feliz com seu amor. No entanto, um passo em falso traria tudo abaixo. A incerteza ainda era algo perturbador, era certo que Aurélio ainda desejava um herdeiro apesar de já ter Rosa, mas Julieta, queria ter convicção que o desejo de Aurélio havia mudado, que seu filho não seria só mais um sucessor, porém, alguém que, teria grandes ensinamentos, que tivesse a liberdade de traça seu próprio caminho, sem ter que seguir os mandamentos de seu pai.

O pequeno sinal estava ali, crescendo, ainda não lhe era claro por trás das vestimentas, contudo, em algumas semanas o pequeno fruto iria começar a florescer dentro de si, dando vida a sua vida, dando outro sentindo para qualquer sonho que ela já houvera tido. Não queria tirar isso de Aurélio, não se achava no direito, mas não poderia se prender em uma vida monótona, vivida apenas porque alguém quis que lhe fosse assim.

A noite com Aurélio foi perfeita, ele disse que a amava, e mesmo não podendo visar seus olhos tão claramente, era firme cada palavra em sua voz. Existia amor, mesmo que ainda sorrateiro, ele existia, necessitavam apenas explorá-lo com calma, sentir cada decisão tomada. As mentiras não poderiam mais existir..

E, Julieta decidiu que buscaria em Aurélio a razão para lhe contar sobre sua gravidez, bastaria sentir que ele estava disposto, pronto, que a mudança lhe era concreta, e o Barão saberia que há um pequeno pedaço seu tomando vida dentro dela.

— Se continuar pensando tanto, lhe nascerá cabelos brancos.

— Bom dia para você também, Mariana! - Julieta, dobrou o bilhete o guardando dentro da gaveta de seu criado mudo. - Não devia esta trabalhando?

— Hoje não, as crianças foram ao museu.

— Mas ele ainda não está pronto.

— Talvez, lhes estão mostrando os formatos dos tijolos.. - Julieta, mesmo sem querer riu de seu cometário. - Mas, não estou aqui para falar disso.. - sentou-se ao lado da irmã. - Disse a ele?

— Sobre o bebê?

— Sim!!!

— Não, ainda não..

— E por que diabos? - o blasfemo surpreendeu a irmã mais velha..

— Porque, estávamos esclarecendo outras coisas.. - suspirou. - Perdoamos algumas, e deixamos pendentes outras..

— O Barão é mesmo um mar de confusões.

— Não, Mariana.. Aurélio, sempre foi claro em relação aos seus desejos, e não quero que ele mude em nada, bom, apenas em relação ao nosso filho. Não quero que meu filho seja um robô em suas mãos, feito apenas para viver sobre regras esdrúxulas!

— Mas ainda não sabemos se menina, ou menino.

— Não importa, ainda assim pertencerá aquela família, carregará o sangue dele.. - Mariana assentiu.

— Esta certa.. Mas vejo que ele tem uma boa relação com Rosa. Há claramente uma preocupação pelo bem estar da menina.

— Isto me dá ainda mais esperanças.. Desejo que ao saber sobre nosso filho, ele também aja de tal forma. - sorriu. - Ele me pareceu mais aberto, conversamos pouco, mas fora o suficiente para mim adiar minha ida a São Paulo.

— Está certa disso? - Mariana, quase saltou em seus braços tomada por felicidade.

— Sim!

— Bendita chuva que os uniou.. Veja só, a tempestade as vezes aje de forma favorável..

— Odeio admitir, mas está certa.

— Eu sempre estou. - piscou convencida. Um pequeno ruído as chamou a atenção fazendo Julieta rapidamente segurar a mão da irmã. - Calma, mamãe está em casa.

— Mas, e suas encomendas? - Mariana, suspirou.

— Bom, lhe falta dinheiro para comprar os tecidos. Eu tentei um adiantamento com a diretoria da escola para ajudá-la, mas eles foram claros. Dinheiro apenas ao final do mês.

— E por que não me disse? - a indagação soou incrédula.

— Eu sei que o pouco dinheiro que tens, é para sua viajem e para o bebê..

— Mariana! - bufou, saindo da cama. - Vamos a cidade, eu tive uma ideia.

...

— Eu ainda não acredito que fizemos isso.

— Mariana, pare de chorar.. As pessoas estão nos olhando. - Julieta, falou olhando ao redor.

— Você é muito cruel, Julieta. Que lembrança agora teremos de papai? - a menina voltara a chorar.

— Deus, de suas brincadeiras.. Seus conselhos, risos.. - parou de andar e olhou para irmã. - Agora eu lhe peço para que você pare de chorar. Você sabe o quão Soberano também era importante para mim, vendê-lo foi uma das dores mais intensa que senti.. Então, por favor, respire fundo e pense que isso fora por mamãe.

— Mas é muito dinheiro..

— Estamos salvas por algumas semanas.. - sorriu. - Eu sei que Soberano fará falta, mas eu não posso deixar que a nossa Rainha seja tomada pela tristeza.. Compreende?

— Claro.. - fungou. - Você está tão decidida, me da medo.

— Não exagere..

— Não estou.. - afirmou passando na frente da irmã. - Agora, me siga.. Você deve me pagar um sorvete por me ter feito chorar.. - Julieta apressou os passos tentando alcançá-la.

— Eu nem ao menos sabia que você tinha sentimentos.

As duas pararam de frente a soverteria.

— Pois tenho.. - Mariana, respondeu. - E eles me pedem agora, um sorvete de chocolate..

— Certamente eu não tenho outra opção.. - Julieta cedeu adentrando o ambiente.

As mesas estavam quase vazias, a época ainda úmida não era tão atrativa para desfrutar dos sabores de sorvete, no entanto, para amantes do mesmo, não havia tempo ruim. Mariana, ansiosa esperava que o rapaz enchesse sua casquinha. Julieta, olhara para todos os sabores e nenhum lhe foi de graça, sentia asco, e não a foi de surpresa porque desde amanhã sentía fome, mas tudo lhe parecia intragável.

— Está satisfeita? - perguntou, a irmã que segurava o maior sorvete que já vira.

— Claro, convenci o rapaz pão duro a colocar o dobro de sorvete.. Eu mereço.

— Você ameaçou ele, Mariana. - a mesma deu de ombros se deliciando com o sabor gelado.

— Se o fiz, não me lembro.. - Julieta, virou os olhos desfrutando mais uma vez de um riso importuno.

Os passos seguiram firmes até o centro da cidade, ainda havia muito o que fazer, principalmente, comprar os tecidos que eram necessários para que Dona Guadalupe continuasse com suas costuras. Julieta seguía rindo da irmã, Mariana, realmente era uma caixinha de surpresas. Mas, nem tudo naquele fim de manhã fora flores, as náuseas de Julieta se intensificaram, fazendo-a cessar por alguns minutos seus passos.

— Julieta.. - Mariana tentava mirar seu rosto. - Olhe, olhe para mim..

— Me sinto zonza, mas passará.. - fechou os olhos tentando controlar a agonia que a tomava.

— Não será necessário chamar a polícia? - de repente as irmãs ouviram um soar conhecido. - Há uma ex presidiária a solta. - seguidamente uma risada se iniciou.

— Carina! - os dentes de Mariana rugiram. - Julieta, não a dê ouvidos e olhe para mim.. - susurrou tentando ganhar a atenção da mesma. - Respire fundo.

— Não estão me vendo aqui? - a megera indagou.

— Não se preocupe, Mariana, eu estou melhor. - Julieta, abrira os olhos.

— Eu não tinha o conhecimento que você ainda tinha permissão para andar na rua.. É um perigo a sociedade, quero dizer, a alta sociedade.

— Pois deveriam proibir você de andar a rua, você sim significa perigo.. É uma cobra, o veneno exala pelos poros! - Mariana respondeu.

— De certo defende a irmã, porque também pensa em seguir o caminho da mesma.. O que vão fazer? Montar uma quadrilha?.. - sorriu novamente. Mariana, abrira a boca para rebate-lá, mas Julieta deu um passo a frente, olhou para irmã e a tomou o sorvete que ainda levava em mãos.

— Mariana, a prometo que lhe pagarei quantos sorvetes queiras. - ao dizer isso, Julieta virou-se para Carina lhe enfiando o sorte na boca até que a mulher começasse a engasgasse. - Agora, aprenda que as vezes é melhor calasse.. - Tomada pela raiva Carina as ameaçou, e covardemente saira entre as pessoas.

— Aquele não era o destino que eu desejava dar ao meu sorvete, no entanto, estou feliz que ele tivera uma melhor serventia.

— Carina, não cansa de ser desagradável.. - Julieta disse retomando seus passos.

— Creio que ela não suporta o fato de Aurélio apenas ter olhos para você..

— Ninguém pode amar a caipira.. - disse, balançando a cabeça.

— Ninguém, além do Barão.. - riu, enlaçando seu braço ao de Julieta.

...

Os toques em seu corpo eram desconfortáveis, e principalmente por serem feitos por alguém quase desconhecido. Mas, não deixaria que certos caprichos a impedisse de certificar-se de todos os detalhes sobre seu bebê.

— Bom, esta tudo certo. - Rômulo, respondeu sorridente.

— Eu sei que isso parecerá estranho, mas, você tem certeza?

— Sim, Julieta.. O seu bebê está bem.. - Rômulo viu o corpo da mulher quase desmanchar-se sobre a cadeira que a acomodava. - Mas, você deve-se cuidar mais.. Está muito pálida.

— Estou sem comer toda manhã, as náuseas me tomam a todo momento.. - franziu, o cenho. - Antes, a fome fazia-me recém e agora, quase não a sinto..

— Minha cara, seja bem vinda a vida de uma grávida.. Seu corpo ainda a surpreenderá muito.. Fique atenta a qualquer sinal que ele der. - piscou para mulher curiosa.

— O farei.. - sorriu. - Diga-me, o que devo fazer para que o mesmo tenha um bom desenvolvimento..

— Faça uso das vitaminas que lhe passei, são novas, o mundo ainda está em seu processo de criação.. A medicina está avançando, mas, para que ele, ou ela, nasça saudável é necessário apenas que você tenha mais sutileza em algumas ações..

— Como o que? - Mariana, que ainda não havia dito nada se pronunciou.

— De certo, é amante dos cavalos? - Julieta assentiu. - Evitemos isto.. Fortes emoções, e principalmente a má alimentação.. Eu sei que os enjoos são um empecilho a respeito disso, mas um esforço é necessário.

— Está certo, Rômulo.. - agradeceu.

— Você me parece mais sorridente, desde a última vez que nos vimos..

— Mudanças ocorreram.. - respondeu sem muitos detalhes.

— E ainda pretende ir para São Paulo? Devo ir amanhã, logo cedo.

— Tão pronto?

— A minha mulher está ansiosa por conhecer o vale..

— O senhor é casado? - Mariana novamente perguntou.

— Sim, senhorita Mariana.

— Que desperdício! - disse seguidamente a menina. As bochechas de Julieta coraram, fazendo Rômulo rir. - Perdão, mas o senhor parece ser tão jovem..

— Bom, quando se conhece o amor da nossa vida, Mariana, nós nunca queremos perder tempo.

— Siga o exemplo de seu médico, Julieta.

— Deus, Mariana fique quieta. - a irmã mais velha levantou.. Respirou fundo, e desculpou-se com Rômulo. - Mais uma vez, obrigada.

— Não há de quê.. - o médico assentiu. - Mariana, fora bom vê-la novamente.

— Infelizmente, não posso afirmar o mesmo.. Pois, o senhor é casado e acabara com todas as minhas esperanças..

— Rômulo, desculpe-me novamente..-Julieta, disse empurrando a irmã para fora da sala do médico.

Mesmo que Afonso tivesse ao seu lado lhe colocando a par de todos os prejuízos que ocorrera na fazenda, Aurélio, estava em outra dimensão. Nunca havia reparado como a cidade do velho Vale do Café era tão bela, as pessoas esforçavam-se para andar na moda, mesmo que o sol estivesse escaldante. As crianças, que por hora corriam pela rua lhe lembravam, Rosa, e o enchia de ansiedade em por fim ter um filho. Era estranho, sorriu, e olhou para Afonso que ainda falava, mas agora, ter um filho não era uma necessidade.. Se fosse afortunado com a proeza de tê-lo estaria feliz, mas, se não tivesse tanta sorte também estaria satisfeito, porque, já tinha uma bela família, mesmo que ainda não oficial; Julieta, Mariana e Guadalupe eram sua família. Havia algumas semanas que sua vida girava entorno de tudo que as envolvia, e aquilo era o bastante.

Os pensamentos ainda viviam momento que tivera com Julieta. A clareza lhe dera um descanso a sua saudade, era quase impossível explicar/definir o que significou está com Julieta novamente. O contato físico, fora de longe o menos importante daquele momento, tudo, exatamente tudo, que os envolveu naquela madrugada o fazia naqueles últimos instantes da manhã, um homem mais feliz.

— Chegamos, Senhor.. - Afonso, disse parando o carro. - Aqui está o melhor haras para compra de cavalos.

— Ainda não acredito que perdemos nossos melhores cavalos.. - abriu a porta do saindo mesmo.

— Bom, o senhor precisa aterrar o chão da fazenda, principalmente onde se encontra o estábulo. As chuvas estão cada vez mais fortes.

— Farei isto! - afirmou, e fechou o principal botão de seu paletó. - Diante de tantos problemas, temo que não tenha tempo para voltar a casa de Julieta.

— Pois, se me der permissão posso lhe ser de ajuda com alguns afazeres.. - Afonso se prontificou.

— Compraremos os cavalos, e veremos isso.. - o empregado assentiu.

O fazendeiro animado com a presença do Barão, quase não parava de sorrir e isso tornava sua apresentação dos cavalos a venda, terrível. Poucos sabiam, mas para a decepção do velho Afrânio, Aurélio se formara em Botânica, havia nele uma atração pela natureza e pelos animas. Então, comprar um cavalo de má formação não seria um erro cometido pelo mesmo, diante disse, o Fazendeiro teria que exebir seus melhores animais.

— Este pertenece a uma rara raça, seu porte é perfeito para corridas e carruagens. - dizia o fazendeiro. Logo foram mais a frente. - Está é uma fêmea, forte como qualquer outro cavalo, e devo lhe admitir que a mesma não é desejada..

— Apenas por ser fêmea? - o Barão que tinha os braços cruzados, indagou.

— Há um certo preconceito.. - confessou o homem.

— Então, a coloque na lista, Afonso. - Aurélio olhou para o empregado. - Acho que, Rosa gostaria de tê-la..

— Ela ficará encantada, senhor. - Afonso assentiu.

O Fazendeiro surpreso, seguiu a frente.

— Este.. - riu, deixando Aurélio encabulado. - Tem até nome de santo, se é que existe algum que se chame assim.. - riu novamente. - A moça que lhe trouxe parecia tristonha ao vendê-lo, mas a entendo.. O cavalo é muito bom.. Chama-se, Soberano.

— Como disse? - Aurélio, perguntou em um sobressalto.

— Soberano, mas se desejar pode nomea-lo como quiser..

— Não.. Não.. - ele levantou a mão pedindo que o homem se calasse. Os pensamentos lhe iam e vinham.. havia algo de errado. - Abra a porteira, deixe-me ver o cavalo.

— Claro.

O cavalo quase contragosto saira do pequeno espaço que ocupava.

"Tenho um cavalo.. Chamo-o de Soberano, meu pai me deu quando eu ainda era pequena.."

A voz de Julieta, soou em sua mente repetidas vezes... E ele logo pensou:

— Não é possível que haja dois cavalos com o mesmo nome.. - ele acariciou a cabeça do animal. - Você disse que fora vendido por uma mulher, lembra-se como a mesma se chama?

— Não exatamente.. Bom, eram duas e uma delas chorava..

— Chorava? - o peito do Barão se apertou.

— Sim, chamava-se, Mariana. - Aurélio, respirou fundo tendo a exata certeza do que já imaginava.

— Afonso, cuide de comprá-lo.. - falou apressando-se. - É o cavalo de Julieta, e necessito saber o que aconteceu..

— Sim, senhor.

...

Mariana, choramingava a espera do carro que a buscaria junto a sua mãe para uma tarde de chá. Julieta, havia recusado o convite, ainda sofria com os enjoos e a manhã intensa a fez preguiçosa aquela tarde.

— Bela desculpa, Julieta. - reclamou afundando-se no velho sofá.

— Acha mesmo que estou inventando? - Julieta cruzou os braços prendendo o riso.

— Você está rindo sua...

— Mariana! - a voz da mãe lhe chamou de fora da casa.

— Bom, eu vou banhar-me.. - a mais velha disse convencida.

— Eu nunca a perdoarei por esta traição.. - a mais nova rebateu.

— Bom chá, Mariana! - Julieta, gritou do corredor

Sem outras alternativas, a menina levantou-se para se juntar a mãe. Estava quase a alcançar a porta quando, a mesma se abriu revelando; Aurélio.

— Aurélio! Que surpresa! - a menina levou a mão ao peito.

— Perdão por assusta-la, Julieta está? - Mariana, franziu o cenho percebendo-o um pouco ansioso.

— Bom, no banho.

— Está de saída, certo?

— Apenas eu e mamãe, Julieta está en.. Esta indisposta.. - sorriu nervosa. - Mas o que houve?

— Mariana, diga-me por que Julieta vendeu Soberano..

— Ah, dizemos por mamãe... - ela respondeu perguntando-se como o mesmo soube da venda do bicho. - E ela pretendia ir.. Aurélio, você está nervoso. - percebeu a respiração do mesmo rápida demais.

— Pretendia?? - ele ignorou seu comentário. - Mariana.. - ele insistiu.

— Bom, pretendia ir embora para São Paulo.. - ele deu passos a frente, mas ela o interrompeu. - Mas, mudou de ideia.. Mudou depois de ontem.. - ela explicou.

— Mariana! - a mãe a chamou novamente.

— Eu preciso ir... Espere que ela saia do banho, tenho certeza que lhe explicará tudo! - falou por último, e saiu fechando a porta.

São Paulo? Mas o que faria lá? Nem ao menos o diría algo? O homem andava de um lado para outro intensamente. Olhou para seu relógio de bolso, e um minuto havia se passado desde que entrara pela porta daquela casa, e soubera que talvez, nunca mais veria Julieta novamente. As mãos foram a cabeça embusca de calmaria, mas sabia que só a teria quando visse Julieta tendo a certeza que a mesma havia realmente mudado de ideia, que, o que ele a disse ontem, fora suficiente para aquieta-la ali, com ele.

Os pés se moveram em direção ao corredor que dava acesso ao quarto dela, mas cessaram, moveram-se de novo, e ele não parou. Abriu a porta do mesmo buscando-a, mas tudo que ouviu fora ruídos vindos do banheiro. Outra vez lutou contra sua vontade e ansiedade, mas em vão, porque, apenas se viu adentrando o banheiro visando a silhueta de Julieta enquanto a mesma exaguava os cabelos debaixo do chuveiro. O chão úmido não fez nenhuma diferença, nem mesmo a água fria quando ele avançou em sua direção assustando-a.

— Deus.. Aurélio! - os olhos avermelhados piscavam embusca de uma visão mais clara, mas não havia dúvidas, era ele. Ela cobriu os seios com o braço, e fechou o chuveiro com a outra. Rápidamente alcançou sua toalha cobrindo parte torso. - Molhou-se.. - disse, olhando para sua roupa. - Meu Deus, o que aconteceu?

— Por que vendeu Soberano?

— Como soube?

— Por que ia embora??

As perguntas se misturavam, deixando-a aflita. Ele parecia ansioso, nervoso. Os olhos estavam engrandecidos inquietos, assim como seu peito que subia e descia em uma rapidez assustadora.

— Tivemos alguns problemas, e fora necessário.. - ela explicou.- A viajem, não era certa.. Eu precisava tomar outro rumo depois do nosso rompimento, não sabia ao certo o que fazer... - confessou.

O braço do homem esticou-se até a parede atrás de Julieta, ele se pôs cabisbaixo evitando seus olhos, e tentando entender porque haviam chegado a tanto. Porque, era tão difícil para ele abandonar o medo, para deixar-se levar pelo o que aquela mulher lhe dava de tão bom. Ela, lhe tocou os cabelos sentindo-os molhados, as mãos percorreram seu rosto, até lhe alcançar o queixo.

— Olhe para mim.. - murmurou. Ele venceu sua recua, e a olhou. - Você está nervoso.

— Você ia me contar?- ele perguntou. Julieta, suspirou rumando as mãos para sua gravata desfazendo o nó da mesma e a jogando quase que perto da porta do banheiro. - Julieta.. - o sussurro lhe pedia uma resposta, no entanto, ela estava ocupada demais tirando seu paletó e, logo, abrindo sua camisa. As peças também foram jogadas para longe pela mulher.

— Você está com a cabeça avulsa.

— Adivinhe quem me deixa assim.. - falou, e ouviu o zíper de sua calça sendo aberto. - Por favor, me responda.

— Sobre soberano?

— A viajem, Julieta.. - a calça caiu sobre seus pés e ele a chutou para longe.

— Tire os sapatos e eu direi. - ele o fez, assim também com as meias. - Bom.. - assentiu.

— Então?

— Agora, a última peça.. - juntos olharam para baixo.. - Você quer sua resposta ou não? - ela arqueou uma sobrancelha fazendo o homem entortar o canto da boca revelando um leve sorriso. Ele a tirou, ficando totalmente vuneral em sua frente.

Julieta, "ligou" novamente o chuveiro deixando que a água apenas molhasse Aurélio. Os ombros do Barão relaxaram-se sentindo a calmaria enfim tomando-o. Os olhos se abriram em meio a água, e ele riu quando a viu sorrir. A cabeça agora está fria, e ele poderia a entender melhor... Fora simples, mais de grande significado para ele. Tanto que, a puxou para si livrando-se da toalha que os impedia de estarem pele com pele.

Ele a beijou tomando os cabelos molhados entre mãos. O corpo dela fora encostado a parede, fazendo do beijo mais sedento e molhado. A água mesmo que fria, naquele momento, não tinha nenhum efeito sobre o que os tomava. Julieta, agora entendia as surpresas que a gravidez a daria, estava sentindo o dobro de atração por Aurélio.. Queria sua boca na dele, no entanto, também em seu pescoço.. As mãos se espalhavam pelas costas largas do homem, acariciando a pele molhada.. O jorrar de água cessou sobre seus corpos, incentivando Aurélio a prendê-la sobre a parede, aproveitou para lhe rodear o seio com mão, observando as reações de Julieta enquanto seu polegar a acariciava o mamilo.. Ela mordia o lábio, mais uma vez ciente que não poderia deixar escapar tanto baralho; a mãe e a irmã poderiam regressar a qualquer momento.

O tempo lhes era pouco e a saudade tamanha, Aurélio segurou na parte inferior de uma de suas coxas e a pôs por cima de sua perna, logo, olhando nos olhos de Julieta, e juntos perdendo o chão quando ele enfim a fez sua. O misto de emoções os envolveu, e ele aguardou a tempestade cessar, para então voltar com sua força a predendo de vez em sua cintura. Mesmo que a pressa fosse necessária, Julieta, deixou-o seguir calmo, amando-a em um ritmo em tortura.. Sentia um homem sair do seu corpo, deixando um vazio agonizante, mas sua volta era entorpecedora o pescoço se inclinava para atrás com necessidade de ar, e ele aproveitava-se para lhe tomar os seios na boca.. marcando sua pele branca com todo a atenção que os mesmo mereciam.

Aurélio, em um relance a surpreendeu desligando seus corpos e a virando de costas para si. A respiração dela tentava regular-se, mas não houve tempo para fazê-lo.

— Eu acho que já disse isso... - ele sussurrou, e com as mãos segurou ambos os seios dela a empurrando contra seu peito. - Mas, estava com muita saudade.. - ela riu com os olhos fechados, a voz falha e entrecortada dele alimentou o calor que sentia. Seu corpo como um instinto inclinou-se para atrás, e recebeu Aurélio dentro de si novamente.

Ambos, não estavam mais molhados pela água, o pouco espaço e a junção de seus corpos lhes faziam suar, envolvendo-os de forma inexplicável. As mãos de Julieta se apoiaram a parede dando-a apoio, para sustentar o quando Aurélio estava fugaz. E... Por causa de seu ritmo desenfreado ele fora o primeiro a alcançar seu êxtase, seguidamente de Julieta que fora abraçada pelos braços dele enquanto buscava normalizar-se.. O ofegar era a única coisa que se ouvia, Aurélio, lhe beijou entre os cabelos e no rosto certificando-se se a mesma estava bem.

O banho seguiu entre beijos e carícias, até Julieta lembra-se que o tempo dos dois estava acabando. Com os corpos secos, as vestimentas foram postas rapidamente, salvando-os de qualquer flaga.

— Sente-se.. - ela disse a Aurélio que sentou-se em sua cama, e prontamente Julieta começara a secar seu cabelo com uma toalha.

— Você está quase me arrancando a cabeça. - ele disse fazendo caretas.

— Pois, quem ficará sem cabeça sou se mamãe suspeitar do que ocorrera. - ele a abraçou sua cintura assustando-a - Comporte-se.. - pediu predendo o riso.

Ele continuou preso a sua cintura repousando a cabeça em cima de sua barriga, o gesto fizera Julieta respirar fundo aliviando uma repentina tensão que a tomou.

— Que bom que você está aqui... Que não foi a lugar nenhum.

Ela segurou em rosto o fazendo olhar para cima.

— Você me fez querer ir, e depois me fez mudar de ideia.. E eu confesso, a ideia de deixá-lo cada dia me era mais dolorosa.

Ele sorriu, e os lábios da morena sentiram um beijo calmo e carinhoso. Aurélio, voltou abraçar sua cintura, mas dessa vez deixando um beijo casto em acima de seu ventre.

— Por que fez isso? - ela indagou sentindo a voz falha. Mas, ambos tiveram a atenção tomada pelo o barulho de um carro cessando sua velocidade.

— Acho que elas chegaram. - ele comentou, Julieta, rapidamente segurou em sua mão e juntos foram em direção a sala.

Sentaram-se no sofá como se já estivessem ali por horas, e viram as duas mulheres adentrarem a casa. Surpresas, elas se aproximaram, mas Aurélio não deixou que a situação ficasse estranha entre os quatro e se prontificou levantando-se.

— Dona Guadalupe, eu estava a esperar a senhora. - buscou Julieta pela mão, e a trouxera para seu lado.

— Pois cá estou, meu rapaz. - a mulher respondeu sorridente.

— Quero lhe pedir que... - ele olhou para Julieta que parecia ansiosa. -... Sua filha, Julieta, seja novamente minha noiva.. E a prometo que dessa vez, nós cuidaremos para que as coisas sigam em seus conformes.

— Se é do desejo de minha filha, senhor Barão.. Vocês tem minha benção. - a mãe disse.. Mariana sorria segurando sua vontade de abraçar ambos os noivos.

— Julieta.. - Aurélio a olhou..

— Sim?? - ela respondeu, deixando a felicidade estampada em seus olhos.

— Então, viva aos noivos.. - Mariana, enfim gritou.


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