Glory and Gore escrita por Iulia


Capítulo 20
I don't have a choice, but I'd still choose you.


Notas iniciais do capítulo

Oi oi famíliaaa!! Decidi voltar hoje porque minha querida amiga Alice solicitou que eu assim fizesse e aqui trabalhamos dessa formaaaa!! E também, eu não tenho certeza se conseguiria voltar domingo, ainda que na real eu queira demais atualizar de novo que é pra nóis dar aquela agilizada, senão jazin entra aí 2022 e nóis ainda nessa. Enfim.... E o último hein??? Porraaaaa é só uma surra em Cato, né, família? SENTIDAAAA. Mas, anyways, lhe entrego este capitulozinho aqui que é tristinho tb :c O título vem de uma musiquinha chamada Poison & Wine, acredito, e é do The Civil Wars. Nos vemos lá embaixoooo!!



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Clove Kentwell sempre havia sabido que certas ocasiões demandavam uma mente clara.

Ela havia escutado Cato e reconhecido que precisaria ficar sóbria para os momentos finais. Só a desconfiança corria por suas veias; o veneno que ela cuidadosamente havia escolhido. Indigo havia acabado de sair, Katniss já se separara dos outros e agora era a vez deles.

Mas Cato não havia chegado ainda e Clove sentia que o ar não estava chegando do jeito certo.

Havia um plano. Ela precisava sair antes de Haymitch e rumar para o aerodeslizador que estaria em algum lugar fora do prédio. Era um bom plano, ela tinha passe livre porque todo mundo sabia que Naevio podia a solicitar a qualquer momento.

— Anda – Haymitch latiu, quando chegou a hora. Havia um tipo de energia estranha no ar; os Pacificadores poderiam fechar as portas a qualquer momento. Era como se seus olhos desconfiados furassem a proteção do capacete e queimassem a pele de todos eles antes do tempo, como se a guerra houvesse sido declarada bem ali, nos sussurros discretos em meio ao ar pesado.

Clove sempre tinha sido inteligente.

Ela sabia que ninguém ia parar nada porque um cara do 2 estava atrasado para fugir, então ela ouviu suas instruções e caminhou perfeitamente até a saída de serviço de um prédio que ficava numa rua solitária. Ela subiu as escadas escuras do prédio, encontrou o aerodeslizador no hangar, ela esperou.

Durante sua vida, Clove havia presenciado alguns milagres. Ela tinha um talento. Attico tinha sobrevivido na Patrus. Ela tinha matado Onyx antes que ele a matasse na arena. Cato poderia chegar a tempo.

Mas o tempo passou e passou e não houve nada.

A escolta do 12 segurou sua mão, de repente.

— Clove? É um prazer te conhecer, eu sou a Effie Trinket. Eu estou tão feliz de te ver por aqui – ela tinha uma peruca dourada levemente mal colada e maquiagem se acumulando em bolsas abaixo dos olhos assustados.

Ela ofereceu um semisorriso, como as pessoas da Capital haviam a ensinado. E esperou por mais uns segundos, sentindo alguma coisa dificultar sua respiração. Clove observou a movimentação, os que se declaravam rebeldes da Capital carregando mapas e dispositivos para dentro da aeronave.

Seis minutos se passaram. No segundo que a primeira gota de suor escorreu pelas costas de Clove, ela tomou a decisão;

Ela já estava descendo o primeiro degrau da escada quando uma mão cheia de unhas postiças segurou seu braço.

— Onde você está indo? – a tal da Effie Trinket exclamou, a mão firme em seu braço. – A gente vai sair a qualquer minuto.

Effie tinha uma voz estridente, alta, unhas que apertavam seu braço, olhos que escaneavam sua figura confusamente. Clove se desvencilhou, cerrando os dentes.

Não tinha muito o que pensar; a aliança deles era feita de sangue, era feita de ferro. Não haveria nada que sustentasse seus fios vitais se Cato ficasse ali na Capital. Ela podia muito bem ficar, também, e não haveria diferença. Se eles estavam mortos de qualquer jeito, que ao menos eles pudessem honrar seus acordos.

— Olha, Effie: você vai ter que largar a porra do meu braço, agora, combinado?  

Mas Effie também tinha uma força surpreendente. A mulher da Capital a segurou no lugar, perfurando seu braço. Em seu rosto havia uma expressão de determinação muito caricata, como se ela estivesse se preparando para brigar por conta de sapatos numa liquidação.

— Sai, vadia – Clove se ouviu gritar, empurrando a mulher, que tropeçou alguns passos para trás em seus gigantescos saltos. – Cuida da porra da sua vida.  

Sua cabeça estava feita. Sua respiração curta se dificultou ainda mais, porque em que porra de buraco Cato havia se metido, mas ela continuou descendo, daquele jeito certo e aéreo com o qual se caminha para a morte porque nada mais importava; se Cato estava ficando, ela também ficaria.

Para tomar algumas decisões, Clove tinha aprendido que era melhor não pensar muito. Não importava o que iria ser feito dela quando ela alcançasse as ruas ou como seria impossível achar Cato naquele inferno de cidade; seu coração pulsava e seu pulmão mal recebia ar e tudo que ela precisava fazer era sair daquele estacionamento. Suas energias, sua existência, seu instinto, tudo estava concentrado em tirá-la dali.

Eles deveriam morrer juntos, afinal, como eles tinham jurado com doze anos no porão da casa de Cato, ouvindo a voz de Gaia na cozinha, ela fechando seu último corte, ele conhecendo seus primeiros demônios e Clove nunca acreditava no que ele dizia, mas havia alguma coisa nos seus olhos cheios de ódio, alguma coisa que fazia ela pensar que Cato conhecia todo o destino deles.

E o destino, como Clove bem sabia, tem um senso de humor cruel.

Ela tinha alcançando a metade da escada quando deu de cara com Haymitch. Atrás dele, a figura de Plutarch Heavensbee se revelou.

Eles permaneceram imóveis por compridos segundos, o silêncio retumbando.

— O que você está fazendo, Clove? Nada muito idiota, eu espero. Vamos dar meia volta, princesa – o velho do 12 falou, um sorriso desconfiado tomando suas feições gastas. O homem ao seu lado esperou, a olhando cuidadosamente.  

— Eu vou ficar. – Clove anunciou, seu queixo levantado com esperança distraindo a atenção de suas mãos trêmulas. De trás, ela ouviu Effie soltar um ofego exagerado.

— Impossível. Não é vocês que vão conseguir o 2 pra gente? Meia volta.

O movimento ao redor do aerodeslizador havia diminuído, ela podia ouvir. A hora chegava.

Clove sentiu todo o ar ser chutado para fora de seus pulmões enquanto realizava o pé de desgraça das coisas. Clove sentiu que sua mente não estava funcionando apropriadamente, que algumas conexões estavam falhando, que parecia que uma mão estava apertando seu coração, que ela estava aterrorizada.

— O Cato não chegou ainda – ela se ouviu sussurrar, a voz parecendo pertencer à criança que ela não era desde sempre, pesada com o que pareciam ser lágrimas. Era quase um ganido, quase como se ela estivesse implorando para eles, que Deus proibisse.

Os homens sequer trocaram olhares com sua revelação medíocre, sequer consideraram suas palavras, porque eles não podiam entender que as coisas só existiam porque eles existiam e o que seria deles se a divindade de Cato fosse roubada em qualquer esquina da Capital, o que seria feito se ele fosse capturado e tudo que era sagrado fosse profanado, o que porra Clove Kentwell iria fazer sem Cato Hadley?

— Eu sinto muito, menina – ela vagamente ouviu Haymitch dizer, a pulsação em seu ouvido embaralhando tudo ao seu redor. – Eu não posso te deixar aqui. A Lyme ia me matar.

Clove não viu o rosto solidário de Haymitch, não viu a expressão estranhada de Plutarch, não viu mais nada. Por uns minutos, o mundo parou de existir e não importava o quanto Clove tentava respirar, não importava o esforço que ela fazia para inspirar, não havia ar. Ela foi guiada (levada?) por braços fortes de volta para o aerodeslizador, imaginando se ela conseguiria sentir fisicamente quando Cato fosse morto, suas mãos vagamente pousando em seu pescoço porque ela queria mais que tudo que alguém fizesse o serviço agora e acabasse com aquilo tudo.  

Ela estava dentro do aerodeslizador. (Cato não estava lá, também). Simples assim.

Havia agora um som permanente no ar, ritmado, quase uma canção.

Não não não não não não.

Ele era o único, a única coisa possível, o único que representava o sagrado que a Capital vivia para tentar violar. O único que a tinha feito proferir promessas milhares de vezes, promessas falsas que ele tinha quebrado no momento errado.

Ela iria sentir, ela sabia.

Seria como mãos se fechando ao redor do seu pescoço, como cair em um poço muito escuro, como se tudo deixasse de existir de uma vez, uma mão se fechando ao redor de uma lâmpada e a morte à todas as risadas escandalosas, aos dias ensolarados, ao azul mais profundo.

Era só aquilo que sustentava seus fios vitais, ela sabia.

Ela pararia de estapear suas mãos contra a porta de metal, se ele tivesse aparecido. Eles parariam de machucá-la, tentando segurá-la precariamente enquanto o aerodeslizador decolava, se ele tivesse aparecido.

Ele podia ter chegado minutos depois de eles terem decolado.

Mas Snow iria matá-lo e tudo seria culpa dela.

Havia aquele tipo primitivo de dor em cada respiração que ela dava, em cada lágrima que descia pelo seu rosto enquanto ela vomitava em um canto porque o Cato não estava lá e o que ela faria, o que seria dela, o que seria feito?

Raiva corria em suas veias, pulsava sua cabeça como se ela estivesse sendo tomada por um demônio bem ali. Ela iria matar cada uma daquelas pessoas naquele aerodeslizador. Antes de eles aterrissarem, a carnificina estaria consumada, porque não era com ela que eles deviam ter se metido.

O primeiro que ela viu foi um homem ruivo. Como um gato selvagem, ela pulou nele com a mesma ira assassina inundando sua íris com tons de preto. Com o cabelo cobrindo sua visão, ela mal viu o rosto assustado do homem e ela precisava ver, precisava olhar a luz deixar seus olhos porque eles tinham deixado a porra do Cato pra morrer e ela mataria cada um deles porque vingança era a coisa dela.

Mas o homem não estava gritando. E ela não estava sentindo nada, absolutamente nada.

Braços sem rosto a tiraram de cima do homem, um Avox. Ela os deixou. Ela não estava sentindo nada.

x

Clove estava sentada em um canto, observando em silêncio enquanto a movimentação para retirar os tributos da arena acontecia. Sua face pálida, sua boca seca, seus olhos injetados, suas mãos correndo em movimentos frenéticos por seus braços. Ela se lembrava de absolutamente tudo, ela sabia de absolutamente tudo; Cato e sua fúria inquieta, sua saída súbita no dia anterior, a besta mal disfarçada em seus olhos escuros.

Cato não era a pessoa mais difícil de ler e a simbiose deles estava quase completa, afinal. Clove sabia cada um dos seus motivos, ela quase podia ver tudo com uma clareza surreal, como se estivesse em sua mente o tempo todo. Talvez ela devesse ter tentado pará-lo com mais vigor, mas nunca havia funcionado; nenhuma mão segurava o demônio que aparecia em seus olhos naqueles momentos.

No canto da sua mente, Clove sabia que vinha querendo saber quando e como Cato iria matar Naevio o tempo todo desde que a presença do homem da Capital fora anunciada na narrativa. 

Mas tudo era diferente naquela terra estranha que era a Capital e seus desejos tinham demorado a entender essa realidade. Cato não tinha mais o título que possuía no Distrito 2 anos atrás; não cabia mais a ele sentenciar pessoas à morte ou ao exílio.

Ele matou o Naevio, Clove decretou mais uma vez. Cato havia matado Naevio porque Clove havia visto aquele olhar em seu rosto inúmeras vezes. Ele não havia se despedido, como sempre fazia, ele sustentou seu olhar por tempo demais. Ela tinha visto. E ela tinha sentido, com a certeza firme com que se sente o fim de um dia, que Naevio não existia mais.

Clove respirou profundamente, apertou o rabo de cavalo e encheu a cabeça com planos perigosos antes de entrar sem qualquer convite na sala onde tinha ouvido a voz de Haymitch.

Ela adentrou o espaço branco, estéril, e encontrou os dois homens reunidos em volta de uma mesa.

— Oi, Clove – Plutarch Heavensbee disse, suavemente. Porque ele era da Capital, ele falava com ela como o animal exótico que ela era, a criatura selvagem que merecia ser admirada de longe. Ela percorreu a sala com os olhos. Observou as janelas, a paisagem abaixo de onde eles voavam.

— Oi, Plutarch. Bom te ver de novo – ela articulou, a voz firme e aristocrática de sempre. Plutarch ergueu as sobrancelhas e sorriu para baixo, todo encantado, todo temeroso com o olhar fixo dela.

Não importava o que ela tinha feito mais cedo, o que ela tinha revelado, o que eles tinham visto. Ela ainda era a princesa da guerra que eles precisavam, ela ainda era quem tinha conseguido todas aquelas informações para eles. Nada tinha mudado. Clove ainda tinha muito poder, então ela os olhou como a realeza que era. 

— Gostaria de comer alguma coisa? – Plutarch ofereceu, estendendo a mão para a refeição disposta na mesa.

— Não, eu preciso discutir planos com vocês – ela anunciou, se sentando na mesa comprida como se aquele espaço pertencesse a ela.

E era. Ela não devia adentrar nenhum espaço se não pretendesse dominá-lo.  

Clove sabia que precisava manter a cabeça clara, a mesma mente estrategista de sempre. Ela se espalhou mais na cadeira, na posição de poder que tinha visto tantos assumirem, e pigarreou.

— Vocês não me deixaram ficar porque precisam dos Vitoriosos pra vender a rebelião.

— Correto. Não foi nada pessoal, entende, ninguém estava morrendo pra ter a Clove do Distrito 2 no 13  – Haymitch decidiu falar depois do que pareciam horas a encarando com descrença. Ela observou sua clareza metódica, o deboche quase sutil abaixo de suas palavras.

Clove estava prestes a retomar quando Haymitch a cortou, de súbito.

— O outro lá não trocou de lado, trocou? – ele perguntou, arrastando sua voz para deixar claro que não podia ligar menos. Clove não se moveu. – O Cato trocou de lado, Clove? É o que você estava querendo fazer aquela hora?

Ele não devia estar dizendo o nome dele. Outro tremor de ódio perpassou seu corpo. Clove não disse nada por alguns segundos, desafiando eles com seu olhar meio vazio, meio jocoso. Ela só decidiu responder quando se satisfez das expressões temerosas nos rostos dos senhores de meia idade a sua frente. 

— Não, ele não trocou. Nem eu – ela finalmente declarou, inexpressiva. – Aconteceu alguma merda na Capital. Nada que seja da conta de vocês. Enfim. Eu entendo que vocês fizeram tanta questão de me trazer porque precisam de mim para dobrar o pessoal do Snow. Vocês não têm muita gente do 1 nem muita gente do 4, o que todo mundo sabe que pode dificultar vender essa coisa de rebelião por lá. Eu posso ajudar, obviamente, e eu vou. Mas o problema é que só quem vai conseguir o 2 de verdade vai ser o Cato.

Clove assistiu atentamente a troca de olhares entre Plutarch e Haymitch. Ela prestou atenção no jeito que eles se moveram; o Idealizador bufou ironicamente, erguendo as sobrancelhas para o outro. O homem do 12 suspirou longamente, umedecendo os lábios e sacudindo a cabeça.

— Por quê? Por que só dá pra conseguir o 2 com ele? – Haymitch questionou, com a mesma ironia cáustica, a mesma desconfiança muito bem declarada – A Lyme não vai funcionar? O próprio Tordo não vai funcionar lá? Vocês são especiais assim?

— O pai do Cato era um Pacificador. Ele é rico – as palavras sedutoras, baixas, escaparam de seus lábios sem que ela precisasse ponderar muito. – Eu consigo arranjar as vilas que cercam a maioria das pedreiras, mas não tem jeito de pegar o 2 sem conseguir a Montanha da Capital e lá é entupido de Pacificadores, o pessoal do Cato.

Ela não podia dar pra trás, era a altivez que vendia tudo. Clove esperou, se recostando à cadeira. Seu tom, sua pausa deslocada fizeram o serviço; Haymitch e Plutarch mais uma vez trocaram olhares.

— O que você quer dizer? – Plutarch perguntou, forçando uma calma asséptica à suas palavras.

— Eu quero dizer que o Cato cresceu do lado de dezenas de pessoas que estão segurando a Montanha agora. Ele é intocável lá, eu nunca vi nenhuma ordem dele ser desobedecida. Eu quero dizer que se ele dissesse que o 2 tem que lutar desse lado, eles...

— Não, não, você está blefando – Haymitch a interrompeu, sorrindo secamente e se afastando da mesa.

— Se tem alguém que consegue convencer aquelas pessoas, é o Cato. O 2 não vai comprar nada da menina do 12, ela vende uma guerra que é invenção de um povo que não é o deles – Clove continuou, alteando a voz no único sinal de que tinha ouvido a fala de Haymitch. Quando ele bufou em contrariedade e atraiu o olhar de Plutarch, ela se voltou pra ele. – Eu não estou dizendo que ele vai quebrar os Pacificadores em um dia nem nada assim. Eu estou dizendo que as pessoas que guardam a Montanha da Capital são amigas dele. Ele é o herói deles, ele sabe como falar com aquelas pessoas e eu já vi os estragos que ele pode fazer se derem pra ele uma brecha que seja.

Era um público difícil, mas se Cato conseguia fazer estragos com suas conversas bem elaboradas, ele não parava sequer aos pés de Clove, com seus olhos brilhantes, sua voz bem entoada, sua certeza inabalável, arrogante. Ela se curvou mais na mesa.

— A gente não vai conseguir quebrar a Capital em uma semana e eu te asseguro que o 2 vai ser o distrito mais difícil de conseguir, ainda mais se vocês usarem a Everdeen, a inimiga oficial da Capital. Ela não vendeu lá com aquela historinha de amor nem vai vender se mandar eles traírem o Snow. Essa guerra pode durar meses, anos, e ninguém tem esse tanto de cabeça pra perder. O que eu estou propondo é uma agilizada nas coisas. Se vocês puserem o Cato lá, eu tenho certeza que vai facilitar.

Suas tentadoras promessas flutuaram pela sala por uns longos minutos cheios de sobrancelhas erguidas e suspiros hesitantes.

— Você vende seu peixe bem. – Plutarch admitiu depois que palavras de Clove terminaram de adentrar sua mente e seus olhos intensos terminaram de dissecá-los. – Mas, olha, Clove, o problema é que a gente não sabe onde o Cato está. Então mesmo que a gente consiga que a Coin siga essa lógica extravagante, como a gente acharia ele?

— Ele deve estar com os outros. Quer dizer, se pegarem ele, é lá que ele vai estar. Ele está lá, ela está aqui – ela ouviu a voz de Haymitch dizer enfaticamente, respondendo Plutarch. Ela quase desejou não saber o que aquilo significava, ficar no escuro sobre o quanto Haymitch sabia sobre ela e Cato.

O que é que tem pra saber, de qualquer jeito? Ninguém nunca entenderia.

— Como a gente vai tirar eles de lá? – Clove perguntou, ainda que não soubesse bem quem formava o resto do “eles”.

— Nós não vamos, não por agora. – Haymitch respondeu, tão rapidamente que quase soou rude. Clove não pôde evitar reparar em sua postura derrotada, no tom doloroso de sua voz. Peeta Mellark não tinha subido no aerodeslizador, afinal. – A gente só está chegando agora no 13, sabia? Tem muita água pra rolar ainda. Não vá colocar o carro na frente dos bois, Clove.

O mentor do 12 sustentou seu olhar longamente, como se quisesse que ela soubesse que sentia muito ou que entendia ou que sabia que tudo era uma merda.

— Vocês vão precisar dele ou nada feito no 2 – Clove decretou, se levantando.

E, daquele jeito, Clove Kentwell selou seu próprio destino. Ela não iria advogar por guerra nenhuma se não conseguissem Cato de volta, não importasse a carnificina ao seu redor, em seu próprio distrito, em Panem, não importasse o sangue que fosse derrubado.

Sua lealdade era clara, era inquebrável e suportaria aquilo.

Ela ainda estava respirando, então ele também estava.  

Mais pungente que o sangue, mais forte que o ferro.

Clove nunca, nunca, havia desistido de algo em sua vida inteira. Ela conseguia hematomas e falhas e humilhações, mas ela não era uma Vitoriosa do Distrito 2 à toa. Ela conseguia o que queria toda vez. E ela queria Cato Hadley de volta. E ela decidiu que iria conseguir.

Clove tinha olhos tempestuosos e uma consciência estranha, nebulosa, como se estivesse se assistindo do lado de fora do seu corpo, observando a assepsia ao redor da sala e dentro de si.

Ela se sentou pacientemente e esperou até que pudesse apresentar seu caso para quem quer que tivesse a última palavra no Distrito 13.


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Notas finais do capítulo

NÃO HÁ JUÍZO, essa é a premissa de Clove e Cato!!!! kkkkkkkkkkkk Mas não tem muitoooo o que falar desse, né, Clove tá muito titinha, mas ela é muito doida e muito enjoadinha, logo é clarooo que ela tocaria o mais absoluto terror pra conseguir o homem dela de volta. Mas, na moral, quero demais que cês vejam os próximos capitulozinhos pra gente ver QUEM de fato é Clove Kentwell!! O que cês acham que vai dar, será que essa história de segurar as pontas vai dar bom ou não?? VEM AÍ A RESPOSTAAA!! Então é isso, gente, vou mover montanhas pra tentar voltar mais cedo, muito obrigada e beijãooooo!!



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