Sequestrada - Número 1970 escrita por Carolina Muniz
Notas iniciais do capítulo
Queria agradecer a "Blaire" pela linda recomendação, amei, amei, amei ♥ ♥ você é demais, sempre comentando e eu espero que esteja retribuindo esse carinho todo ♥ enfim, mais um cap :)
Tem obstáculo que chega para abalar todas as suas convicções de certo e errado.
¤ Capítulo 13 ¤
Christian se mexeu, desconfortável com o que Ana disse.
Ele era policial, já viu coisas que não o deixam dormir se não tiver completamente exausto, há muito tempo seu sono não tem mais sonhos. Ouvir relatos de coisas era pior ainda. O policial não sabe porque ficou tão estranho ao ouvir Ana.
— E então, um dia eu passei muito mal e senti a pior dor do mundo - continuou ela - e o Jack chamou uma mulher. Aquela mulher. Ela era uma parteira, e o bebê estava vindo. Jack a fez tirar o bebê da sala, e eu não sei mais o que aconteceu - Ana contou.
A garota sentiu os olhos arderam com as lágrimas, mas se controlou.
— Ele não disse o que fez? - Christian perguntou.
Ana hesitou.
— Não. Ele só não... Ele disse que ela era um erro que precisava ser consertado. Ele disse que o bebê estava morto - murmurou a garota.
— E a mulher? Você a viu depois disso?
— Não - declarou. - Eu nunca mais a vi, até hoje.
— E você sabe o que ela queria com você?
A morena balançou a cabeça.
— Ela não conseguiu dizer direito. Quando ela ia falar... Eles chegaram.
— Eles quem?
— Foi um carro, um homem atirou nela. E ela sabia o que ele ia fazer.
— Você reconheceu?
— Não consegui ver direito, mas tenho certeza que nunca o vi na minha vida.
— E ela conseguiu te dizer alguma coisa?
A garota tirou o cabelo dos olhos numa mania nervosa.
— Ela disse que o bebê estava vivo - declarou num rompante.
— Que estava vivo? Você acha que ela disse a verdade?
— Eu não sei. Talvez... Mas Jack falou que o bebê estava morto... E quando ele queria fazer uma coisa, ele mesmo fazia.
— Então por que você acha que ela arriscou a própria vida para te dizer isso, se é mentira?
— Eu não sei - ela suspirou.
— Mais alguém sabia?
— Sobre mim?
— Sobre o bebê.
Ela mordeu o lábio.
Não sabia que se podia falar sobre a Sarah.
— Bom, sim - confessou. - Mas ela... Ela não estava lá quando o bebê nasceu.
— Ela quem?
— A Sarah - contou. - Ela cuidou de mim enquanto eu estava lá. Jack confiava nela.
— Uma cúmplice?
— Ela disse que tinha motivos para ajudá-lo, que ele a ajudava também - confessou.
Christian não parecia surpreso com o que a garota disse, balançou a cabeça como se ponderasse suas palavras e então se levantou.
— Tudo bem. Eu tenho que ir - disse.
— Christian? - a garota chamou, levantando-se também.
— Sim? - ele se virou para a mesma.
— Você acha que eles vão vir atrás de mim? Digo, os caras que a matou.
Não era como se Ana quisesse esconder que estava com medo mesmo.
— Não sei. Mas se vierem, não vão conseguir se aproximar de você - ele garantiu. - Já tem uma equipe de segurança te protegendo.
— Me protegendo?
— Nós já desconfiávamos de que Jack, mesmo preso, iria tentar te pegar de novo. Ele tem cúmplices e informantes. Parece uma agulha num palheiro.
— O que você acha que ele está fazendo? - perguntou ela, com medo da resposta.
— Matando qualquer um que tenha chegado perto de você no último ano, provavelmente - declarou ele.
Ana desviou o olhar.
Era como se o pesadelo não tivesse fim. Ela nunca se livraria realmente de Jack, não é?
— Você vai ficar bem? - Christian perguntou.
Só então ela percebeu que seu rosto estava manchado com algumas lágrimas, e que Christian havia se aproximado o suficiente para limpá-las com o polegar gentilmente.
A garota se surpreendeu quando sentiu os braços dele a apertando levemente, abraçando-a.
Você também chora mais quando alguém mostra se importar?
Com Ana era exatamente assim. Mas naquele momento ela tinha a desculpa de sua vida estar de cabeça para baixo.
Então ela nem se importou quando acabou molhando a camisa dele com suas lágrimas e apenas se concentrou na mão fazendo carinho em seu cabelo e o cheiro maravilhoso que o policial tinha.
Christian era sempre gentil com ela apesar do porte arrogante e mandão. E Ana apenas tentava tirar de sua cabeça o quanto gostava daquilo.
E o quanto ele era bonito também...
Deus, ela estava sendo perseguida por um psicopata e pensava no quanto o agente policial era bonito?
A morena mordeu o lábio inferior e balançou a cabeça, afastando-se um passo do outro, que logo a soltou.
— Vou - respondeu finalmente e passou as costas da mão pelo rosto, fungando em seguida. - Eu não vou sair de perto do celular, então... - completou.
Christian sorriu - com certeza alheio aos pensamentos impuros dela - e seguiu para a porta, logo desceu as escadas da varanda, e Ana esperou até o Audi preto virar a esquina para então soltar o ar profundamente e fechar a porta.
Ela estava planejando ter um dia normal hoje, mas não foi como queria.
Será que vão ser todos agitados?
Enquanto esperava a lasanha ficar pronta no microondas, passava os canais da TV, em pé, no meio da sala. Seu pai havia arrumado tudo, desde os móveis até o papel de parede. Ela não se preocupou com nada. O que era bom, já que a morena com certeza não tinha cabeça para aquelas coisas fúteis.
O dia inteiro, ela não se permitiu pensar no que a parteira lhe disse. Afinal, não era como se ela tivesse entendido o que ela falou. Mas toda vez que a garota se lembrava dos olhos dela ficando sem foco, lhe dava um aperto no peito.
O bip do microondas a assustou quando percebeu que ficara em transe.
Não queria lembrar, não queria pensar... Mas era difícil.
***
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
xoxo