Brighter escrita por nerdsarehere


Capítulo 2
Well this is not your fault


Notas iniciais do capítulo

Viva! Me pediram, eu postei. Só espero um pouquinho mais de comentários, é.



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 Capítulo 2 — ...well this is not your fault

 

   But if I’m without you then I will feel so small

   And if you have to go

   Well always know that you shine brighter than anyone does

 

Às vezes, o tempo é frio e duro como só ele sabe ser. A prova disso é que, mesmo sem Victoire por perto para atrapalhar sua felicidade com Teddy e com toda a família a festejar, Lily não conseguia se divertir direito.

“O que poderia ser se divertir direito?”, você deve estar se perguntando. Pois bem; o fato é que a caçula dos Potter, como eu já disse antes, era muito boa para perceber coisas. Percebia quando sua mãe estava irritada, quando seu pai estava escondendo alguma coisa, e até mesmo quando James havia feito algo de errado; percebia quando seu melhor amigo, Theodore Lupin, estava triste, só olhando para a cor do seu cabelo.

E, do mesmo jeito, ela percebia quando algo estava errado. E havia, definitivamente, algo errado. O crepúsculo já cumprimentava a todos, e não só Victoire como também Teddy — Teddy! — havia desaparecido. Ela esperara por ele durante duas horas, sentada em uma cadeira do lado de fora da casa, mas nenhum dos dois aparecera.

Se você fosse uma criança ávida por aventuras e seu melhor amigo houvesse desaparecido, o que faria? Aposto que nem um passo diferente dela, que se levantou, abaixou-se ao passar pela janela — não que isso fosse realmente necessário, mas ela achou melhor não arriscar —, e seguiu em direção ao pequeno bosque que rodeava a casa. Sem pistas nem passos aos quais seguir, Lily seguiu por entre os arbustos, atenta a qualquer som diferente do normal; chegou a parar cinco vezes por causa de animais pequenos, e mesmo por causa do barulho dos próprios passos. Já estava se desesperando, quando a voz de uma mulher começou a se fazer ouvir.

Demorou algum tempo até ela perceber que Victoire não usava o falso sotaque enquanto gritava com Teddy.

— Você se acha tão maduro, não é, com seu emprego estúpido no Ministério da Magia!

A menina deu alguns passos, afastou alguns galhos, e lá estavam eles; Teddy e Victoire, cada um em um lado oposto do jardim das amoreiras. Rony havia retirado o toldo mais cedo, e a neve caía lentamente sobre os dois.

— Mas, Victo...

— Não me venha com “mas”, Theodore. — A risada dela era maligna, e fez cada fio de cabelo de Lily ficar arrepiado. — Você sempre foge, não percebe? Sempre foge quando acha que há algo errado, e nunca me deixa dizer que o que está errado é justamente você...

A ruiva ouviu Teddy tentar dizer algo, e ficar paralisado a cada palavra que Victoire acrescentava a seu julgamento implacável. O gaguejar do menino dos cabelos coloridos, do seu melhor amigo, a fez sentir mais vontade de chorar que nunca. Já a loira, vendo a falta de palavras do namorado, aproveitou para atacá-lo ainda mais.

— Eu preciso de alguém que não saiba só me divertir mudando a cor do cabelo, Ted! Alguém que saiba lidar com as situações com a maturidade que VOCÊ não tem! Por isso — ela pronunciou cada palavra com presunçosa entonação —, eu tenho outro alguém.

Teddy respirou rapidamente, descrente que aquilo pudesse realmente estar acontecendo; Lily não fazia a menor idéia do que aquilo significava, e quando ele tentou articular uma frase, ela teve certeza de que ele estava chorando. “Desculpe-me”, ele dizia, e ela gritava cada vez mais.

— Você é um idiota, Ted, um idiota! — berrou a voz de Victoire, já embebida pela fúria. — É por isso que não deu certo, e nunca vai dar!

— Vic... Victoire, eu...

A pequena podia imaginar a expressão atenuada e confusa do amigo, a súplica em seus olhos que mudavam de cor constantemente. Conseguia ver a ferocidade de Victoire, sua prime parte veela, com seus cabelos quase transparentes de tão loiros voando ao redor de seu rosto, dando-lhe a aparência de uma medusa e prejudicando sua beleza quase perfeita.

Ela podia imaginar tudo e, no entanto, se sentou e, fechando os olhos, cobriu as orelhas com as mãos, até que o único barulho que conseguia ouvir fosse o dos próprios pensamentos.

 

 

Para ela, era tudo muito complicado. Não conseguia entender ao certo o motivo pelo qual Teddy e Victoire haviam brigado e, embora não gostasse da prima, não gostava de ver Theodore triste. Demorou um pouco até perceber que Victoire se fora, e Teddy estava sozinho.

Sozinho. Desconsolado. Traído. O que poderia saber uma garotinha de dez anos sobre tais palavras, e a força que elas imprimiam nas pessoas a quem eram infligidas? Ela não sabia, mas não gostava de vê-lo daquele jeito. Derrotado, sem ânimos e, o que a assustava mais, descolorido. Os ouvidos destampados e os olhos abertos e o coração dilacerado pelos soluços que a atingiam como feitiços desenfreados; ela se segurou para não cair quando distinguiu a silhueta de Teddy do resto da clareira, pois um sentimento bem próximo do pânico tomou-a de supetão.

Branco. Como os flocos de neve que se acumulavam sobre a copa das árvores, branco. O vazio tomou conta de Lily, um vazio tão amplo e insuportável que a fazia ter vontade de fugir, e, no entanto, não podia, pois o vazio era Teddy e assim se encontrava dentro de seu próprio coração. E enquanto ela lidava com aquele soco no estômago que havia sido a brancura dele, o que o garoto sentia era completamente diferente, o contrário, por assim dizer.

O que Teddy sentia era o peso da sobrecarga. Se para Lily o mais terrível dos sentimentos era a falta, para ele era o excesso — reclamações demais, humilhações demais, exigências demais. Aquela avalanche provocada por Victoire o levara à ruína, àquele ponto onde os homens caem e choram perante a desgraça iminente. O branco, que para ele significava o excesso de cores, para ela era nenhuma; enquanto para Teddy era a neve que se aglutinava em um galho até atingir um peso exorbitante e cair, para Lily era a mesma neve, que se espalhava pelo bosque e espantava os animais e até mesmo as plantas, pois as últimas não ousavam aparecer até que o último floco pálido e frio houvesse desaparecido.

Demoraram alguns segundos até Teddy perceber a presença da menor, mas ela esperou pacientemente por ele, como esperara sempre, e como sempre haveria de esperar.

— Lily. — Ele enxugou as lágrimas com o dorso da mão, enquanto ela se aproximava a passos lentos. — Há quanto tempo você está aí?

Ela parecia paralisada, incapaz de responder à pergunta dele, e Teddy perguntou a si mesmo se ela ainda o via como uma fortaleza depois do que vira. Mas antes que ele pudesse abrir a boca e falar novamente, ela jogou seus braços em volta da cintura dele e o abraçou, como se esperasse que a tristeza passasse para si, e ele se mostrasse feliz outra vez. Por sua vez, Theodore abaixou-se e pegou Lily no colo, consolando-a como ela imaginava poder consolá-lo.

— Oh, Lily, fique tranqüila. Vai ficar tudo bem.

— Eu não entendo — explicou ela, encarando os olhos cinzentos do amigo. — Ela volta e pede desculpas, ou você mesmo faz isso, se ela não voltar. É assim que o tio Ron e a tia Hermione fazem, não é?

Teddy suspirou.

— Não é tão simples assim, pequena pensadora. Victoire não consegue suportar algo menos que a sua própria beleza.

— Se ela não gosta de você de verdade, prefiro que ela mantenha distância — esbravejou Lily. O biquinho da menina fez desabrochar um sorriso em Teddy.

— É bom saber que pelo menos alguém preza pela minha integridade, Lils, obrigado — agradeceu ele, dando-lhe um beijo gelado na testa.

— Na verdade — sussurrou-lhe Lily, ao pé do ouvido — eu não quero dividir você com ninguém.

— Também gosto muito de você, Lily.

Então ele fez os cabelos de azul, para que ela ficasse contente, e foram os dois de volta para casa, onde todos estavam atrás deles, desesperados.

 

 —————————————————————————

 

Durante aquele mês, Teddy sumiu.

Ele não sumira realmente, mas era essa a impressão que tinha a pequena ruiva que esperava por suas histórias antes de dormir; mal passava em casa para jantar, e Ginny dava seus recados de “bom dia” e “boa noite” assim que Lily acordava e se retirava para dormir, mas tanto ela quanto ele sabiam que só aquilo não bastava. Houve um dia em que Teddy chegou ao extremo de chegar tão tarde que Lily já dormia, e depositar-lhe um beijo triste na bochecha — o que a deixou revoltada quando soube de tal fato.

— Se quer me falar e me ver — retrucou ela, quando a mão lhe deu o “bom dia” de Teddy pela quarta feira —, que venha quando eu estiver acordada.

Mas ele não veio, e as palavras de rancor morreram em meio a seus gritos mudos de saudade. Ela sonhava com seus cabelos e íris coloridas todos os dias, e com a ausência repetida dele ela se fechou em uma conformação forçada.

O que Lily não entendia era o que Teddy não podia explicar-lhe; que a solidão era a única maneira de remediar o buraco que a namorada havia aberto em seu coração. Que ele se sentia envergonhado, pois Lily estivera lá no momento em que ele desmoronara, e o vira chorar.

Mas o que Teddy não entendia era que Lily sabia que a culpa daquilo tudo não era dele, e que se sentia tão solitária sem ele por perto, tão insignificante e pequena que o sentimento era quase tão devastador quanto a reação que tivera diante do branco que tomara conta de Teddy na clareira. Ela pensava nele durante todos os dias, durante todas as horas e minutos, e cada árvore e pássaro e borboleta trazia um pouco de sua lembrança.

Ela sentia falta dele, e cada dia se passava, morno, sem novidades. Dezembro se foi, e pelo meio de janeiro ele voltou a freqüentar a casa de Lily, aparecendo sempre na hora do jantar; mas não voltou a contar-lhe histórias, e mesmo que o modo como ele a tratava não fosse cordial, era distante. Ela queria conversar com ele, mas as oportunidades eram cortadas, uma a uma, pelo próprio punho de Teddy.

Como poderia ele saber que continuava sendo a única estrela no céu solitário daquela menina sonhadora?


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Notas finais do capítulo

Reviews não matam, e eu estou terminando a história no word, hhm.



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