Brighter escrita por nerdsarehere


Capítulo 1
So this is how it goes


Notas iniciais do capítulo

Terminei a fanfic hoje, não me crucifiquem se tiver ficado horrível, valeu? Agora, leiam e aproveitem.

P.S.: ainda coloquei imagens bonitchênhas pra vocês, cambada.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/76452/chapter/1

 Capítulo 1 — ...so this is how it goes

 

   Well I, I would have never known

   And if it ends today

   Well I still say that you shine brighter than anyone

 

 

Omês era setembro; as folhas amareladas teimavam em disputar com os Weasley e os Potter o espaço no jardim. Ginny e Hermione haviam colocado a mesa de jantar do lado de fora da casa, e um bolo gigantesco de glacê rosa repousava gloriosamente em sua superfície — ou pelo menos na superfície onde não estavam as centenas de doces feitos por vovó Weasley. O bolo era de tal maneira grande, que a menina precisou subir em uma cadeira para apagar as velas.

— Parabéns! Feliz aniversário, Lily — riu Theodore, pegando a menor no colo e girando-a no ar. — Finalmente, dez anos! Por favor, me diga que não desejou uma boneca ao assoprar as velas.

A menina ruiva dos olhos castanho-escuros sentiu seu rosto enrubescer ao ser posta novamente no chão.

— É claro que não, Teddy! Eu pedi mais alguns frascos de tinta muda-cor.

— Juro que nunca vou entender sua obsessão por mudar de cores, pequena. — Ele correu os dedos pelo vermelho-vivo de seus cabelos, vivo demais, quase queimando sua mão. — Eu acho você linda, bem do jeito que é.

Lily sorriu. A conversa dos dois era um evento isolado, em uma dimensão paralela àquela no qual os adultos conversavam sobre os filhos em Hogwarts; Lily e Teddy possuíam tal habilidade fantástica, que os permitia criar os seus próprios lugar e tempo, no seu próprio universo. Eu poderia afirmar, com toda a certeza, que eles não faziam idéia da presença de Hugo e Dominique, a apenas alguns metros dali.

— Você diz isso, mas olha só o seu cabelo! — reclamou a menor, num tom exasperado. Era quase cômico o seu esforço para encarar Teddy, quase um metro mais alto, a cabeça quase que totalmente curvada para trás devido à proximidade dos dois. Os fios de cabelo do garoto ondularam por causa do vento, e foi como se um redemoinho de cores houvesse passado ali; Lily bufou, e Teddy riu.

— Não sei do que você tem tanta inveja — contestou ele. — Na escola, me chamavam de cabeça de arco-íris.

— Cabeça... de arco-íris? — repetiu a ruiva, com o semblante pensativo. James e Fred sempre diziam que os valentões de Hogwarts feriam as pessoas a fundo com o que diziam, e aquilo mais parecia uma implicância ridícula de uma criança. Teddy havia se chateado por causa daquilo?

— Ei, pequena pensadora, hora de abrir seus presentes.

Theodore estendeu a mão direita para Lily; esta a segurou, começando logo em seguida a tagarelar sobre Hogwarts — o que, observou ele mentalmente, estava se tornando bem freqüente. A jovem Potter mal podia conter seu entusiasmo com a conclusão dos seus dez anos de vida: faltava, agora, apenas um até receber a carta da escola!

Teddy, no entanto, não se mostrava assim tão ansioso com a proximidade da ida de Lily para a escola de magia. A simples idéia daquela casa sem a menina lhe dava náuseas: era absurda, tola e quase inconcebível. Não havia casa dos Potter sem Lily. Em que espécie de universo terrível e (pelo menos até o momento) inexistente ela não estaria resmungando por ele precisar ir ao trabalho, ou pedindo que lhe contasse histórias antes de dormir?

Lily percebeu o silêncio de Teddy, e calou-se depois de algum tempo; no entanto, continuou a pensar sobre Hogwarts. Quando se divertia com Teddy ali ou n’O Castelo e se dava conta de que ele não a acompanharia quando fosse para a escola, o lugar lhe parecia vazio, enfadonho, vão. Eram todos sentimentos contraditórios e, se havia algo odiado por ela, era aquilo.

 

Era mesmo estranho o modo como conseguiam ser tão parecidos — ele com quase vinte anos, ela com apenas dez. Eles eram, com certeza, a dupla mais incomum que ninguém jamais conhecera.

 

Caminharam sem dizer nada por um bom tempo; Teddy, absorto em seus pensamentos, quase não percebia a presença da ruiva ali. Então Lily tropeçou em uma pedra, cambaleou alguns passos, e ergueu o olhar no exato momento em que Teddy baixava o dele. Quando os olhos castanhos dela encontraram os dele — coloridos, como sempre —, ambos riram; uma risada tão bela e verdadeira como o primeiro riso de uma criança nascida há pouco. Qualquer um que os visse enxergaria apenas uma menininha e um garoto, quase um homem. Os dois, entretanto, enxergavam um ao outro de uma maneira totalmente diferente.

Teddy a via como sua melhor amiga. A via como sua confidente, consoladora, como a irmã que ele não tinha. Mas a via principalmente como algo a ser protegido, algo como um pequeno botão de flor prestes a desabrochar. O seu lírio.

Lily o via, em sua mente de criança, como o seu próprio parque de diversões ambulante. Ele era diferente, algo além dos conceitos de “criança” e “adulto”; ela não conseguia explicar direito nem para si mesma. Algo espetacular, único, só dela. Ela o via como sua própria estrela no céu.

Tão especial; tão brilhante.

 

Tão, tão colorido.

 

  ——————————————————————————

  

   Now I think we’re taking this too far

   Don’t you know that it’s not this hard, well it’s not this hard

   But if you take what’s yours then I’ll take mine

   Must we go there, please not this time, no not this time

 

Outubro e novembro se foram com assombrosa rapidez, e logo todos estavam de volta para o natal e as férias de inverno — tanto Weasleys quanto Potters. O clima na manhã de natal era contagiante, e não havia uma só pessoa que não estivesse animada n’O Castelo, onde todos haviam se reunido.

— E então, Lils? — chamou James, dando um beijo estalado na bochecha da irmã caçula. — Cuidou bem de casa?

Eles estavam no lugar costumeiro, a clareira chamada por Lily de “jardim das amoreiras”; Rony pusera ali um toldo mágico, de modo que a neve não os incomodasse. James, Albus, Lily, Rose, Hugo, Fred, Roxanne, Louis, Dominique, Molly e Lucy conversavam animadamente (e desorganizadamente) sobre o começo do ano letivo, e as chances de Grifinória na Copa de Quadribol de Hogwarts. Mesmo os que ainda não estavam estudando lá — Lily, Hugo, Roxanne, Dominique e Lucy — já sabiam quase tudo sobre o lugar e seus costumes.

— Mal posso esperar para que Hugo e Lily entrem em Hogwarts — comentou Rose, apoiada nas costas de James. — Eu preciso de um batedor que não me acerte ao invés do balaço, e ele faz isso melhor que ninguém.

— E Lily daria uma ótima artilheira — emendou James, rindo —, já que Albus preferiu seguir o caminho dos estudos.

James!

— Bom, Al, você não pode negar que foi uma cena muito bonita, a goles caindo bem na sua cabeça.

Albus havia desistido do livro que estivera lendo momentos atrás, e tentava se defender, corado.

— Aquilo foi um grande e...

— Ei, pirralhos.

 

Teddy e Victoire adentraram a clareira no instante em que uma bola de neve de tamanho considerável atingiu a cabeça de Albus. Todos se viraram para ver quem havia sido o autor do ataque; Louis e Dominique deram tchauzinho.

— Melhor que uma goles, huh? — Comentou o loiro, fazendo o lugar explodir em gargalhadas. Aos poucos, as atenções foram voltadas para Teddy.

— Hm. Crianças, os pais de vocês pediram para avisar que o almoço já está pronto e... — ele tentou terminar a frase, mas foi atingido por um bando de Weasleys esfomeados. Os três Potter ficaram para trás, James e Albus discutindo se o último era ou não um desastre em matéria de Quadribol. Lily demorou-se, é claro, para falar com Teddy.

— Oi, Ted. — A ruiva se balançou sobre as pontas dos pés, com um sorriso no rosto. O segundo não pôde deixar de rir da sua expressão.

— Oi, Lil. Como vão as coisas?

— Vão tão bem quanto em uma casa com dois garotos barulhentos que não param de pregar peças um no outro. — Ela encolheu os ombros, como se não fosse nada de mais; e então virou-se para a loira parada ao lado de Teddy, tão linda que poderia ser uma escultura parada no meio da neve. — Oi, Victoire.

A loira ensaiou um sorriso amarelo.

Oi, Lilí. Há quante tempe! — Cumprimentou, passando o braço em volta da cintura de Theodore. — Como está inde em casa?

Para Lily, era fato que Victoire só fazia aquilo na intenção de irritá-la. A pequena era muito inteligente e perspicaz, e percebia logo as intenções das pessoas quanto a ela. E as de Victoire não eram nada, nada boas. Ela já abria a boca para dar uma resposta bem-dada, quando notou o olhar de Teddy e mudou no meio do caminho:

— Estaria melhor se v... Digo, não poderia estar melhor. — Voltou a olhar para o amigo, mas o olhar dele já estava em Victoire. — E como vai você, Vic?

Oh, Lilí! — os olhos da prima brilharam, e ela percebeu que sua prima só esperava a chance para fazer aquela encenação. Por que diabos Victoire não conseguia ser natural, ela não sabia. Duvidava muito que ela tivesse agido naturalmente em algum momento depois de começar a raciocinar. — Estames inde tan bien! Louis está se sainde marravilhosamente bien na escól! E ainde Hogwarrts... emborra algumes prrimes da Frrança esteján tentande me convencerr da superriorridade de Beauxbatons.

— Beauxbatons, melhor que Hogwarts? Ha, até parece.

Lily não levou a mão à boca, pois achou que aquilo soaria muito infantil e planejado, mas se arrependeu de ter dito aquilo. Teddy suspirou e meneou a cabeça, como se já esperasse que uma criança como ela fizesse tal coisa.

Mas a questão era, por que diabos ele fizera aquilo? Talvez o cinismo da Delacoisa fosse contagioso. “Bem”, pensou ela, “ao menos há uma pessoa autêntica por aqui”. Virou-se e, sem dizer palavra, seguiu a mesma direção que o resto das crianças havia tomado... Não era tão ruim ser uma criança, afinal.

 

— Por que você precisava provocá-la, Lily?

— Ela começou — justificou-se ela, preparada para a discussão. — Você finge que não percebe, mas ela sempre está arranjando um jeito de me deixar irritada.

— Não invente coisas, Lily. Você sabe muito bem que sua prima jamais faria tal coisa.

— Ah, eu sei? E desde quando você sabe o que eu sei, Teddy?

O mais velho já abria a boca para replicar, mas parou. Era impressão sua, ou a menina argumentava com raiva? Ela parecia mais sóbria, mais... velha. Recuperada da embriaguez que era sua infância, talvez — ele não sabia, mas gostava menos a cada segundo que se passava. Ela, parecendo notar o silêncio do amigo, parou de falar, e deu-se o conforto de levar as mãos à boca dessa vez.

— Desculpe, não devia ter dito isso.

Ele continuava silencioso e ela esperava por um riso, uma advertência, um grito. Qualquer coisa, menos o silêncio, que espreitava como uma cobra aprontando o bote. Lily e Teddy conversavam um bocado e, quando o assunto lhes fugia, o silêncio vinha manso e confortável; já naquela situação, não era agradável, nem ao menos natural.

Ele continuava silencioso, e ela esperava a salvação chegar. “A qualquer momento, agora”; um cristal de gelo entrou em contato com seu olho, e ela pestanejou, esfregando-o com a mão. “A qualquer instante”, e Theodore pareceu voltar ao planeta Terra.

— Você está bem?

Lily esfregou o olho mais algumas vezes e levantou o olhar, sorrindo.

— Estou. Você não vai ficar chateado, vai? — perguntou ela, com a voz suplicante, o que fez Teddy rir.

— Não, não vou. Só tente não implicar tanto com Victoire... ela tem problemas com conflitos, e você sabe disso.

A menor teve vontade de responder “é, e como sei”, mas decidiu que seria melhor não; Teddy já havia ficado zangado o suficiente. Ao invés disso, então, fez outra pergunta:

— Onde está ela, afinal?

Os dois se encontravam na cozinha. Vovó Molly incumbira o mais velho de buscar as travessas maiores, e Lily seguira-o na primeira oportunidade. Victoire, por mais incrível que possa parecer, desapareceu assim que colocou os pés no jardim da casa. Os cabelos do menino ficaram turquesa, quebrando a monotonia do marrom que assumia antes, e ele assumiu um semblante pensativo.

— Sabe que você tem razão, Lils? Eu não vi Victoire depois que chegamos aqui.

— Quem sabe ela não evaporou — comentou a ruiva, animada, passando um dedo na cobertura do bolo gigante em cima da mesa da cozinha. — Ela parece fazer isso, às vezes.

— É, talvez. — Teddy riu, imitando o gesto da amiga — Pelo menos você não desaparece.

— Não para você — respondeu a menina, simplesmente.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Reviews, vai?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Brighter" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.