30 Day OTP Challenge escrita por Sue2011


Capítulo 2
Capítulo 2 - Retrospectiva


Notas iniciais do capítulo

Dia 02- Cuddling somewhere
Gênero: Romance,Comédia
Breve Descrição: Aquele em que Emmett é salvo por Rosalie, ou será que não ?

Sem mais delongas, vamos ao capítulo.




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Os primeiros anos da década de 30 foram bastante complicados para a população norte americana, com a quebra da bolsa em 1929 muitas famílias foram a falência, pessoas cometiam suicídio ao perderem suas posses, e não eram poucos os que dormiam ricos apenas para despertar na mais completa miséria. Desespero foi a melhor palavra para definir aqueles anos e em meio a todo aquele caos, Emmett só conseguia ser grato por sua família ter o que comer e vestir sem maiores problemas ainda que não fossem ricos.

O ano era 1935, seis anos após a crise a vida em Gatlinburg, Tenesse, era agitada, diferente do que Emmett se acostumara durante sua infância, embora fosse terrivelmente sem desafios muito maiores do que arranjar um bom emprego ou participar das caçadas organizadas anualmente. O lugar não era muito reconhecido por sua atração turística ou encantos naturais até a inauguração do Great Smoky Mountains National Park¹, no ano anterior.

Aquilo era bom para os negócios, dizia seu papa com seu forte sotaque irlandês recebendo logo um aceno vigoroso de sua mama em ratificação. Sua família possuía um pequeno restaurante no centro comercial da cidade cuja especialidade eram os pratos típicos da Escócia preparados por sua mãe e sua irmã mais nova, a pequena Eleanor com seus quatorze anos. A culinária diferenciada e o sabor acima da média atraiam a maioria dos trabalhadores envolvidos na construção da estrada de ferro e agora também dos turistas.

Foi pensando em tudo isso que Emmett Mccarty cruzou as portas do Waillow’s drink, apelidado gentilmente pelos jovens da cidade de CANSAD (Cheap and no so agradable drinks)². Era o melhor lugar para se conseguir bebidas de procedência duvidosa, embora ninguém falasse a respeito em voz alta. Tinha pouca movimentação aquele horário, três ou quatro gatos pingados espalhados pelas mesas mais distantes da entrada.

— Boa tarde, Waillow.-Cumprimentou tirando o chapéu fedora³ marrom que usava. Passou a mãos pelos cabelos tentando soltar os fios e se livrar do suor, fazia um calor do inferno no lado de fora. Com passos rápidos sentou na banqueta e espalmou as mãos sobre o balcão depositando o chapéu no banco ao lado.- Uma dose de aguardente.

Waillow o olhou meio de lado enquanto esfregava um peno encardido dentro de um copo de vidro. Uma carranca distorcia as feições já feias, era um velho magro com poucos cabelos e com olhos tão fundos que pareciam caçapas de bilhar, o nariz adunco e a boca larga demais também não ajudavam a melhorar a aparência assustadora.

—Não quero saber de confusões no meu bar hoje está ouvindo? - Ameaçou apontando o copo e o pano sujo para si fazendo com que Emmett se perguntasse qual seria a pior morte, uma doença por todos os germes impregnados pelo pano fétido ou um corte feito pelo vidro ? Não soube dizer, por isso apenas fez uma cara que esperava ser de contrição e esperou. – Já estou cansado de jovens franguinhos como você cacarejando pelo meu bar, espalhando confusão por onde passam tentando chamar a atenção de meninas desmioladas. São a praga de nossa sociedade. Ah na minha época! Na minha época fazíamos homens como os que foram para guerra, não moleques mimados em seus sapatos lustrosos e chapéus da moda. – Bateu um copo na frente de Emmett derramando a bebida incolor até um pouco mais da metade.

—Saúde!- Emmett ofereceu o brinde antes de virar a bebida de uma vez garganta a baixo sentindo os líquido queimar seu trato digestivo. Outro desavisado teria cuspido, mas o gosto era familiar para o jovem de vinte anos. A pacata cidade de Gatlinsburg não tinha muito o que oferecer, então cabia a Emmett caçar sua própria diversão encontrada na maioria das vezes no balcão do Waillow’s,nas mesas de jogatina do cassino clandestino ou nos braços de uma amante bem disposta da Casa de  Prazeres de Madame Lenora. O comportamento levava a sua mama a loucura, porém Emm contava com a ajuda de seu papa para aplacar a fúria escocesa que queimava nos olhos azuis da mulher mais importante de sua vida.

Apesar de tudo, a razão pela qual Emmett vinha ao estabelecimento naquele dia não era para se divertir, mas sim para lidar com a frustração que o assolava. Terminara seu emprego na estrada de ferro e agora não sabia o que fazer da sua vida, não sabia qual o próximo passo, tinha uma inquietante impressão de que as coisas mudariam completamente, mas não sabia dizer porque sentia-se daquele modo. Todos pareciam exigir uma resposta: o pai queria que escolhesse uma carreira, a mãe desejava que casasse e para isso já começara a escolher pretendentes de seu gosto, marcando inclusive vários “inocentes” jantares em família e os avós começavam a perguntar pelos bisnetos. 

Emmett vinha de uma tradicional família de imigrantes que misturava irlandeses e escoceses, o que por si só já era uma loucura, some a isso o número monumental de parentes e está completa a balbúrdia.

—Ora, ora, ora. Se não é o nosso pequeno Emm por aqui.- Emmett xingou baixo e deixou a cabeça cair na bancada de madeira tentando ignorar a voz e a presença insuportável daqueles dois.

—Vão embora. - Cuspiu as palavras percebendo que saiam abafadas por causa da madeira.

—Eu acho que o nosso caçulinha não ficou feliz de nos ver, Eliot. Olha só o que a gente ganha por cuidar e dar tanto amor.- Agora era a vez de Ernest provocar enquanto sentava ao seu lado e enfiava os dedos nos cabelos encaracolados obrigando-o a levantar a cabeça. Eliot aproveitou a deixa para puxar as bochechas do mais novo de um jeito completamente constrangedor.

—Nem parece que a gente trocou tuas fraldas quando você ainda era tão pequeno que achávamos que era nossa irmãzinha.

—Pare com isso.- Emmett deu um tapa na mão de Eliot ao mesmo tempo que dava uma cotovelada nas costelas de Ernest fazendo com que o soltassem e ganhando choramingos que lhe provocaram uma maravilhosa sensação de satisfação.

 Aqueles eram os piores irmãos da face da terra, não literalmente, óbvio, porém, tão ruins quanto qualquer irmão mais velho poderia ser. Está bem, tinha que dá um crédito para os idiotas, eles eram igualmente preocupados com seu bem-estar e ele os amava imensamente. Embora nunca fosse admitir, nem sob tortura.

Ambos eram tão altos quanto ele, se bem que Eliot era maior uns dois ou três centímetros, afinal era o mais velho com seus vinte e seis anos, tinha os cabelos tão escuros e cacheados quanto os de Emmett, porém uma expressão mais austera e traços mais endurecidos. Ernest, por outro lado, puxara os cabelos vermelhos como fogo da mãe e os olhos azuis do pai, era do mesmo tamanho do caçula, mas o porte físico era menos trabalhado, talvez por ser o mais boa vida dentre os três irmãos.

—O que diabos estão fazendo aqui?- Perguntou emburrado. Era seu momento de reflexão, não era como se fizesse isso muitas vezes e quando tinha a oportunidade vinham aqueles dois para atrapalhar.

—Viemos conversar com você seu mal agradecido, trazer notícias importantes, mas se você não quer saber a gente deixa a mamãe te surpreender do jeito que ela quer. – Ernest se espreguiçou como um grande gato depois de uma refeição imensa e se levantou da banqueta dando as costas ao irmão sabendo que não demoraria para Emmett mudar de ideia.

Uma mão agarrou seu punho com força.

— Fala logo e para de graça,desgraçado. - O mais jovem dos McCarty nunca fora conhecido por sua paciência. Acabou arrancando um risinho de escárnio do irmão do meio enquanto ele voltava e sentava no banco vazio ao seu lado.

—Se as moças já terminaram eu vou começar a falar. – Eliot fez seu tom de voz grave ser ouvido enquanto tirava o chapéu de Emmett e ocupava o seu lugar. – Waillow, três doses duplas de gin sem gelo.

As bebidas chegaram e só então o mais velho se pronunciou.

— Mama está organizando um almoço amanhã lá em casa junto com Eleanor e o consentimento do papa. - Emmett deu de ombros não vendo como aquilo poderia ser da sua conta. Puxou o copo para mais perto e bebeu seu gin.

— A grande questão é que eles convidaram a família Huff e esperam que você assuma um comprimisso com Adeline Huff. – A bebida não teve chance de descer uma vez que Emmett a cuspiu por completo na cara de Ernest.

—PORRA! - Foi impossível segurar a exclamação.

—Porra digo eu Emmett, olha que merda você fez. - Eliot estendeu um lenço que foi prontamente aceito por Ernest. Foi o tempo suficiente para Emmett bolar um plano.

—Vou caçar amanhã. - Disse simplesmente com um sorriso no rosto.

X

Rosalie estava longe o suficiente para ser um perigo para o disfarce de sua nova família, precisava caçar, precisava enfiar suas presas em algo e sentir o sangue se esvair junto o vida, queria sentir algo quebrar sob suas mãos. Estava alimentada parcialmente, a sede já não incomodava tanto,mas necessitava parar de pensar, ansiava por deixar que os instintos primitivos tomassem conta de si e varressem toda a confusão que sentia.  

 Os Cullen a haviam adotado como parte de seu pequeno clã dois anos atrás logo após Carlisle a salvar da humilhante degradação a que Royce a expusera, apesar disso não fora gratidão o que sentira ao perceber que despertara “viva”. Raiva, frustração, negação, medo e por fim aceitação foram os sentimentos que a permearam naquele longo período de seu primeiro ano como recém-criada, isso tudo, claro, permeado pela maldita sede que fazia sua garganta arder a cada vez que respirava.

Como se não fosse o suficiente ainda havia Edward, a dor pela sua rejeição era algo que feria seu ego. Era bonita, sabia disso, era atraente, tinha boa conversa, mas ao que parecia não era boa o bastante para o menino de ouro. Era para ser para ele o mesmo que Esme era para Carlisle, entretanto Edward apenas a olhava como uma irmã e a tratava como tal o que de certa forma era ainda mais humilhante do que se não a tratasse como nada. Ou assim ela pensava.

Ali, nas montanhas que cercavam Gatlinburg ela encontraria a paz e o silêncio que tanto almejava, finalmente encontraria o que vinha procurando e talvez conseguisse estabelecer alguma conexão consigo mesma e lembrar de quem era. A humana por baixo da besta em que se transformara.

Os pés descalços deslizavam pela floresta tão rápidos que mal tocavam o chão, sentia os galhos tocando sua pele recoberta pelo tecido de algodão do vestido azul de veraneio que usava, e o vento em seu rosto lhe dava a sensação de liberdade que tanto aprendera a amar. Caçar lhe proporcionava isso, liberdade. Parou próximo de uma árvore fechando os olhos para se concentrar melhor, ficaria mais fácil com o tempo, Carlisle lhe dissera, mas estava indo muito bem, Esme complementara, se por ser verdade ou simplesmente porque era desejo de Esme lhe agradar e fazê-la se sentir bem ela não tinha como dizer.

A leste ouviu batidas aceleradas do coração de um cervo assustado, dois esquilos brigavam nas copas das árvores ao norte e então um som mais forte chamou sua atenção, retumbante, descompassado, pesado, sangue quente bombeando rápido. Sua garganta ardeu e ela correu para alcançar sua presa. O vento soprava na mesma direção que ela corria de modo que não podia captar muitos odores, mas pegou um fragmento perdido do cheiro, um urso. Lambeu os lábios sentindo as presas despontarem e então....

 Outro cheiro mais forte a atingiu como um soco em seu estômago, muito mais delicioso e convidativo, tarde demais para que parasse ela seguiu adiante se deparado com um corpo jogado contra uma árvore, a camisa estava empapada por uma mancha de sangue escuro e pegajoso, quente, convidativo, acolhedor. Começava na região inferior do tronco e espalhava-se ficando cada vez maior. Uma espingarda jazia sobre a terra longe daquele ser. Inútil. Tão inútil quanto aquele humano seria contra sua investida. O urso paralisou por alguns segundos e então correu sentindo a presença de um predador mais perigoso.

Rosalie ajoelhou ao lado do rapaz, tocou a veia que pulsava em seu pescoço tentado prever quanto tempo ele ainda teria. Com a outra mão tocou o sangue em sua camisa disposta a prova-lo e saber se era muito mais apetitoso do que parecia. Seria misericordiosa e lhe daria um fim rápido e indolor. Lambeu novamente os lábios e estava prestes a exibir as presas quando os olhos mais azuis que já vira a encararam de volta e então ele sorriu baixo, um som infantil, doce.

O tempo pareceu parar e ela ficou suspensa no ar. Aquelas covinhas, aquele som maravilhoso, os cabelos cacheados...

—Henry.- murmurou, embora só gostaria de ter pensado. Viu o filho de Vera na sua frente e pensou que nunca poderia deixar que aquele rapaz morresse.

Uma mão tocou seu rosto afagando sua bochecha, a pele quente em contato com a sua muito fria.

—Anjo! – Um suspiro deixou os lábios de Emmett enquanto ele observava a figura pálida com lindos cabelos loiros brilhando ao serem tocados pela luz do sol, sabia que estava morrendo, mas sentia-se feliz naquele momento. – Meu anjo, você veio me salvar e me levar para Deus.

E então seus olhos fecharam. Como se o esforço tivesse consumido o que ainda lhe restava de energia.

Levou todo o auto-controle de Rosalie para levar o rapaz para Carlisle, mas ela sabia que conseguiria. Era tenaz o suficiente para isso. Não deixaria que ele morresse. Fora a floresta procurando paz e silêncio, mas pelo visto ganhara muito mais.

X

Deitado em sua cama com Rosalie sobre seu corpo após terem feito amor mais uma vez, Emmett pensava em tudo o que tinham passado antes de finalmente encontrarem um no outro o que passaram tanto tempo procurando em outras coisas.

—Um trocado por seus pensamentos. - Rosalie murmurou bem-humorada.

—Meus pensamentos valem muito mais que um trocado. - Retrucou entrando na brincadeira.

—Eles são tão raros que devem valer um bom dinheiro realmente. Quase artigos de luxo. - Ela piscou zombeteira e ele revirou os olhos afagando as costas dela.

—Aposto que posso chamar o Edward aqui e ele vai me dizer o que é.- Ela sussurrou mordiscando seu pescoço e Emmett se eriçou.

—Argh, Rosalie. Que nojo, não fala do Edward enquanto estamos nus na cama. Credo, que horror! - Fez uma careta que deixava bem claro o que pensava e fez com que a loira risse.

—Tudo bem, nada do Edward na nossa cama. Mas, agora sério, no que você estava pensando tão concentrado?

Emmett segurou a mão dela brincando com os dedos pequenos e delicados.

—Estava pensando na gente, no começo de tudo, em como você me salvou e tudo mais. Eu só.... Você se arrepende? - Deixou escapar diretamente, assim era Emmett, não havia filtro.

—De que? – Rosalie franziu o cenho não entendendo a pergunta.

—De me salvar? De ter ficado comigo todos esses anos? - Não era comum aquele comportamento por parte de Emmett e Rosalie repassou em sua mente se teria feito algo em algum momento que tenha o levado a pensar aquele tipo de coisa. Não lembrou de nada. Então ajustou o corpo tirando a cabeça do peito dele e o encarando.

—Emmett, durante todos esses anos você me chama de anjo, mas a verdade é que foi você quem me salvou. Você me salvou de uma existência vazia em que eu estava presa a mim mesma e aos meus sentimentos egoístas. Você trouxe luz para minha existência e faz com que eu suporte cada dia da eternidade com esperança porque sei que não importa o que aconteça, você sempre estará lá por mim. Você é o meu anjo.

Colocando a mão por trás da nuca dela Emmett a puxou para um beijo apaixonado e tentou transmitir com aquele gesto todo o sentimento que transbordava de si. As línguas se provaram, acariciaram e falaram mais do que qualquer palavra poderia expressar.

É, era muito bom lembrar.


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Notas finais do capítulo

Oiii gente, aqui estou eu de novo
Inicio logo pedindo perdão porque o capítulo não está betado então a chance de vocês terem achado vários erros é bem grande, mas é a vida

Sobre o capítulo:
Ufa, pense que esse capítulo me deu um trabalhão porque eu tive que pesquisar algumas coisas mais específicas sobre o período em que a história começa e também sobre o local pra poder ficar uma coisa mais verídica neh? uahsuhahsuha
Mas eu gostei do resultado final, acho que ficou bem dentro do que eu tinha pensado inicialmente e apesar de ter demorado pra escrever eu amei fazer cada linha.

Quero agradecer a todo mundo que comentou/favoritou e está acompanhando a história inclusive aos fantasminhas e pedir a vocês que deixem comentários para que eu possa saber se estou no caminho certo. É muito importante ter esse feed back de vocês. No mais é isso galeris, e a gente se vê amanhã.

P.s: 1- O parque nacional citado na história realmente existe e foi criado na década de 30 e inaugurado em 1934 (https://en.wikipedia.org/wiki/Gatlinburg,_Tennessee)

2- Pra quem não manja muito de inglês e não quer perder tempo indo no tradutor vou colocar a tradução do termo aqui: Cheaps and no so agradable drinks - Bebidas baratas e não tão agradáveis

3- Fedora é um tipo de chápeu que ficou bem famoso e usado pelos homens nos anos 30 ( http://modahistorica.blogspot.com/2013/06/a-mulheres-tatuadas-da-era-vitoriana-e.html )

E por fim as informações sobre a família do Emmett foram em parte inventadas por mim e em parte eu me baseei nas informações contidas nessa página aqui :http://twilightsaga.wikia.com/wiki/Emmett_Cullen



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