• Capítulo 5 •

Ana inspirou o ar profundamente, tentando se acalmar. A garota fechou os olhos, pressionou a têmpora com os dedos e se concentrou em seus pensamentos.

Primeiro, ela precisava fazer um teste de gravidez antes de começar a surtar.

Isso, isso o que ela faria.

A garota se levantou e então voltou a se sentar.

Às 10h30min em ponto ela tinha uma reunião com um editor de Nova York.

Uma olhada para o relógio à informou que era 9h47min.

Okay, ela tinha um tempo até lá. Então a questão era simples e de duas vias: ela podia pedir Prescott para comprar seu teste - ameaçando-a mortalmente que se ela dissesse a Taylor ou Christian ela estaria demitida e na sua lista negra - ou ela poderia ficar na angústia até depois da reunião.

Ela podia fazer o teste, ver um negativo e então ter uma ótima reunião com Jeffrey Stoker, ou então podia dar positivo e ela ao menos conseguir ficar na reunião. E tinha como ela não fazer e apenas ficar na expectativa por no mínimo duas horas maçantes.

Deus, não era nada simples.

Só com seu monólogo interno, já se passaram oito minutos.

A garota balançou a cabeça em descrença e voltou a se levantar, foi até a porta e fez um sinal para que Sawyer viesse até ela.

— Preciso que chame Prescott aqui - pediu.

O segurança acatou e saiu em seguida. Ana deu uma olhada em. Hannah, ela estava bem melhor.

Uma ideia veio em sua cabeça.

Claro.

Não seria pedir muito, seria?

— Hannah, pode vir até minha sala, por favor? - pediu à garota.

A secretária concordou com a cabeça e logo a seguiu para dentro da sala.

— Okay, eu vou te pedir uma coisa e é bem confidencial - falou rápido, antes que Prescott chegasse.

Ela sabia que não importava o quanto ameaçasse a segurança, ela fora treinada para aquele tipo de coisa, então diria sim à Taylor. E Taylor diria à Christian. E seria um verdadeiro auê.

Nada bom.

— O que precisa, Ana? - a secretária se prontificou, se aproximando da chefe, sabendo logo que era algo sério.

— Preciso que me compre um teste de gravidez antes das 10h30min. Na verdade, preciso que você me traga ele agora.

Hannah abriu a boca mas a fechou em seguida.

— É para já - prometeu.

Antes que secretária saísse da sala, Prescott entrou.

— Chamou, Sra. Grey?

Mesmo com o tempo, Ana ainda não gostava daquela segurança. Sawyer ela gostava. E muito. Mas Prescott era sempre como uma sombra visível, aparecendo em todo chão que Ana pisava. Sawyer pelo menos era discreto.

— É..., eu chamei.

Ana não sabia bem o que iria dizer à segurança agora.

— Ah, é que a Sra. Grey precisa que a senhorita me leve até a farmácia - disse Hannah ao seu socorro.

Ana concordou com a cabeça.

— Pode fazer isso? Hannah precisa comprar umas coisas para ela, ela não se sente muito bem - completou a morena.

— Claro, sra. Grey. Agora?

— Sim. Muito obrigada, Prescott.

— Não é nada, sra. Grey.

As duas saíram de sua sala, com Hannah lhe dando uma piscadinha discreta antes de fechar a porta.

Ana se jogou na cadeira giratória e fechou os olhos pelos minutos que se seguiram, recusando-se a pensar em qualquer coisa, até que Hannah voltou, a sacola de farmácia escondida debaixo do braço como se ela estivesse contrabandeando drogas.

Ana não conseguiu rir pela enxurrada de pensamentos que vieram em sua cabeça ao lembrar do que tinha na sacola.

— Aqui está - disse a secretária colocando o teste agora fora da sacola em sua mesa. - Isso aqui chegou quase agora para a senhora - ela lhe entregou um envelope que parecia ser cheio de papéis dentro.

— Obrigada, Hannah - agradeceu.

— Quer que eu fique?

A garota sorriu para a outra.

— Não, obrigada, prefiro fazer isso sozinha, você sabe, surta sozinha também - brincou.

A outra sorriu e saiu da sala desejando um "boa sorte", para o qual fosse o resultado que a chefe queria ter.

Ana deixou o envelope de lado e tratou de fazer xixi logo num potinho. A morena voltou para a sala após mergulhar o palitinho no xixi e se sentou na mesa.

Seus olhos caíram no envelope. Ela o pegou logo, deixando o teste descansando em cima do pacote de embalagem, e o abriu, tirando os papéis de lá.

Era a confirmação da predição do divórcio.

Seu coração parou.

Se ela assinasse aquilo, ela estava certa do que queria, e então tudo iria começar.

As audiências, todos os acordos que fariam, como Teddy iria ficar.

Ela queria mesmo aquilo?

A garota deixou os papéis na mesa,  se recostou na cadeira e olhou bem para tudo. Na mesa: dois novos livros que foram publicados e mais três manuscritos para serem avaliados, sua chaves do carro e de casa, um computador, três porta retratos com fotos sua com Teddy, com sua família e com Kate, todos virados para ela, seu celular ainda com a capa da Torre Eiffel, e então duas coisas muito importantes e significativas em sua vida naquele momento: os papéis do divórcio e o teste de gravidez.

Como ela parou naquilo? Como ela chegou ali? Ali, naquele exato momento?

Ela queria tanto voltar há quatro dias, ela queria não ter dito o que disse, ela queria não ter a lembrança da sensação de Christian em sua mente.

Estava tudo tão bem. Mas parece que as coisas automaticamente se destroem.

Foram cinco minutos mirando tudo, um por vez, não conseguindo nenhuma resposta para suas dúvidas. Ela olhou para o relógio de parede e percebeu que já haviam se passado os cinco minutos.

Era agora.

Ela olhou de relance para o teste primeiro, então fechou os olhos.

Era infantil, mas ela não ligava.

Okay, precisava fazer logo.

A morena abriu os olhos e mirou o teste.

O sinal de positivo a parou no tempo: ela tinha outra pessoa em sua vida.

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