Amor Entre Epístolas escrita por Maria Gabriella


Capítulo 7
Uggie


Notas iniciais do capítulo

O tema de hoje é uma cena de um compilado do filme "The Artist". Eu escolhi a segunda cena. Espero que aproveitem a leitura!



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 Demorou algum tempo, mas Juliano chegou em São Paulo. Era um dia comum, nublado, frio, com uma garoa que ameaçava, mas não caía. Pelo lado dele, era desconforto na barriga e insegurança. Não é sempre que você larga a cidade na qual viveu por vinte e nove anos para reencontrar a, talvez, mulher da sua vida. Definitivamente não são todos que se dispõem a uma vida a cinco completamente nova de um mês para o outro.

 Pelo lado da mulher não era muito diferente. Estava colocando dentro de seu convívio familiar uma pessoa quase desconhecida, apenas por intuição, considerando que havia uma criança pequena e uma idosa doente no meio disso, era muita irresponsabilidade. Ainda assim...

 Quando viu Juliano pela primeira vez depois em tanto tempo, levou um susto. Mas foi um susto bom, daqueles que a gente leva quando descobre uma gravidez ou quando ganha um presente. Um sorriso cresceu em seus lábios. Ele estava mudado, como era de se esperar, todavia o formato do rosto, o olhar... Era a mesma pessoa.

 O advogado não reconheceu Catarina com prontidão. Foi necessário que ela se aproximasse primeiro. Os dois tinham marcado de não irem se ver no aeroporto, porque isso seria... estranho, cliché e tumultuado. Estavam em um lugar conhecido por qualquer turista ou morador daquela capital; o vão do MASP. E era curioso pensar na quantidade de pessoas que passavam por lá, poetas de rua vendendo seus poemas românticos em panfletos e músicos tentando ganhar a vida com pequenas harmonias originais. Havia também alguns malabaristas dividindo espaço com os transeuntes na enorme calçada da Avenida Paulista. Porém, quando o rapaz teve o nome chamado pela moça, tudo pareceu quieto e banalizado. A intensidade do vão do MASP e da caótica São Paulo era pó quando comparada à intensidade dos sentimentos que transbordaram daqueles dois.

 Um abraço, com uma explosão de lágrimas da bibliotecária, que de repente se sentia uma criança novamente. As palavras na carta que Juliano escrevera outrora pareciam eclodir em sentimentos reais, transformando-se em uma verdade tangível. Ele envolveu os braços nas costas da mulher e a levantou um pouco, simulando um giro e a devolvendo ao chão. E então houve o beijo. O abraço fora para os amigos de infância que se reviam. O beijo para os amantes que se encontravam.

 A ação foi interrompida pelo latido de um cachorro que assustou a mulher e fez o homem gracejar. Era Uggie, o cão pequeno de Juliano.

—Você nunca disse que tinha um cachorro!

—Não? — Passou as mãos pelo cabelo, rindo torto. Mesmo gesto de quando era menino. — Eu achei que tivesse avisado. Mas, olha, não fique brava com o Uggie. Ele é um bichinho adorável!

 E então Juliano engatou em um discurso para provar que seu animalzinho de estimação era simplesmente incrível. Disse para ele ficar em pé e, de repente, o bichano estava andando atrás dele só com duas patas. Cat não se convenceu, repentinamente emburrada. Porém, quando o homem simulou atirar com as mãos e o cachorro se fingiu de morto, como se tivesse levado o tiro, ela não conteve a gargalhada. Acabou se convencendo de que si tinha Manuel e sua mãe, Juli tinha Uggie. Ambos precisavam aceitar unificar as família. E apesar dos apesares, Pitoco ia amar o cãozinho que fazia truques.

 Foram para casa de Catarina conversando sobre o fato do filme "O Artista" ter inspirado o nome do cachorro e sobre Afonso.


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Notas finais do capítulo

Para quem tiver curiosidade em assistir o nome do vídeo é "The Artist - The Best Uggie Moments - The Weinstein Company" e, como dito anteriormente, a cena que eu resolvi retratar é a segunda.



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