Simplesmente me abrace escrita por Patty Cullen


Capítulo 6
Capítulo 6




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POV Bella

 

Enquanto descíamos, eu vi que estava com uma roupa diferente da que usava no dia em que saí correndo e que tinham me dado banho e lavado meus cabelos. Pelas minhas contas, tinha ficado pelo menos uns 2 dias dormindo. Fomos até à sala e vi toda a família reunida: Edward, seus pais, Emmett, Rosalie e uma garota baixinha, que deduzi que fosse Alice. Eles pareciam muito tristes e Edward estava sentado, de cabeça baixa. Quando ele olhou para mim, vi que seus olhos estavam muito vermelhos. Ele tinha chorado? Mas Jasper tinha dito que estava tudo bem com o bebê. O dr. Cullen pegou minha mão e disse que pedia desculpas em nome de todos por não terem acreditado em mim. Falou que a FDA* tinha recebido a denúncia de que vários lotes do anticoncepcional que eu usava contendo pílulas de farinha para testes de embalagem tinham sido colocados no mercado. E que Nova York foi a cidade que recebeu a maior parte desses lotes com problemas. Eu fiquei sem ação. Durante tanto tempo sonhei que houvesse uma explicação ou que Edward se convencesse de que eu não engravidei de propósito já que não existe método 100% confiável e agora eu simplesmente não conseguia falar nada. Durante os meses em que fiquei totalmente isolada naquela casa, eu não conseguia encará-los nem falar com nenhum deles. Quando o dr. Cullen me perguntou mais uma vez se eu poderia perdoá-los, tudo o que conseguir gaguejar foi “tudo bem”, baixando os olhos em seguida. Não me sentia à vontade com eles e não conseguia esquecer o desprezo com que Edward havia me tratado nos últimos meses. A sra. Cullen então colocou a mão no meu ombro e me levou à cozinha com todos nos acompanhando. Jasper puxou uma cadeira para mim e sentou ao meu lado. Pela primeira vez eu faria uma refeição com a família de Edward e não estava nem um pouco confortável. Com muita dificuldade, consegui comer uma panqueca com calda de chocolate e beber um copo de suco. À mesa todos falavam sobre coisas banais, só para o silêncio não ficar muito constrangedor, mas eu não ouvi nenhuma vez a voz de Edward. Levantei pedindo licença e já ia voltar para o quarto quando a sra. Culen me sugeriu ficar um pouco no jardim, aproveitando que o dia estava muito bonito. Várias vezes, eu fiquei da janela do quarto admirando aquele jardim e também de manhã bem cedo quando lavava e secava minhas roupas, mas estava sem jeito de ir. Jasper então levantou e se dispôs a me acompanhar. Ficamos andando um pouco e depois eu sentei em uma rede. Jasper tinha feito algumas perguntas, mas eu só respondia com sim ou não. Ainda precisava processar tudo aquilo. Ele se despediu e eu continuei ali. Para minha surpresa, Edward chegou e se ajoelhou ao meu lado. Eu não conseguia olhar para ele. Abaixava a cabeça sempre que o encontrava para não ver o seu olhar de desprezo. Ele, parecendo falar com bastante dificuldade, disse que não merecia que eu o perdoasse, mas pediu que o deixasse tocar na minha barriga. Novamente, tudo o que consegui dizer foi “tudo bem”. Ele então se aproximou e eu senti suas mãos levantando a camiseta que eu usava e durante algum tempo ele fez carinhos por toda a minha barriga. Parece que o bebê o reconheceu porque não parou de se mexer. Depois ele passou a fazer carinhos com o rosto e a dar beijos. Ele me perguntou se eu estava cansada. Confirmei e então ele me deitou e deitou ao meu lado sem deixar de fazer aqueles carinhos. Continuei sem olhar para ele. Era muito bom não ser mais chamada de mentirosa, tê-lo ao meu lado preocupado com o bebê sempre foi o meu sonho, que eu esperava nunca mais realizar, mas havia dentro de mim muita mágoa, muita dor. Eu parecia anestesiada. Não sabia se seria capaz de perdoá-lo, se algum dia teríamos um relacionamento normal ou se tudo o que vivi naqueles meses eclodiria de repente e eu passaria a odiá-lo. Ficamos ali um tempo, depois Emmett veio nos chamar para almoçar e novamente comi com os olhos no prato, pedi licença e saí antes de todos. Mesmo com tudo esclarecido eu ainda me sentia uma intrusa. Vi que eles também estavam sem jeito em se aproximar e era Edward quem me conduzia pela casa. Até o dia do meu aniversário eu apenas fazia as refeições com a família e ficava um pouco no jardim ou na piscina. Edward me deu vários biquínis de presente em uma manhã dizendo que seria bom que eu tomasse um pouco de sol. Não consegui dizer não e fiquei extremamente envergonhada com os elogios de Alice. Eu tentava sustentar o olhar e responder melhor às perguntas que me eram feitas, mas ainda era muito difícil. Na manhã do meu aniversário me deixei abraçar por todos, com Edward atrás de mim, abraçando minha cintura. A sra. Cullen, Alice e Rosalie me levaram a um outro quarto de hóspedes que elas tinham decorado para ser o quarto do bebê. Edward tinha me pedido, no jantar do dia anterior, que ele se chamasse Andrew e eu achei bonito. Pela primeira vez em tanto tempo, vi um pequeno sorriso em seu rosto e o brilho que eu amava em seus olhos cor de esmeralda. Baixei os olhos na mesma hora e não sei como não chorei ali na frente de todos. E mais uma vez precisei me controlar quando Alice abriu a porta e me mostrou aquele quarto todo decorado em verde e azul, cheio de bichinhos e com um lindo berço no centro. Os armários tomavam a parede inteira, como nos outros quartos, e também tinham sido enfeitados com bichinhos, assim como o banheiro. Para disfarçar, eu disse que ia passar as coisas que tinha comprado para o armário do bebê e fiquei nisso o quanto pude. Em parte também porque senti o que não sentia há muito tempo: felicidade. Pouco antes do almoço, fui chamada para receber uma encomenda. Estranhei e desci. Era uma caixa bem grande. Quando abri, não contive as lágrimas. Meus amigos, a senhora Cope, vários professores e funcionários da escola e o dr. Volturi tinham comprado novos livros para substituir os que tinham ficado na casa dos meus pais. As dedicatórias eram tão lindas, que eu não consegui terminar de ler. Edward pegou a caixa e levou até o quarto. Espalhei os livros na escrivaninha e voltei a folheá-los. Passei o dia inteiro relendo aqueles livros que adorava, com Edward por perto. Há dois dias ele dormia ao meu lado. Os carinhos eram sempre na minha barriga ou nos meus cabelos. Não falávamos nada, era muito bom estar com ele e eu realmente não conseguia odiá-lo. Só a tristeza que ainda era muito grande. Jasper tinha perguntado se eu me importava dele ficar durante nossas conversas e eu neguei, balançando a cabeça.

 

POV Edward

 

Por força do hábito, liguei o rádio de manhã. Estava pensando em como poderia falar com Bella quando ouvi uma notícia que me deixou estarrecido: A FDA tinha recebido a denúncia de que vários lotes do anticoncepcional que ela usava contendo pílulas de farinha para testes de embalagem tinham sido colocados no mercado. E Nova York foi a cidade que recebeu a maior parte desses lotes com problemas. Eu chorei e chorei, tinha vontade bater a cabeça na parede até ficar inconsciente. Relembrei cada atitude minha com Bella, cada olhar de dor que pude captar nos breves momentos em que ela me encarava, cada vez que agi como se ela não fosse importante, como se ela não fosse a minha vida. Pensei em tudo o que perdi com minha atitude imbecil. Deixei de ficar ao seu lado, deixei de acompanhar de perto nosso filho crescendo dentro dela. O ódio que senti por mim mesmo foi grande. Ódio por ter machucado tanto a menina que ia me dar o maior presente da minha vida: meu filho. Todos foram chegando e me vendo naquele estado e, quando souberam o motivo, começaram a lamentar não terem acreditado em Bella, fazendo com que ela se sentisse tão sozinha quando o que mais precisava era de carinho e apoio. Mas eu não aceitei e disse que ninguém ali além de mim a conhecia, que todos foram contaminados pela minha estupidez e eu era o único responsável por aquela situação. Jasper, o psicólogo, chegou pouco depois. Tinha ouvido a notícia no carro. Ele pediu que esperássemos na sala, enquanto ia buscar Bella. Eu agora estava como a vi tantas vezes: sentado, de cabeça baixa, sem coragem de encarar as pessoas. Mas quando ela chegou com Jasper, não pude parar de olhá-la. Reparei na sua fisionomia triste, no seu corpo com uma barriga tão discreta, já que tinha engordado apenas 5 quilos com a gravidez prestes a completar 9 meses. Meu pai se aproximou dela, pegou sua mão e disse que pedia desculpas em nome de todos por não termos acreditado nela, contando tudo o que aconteceu. Ficamos esperando por sua reação. Qualquer pessoa que tivesse sofrido o que ela sofreu estaria gritando, xingando e acusando. Mas ela estava em silêncio. Não parecia desorientada, ao contrário, parecia ter compreendido perfeitamente, só que não falava nada. Meu pai perguntou mais uma vez se ela poderia nos perdoar e ela apenas falou “tudo bem”, baixando os olhos em seguida. Não deveria ser o contrário? Nós deveríamos estar envergonhados, eu principalmente, e não ela. Minha mãe então colocou a mão em seu ombro e a levou à cozinha e nós as acompanhamos. Jasper puxou uma cadeira para ela e sentou ao seu lado. Minha mãe colocou uma panqueca com calda de chocolate no prato dela e encheu seu copo com suco. Era visível o esforço que ela fazia para comer e beber, olhando apenas para seu prato. Fiquei aliviado quando Alice começou uma conversa leve e os outros acompanharam. Só Bella e eu não participamos. Ela levantou pedindo licença e já ia voltar para o quarto quando minha mãe sugeriu que ficasse um pouco no jardim, já que o dia estava muito bonito. Várias vezes a vimos da janela do quarto olhando as flores. Minha mãe disse que ela também fazia isso nas vezes em que acordava bem cedo para lavar e secar suas roupas. Ela parecia envergonhada, mas Jasper levantou e se dispôs a acompanhá-la. Eles andaram um pouco e depois ela sentou na rede. Eles conversavam, mas praticamente só Jasper falava, até que se despediram. Não aguentei mais e fui até ela. Eu me ajoelhei para que ela me visse, mesmo que baixasse os olhos. Eu estava me sentido o pior cara do mundo, mas consegui falar. Disse que não merecia que ela me perdoasse, mas pedi que me deixasse tocar na sua barriga. Eu não aguentava mais. Precisava pelo menos sentir meu filho ou enlouqueceria. Novamente, ouvi dela um “tudo bem”. Eu sorri entre lágrimas, me aproximei tentando tocá-la com o máximo de cuidado possível e levantei sua camiseta descobrindo aquela barriga tão pequena e tão linda onde estava nosso filho. Comecei a fazer carinhos e, pode parecer loucura, mas o bebê ficou se mexendo o tempo todo, como se já me conhecesse. Só que tudo o que ele tinha sentido de mim até aquele momento era uma voz áspera e a tensão da sua mãe quando eu me aproximava. Eu não resisti e comecei a fazer carinhos com os lábios e o rosto e depois não parei mais de dar beijos, até que a olhei novamente e perguntei se ela estava cansada. Ela confirmou balançando a cabeça, ainda sem me olhar, e então eu a deitei e me deitei ao seu lado, sem deixar de fazer carinhos no meu filho através dela. Eu queria beijá-la e abraçá-la, pedir perdão por tudo, saber o que se passava na sua cabecinha, mas seria querer demais. Eu não merecia, mas ela me deixou conhecer nosso filho enquanto ele estava dentro dela e só isso era suficiente para me realizar naquele momento. Ficamos assim até Emmett nos chamar para almoçar e ela novamente comeu em silêncio e, sem nos olhar, pediu licença e foi para o quarto. Eu a busquei na hora do jantar e em todas as outras refeições. Todos estavam querendo se aproximar, mas também estavam sem jeito. E ainda havia um outro ponto: dali a dois dias seria o aniversário dela. Os olhos de Alice brilharam quando falei, mas Jasper recomendou cautela. Nada de comemoração, nem de muita aproximação por enquanto. Decidimos então fazer no dia uma pequena surpresa para ela. Minha mãe lembrou que já tinha comprado quase tudo para transformar um dos quartos de hóspedes no quarto do bebê. Só faltavam o berço, uma poltrona confortável para amamentação e a banheira. Meu pai e Emmett saíram para comprar e levar para o quarto sem que Bella percebesse e as mulheres foram cuidar da decoração. Bella fazia as refeições com a família e passava um tempo no jardim comigo. Eu fazia companhia a ela, sem nos falarmos, e a conduzia pela casa. Até consegui que fosse à piscina. Estava louco para ver o corpo dela e então pedi a Alice que comprasse alguns biquínis e entreguei a ela, dizendo que seria bom que tomasse um pouco de sol. Para minha felicidade, ela concordou, embora tenha saído do banheiro bastante envergonhada e ficou ainda mais com os elogios de Alice quando tirou o roupão. Peguei sua mão e ficamos abraçados na água e depois em uma das espreguiçadeiras. Estávamos impressionados, até mesmo Jasper, em como ela aceitava que eu a tocasse. Ela ainda tinha muita dificuldade para interagir com a gente, mas as coisas pareciam se encaminhar. Na manhã do aniversário dela, todos a abraçaram, enquanto eu continuava atrás dela, segurando-a pela cintura. Depois minha mãe, Alice e Rose a levaram para ver o quarto do bebê. No jantar do dia anterior, eu tinha pedido que nosso filho se chamasse Andrew e dessa vez ela não respondeu com um “tudo bem”. Disse que era achava bonito. Sorri e olhei aqueles olhos cor de chocolate, pensando que tinha escolhido o nome pelo significado: valente. E eu tinha certeza que nosso bebê seria lindo e forte como a mãe. Mas deixaria a explicação para outro momento. Ela baixou os olhos na mesma hora, parecendo fazer um esforço enorme para não chorar. E também ficou comovida quando entrou no quarto do bebê, que estava realmente lindo. Ela disse que ia passar as coisas que tinha comprado para o armário e ficou um bom tempo nisso. Vi pela primeira vez as roupinhas que meu filho usaria, itens de higiene, pacotes de fraldas descartáveis. Ela provavelmente comprou tudo aquilo com o dinheiro que eu deixava com ela todas as semanas já que não foi feito chá de bebê. Por minha culpa, Bella teve uma gravidez solitária, sem nenhuma alegria ou comemoração. Pouco antes do almoço chegou uma encomenda para ela. Era uma caixa bem grande. Quando ela abriu, não conteve as lágrimas. Seus amigos, a senhora Cope, várias pessoas da escola e o dr. Volturi tinham comprado novos livros para substituir os que tinham ficado na casa dos pais dela. Ela se emocionou com as dedicatórias e começou a guardar tudo envergonhada. Eu então peguei a caixa e levei até o quarto. Ela começou a tirar os livros, colocando-os na escrivaninha e depois ficou folheando-os. Ela foi lavar o rosto quando fomos chamados para almoçar e passou todo seu aniversário e o dia seguinte aproveitando seus presentes, sempre comigo ao seu lado, já que desde o dia anterior eu dormia em seu quarto, abraçando-a. Meus carinhos eram sempre na barriga ou nos cabelos dela. Não falávamos nada, ela ainda estava muito triste, mas felizmente nunca demonstrou ódio ou repulsa por mim. Vendo como as coisas estavam evoluindo, Jasper perguntou na segunda sessão se ela se importaria que eu ficasse e ela negou, balançando a cabeça. Foi duro ouvi-la falar, embora ela fosse bem reticente, sobre sua solidão e seus medos. Eu não dizia uma palavra. Só pensava em como poderia reverter o que tinha feito.

 

⃰ Food and Drug Administration – Órgão do governo americano que fiscaliza indústrias de alimentos, bebidas e medicamentos.


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