Simplesmente me abrace escrita por Patty Cullen


Capítulo 4
Capítulo 4




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POV Bella

 

No final da primeira semana de setembro eu estava andando por uma praça onde tinham várias barraquinhas montadas, quando reconheci um casaquinho que Marie tinha tricotado para mim exposto em um brechó de caridade e depois vi várias outras roupas, sapatos e até livros meus sendo vendidos ali. Meus pais doaram minhas coisas, sinal de que não queriam me ver nunca mais. Até esqueci que tinha decidido ficar fora o dia inteiro para não ser vista por ninguém na casa dos pais de Edward, onde estava acontecendo uma festa na piscina, e voltei com o rosto banhado de lágrimas, querendo ir para o quarto o mais rápido possível. Mas ele apareceu de repente e perguntou bem grosso onde eu estava. Pedi para ele por favor me deixar subir e com muita dificuldade, ele gritando comigo e eu com medo de chegar alguém para testemunhar minha humilhação, contei o que aconteceu. Ele não demonstrou nenhum sentimento e ainda disse que eu estava sofrendo as consequências dos meus atos. Eu já não sabia quais seriam os limites para a minha dor, parecia que ele só queria me machucar cada vez mais. Em um momento ele me soltou e então eu subi a escada correndo. A festa foi até à madrugada. Eu estava tentando dormir quando Edward acendeu a luz e entrou no quarto com uma garota loira, linda e de biquíni com um short curto por cima. Ele começou a agarrá-la na minha frente e disse para ela ensinar à garotinha como era ser uma mulher de verdade. Fiquei tão desesperada que saí correndo sem rumo. Não sei se encontrei alguém no caminho nem para onde fui. Só lembro de ter sentado embaixo de uma árvore e, mais uma vez, chorado até ficar inconsciente. Não sei quanto tempo passou, mas senti alguém me pegando no colo e depois senti que massageavam meus braços e minhas pernas. Eu estava chorando muito e então fui envolvida em um abraço carinhoso. Uma mão macia acariciava meu rosto e uma voz que eu não reconheci me dizia que tudo ficaria bem. Chorei mais ainda, pensando que só poderia ser um sonho. Além das pessoas da escola e do dr. Volturi ninguém mais se preocupava comigo e não era nenhum deles ali.

 

POV Edward

 

No final da primeira semana de setembro eu estava bebendo desde cedo em uma festa que organizamos na piscina, que duraria até à noite. Meus pais só chegariam bem tarde e eu estava sem filtro e sem freio e especialmente irritado porque vi Bella saindo logo de manhã, provavelmente para se enfiar na maldita biblioteca que, como eu tinha descoberto, fechava mais cedo nos finais de semana. Já estava anoitecendo, eu tinha bebido a tarde inteira e nada dela chegar. Quando finalmente a vi entrando, fui exigir explicações quase aos gritos. Parei quando vi as lágrimas escorrendo por seu rosto e perguntei o que tinha acontecido. Ela não respondia e eu comecei a falar ainda mais alto, sem me importar se as outras pessoas estavam escutando ou não. Ela então disse que viu tudo o que tinha na casa de seus pais em um brechó de caridade. Eu queria tomá-la nos braços e consolá-la, mas ela não admitia de jeito nenhum o que tinha feito, então falei com raiva que ela estava sofrendo as consequências dos seus atos. Seu olhar de dor foi tão intenso, que eu fiquei momentaneamente sem ação e acabei soltando-a. Ela fez o que fazia sempre e foi se esconder no quarto. Voltei para a festa, que durou até à madrugada. Eu estava tentando ficar com Tanya Denali, amiga de Rose, mas minhas atitudes dos últimos tempos estavam afastando as melhores garotas. Eu finalmente consegui convencê-la a ir até meu quarto e estávamos no corredor quando meu desejo por Tanya evaporou assim que senti aquela necessidade de ferir Bella, que me deixava completamente descontrolado. Em vez de ir para o meu quarto, entrei no quarto dela, acendi a luz e, quando vi que ela estava nos olhando, comecei a agarrar Tanya dizendo para ela ensinar à garotinha como era ser uma mulher de verdade. Sorri quando Bella pareceu desesperada, mas fiquei puto quando ela saiu correndo do quarto, fugindo de novo. Tanya começou a gritar que eu era um animal, um estúpido e saiu também. Eu me senti um merda naquele momento e deitei na cama, tentando sentir o que pudesse do cheiro de Bella. Só acordei quando já era dia e vi minha mãe, Alice e Rose me olhando enfurecidas. Elas disseram que mesmo que Bella realmente tivesse engravidado de propósito, eu não poderia fazer uma monstruosidade como aquela. Fiquei desesperado quando me disseram que ela tinha saído de casa correndo e ninguém sabia onde ela estava. Pouco depois Emmett entrou no quarto com ela no colo, desacordada, com a roupa suja e com vários machucados naquela pele tão branquinha que eu adorava. Eu me esqueci de qualquer rancor e tentei me aproximar. Meu pai me impediu com um olhar raivoso. Tive de assistir os dois realizando todos os procedimentos para reanimá-la, pensando no que seria da minha vida se alguma coisa acontecesse com ela ou com meu filho. Ela não acordou, mas os sinais vitais melhoraram, a temperatura voltou ao normal e ela começou a se agitar falando coisas como “não foi de propósito”, “ninguém acredita em mim” e “gaveta das coisas ruins”. Todos nós sabíamos do que ela falava, mas a última parte ficou confusa. Ele repetia essas frases muitas vezes, chorava de soluçar, levantava o corpo e estava cada vez mais difícil contê-la. Até que minha mãe fez o que eu deveria ter feito há muito tempo, quando tive diversas oportunidades e agora estava proibido de fazer. Ela abraçou Bella e começou a acariciar seus cabelos e seu rosto, enquanto sussurrava alguma coisa em seu ouvido. À medida que Bella se acalmava e parava de repetir aquelas coisas, ouvimos minha mãe dizer para ela várias vezes que ficaria tudo bem, até que ela se acalmou completamente. Minha mãe continuou sentada na cama segurando a mão de Bella e meu pai fez um sinal para que eu saísse do quarto. Ele e Emmett praticamente me arrastaram até o meu. Emmett me falou que Tanya tinha descido furiosa e contado o que acontecera. Alice e Rose ficaram em casa para o avisarem se Bella voltasse e ele a procurou até encontrá-la desacordada embaixo de uma árvore algumas ruas depois da nossa. Mas estava amanhecendo e ele não teve como se esquivar de dois policiais que o abordaram enquanto entrava em nossa casa. Ele disse que sua cunhada e seu irmão tinham se desentendido e foi informado que seria feito um registro para apuração de um possível caso de violência doméstica. Eu conhecia os procedimentos e cheguei a temer por um processo, mas o que me apavorava mesmo era o que aconteceria quando Bella acordasse. Eu merecia que ela me odiasse e nunca me perdoasse pelo que fiz. Meu pai disse que me culpar agora não adiantaria nada e me aconselhou a não alegar que a gravidez tinha sido proposital e falar que houve um desentendimento por ciúmes da parte dela e que eu tinha realmente bebido demais na festa sem perceber que ela saíra da casa. Eu desci para falar com os policiais que estavam me aguardando e fiz como meu pai me aconselhou. A policial falou que deveríamos entrar em contato assim que Bella acordasse e logo o dr. Volturi chegou com uma enfermeira de sua equipe. Meu pai desceu com eles cerca de meia hora depois e estava tudo bem com Bella e com o bebê, sem nenhuma necessidade de internação. Eu fiquei aliviado, perguntei se poderia subir para ficar com Bella e os policiais consentiram. Quando voltei ao quarto, ela estava dormindo tranquilamente, embora seu rosto ainda estivesse triste. A enfermeira tinha dado um banho de leito nela, lavou seus cabelos também, tratou dos machucados e trocou suas roupas e as roupas de cama. Ela voltou ainda no dia seguinte para fazer os mesmos procedimentos. Eu não queria sair de perto de Bella. Todos tinham se afastado de mim, mas minha mãe permitiu que eu ficasse no quarto com elas.

 


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