Imagine - SUPERNATURAL escrita por Sereia de Água Doce


Capítulo 9
Sam Winchester




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Nova Iorque

A noite nem tão fria daquele meado de primavera havia terminado de maneira trágica para Loretta Chase, uma jovem modelo em ascensão. Ela trabalhava a não muito tempo para uma marca famosa de lingeries, tinha apenas vinte e cinco anos quando se jogou do quarto andar da sede da empresa. Apenas uma pessoa havia percebido suas intenções e tentado pará-la, mas já era tarde demais.

Sam e Dean Winchester chegaram a cidade cerca de dois dias após o ocorrido, trajando suas vestes de federais. Aquilo era tudo muito estranho, era o segundo caso apenas naquele ano. A empresa havia abafado na primeira ocasião, mas no momento em que uma garota se joga numa rua pública as coisas ficam meio difíceis de se esconderem. Não era normal para modelos se suicidarem, porém ainda nos anos 1990 havia tido uma série de mortes, chegando a contabilizar mais de dezessete vítimas.

Aquilo com certeza era um caso.

Embora não gostassem dessa parte, era necessária a ida ao necrotério, desta vez sendo tomados pela surpresa.

—Existe alguma possibilidade que ela estivesse alterada no momento? – Dean perguntou.

—A garota estava mais limpa que uma fonte natural. O único motivo provável que encontrei era ela estar grávida.

—Porque acha que a razão foi essa?

—Bem, talvez seja pelo fato de ter um bebê dentro do útero dela e ela ter pulado daquela janela gritando que a culpa era dele? – A legista não tinha paciência com perguntas irritantes e óbvias.

—Existe uma testemunha?! A polícia não nos informou sobre isso! – Sam tentou juntar os fatos em sua cabeça.

—Uma garota, também era da agência. Eu obviamente não tenho suas informações aqui, mas provavelmente a delegacia tem.

—Obrigado.

***

—Se chama S/n, tem vinte e quatro anos, está na agência desde os dezesseis. Diz que viu Loretta ir em direção a janela central do saguão chorando muito por volta das oito da noite, e que quando entendeu o que ela iria fazer, tentou impedir, mas ela gritava que sua carreira estava destruída, que tinha manchado o nome da empresa ao engravidar, se jogando em seguida. – Sam lia o relatório da polícia enquanto Dean dirigia o Impala até a casa da moça.

—O fato dela ter engravidado não arruinaria a carreira dela, não existem coleções para gestantes?

—Isso com certeza não foi planejado, Dean. O relatório do início do ano consta que a outra vítima se matou por ter feito uma tatuagem atrás da orelha.

—Isso não está parecendo que a causa é sempre uma modificação no corpo?

—O que é bem comum para uma modelo.

Os garotos tocaram sua campainha, esperando menos de cinco minutos para você abrir a porta não num estado caótico por ter presenciado aquela morte, apenas levemente em choque, tentando absorver tudo. Você rapidamente cedeu passagem para eles, já sabendo que ririam da sua cara de novo.

—Vocês aceitam um copo de água? – Você oferece, se recostando no braço do sofá, vendo-os se acomodarem em suas poltronas.

—Não, obrigado. S/n, sabe porque estamos aqui, certo? – Dean se posicionou.

—Provavelmente os caras que vão fazer minha análise psicológica?

—Porque fariam isso? – Sam estava confuso.

—A polícia achou necessário depois.... Depois...

—Pode contar, nós não vamos de te machucar.

—Você não é novo demais para fazer parte do FBI? – Você desconfiou de Sam.

—Eu tenho vinte e quatro, não sou tão novo assim.

Você concordou com a cabeça, respirando fundo para enfim falar.

—A Loretta não queria fazer aquilo, ela estava radiante com o bebê. E então, de repente ficou tudo tão frio, ela começou a chorar e se culpar, que tinha acabado com sua carreira e reputação da agência...

—Você percebeu mais alguma diferença além da queda de temperatura? – Dean já entendia tudo o que acontecia.

—Quando... Quando a Loretta se jogou da janela, tinha um reflexo de uma senhora encarando o corpo. Eu sei que é impossível isso acontecer e que devem me achar doida, mas.... Eu não sou. – você disse num tom exausto de tanto repetir para si mesma.

—Nós acreditamos em você, S/n. – Sam responde com um sorriso doce. – Acredite, a última coisa que você está é louca.

—É, mas talvez ela esteja numa enrascada agora, Sammy. Aquilo ali é embalagem de chocolate, S/n? – Dean tinha um tom preocupado e acusatório.

—É sim, porque?

—Modelos podem comer essa quantidade de açúcar e carboidratos?

—Não normalmente, mas.... Me deem um tempo, eu ainda estou absorvendo tudo o que eu vi!

—Sam, ela é a próxima.

—Como?

—Precisamos que venha conosco, S/n. É para sua própria segurança. – Sam pede com um suspiro, estendendo uma mão para você.

—Vocês não são do FBI, não é?

—Não, somos os caras que vão salvar a sua pele. Agora, por favor, só entre no carro antes que percebam que você fugiu da dieta.

***

Eles te levaram para o motel onde estavam hospedados, te vigiando o máximo possível.

—Quer dizer que aquilo é assombrado?

—Todos os sinais que você falou são de um fantasma, apenas precisamos saber de quem. Todos os casos relatados são motivados por alguma mudança no corpo, e você comendo açúcar daquele jeito certamente não alegraria o fantasma. – Dean explicou.

—Vocês sabem por quanto tempo vou ter que ficar aqui? É que amanhã é o desfile mais importante da temporada e não fui cortada por pura sorte.

Sam e Dean se entreolharam, pensando a mesma coisa.

—Consegue encontrar a velha até amanhã à noite? – Dean perguntou a Sam.

—Te dou a resposta em até três horas.

—O que...?

—Se estivermos certos, nós vamos ter que te pedir uma coisa. Consegue ser nossa isca?

—Eu vou morrer?

—Nós estaremos lá para te proteger. – Sam falou com os olhos fixos no computador, desviando o suficiente para dar uma rápida olhada em você, soltando um sorriso involuntário.

—Eu topo então. – Você não sabia se estava colocando seu pescoço em risco pelo bem da empresa ou por Sam estar te dando toda atenção que uma garota nessas condições precisava.

Quatro horas mais tarde, já tinham o veredito.

—A mulher é Hannah Becker, fundadora da agência. Ela era uma modelo excepcional que exigia nada menos que que a perfeição de suas contratadas. Morreu em 1972 e..... Foi cremada.

—Deve existir alguma coisa a prendendo aqui então.

—Existe uma mostra permanente no Salão da Moda com os nomes mais importantes da história da moda. Se não me engano o maiô dela estava em exibição lá. – Você comenta, entendendo tudo.

—E você sabe onde fica isso?

—No mesmo lugar que o desfile vai acontecer.

—Ótimo.

***

Eram cinco e meia da tarde quando os rapazes pararam em frente ao Salão, prontos para a caçada começar. Você estava sempre perto de um deles, obviamente se aproveitando da situação um pouco, mas também amedrontada com as possibilidades naquele desfile.

—Certeza que não quer um pouco de cerveja, S/n? – Dean estendeu a garrafa de vidro até perto da sua boca, enquanto você engolia uma barra de chocolate.

—Você sabe a quantidade de carboidratos que tem aí, Dean?

—Justamente por isso, S/n. Eu sei que deve ser horrível para você, mas precisamos provocar a Hannah. Eu também não gosto muito disso, prefiro comida natural, mas... – Sam obviamente já tinha percebido que mexia um pouco com você e por mais que odiasse fazer aquilo, usava esse fator a favor deles, te convencendo a tomar a bendita cerveja.

—Se vocês não chegarem a tempo eu juro que volto só para infernizar a vida de vocês.

No momento em que você entrou nos bastidores do desfile, uma leve tontura te atingiu, te deixando alerta, mas nada demais. Uma hora e meia mais tarde, já pronta para entrar no palco checou seu telefone uma última vez para ver se os rapazes já haviam dado algum sinal.

Nada.

Relutante, respirou fundo antes de entrar na passarela. Você era a última da fila, consequentemente o destaque daquela seção. Estava deslumbrante: saltos altíssimos, com meias finas ¾, uma rosa e outra azul. Sua calcinha azul tinha detalhes em rosa, sendo levemente cavada atrás. Sua barriga lisa estava exposta, ostentando um sutiã cheio ainda azul, mas com babados em rosa. Nas suas costas, um par de asas brancas exaltando o verdadeiro anjo que você era essa noite. Foi apenas na metade da passarela que um forte arrepio subiu por sua coluna, te arrepiando completamente pela temperatura baixa.

“O corpo de uma modelo é o trabalho dela, e você não cuidou do seu. Você está.... Demitida...”

Aquela voz fantasmagórica soou em seus ouvidos e antes que você pudesse fazer alguma coisa seus pés pararam repentinamente. Você gritou ao perceber sua mão puxando o suporte de ferro da asa, direcionando ao seu pescoço.

Dean ouviu seu grito da exposição, sabendo que o pior estava acontecendo.

—Anda logo, Sammy! Sua namorada vai morrer se você não encontrar a droga do maiô!

—Ela não é minha namorada, Dean!

Em meio minuto os garotos estavam de frente com o maiô, protegido em uma caixa de vidro. Fora meio difícil de quebrá-lo, visto que era a prova de balas. Quando enfim conseguiram, uma pequena explosão aconteceu. A caixa não continha oxigênio o que causou uma rápida deterioração na peça assim que entrou em contato com a atmosfera. Apenas isso já foi o suficiente para a temperatura cair no ambiente. Piorou ainda mais quando Dean acendeu o isqueiro e aproximou da roupa.

“AHH”— Hannah silvou antes de atacar Sam, porém desaparecendo antes mesmo de alcançá-lo.

Assim que perceberam o maiô pegando fogo os Winchester correram até o Salão bem a tempo de te encontrarem sentada no chão, bem à frente da passarela, sua respiração fraca e rosto todo manchado pelas lágrimas. Sua mão estava caída ao seu lado com o fio de arame levemente sujo de sangue no chão.

—S/n! – Sam praticamente pulou na passarela, se agachando a sua frente e olhando por ferimentos, já que ninguém do público ou produção queria se aproximar. – Você se machucou?

—Meu pescoço...

Ele colocou sua mão em seu queixo, levantando com suavidade seu rosto.

—Foi só um arranhão, mas suficiente para tirar sangue. Tirando isso, você está linda, por sinal – ele te deu um sorriso afim de melhorar o seu humor.

A produção conseguiu convencer a todos que o arame já estava para fora no início do desfile, sendo apenas um imprevisto. Você mesma afirmava isso com unhas e dentes, não querendo perder uma oportunidade daquelas em sua carreira. Os rapazes ficaram até o final do desfile – quer dizer, até o conservador responsável pela exposição perceber o fogo em seu acervo, expulsando todo mundo do local.

Infelizmente para eles, não tinha restauração que desse jeito do maiô: ele havia virado pó. Mas para vocês, aquilo era um alívio. Os irmãos estavam quase entrando no Impala quando ouviram você chamar por eles, se aproximando.

—Eu queria agradecer vocês por tudo isso. Acho que nunca mais vou comer chocolate, só por garantia.

—Não era só o comer, S/n. qualquer coisa que fizesse com seu corpo, viria para você. Uma tatuagem, cirurgia ou até um machucado – Sam explicou com a maior paciência, não entendendo o leve comentário. – Mas não que você precise disso, claro. Você é perfeita.

Dean levantou a sobrancelha não sabendo se ficava em alerta ou se dava privacidade a vocês. Escolheu um pouco dos dois, se afastando o suficiente para ainda ouvir e tirar sarro do irmão depois.

Há pelo menos dois anos que Sam se privava de ficar com uma garota, temendo pela segurança dela. Ele era perigoso afinal, mas ali, naquela situação, o que poderia dar errado? Ele havia acabado de salvar sua vida, oras! Mesmo ele não entendendo o que uma modelo via em um cara com ele, cedeu ao clima que se instalava entre vocês dois.

—Mas você é o herói da história, Sam. Eu não sei você, mas eu me sinto na obrigação de terminar isso como tem que ser.

—Como assim?

Você não disse nada, apenas deu um passo à frente ficando na ponta dos pés e juntando sua boca com a dele, iniciando um leve beijo. A princípio Sam se assustou, arregalando os olhos, mas ao perceber que estava mesmo te beijando, fechou os olhos e correspondeu, abraçando sua cintura e segurando seu pescoço. Não fora um beijo quente, mas suficiente para te deixar com as pernas bambas.

—O herói sempre recebe um beijo da mocinha no final. – Você sussurrou quando se afastou, com um sorriso de orelha a orelha.

Sam deu um sorriso tímido, se despedindo de você e entrando no carro.

—Não é sua namorada, uhn? – Dean ria do irmão

—Cala a boca, Dean.


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