Imagine - SUPERNATURAL escrita por Sereia de Água Doce


Capítulo 3
Sam Winchester




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Lebanon, Kansas

A noite havia chegado de forma bem sádica naquele dia. Quem diria que para ver o Sol brilhar novamente naquele céu Dean Winchester teria que se colocar entre a luz e a escuridão, arriscando mais uma vez sua vida? Ou até mesmo que o fim do mundo fora ocasionado por nada menos que uma briga de irmãos? Dean não queria admitir, mas sentia como um pai que colocara ordem na casa, acabando com a discussão dos filhos. Céus, aquilo era tão estranho!

Se tinha uma coisa que ele não duvidada, era de mais nada. Principalmente após avistar um clarão bem a sua frente, dando de cara com uma mulher com não mais de trinta anos, loira e de camisola, o encarando completamente assustada.

“Obrigada, Dean”

Ele escutou um sussurro em seu ouvido, certamente o de Amara quando a mulher finalmente tomou consciência e tentou bater nele, que tentava se aproximar.

—Mãe? – Seu tom era incrédulo e um pouco emotivo.

—SE AFASTE DE MIM! – Mary Winchester olhava para todos os lados, completamente confusa de estar no meio daquela floresta a noite, sozinha e de camisola. A última coisa que se lembrava era de ter colocado Sammy no seu berço e ter ido para a cama, não te der saído de sua casa.

—Mãe! -  Ele tentava acalmá-la -  Sou eu, Dean! Mãe, por favor, pare de me bater!

—Você está mentindo! Meu Dean tem só quatro anos! – Mary queria chorar por se sentir perdida.

—Eu cresci, mamãe. Tenho trinta e oito agora. – Seu tom era sombrio, obviamente sentido pela breve rejeição da mulher.

—Como...? – Mary estava em choque, não acreditando no que estava bem a sua frente.

—Aconteceu muita coisa desde os meus quatro anos. A senhora precisa escutar tudo. – Dean a levou até um banco próximo, preocupado com sua reação.

Mary incrivelmente escutou todo o relato de forma calma, deixando algumas lágrimas escaparem ao saber do descontrole e morte de John, percebendo a vida que seus filhos levavam: justamente tudo o que ela lutara contra, escondendo de seu marido toda a verdade. Dean também não estava muito atrás na emoção, controlando-se ao máximo para não chorar na frente da mulher.

—Você contou sobre tudo o que aconteceu e conseguiu salvar, mas não tocou no nome do seu irmão. Aconteceu alguma coisa com meu Sammy, Dean? – Mary parecia aflita.

—Ele.... Ele não está mais com a gente, mamãe.

***

Já se passavam das oito da noite quando você finalmente acabava de preparar o jantar. Havia comprado um frango assado no caminho de casa, tendo de apenas cozinhar as vagens e preparar o purê de batatas antes que seu marido chegasse. Você estava terminando de temperar a batata quando sentiu braços fortes a abraçarem por trás, recebendo um beijo delicado em sua bochecha em seguida.

—Senti saudades... – Mesmo após cinco anos de casamento ele ainda conseguia te hipnotizar com seu cheiro amadeirado e rouquidão na voz, acabando com toda sua seriedade e concentração.

—Sam... – Você se apertou contra o corpo do moreno, numa tentativa de receber mais carinho – Chegou tarde hoje.

—Desculpe, amor. Fiquei preso no escritório até mais tarde. – Ele se soltou permitindo a vista de suas costas: estava sem o paletó e gravata, apenas com a camisa social dobrada até os cotovelos, com seus cabelos soltos completamente desalinhados. – Onde está Max?

—PAPAI! PAPAI! – Um garotinho moreno passou pela sala correndo em direção a Sam, jogando-se em sua direção enquanto era levantado no ar pelo pai.

—Está aí sua resposta. – Você diz divertida.

Maxmillian Winchester tinha apenas quatro anos de idade, sendo incrivelmente agarrado com o pai – mais até do que com você, o que causava certos ciúmes as vezes. Ele era quase a cópia idêntica de Sam Winchester quando pequeno, com exceção dos seus olhos, ele tinha os seus olhos. Era uma criança completamente animada e inteligente, mas que tinha uma certa queda pelo segredo da família. Não era segredo para você sobre os monstros, mas tentavam a todo custo esconder esse detalhe do pequeno Max. Não havia necessidade de ele saber disso, porém toda vez que Dean passava pela cidade e os visitava, todos tinham de ficar atentos as perguntas animadas e suspeitas do garoto para o tio.

Você observava os seus meninos brincando quando escutou a campainha tocar. Quem faria uma visita as nove da noite de uma quinta feira? Você desligou o fogão e foi atender a porta, não sem antes pedir:

—Vocês podem colocar a mesa enquanto eu vejo quem é?

—SIM!

O trajeto da cozinha até a porta da frente não era tão longo. Quando você a abriu, num primeiro momento apenas percebeu o homem loiro parado na soleira de sua porta.

—Dean? Porque não avisou que viria? Eu teria comprado uma torta para você! – Você estampava um sorriso no rosto.

—Acho que a noite não está para tortas, S/n.... – Seu tom era sério, assim como seu olhar. Ele ostentava uma espécie de animação misturado com preocupação.

—Aconteceu alguma coisa? – Seu humor desaparece ao olhar melhor para seu cunhado, enfim reparando na mulher loira atrás dele.

—Sam está em casa?

—Ele acabou de chegar. Quem é ela?

—Sua sogra, S/n. – uma expressão de choque se formou no seu rosto. Sabia que ela havia morrido quando Sam ainda tinha dois anos, e até onde era possível não se podia ressuscitar os mortos.

Você não conseguia falar uma só palavra, apenas deu espaço para Dean passar, chamando por Sam.

—É uma bela casa. – Mary comentou quando passou por você, meio tímida.

—Obrigada.

E de fato era: uma casa um pouco maior que o típico americano. Vocês não eram ricos, mas ganhavam relativamente melhor do que suas famílias nunca haviam conseguido.

—TIO DEAN! - Max correu em direção ao loiro antes mesmo de Sam perceber o irmão parado em sua sala de estar.

—Max! Quanto tempo, garotão! – Dean se abaixou, ficando em sua altura, abraçando o sobrinho.

Mary sentiu o coração amolecer e apertar ao mesmo tempo ao notar o neto bem próximo de si. Ele lembrava tanto o seu pequeno...

—Quem é essa moça, tio Dean? – Max estranhava a loira parada atrás do tio.

Sam percebeu que Dean provavelmente havia trago alguém para sua casa. Estava preparado para irritar o irmão sobre finalmente ter se apaixonado por alguém quando se virou, deixando o prato que estava em sua mão cair no chão e se quebrar. O sorriso que antes habitava seu rosto havia ido embora, deixando apenas assombro.

—Mamãe?!

—Sammy! – Mary estava chocada em como seus filhos haviam crescido – principalmente seu pequeno Sammy – tornando-se homens feitos.

—É a sua avó, Max. – Dean falou baixinho, olhando a intensa troca de olhares do irmão com sua mãe.

—Mas ela é tão nova...

—Max, porque não me ajuda a colocar mais dois pratos na mesa? Aposto como seu pai tem muito o que conversar com sua avó depois do jantar. – Você frisa bem que não queria qualquer tipo de drama familiar na frente do seu filho.

***

—E é exatamente por isso que eu sempre venho para o jantar! Sua comida é maravilhosa, S/n! – Dean tenta descontrair o clima que ameaçava pesar na mesa, deixando você lisonjeada.

—Eu realmente ficava me perguntando o motivo disso. Obrigada por esclarecer, Dean. – Você ajudava Max a não se sujar tanto com o purê, uma tentativa falha, claro.

—Está realmente gostosa, S/n. – Mary comenta calmamente, te desconcertando um pouco.

Naquele meio tempo você havia emprestado um par de jeans e uma camisa para a mulher, afim dela tirar aquela camisola horrível.

—Obrigada, Sra. Winchester.

—Mary, por favor.

—Mary. – Você assentiu. Sabia que Sam não estava lidando muito bem com a situação pela maneira que ele comia seu frango. Ele tentava ao máximo não se descontrolar na frente do filho, mas ao mesmo tempo haviam tantas coisas a serem ditas, choradas e até mesmo acusadas, quem sabe.

Você rapidamente terminou o jantar e ajudou Max a terminar o seu, afim de tirá-lo logo daquela situação.

—Vamos, Max. Está na hora de dormir. – Você pegou o sonolento garoto que acenava para os convidados, carregando-o até seu quarto.

Naqueles vinte minutos em que você ficou fora, os irmãos haviam acabado de comer e foram diretamente para a sala, não tendo sentido algum para enrolarem ainda mais.

—Dean, como isso aconteceu? – Sam estava incrédulo.

—Aparentemente é o que se ganha quando reconcilia Deus e a escuridão. Escuta cara, fazem menos de cinco horas que a mamãe surgiu na minha frente no meio do nada. Não é como se eu tivesse planejado que isso fosse acontecer!

—Sam.... Eu.... Eu pensei que estive morto – Mary põe fim naquela discussão, tomando a atenção para si.

—Porque pensaria isso? – Sam controlava a emoção na voz, se encolhendo quando a mais velha encostou em seu forte braço.

—Dean havia me dito que você não estava mais entre nós...

—Ah, isso. Ele não se conforma que desisti de ser um caçador. Na verdade, eu nem nunca fui. Eu estava na faculdade enquanto o pai e Dean caçavam.

—Faculdade?

—É, Fiz Direito em Stanford.

—Meus meninos.... Eu nunca quis essa vida para vocês! Tanto trabalho escondendo a verdade para nada! – Toda a emoção dos três finalmente havia se rompido quando Mary os puxou para um abraço triplo, arrancando de vez as lágrimas que estavam presas nos dois homens.

Você apenas observava tudo de longe, não querendo interromper o momento familiar. Preferiu ir lavar a ouça do jantar de modo manual, logo sentindo a presença da mulher te ajudando.

—Vocês formam um belo casal

—Obrigada, significa muito vindo da senhora.

—Como vocês se conheceram? Não se sinta invadida pela pergunta, é só que perdi trinta e quatro anos de vidas dos meus filhos, e como você é a minha única nora...

—Não tem problema algum, Mary. Eu até gosto dessa história. – Você dá um sorrisinho animado. – Nós nos conhecemos a uns seis anos, por conta do trabalho.

—Você também é advogada?

—Não, de forma alguma! Eu nunca conseguiria decorar aquelas leis como ele. Eu sou a restauro-conservadora do The Nelson-Atkins Museum of Art, aqui em Missouri. O museu tinha entrado em contato com Sam por conta de um roubo de um quadro, e como ele estava crescendo na área de tráfico de obras de arte, foi chamado para nos ajudar. Eu o conheci de fato quando ele veio até a reserva técnica em busca dos documentos do quadro. Ele precisava provar na justiça que a obra encontrada era legítima, e não uma cópia como tentavam afirmar.

“Várias vezes ele teve que vir até mim confirmar algum dado ou mostrar uma nova divergência na investigação. Ele trabalhava junto da polícia, e junto do museu, claro. Mas falando sério, ele nunca vai admitir, mas ele não precisava vir me consultar metade das vezes em que veio. Era só ler a ficha que eu tinha entregado! Levaram cerca de oito meses para ganharem na justiça a causa, não sem antes passar pela minha vistoria a veracidade do quadro. Eu não sabia quem ele encarava mais nessa hora: aquele Caravaggio ou minhas mãos analisando o chassi da pintura. Naquela noite ele me chamou para sair, para comemorar o excelente trabalho que fizemos juntos e bem.... Acho que você já sabe onde aquela noite terminou”

—Eu tenho uma ideia. – Mary disse divertida.

—Nós continuamos saindo por mais um ano, até que ele me pediu em casamento, no dia da reinauguração do quadro na exposição permanente. Tivemos o Max com um ano de casados, e bem... –Você apoia sua mão discretamente em sua barriga, fazendo Mary imediatamente entender o recado e segredo.

—Sam ainda trabalha com você?

—Não, não mesmo. Ele ainda mantém o convênio com o museu, vez ou outra tendo algum processo para resolver. Ele fica mais no escritório trabalhando com processos financeiros.

—Com certeza bem mais seguro do que Dean...

—Pelo menos Dean pode dizer que já salvou o mundo mais de uma vez.

—Vocês três tem uma relação incrível. Agradeço por ter você como minha nora, S/n. Sam parece estar mais feliz do que nunca poderia ser como caçador.

—Obrigada... – Você cora violentamente, olhando seu marido trocar um meio sorriso com você no outro lado da sala.

***

Era perto de onze horas da noite quando finalmente todos haviam ido dormir. Mary estava no quarto de hóspedes, enquanto Dean dormiria no sofá. Você já estava deitada quando sentiu o corpo pesado de Sam se agarrar no seu, deitando em seu colo. Imediatamente você começa a acariciar sua cabeleira, arrancando um suspiro grave.

—Eu nunca pensei que isso um dia pudesse acontecer, S/n. – Sam resmunga, ainda emotivo pelo seu longo dia.

—É realmente assustador. – Você continuava a acariciar seus cabelos, encarando o teto.

—Agora você entende porque nunca quis essa vida?

—Pensei que fosse para seguir o seu sonho de defender obras de arte roubadas!

Sam apenas soltou uma risada abafada, dando um leve beijo no seu busto.

—Acho que essa família teve revelações demais para uma noite só. – Sam se referia a mãe, a vocês e ao pequeno Max, um descobrindo sobre cada um e a longa história passada.

—Seria então uma péssima hora para eu contar que vamos ter outro bebê? – Sua voz continha uma risada escondida, não se aguentando ao sentir o forte corpo de Sam se retesar, te encarando em seguida com uma mistura de surpresa e felicidade.

—Como?

—É, foi muito para um dia só. – Você ria da sua expressão. – Eu espero até você se recuperar de hoje para te contar de novo.

—E eu que pensei que a vida normal não seria tão...

—Assustadora? Animada?

—Empolgante. – Sam novamente tinha lágrimas nos olhos naquela noite, tendo a sensação de haver alguma coisa errada com seus canais lacrimais.


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